Infelizmente, depois de alguns anos com perspectivas progressistas, estamos observando pelo mundo afora o aprofundamento da caretice com a volta forte de um conservadorismo que já nos parecia distante.
Como tudo atualmente tem tendência a ser rotulado, passamos a considerar tudo o que está acontecendo como um movimento de direita generalizado.
Pessoalmente, acho que direita e retrocesso nada têm em comum, assim como esquerda e progresso não significam a mesma coisa.
Penso que ideologias surgem em função do caldo cultural de cada época, em cada país.
Ao contrário, tudo está muito mais em cima do poder econômico e a injustiça social no mundo tomou dimensões insuportáveis.
O “deus dinheiro” é o grande ídolo do nosso século e graças a ele, e em função dele, tudo acontece.
Somos esmagados por ricas lavagens cerebrais subliminares e já não distinguimos bem conceitos entre certo e errado.
Tudo é submetido a programas de massificação sofisticadamente elaborados por alta tecnologia.
A intolerância se apossou de todos e o bom senso parece bater em retirada.
Conheço pessoas brilhantes nas mais diversas ideologias.
Rotulá-las de conservadoras ou progressistas parece-me fruto de um mesmo pacote de intolerância.
Até porque, as ideias, como tudo na vida, estão em constante mutação, e isso costuma pautar a vida de pessoas mais interessantes intelectualmente.
Aqui no Brasil, após as manifestações de junho de 2015, todos nós fomos afetados por uma espécie de ufanismo, na esperança de vermos todo um país lutando pacificamente em busca de melhores dias.
O sonho acabou rapidamente e, em linha contrária, percebemos que havia sido eleito um dos Congressos mais retrógados da nossa história.
Na sua maioria ele é composto por indivíduos pertencentes às forças poderosas do grande capital, por um maior número de representantes da indústria armamentista ligados aos sistemas de segurança, por um grande número de homofóbicos e xenófobos, por grandes representantes do agronegócio e das religiões fundamentalistas.
Isso sem falar que muitos desses nossos “representantes” apresentam ligações estreitas com o esquema de corrupção que assola o país.
Enfim, tudo que não víamos há muito em tamanha quantidade.
Diante de todo esse quadro, fácil seria perceber o retrocesso a que iria ser submetida a sociedade civil no momento em que a perda de confiança nos seus representantes legais resultasse num descompasso desastroso entre ela e os poderes constituídos.
Freud, em seu último livro, questiona os regimes democráticos, apregoando que os povos gostam mesmo é dos regimes totalitários, em que uma única figura paterna seja responsável por todos os seus males ou suas benesses.
Numa visão freudiana, ou não, percebemos que o mundo está num processo de caretice progressiva.
Religiões fundamentalistas crescendo, preconceitos étnicos e sexuais aumentando, feminicídio em alta, direitos da mulher pouco respeitados, xenofobia crescente. Uma volta assustadora a tudo o que parecia já estar sendo enterrado nos tempos modernos.
Enfim, este é o perfil do mundo que nos aguarda e, queiramos ou não, a ele estamos sendo adaptados pela mais perigosa das opções, a apatia.
Gabriel Novis Neves
01-12-2015
Lá se vão os tempos em que chamar uma moça de namoradeira não tinha, com certeza, nenhuma conotação pejorativa.
No mundo atual os ânimos se acirraram, as agressões aumentaram de volume, o nível educacional diminuiu e, em consequência de tudo isso, aumentou a preocupação com o politicamente correto - que está chegando às raias da comicidade.
A imprensa noticiou que duas figuras da nossa classe dirigente se estranharam durante um jantar, aparentemente de congraçamento, pelo simples fato de a figura feminina em questão ter sido chamada pela figura masculina de namoradeira.
Lamentável que por um motivo tão banal, tenha sido desperdiçada, quem sabe, uma taça do famoso “PETRUS” (vinho dos deuses), tão ao gosto de alguns presidentes e pessoas abastadas.
Durante reuniões sociais, formais ou não, há sempre que se questionar, o grau de "alegria" dos convidados. Também avaliar o grau de intimidade que possa existir entre eles, o que, com certeza, torna qualquer reunião mais descontraída.
Por último, imagina-se que o grau de educação dos convidados seja sempre maior que o aparecimento de rompantes agressivos por parte de qualquer um deles.
Essa soma de características é fundamental para o sucesso de uma festa, sem que ela possa ser transformada a qualquer momento num imenso “barraco”.
Aliás, são inúmeros os moradores de casas humildes com muito mais classe e educação do que a maioria das figuras políticas divulgadas pela imprensa.
O termo “namoradeira”, portanto, é altamente incorreto politicamente.
Não há mais nada a ver, nessa república tupiniquim em que alguns de seus componentes substituem a troca de ideias pela troca de tapas e impropérios, verdadeiras cenas de pugilato.
Isso foi visto explícito e a cores numas dessas últimas sessões do Conselho de Ética, melhor chamado “Conselho Antiético”, reunido apenas com o propósito de julgar a admissibilidade ou não da abertura de um processo contra o presidente da Câmara de Deputados.
Além de nada conseguir ser votado por sete sessões seguidas, regiamente pagas, o país ainda é premiado com espetáculos do mais baixo nível, absolutamente incompatível com pessoas eleitas para manter o estado de direito e a ordem.
Lamentavelmente termos escancarado para nós mesmos e para o mundo o nosso precaríssimo grau civilizatório, foi muito humilhante.
Ah! Que saudades de estadistas como Ulisses Guimarães, Paulo Brossard, Santiago Dantas, Darci Ribeiro e tantos outros que, mesmo em posições políticas antagônicas, sabiam enriquecer os debates políticos e não aviltá-los num festival de ignorâncias como temos visto nesse atual Congresso, talvez o mais precário de nossa história!
Que o politicamente correto se faça necessário, não nas festinhas entre amigos, mas na condução de toda uma classe dirigente à altura da posição desempenhada e de um país que tem tudo para sair do subdesenvolvimento e da pobreza!
Gabriel Novis Neves
13-12-2015
JUACY DA SILVA*
Este artigo não trata de uma questão ambiental, como à primeira vista pode parecer, como aquelas notícias em que uma anaconda ou sucuri devora suas presas, jacarés e também outras cobras menores. Poderia ser classificado como uma reflexão sobre a ecologia política brasileira, a partir das cenas que já se tornaram rotineiras através das constantes ações da Polícia Federal, cumprindo ordens do Poder judiciário, correndo atrás não de bandidos comuns, traficantes de drogas , de armas e de seres humanos ou contrabandistas; mas sim prendendo, algemando políticos e gestores públicos, vasculhando suas casas, seus escritórios e até mesmo gabinetes parlamentares, em Câmaras municipais, Assembleias Legislativas ou da Câmara Federal, como ocorreu há poucos dias em Brasília e em diversos Estados.
A cada dia as investigações do Ministério Público, da Polícia Federal e da Justiça, divulgadas amplamente pelos meios de comunicação, possibilitam ao povo, ao eleitor e ao contribuinte, constatarem que estamos sendo governados, ainda bem que apenas uma parcela menor, por verdadeiros bandidos de colarinho branco, verdadeiras quadrilhas que usam o mandato e os cargos públicos para roubarem, bilhões de reais que fazem falta para a implementação das políticas públicas voltadas `a solução de graves problemas que afetam a população, principalmente as camadas mais humildes.
Mas vamos ao que interessa nesta reflexão, a operação catilinárias, executada pela Polícia Federal há poucos dias, tendo como alvo mais de 53 mandados de busca e apreensão, nas residências oficial e particular do Presidente da Câmara Federal; de dois ministros do Governo Dilma, de um ex-ministro e senador da República, na sede do PMDB em Alagoas, de deputados e senadores, enfim, um montão de gente importante, tendo ficado de fora o Presidente do Senado, devido a não autorização ao pedido do procurador Geral da República, por parte do Ministro Teori Zavaski, relator da Operação Lava Jato , no Supremo Tribunal Federal. Todos os pedidos de busca e apreensão tiveram como alvos políticos e dirigentes ou ex-dirigentes públicos, ligados ou pertencentes ao PMDB e que estão na famosa “Lista do Janot”.
Da referida lista constam 14 senadores, 28 deputados federais, além de 14 ex-deputados federais e a ex-governadora do Maranhão e o Ex-Governador do Rio de Janeiro, no caso dos ex-governadores, todos do PMDB. Mais da metade dos deputados que estão sendo investigados pertencem ou pertenciam ao PP. Entre os senadores investigados fazem parte uma ex-ministra, um ex-ministro, um ex-presidente da República. Cabe destaque também que tanto o Presidente da Câmara quanto do Senado estão sendo investigados, além de já estarem presos o ex-líder do Governo Dilma no Senado e o ex-ministro chefe da casa civil de Lula, e mais um ex-tesoureiro do PT e diversos empresários de peso, que tinham livre acesso no palácio do Planalto, onde o povo jamais pode entrar, apesar de pagar impostos que mantém a máquina pública e os privilégios e mordomias dos donos do poder.
Diante disso, parece que ao dirigir as operações dos últimos dias apenas contra pessoas investigadas ligadas ou pertencentes aos quadros do PMDB, pode, sim, representar um certo direcionamento que também beneficia o Governo Dilma, na medida que deixa de fora políticos suspeitos e investigados por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e outros crimes de colarinho branco, pertencentes ao PT, ao PP, ao PTB e de outros partidos que fazem parte da base do governo Dilma.
Todos sabem que a aliança entre PT e PMDB, é um ajuntamento fisiológico, afinal o PDMB participou durante 08 anos do Governo FHC e chegou a indicar a candidata na Chapa de Serra, quando a coligação PSDB/PMDB perdeu as eleições em 2002 para Lula.
Todavia, tão logo Lula foi eleito, o PMDB aderiu ao Governo petista e desde então não largou mais o osso, era e continua a fase do “toma lá, dá cá”, participando do balcão de negócios dirigidos pelos governos Lula/Dilma, onde a moeda de troca para o apoio politico são as nomeações de ministros, ocupantes de segundo, terceiro escalão, dirigentes de Estatais, inclusive na Petrobrás, que foi roubada durante esses últimos 15 anos, de uma maneira vil e também as famosas emendas parlamentares.
Como os ratos que percebem quando o navio está afundando e pulam na água na esperança de se salvarem, também os políticos trocam de lado, pulam do barco politico, sem a mínima cerimônia, quando percebem que um determinado governo está afundando, como é o caso do Governo Dilma, que, segundo pesquisas do início desta semana, em que 70% da população consideram seu governo ruim ou péssimo e apenas 9% avaliaram como ótimo ou bom. Pior ainda quando os entrevistados são indagados se confiam ou não na Presidente. O resultado indica o que o povo está sentindo: 78% não confiam na Presidente e apenas 18% confiam. Este sentimento é o mesmo em ambos os sexos, faixas etárias, regiões do país, níveis de renda e de escolaridade e tamanho das cidades. Ou seja, Dilma é a presidente mais rejeitada ao longo dos últimos 30 anos, desde o início do Governo Sarney.
Diante disso, vendo que se continuar atrelado ao PT poderá ir ao naufrágio político, o PMDB está iniciando o desembarque do Governo Dilma e tem imposto várias derrotas `a mesma nos últimos meses. A opinião pública sabe muito bem que hoje, o maior inimigo do PT não são os partidos de oposição, mas sim o PMDB que caminha a passos rápidos para bandear-se para o outro lado, com vistas as eleições municipais de 2016 e as eleições gerais de 2018.
Tudo isso depende da velocidade da operação Lava jato, principalmente as sob a responsabilidade do STF, que está muito devagar, diferente das investigações e condenações em Curitiba, sob a batuta do juiz Sérgio Moro que correm rápido, as que tem como investigados parlamentares e outras figuras importantes que gozam de “foro especial”, um privilégio só existente no Brasil, pode ajudar a enjaular mais gente importante ou engrossar o rol da impunidade, beneficiando, como sempre, os criminosos de colarinho branco.
Essas operações contra políticos acusados de corrupção são importantes e devem continuar, mas não pode escolher investigados que pertencem a um determinado partido, deixando outros de fora; deve ir mais a fundo e pegar todos os que ,comprovadamente , roubaram dinheiro público.
Da mesma forma, não pode embaralhar o foco principal que é a questão do impeachment. O povo quer tanto que os políticos e demais corruptos investigados na operação Lava Jato sejam punidos, quanto a Presidente Dilma encerre o seu mandato o mais breve possível. Todas as pesquisas de opinião pública indicam isso. Impeachment ou renúncia é a chave para desatar este nó em que o PT colocou o Brasil.
Em Brasília, tanto no Congresso, quanto nos Poderes Executivo e Judiciário, só existem cobras criadas, vorazes e a luta entre essas cobras é muito grande, cada uma querendo engolir as demais, incluindo gente importante que age como eminências pardas e desejam retornar ao poder, afinal do poder emana privilégios e muitas mutretas, o que menos conta são os interesses e as necessidades do povo brasileiro.
*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia. E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog http://www.professorjuacy.blogspot.com/ Twitter@profjuacy
Todos nós aprendemos nas aulas de história que o Oriente Médio foi o berço da civilização.
O Oriente Médio Moderno surgiu apenas após a Primeira Grande Guerra Mundial, quando o Império Otomano, na época aliado às potências mundiais derrotadas, foi dividido em várias nações separadas entre si.
Com a criação do Estado de Israel, em 1948, saíram da região as grandes potências europeias, como o Reino Unido e a França. Essas foram substituídas pela maior influência na região dos Estados Unidos da América.
No século XX, por volta, mais especificamente, de 1945, houve o boom do petróleo e, com ele, o despontar da grande importância econômica e geográfica da região formada pela Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuait e Emirados Árabes Unidos.
Basta dizer que Irã e a Arábia Saudita detêm as maiores reservas mundiais do ouro negro.
Com a guerra fria, EUA e União Soviética passaram a competir, inclusive, pela influência, não só econômica, mas também ideológica, numa região de grande diversidade cultural e religiosa.
A relativa paz após a Segunda Guerra Mundial tem sido sempre interrompida por guerras como a do Golfo, a do Iraque, o conflito permanente entre árabes e israelenses e, mais recentemente, pelo programa nuclear do Irã.
Os ataques terroristas atuais pelo mundo mostram as inúmeras contradições que cercam esses fatos, assim como as origens de tanto ódio e de tanta violência.
Os ataques às Torres Gêmeas em Nova York foram feitos por cidadãos do mundo árabe, porém, treinados nos EUA.
Os ataques na Europa partiram de cidadãos europeus, mais especificamente, franceses e belgas, ainda que com ascendência e valores do mundo islâmico.
Ao que tudo indica essas pessoas filhas de imigrantes não se reconhecem no país onde nasceram, pois, educados com valores rígidos de suas respectivas culturas, crescem nas periferias sem uma verdadeira identidade francesa ou de qualquer outro país.
Esses jovens são facilmente sugestionáveis. Voltam aos países de origem de seus avós, destruídos pelas guerras, e lá são submetidos a treinamentos bélicos, voltando aos seus países de nascimento com objetivos de ódio e vingança.
Esse costuma ser o mecanismo fácil de sedução desses jovens pelo Estado Islâmico.
Segundo pesquisas, todos apresentam um mesmo perfil de timidez, insegurança e moradores de periferia com baixo poder econômico, já que as oportunidades para esses filhos de imigrantes não são as mesmas oferecidas aos cidadãos franceses genuínos.
A França, tradicionalmente um país laico, mantém a política das portas abertas, mas, em troca, pelos que lá decidem ficar, obrigam a uma adesão total aos seus valores básicos de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.
Todos esses valores, inclusive os religiosos e econômicos, são muito difíceis de serem aceitos.
Com relação ao recente ataque terrorista no hotel de luxo em Mali, ex-colônia francesa na África, é bom saber que a França ainda mantém na região, rica em ouro, mil soldados.
O que está acontecendo agora na Europa e na África tem a ver com séculos e séculos de história dessa humanidade suicida que nunca, até hoje, conseguiu viver sem valores de dominação e poder.
Os cruéis ataques terroristas atuais nada mais são do que uma diversificação no formato das guerras, não mais com tanques ou exércitos, mas com inimigos sem rosto, que podem estar em qualquer lugar do planeta, a qualquer hora, movidos apenas pelo ódio e pela violência.
Não creio que ataques aéreos sejam suficientes para destruir ideologias.
Se a palavra e o entendimento não conseguirem salvar a humanidade, estaremos todos condenados ao extermínio, lamentavelmente.
Gabriel Novis Neves
23-11-2015
Literalmente, o ano de 2015 foi inundado por um extenso mar de lama, seja no meio político, seja no meio social, seja no ambiental.
Na política, figuras eminentes do nosso cenário, chafurdaram em transações escabrosas, estando algumas presas e outras ameaçadas de perda de seus mandatos.
Só mesmo aqui na terrinha, paraíso das mordomias, tanta dificuldade para prender os ladrões de gravata.
Em Nova York, por exemplo, há algum tempo, por muito menos, um prefeito saiu de seu gabinete algemado e ninguém considerou nenhuma calamidade, já que o não cumprimento rígido das leis por parte de quem tem obrigação de defendê-las é muito mais grave do que o fato de um cidadão comum não fazê-lo.
Revoltante viver num país em que seus cidadãos, políticos ou não, desprezem as regras sociais básicas de conduta moral.
Em decorrência dessa falta de probidade, companhias de alto risco, tais como as mineradoras, aqui se instalam visando apenas os altos lucros auferidos, totalmente alheias aos danos ambientais que delas possam advir.
A tragédia com o rompimento da barragem de Mariana em Minas Gerais, já considerada um dos cinco maiores desastres ambientais do mundo, cobre-nos de vergonha e de horror, já que foram absolutamente negligenciados todos os contingenciamentos possíveis para essa tragédia anunciada.
O descaso dos nossos dirigentes para com a população mais pobre e menos aculturada é revoltante.
Cidades do Espírito Santo, como Baixo Guandu, Colatina e Linhares, agonizam, na medida em que sua flora e sua fauna, fontes de renda da população, foram totalmente destruídas pela lama que, no seu trajeto de morte, chega célere ao oceano.
Só mesmo autoridades oligoides da nossa administração, após dias de descaso, conseguem ver o Rio Doce, hoje falecido, melhor no futuro.
Todo o Brasil agoniza, não somente as regiões atingidas, diante de um quadro tão grave e que trará graves consequências econômicas e sociais nas próximas duas décadas para todos nós.
Os efeitos tardios de toda essa tragédia ainda não foram divulgados, nem foram tomadas providências quanto à contaminação das águas do Rio Doce e de seus afluentes por metais pesados, altamente maléficos à saúde, a curto e longo prazo.
Ao que se sabe, as multas ridículas impostas a essas empresas nem sempre são pagas, já que seus advogados tratam de livrá-las judicialmente das mesmas.
Novamente batemos na mesma tecla de sempre.
Enquanto não tivermos educação para todos nossos direitos serão sempre meros detalhes.
Vivemos apenas para deveres, esses sim, cobrados até a última gota de sangue desse povo espoliado de sempre e sem forças para lutar.
Gabriel Novis Neves
30-11-2015
Nossa vizinha, a bela Argentina, com todo o seu potencial de riquezas, após doze anos de governo dos Kitchener conseguiu trocar a condução de sua política através da recente eleição do novo presidente Maurício Macri.
Oriundo de uma das famílias mais ricas da Argentina é o primeiro presidente de centro direita da nação portenha a ser eleito após os longos anos de cruel ditadura, uma das mais violentas da América do Sul.
Após esse período sombrio o país foi sempre presidido por peronistas ou por social democratas.
Trata-se, portanto, a eleição de Macri, mesmo com uma pequena porcentagem de votos, de um fato inédito para a nação hermana.
Por sua plataforma eleitoral, Macri cobre de esperanças grande parte da população argentina, desencantada com as políticas populistas até então vigentes.
Para nós brasileiros fica a expectativa de um melhor intercâmbio comercial, com menor número de barreiras, benéfico para ambos os países.
Há mais ou menos trinta anos, pelas inúmeras viagens ao país amigo, perturbava-me o grau de decadência em todo o sistema político- econômico.
Paulatinamente tenho acompanhado, infelizmente, a destruição de sua indústria, o imenso declínio de seu comércio, a tristeza e a miséria crescentes de seu povo.
Na minha última viagem, há cerca de um ano, custei a acreditar no que via, inclusive, com um enorme declínio do turismo, restaurantes outrora fervilhantes totalmente vazios, ruas desertas, rostos tristes, enfim, tudo ao contrário do que encontrávamos na bela Buenos Aires até algum tempo atrás, uma das mais requintadas e elegantes cidades do mundo.
Claro, o mundo mudou, populações empobreceram de uma maneira global, mas o que aconteceu com a Argentina é muito triste para todos aqueles que, em curtas incursões de lazer, se encantavam com o desenvolvimento e com a elegância transmitidas pelos hermanos a “nosotros”, sempre aquém dos padrões de vida argentino.
A esperança é o que move a humanidade! Aqui ficamos na torcida para que melhores dias voltem a essa rica nação, à qual somos ligados por laços afetivos tão profundos.
Gabriel Novis Neves
30-11-2015
É considerado o mal do século XXI. Será que os antigos eram imunes a esse terrível mal? Ou ele é produto não desejável da longevidade e da sociedade de consumo?
O estilo de vida altamente competitivo, os fatores genéticos, o espichamento da expectativa de vida, associado a uma educação reprimida e fortemente direcionada à produção de bens materiais, acredito serem os fatores principais dessa patologia.
Quando, no crepúsculo da existência, constatamos que os valores pelos quais tanto lutamos ao longo da vida foram substituídos por outros que não nos dizem respeito, o conflito fatalmente se instala, e vem a depressão.
A sensação de necessidade do trabalho braçal costuma permanecer nessa fase da vida, que deve ser encarada como um prêmio para aqueles cujo passado faz jus a uma nova etapa sem os deveres e obrigações do dia a dia.
Mas, isso é difícil para nós que fomos condicionados pelo sistema a produzir como máquinas, na ânsia cada vez maior de acúmulos de bens materiais.
As emoções que afloram abundantemente nesse período não encontram guarida nesse contexto de ganhos materiais.
O sofrimento é imediato, o fechamento com relação ao convívio social fica maior, às vezes por pura proteção das agressões do mundo moderno.
A depressão vai ocupando os espaços existenciais encontrados, encurtando a proximidade dos extremos da grande aventura que é a vida.
Sabemos o mecanismo do processo, mas, muitas vezes não suportamos a realidade.
Neste momento a importância de pessoas cúmplices é muito mais eficaz que fármacos de última geração, embora estes sejam mais fáceis de serem encontrados.
Thiago de Melo quando diz em seus versos que uma criança apenas confia em outra criança, sabia do que estava falando.
Infelizmente, o mesmo não acontece com os adultos que, com a idade, vão precisando cada vez mais e recebendo cada vez menos.
Talvez aí esteja a semente que costuma contribuir para o estado depressivo comum na velhice.
Gabriel Novis Neves
16-11-2015
Roberto Boaventura da Silva Sá
Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT
A arte de mentir nos acompanha desde o nosso “achamento”. Por isso, na semana passada, talvez a maioria de nosso povo tenha assistido, sem constrangimentos, às acusações trocadas entre o Cunha e Dilma. Aquele, sem pejo, diz que essa mentiu, e cita exemplos. Essa, na cara dura, diz que quem mente é aquele, e cita exemplos.
No meio das acusações, só não sabemos qual dos dois, à lá Pinóquio, terminará com o nariz mais comprido.
Em meio aos destemperos verbais, o Congresso aprovava uma lei que dá licença ao governo de terminar o ano fiscal com um déficit de 120 bi! A camada popular pagará por mais essa.
Mas se a semana já era deprimente por tudo isso, a morte de Marília Pêra acentuou a tristeza do olhar dos que se preocupam com o futuro. Com sua morte, não as jogatinas políticas, para as quais não tinha habilidade alguma, mas a cultura brasileira perde um de seus mais importantes sujeitos que atuava como atriz, cantora, bailarina, coreógrafa... Era completa.
Como fã de seu trabalho, destaco duas de uma série de características positivas suas: o rigor e a disciplina no trabalho. Logo, mais adepta da arte pela arte, e por isso mesmo sempre buscando fazer arte da melhor maneira possível, fosse na dança, no canto, na dramaturgia..., Marília não abria mão de aprender; e sabia que para aprender algo sério, o rigor e disciplina são indispensáveis. Sem isso, só nos enganamos. Enganamos o outro. Ao enganarmos o outro, nos transformamos em atores de um teatro decadente.
Mas para não dizer que, neste artigo, não falei de “flores vencendo os canhões”, em meio à depressão da semana que passou, eis que surge uma esperança: adolescentes e jovens – todos pobres – de São Paulo venceram o governo Alckimin. De chofre, derrubaram o secretário de Educação, que insistia, sem diálogo com a sociedade, numa reformulação administrativa pela qual se fechariam unidades escolares.
Mas até que o decreto suspendendo a reformulação administrativa viesse a ser anunciado, os estudantes mostraram a cara e foram à luta. Um dos primeiros passos dados por eles – que terminaram ocupando ruas e avenidas da capital, enfrentando policias municiados com muito gás de pimenta, bomba de efeito moral, cassetetes etc – começou em uma sala de aula.
E começou com arte! Com um filet musical.
No início de outubro, quando a reformulação foi anunciada, estudantes em uma sala de aula cantaram, dramatizando, alguns versos de “Cálice” – na verdade, “cale-se” – de Chico Buarque e Gilberto Gil (https://www.youtube.com/watch?v=T7MUd11laTI), música feita para denunciar as torturas praticadas pelos golpistas de 64. Ver esse vídeo é pra lá de emocionante.
Quatro estudantes, virados para a parede do fundo da sala, tocam instrumentos de percussão para os demais – todos sentados, virados para a frente da sala, com as mãos postas sobre as carteiras e com olhos vendados – cantarem os seguintes versos:
“Como é difícil acordar calado// Se na calada da noite eu me dano// Quero lançar um grito desumano// Que é uma maneira de ser escutado// Esse silêncio todo me atordoa// Atordoado eu permaneço atento// Na arquibancada pra qualquer momento// Ver emergir o monstro da Lagoa”.
Depois, em cima da mesma melodia, os estudantes adaptaram versos para este momento, denunciando o descaso com as crianças, adolescentes e jovens, o que compromete o futuro.
O recado é forte. Ele vem artística e anonimamente verbalizado pelos interessados diretos em um futuro melhor. Que os governantes não brinquem com esse tipo de recado.
JUACY DA SILVA*
Hoje é o último domingo de novembro de 2015. De amanhã até dia 11 de Dezembro estará sendo realizada a COP 21 – Conferência do Clima em Paris, já estamos entrando no clima do Natal e da festividades de final de ano. Como o tempo está passando tão rápido.
No mundo inteiro e também no Brasil muitas coisas tem acontecido, a operação LAVA-JATO, a prisão de empresários importantes e de políticos poderosos marcaram o país, ao lado da corrupção, da crise econômica e financeira, do desemprego, da violência, do caos na saúde, da recessão e das crises setoriais.
Nos Estados também o combate à corrupção corre celeremente e tem muita gente importante com as “barbas” de molho, além de outr@s que estão pres@s. O Governo Dilma segue acuado e paralisado, nada funciona em Brasília, tudo gira em torno das operações policiais e do MP que vasculha gabinetes de parlamentares e de ministérios.
Os presidentes da Câmara Federal e do Senado, juntamente com vários deputados e senadores, estão na berlinda e na “Lista do Janot”, suspeitos e investigados por corrupção, alguns por suposto envolvimento na roubalheira da PETROBRÁS.
Os partidos estão em polvorosa, principalmente os três grandes que ao longo desses 26 anos estiveram no comando do país: PMDB, PSDB e PT. Parece que o fio que liga tudo isso é a corrupção, a demagogia, a mentira e a manipulação das massas pela propaganda e o “marketing” politico, custeado com o suado dinheiro do contribuinte.
O povo perplexo diante de tanta corrupção começa a se indagar, será que o Brasil merece esta democracia corrompida no lugar da tão odiada ditadura que levou milhões `as ruas? Esta sensação está refletida nas pesquisas de opinião quando as Forças Armadas e os militares no topo das avaliações e os partidos políticos, classe políticas e o Governo beirando a zero!
Oxalá, no NOVO ANO que se aproxima, Deus ouça as preces do povo brasileiro e se apiede do nosso sofrimento e que PAPAI NOEL nos traga de presente novos governantes que atuem com eficiência, eficácia, efetividade e,
acima de tudo, com honradez , lisura e ética no uso dos recursos públicos e que os corruptos sejam guardados na cadeia por vários anos.
O tempo passa rápido e o sofrimento do povo não pode esperar.
*JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de Jornais, Sites e Blogs. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
A Presidente da República vetou o financiamento empresarial de campanhas eleitorais e partidos políticos.
Essa decisão já tinha sido tomada pelo Senado Federal e Supremo Tribunal Federal (STF).
Pesquisas realizadas sobre o assunto revelam que três em quatro brasileiros são contra essas doações (?). A maioria quase absoluta dos entrevistados diz que elas estimulam a corrupção.
“Empresa não vota, investe”, diz o povo nas ruas.
Financiam certos candidatos de dois em dois anos e depois de eleitos recuperam o investimento feito em suas candidaturas, cobrando faturas com juros e correções monetárias.
Muitos acreditam que com o fim do financiamento empresarial fica extinta a corrupção neste país em liquidação.
Não acredito nessa mudança de conduta com apenas esse método.
Nosso sistema político está tão viciado e sofisticado tecnologicamente para roubar nosso dinheiro, via empresas e agentes públicos, que outros planos já foram testados e aprovados para manter o status quo do poder.
Sem dinheiro não há eleições livres neste país.
Sabemos que nas últimas eleições, para eleger um deputado federal, foram necessários pelo menos cinco milhões de reais, salvo raríssimas e honrosas exceções.
Infelizmente, sem “molhar a mão do eleitor”, será muito difícil conseguir o seu voto.
A imagem do político brasileiro é a pior possível em termos de ética com o nosso dinheiro.
Um Congresso que aprova a construção de um Shopping Câmara de quatrocentos milhões de reais, e ainda diz que o dinheiro é da Instituição de Leis, não possui credibilidade para propor o fim da imoralidade nas eleições.
No Brasil todo poder emana das empresas, e o poder exercido pelos privilegiados nesse sistema político não tem legitimidade.
Investir maciçamente na educação de qualidade para todos é a saída democrática em médio prazo para o combate à corrupção e às eleições livres, com o poder emanando do povo.
Mas isso é outra história.
Gabriel Novis Neves
05-11-2015