Segunda, 11 Janeiro 2016 12:17

 

Dia desses fui jantar na casa de um jovem casal. Além da novidade, uma grande expectativa tomava conta do ambiente-surpresa. Esta ficou por conta do chefe da cozinha, um profissional liberal. 

Ele revelou-se um grande cozinheiro. Especializado em comida portuguesa. O bacalhau que nos foi servido foi de dar inveja a muitos experts da arte de comer bem. 

Nada de excessos. O suficiente para saber como cultivar o hábito de uma boa mesa para manter uma perfeita saúde. 

A gastronomia é arte e cultura, aliada ao prazer de uma higiênica e saudável refeição. 

Para completar o cenário, um belo ambiente com música “digestiva”, quase imperceptível aos ouvidos, como manda o bom tom, e uma conversa quase em sussurros. 

Pequenas porções de guloseimas eram substituídas por novas iguarias, impossível controlar a gula, mesmo de um bem comportado e discreto apreciador de “quitutes saborosos”. 

Duas taças de vinho acompanhadas do mesmo número de copos de água completavam a mesa do “pecado”. 

Sorvete de chocolate feito em casa e o infalível cafezinho com as duas gotinhas do “regime” encerraram o jantar, menos a conversa que continuou num ritmo sem fim. 

Sendo a primeira visita de encontro de gerações tão distantes, segui o protocolo do século XIX de conhecer a pequena casa com detalhes, ouvindo explicações feitas com orgulho pela jovem dona da casa. 

Gostei do que vi e escutei. Bom gosto e discrição em todos os ambientes. Tudo foi planejado para o lazer após um dia de trabalho. 

Mas, o principal, foi ter constatado que aquele ambiente familiar é dos mais propícios para uma boa educação para os filhos, pois as crianças adquirem os primeiros valores da vida em casa. 

Lá, todos trabalham, podendo fazer o que gostam sem importunar ou depender de ninguém para usufruírem das alegrias que o fruto do trabalho oferece. 

Como é bom ser independente e, com bom nível educacional e cultural, viver a vida que escolheu! Muitos acham, erroneamente, que só a riqueza produz a felicidade. 

A sensação de independência financeira para compromissos domésticos, principalmente, faz bem à nossa saúde e a do ambiente em que estamos inseridos, desde que possuamos esses mínimos pré-requisitos para uma vida honrada. 

Sou um forte candidato habilitado a ser bisavô. Espero que a educação para o trabalho e para o lazer continue para sempre regando os meus descendentes. 

É o caminho mais ético e digno para se acompanhar o ciclo vital. O mundo é redondo e dá voltas. Por isso mesmo, nos nossos bons momentos, não podemos nunca nos esquecer do dia de amanhã. 

Nosso lema é viver uma vida com dignidade, sem humilhação. Entenda-se humilhação uma subsistência dependente de outrem, por não terem sabido ou querido aproveitar todas as oportunidades que a vida  oferece. 

O pior é pensar que as pessoas escolhidas para essa “ajuda” têm essa obrigação. 

Retornei do jantar satisfeito e com a  impressão de que nem tudo está perdido nos nossos jovens. 

Está provada que a alavanca da ascensão social é a educação recebida em casa e aprimorada pelas instruções adquiridas na escola. 

Nada acontece por acaso. O talento é essencial, mas sem o trabalho ele se anula. 

Sinto-me com forças renovadas para continuar a minha missão de valorizar a educação e o ambiente em que é criada uma criança. 

 

Gabriel Novis Neves

18-05-2014

Segunda, 11 Janeiro 2016 12:16

 

De todas as doenças que estudei a mais incomodativa, em minha opinião, é a do sofrimento antecipado. 
Sou vítima dessa patologia e sei o que isso significa para a saúde humana. 
Dia desses fiz um exame de prevenção dentária.  Procedimento simples: exame da arcada dentária e retirada de tártaros (depósitos de cálcio que se formam nos dentes), mais intensa em velhos. 
Poucos dias depois, a secretária da clínica me telefonou para confirmar o meu retorno e solicitou que eu chegasse um pouquinho mais cedo. Eu seria examinado por um odontólogo especialista em implante dentário.  
Pronto! Estava instalado em mim o sofrimento antecipado. 
Algo de muito grave fez com que a minha periodontista solicitasse um parecer especializado. 
Só me tranquilizei após o exame do cirurgião que me liberou dizendo que tudo estava normal para a minha idade. 
Que alívio! Interessante que nesta fase da vida sempre que procuro um profissional de saúde ouço essa sentença – “para a sua idade tudo está normal!”. 
Entendo que os desgastes naturais sofridos pelo nosso organismo no decorrer dos anos são considerados normais até o fechamento do nosso ciclo vital. 
Os que sofrem por antecipação passam horas, dias, semanas e meses sempre pensando na pior das hipóteses. 
No caso da revisão odontológica, o mínimo que imaginei foi um implante de dentes e, na pior das hipóteses, numa moderna dentadura. 
Isso vale para as outras surpresas que a vida nos aponta. 
No ambiente político nacional e internacional o sofrimento antecipado é uma realidade. 
Há séculos estão mexendo com fogo no Oriente Médio, tendo como pano de fundo a religião e as riquezas naturais. 
Recentemente, o resultado foi o maior ato terrorista contra a cidade mais charmosa do mundo, deixando centenas de inocentes vítimas. 
Aqui na terrinha de Pedro Álvares Cabral o desmando administrativo, símbolo da falta de governo, é o nosso maior sofrimento por antecipação. 
O mundo precisa passar por uma grande terapia analítica para encontrar a paz e se libertar do terrível sofrimento do que provavelmente virá, nem sempre confirmado. 
Quanto mais pavor, mais precisamos manter a racionalidade. Isso serve para tudo na vida. 
Precisamos muito da leveza do viver...

Gabriel Novis Neves
19-11-2015 

Segunda, 11 Janeiro 2016 12:12

Benedito Pedro Dorileo 

Dia ou tempo em que se suspende o trabalho para descanso por prescrição da lei civil ou religiosa. Etimologicamente do latim feriatu: que está em festa, em descanso. Se em festa, deveria o cidadão coletivamente estar celebrando a fraternidade, a pátria, um nume tutelar, uma conquista social. Os responsáveis pela decretação desse lazer ou ócio sabem que o fim não é alcançado. – Quem celebra o Dia da Independência? Salvo os militares responsáveis pela segurança nacional ou estadual, e fazem-no protegendo a nossa soberania de povo independente. Os desfiles escolares minguam; e, se ocorrem, são os festejos desacompanhados de estudos e reflexões sobre o acontecimento. Na prática, são os feriados utilizados para recreações ou farras abusadas que entulham as estatísticas de acidentes e criminalidade em grande escala. Algo positivo pode ocorrer com celebrações especiais, como Dia da Cultura, Dia da Mulher, Dia da Criança e outros.

Teremos 20 feriados em 2016, todos oficiais, resultantes de legislações específicas, desde o dia 1º da Confraternização Universal, do Carnaval, da Paixão de Cristo, Tiradentes, Dia do Trabalhador, Corpus Christi, Independência, Nossa Senhora Aparecida, Servidor Público, Finados, Dia da República, Consciência Negra, Natal. Acrescem-se os feriados e pontos facultativos municipais, como o Dia da Cidade, de Zumbi, do Evangélico. Os de classes: do Professor, do Advogado, da Justiça e mais. Enfim muito mais de 20, somando, ainda, o que se convencionou chamar-se de ponto facultativo uma 2ª feira antes de um feriado, ou o da mesma forma quando antecede no fim de semana. Torna-se um cantochão de desprezo ao trabalho e de ociosidade.

No jornal A Gazeta do dia 30 de dezembro, o articulista Vinicius Bruno, caderno de Economia, registra o excesso de feriados, comentando: “a quantidade de datas comemorativas atrapalha o fluxo do comércio e das indústrias, trazendo perdas”. Aponta para este ano 9 feriados prolongados – os feriadões. Na reportagem, o presidente da Associação dos Lojistas do Centro Histórico de Cuiabá comenta: “tantos feriados, ademais prolongados prejudicam demasiadamente o comércio”. Aparece um dado da Confederação Nacional do Comércio que estimou em R$15,5 bilhões que deixaram de circular em 2015 em decorrência dos feriados.

Válido recorrermos a um cotejo internacional, exatamente dos nossos irmãos lusitanos. Também Portugal teve o seu Estado Novo (como tivemos com Getúlio Vargas), em longa ditadura ultramarina dominante no período de 1933 até 1974, finda com a Revolução dos Cravos, consagradora da democracia expressa na Constituição de 25 de abril de1976 que estabeleceu o parlamentarismo, tão inteligente como salvaguarda do regime democrático.

Na voragem mundial da crise econômica, Portugal, através do seu governo, agiu rapidamente para eliminar o acúmulo de feriados, como os civis de 5 de outubro (Implantação da República), de 2 de novembro (Finados) de 1º de dezembro (Independência). Dos religiosos, como Corpus Christi, feriado móvel, e Dia de Todos os Santos. Para o último caso, a suspensão atinge 2018, quando o assunto será reavaliado junto à Santa Sé, em Roma.

O decreto-lei português de nº 47/2013 acentua que: “o país com suspensão de uns feriados aumenta a competitividade e impulsiona a atividade econômica”. O Ministro da Economia Álvaro Pereira celebrou: “A ideia é trabalharmos mais e melhor para termos o nosso país a produzir riqueza, a criar emprego, mais competidor no mercado internacional”.

Entre nós, é de suma responsabilidade do Executivo e do Legislativo o zelo pelo calendário civil da Nação, isentando-o de folgas demagógicas, a fim de restaurar o caráter cívico e evitar o desperdício da força de trabalho; ademais nestes tempos de derrocada econômica e queda de virtudes de tantos homens públicos. O chafurdar na corrupção, que penetrou os seios do governo com mensalões, assalto ao maior orgulho nacional – a Petrobras –, as pedaladas, o ilícito contra a lei eleitoral, espalha poeira pegajosa sobre os túmulos dos construtores do Brasil. Não à demagogia dos feriadões. Vamos trabalhar. 

Benedito Pedro Dorileo é advogado e foi reitor da UFMT

Sexta, 08 Janeiro 2016 11:21

 

“Precisamos de governos democráticos que não se aproximem do Estado enquanto poder, mas que se aproximem do Estado enquanto povo” - assim se pronunciou o Presidente do CFM ao analisar as políticas públicas e a saúde em nosso país. 
Nos países desenvolvidos que adotam as políticas como prioridade de Estado, a expectativa média de vida pode ultrapassar aos oitenta anos, e as principais causas de mortes são as doenças cardiovasculares, o câncer, o acidente vascular cerebral e a demência. 
Antigamente, nascia-se e morria-se em casa. Agora, a maioria das mortes foi transferida para os hospitais, com passagem obrigatória pelas UTIs (Unidades de Tratamento Intensivo) nos poucos municípios brasileiros que possuem esse recurso tecnológico. 
Assim, surgiu um novo padrão moral, com ênfase à dignidade humana como mais importante que o saber científico ou o lucro. 
Comenta o Presidente do CFM que se instituiu o dever do financiamento da assistência à saúde pública. 
De acordo com o relatório do Banco Mundial (2013) referente ao ano de 2012, os 10 maiores gastos per capita em saúde no mundo foram, em ordem decrescente, os da Noruega, Suíça, Estados Unidos, Luxemburgo, Mônaco, Dinamarca, Canadá, Holanda e Áustria. 
Enquanto a média mundial de gastos públicos em saúde era de 6.08 do Produto Interno Bruto (PIB), o Brasil investia nesse setor apenas 4.32, contrastando ainda mais com o dos países não situados nos 10 primeiros lugares do ranking dos de gasto per capita e com modelos assistenciais semelhantes ao SUS como a Inglaterra (7.78) e a Alemanha (8.61). 
A expectativa de vida dos brasileiros é de 73,62 anos quando comparada a dos ingleses (81.5) e dos alemães (80,89). 
Na Alemanha 76,28% de todo o gasto de saúde é bancada pelo Estado e na Inglaterra esse índice é de 82,51%, números bem mais significativos que do atual índice brasileiro de 46,42%. 
A dimensão desses paradoxos assume maior relevância se considerar que em nosso país 150 milhões de pessoas (75% da população) dependem totalmente dos gastos públicos para a promoção e prevenção das doenças e realização de diagnósticos e tratamentos. 
“Se levarmos em conta o índice de analfabetismo funcional, a corrupção, a falta de racionalidade no planejamento e operacionalização do SUS, aumenta a distância entre a saúde pública no Brasil daquela praticada na Inglaterra, Alemanha e nos 10 países que mais lhe dão prioridade para investimento” - lastima Carlos Vital Tavares Corrêa Lima. 
Pelos dados divulgados pelo IBGE no ano passado, mais da metade dos 5.570 municípios brasileiros precisou mandar pacientes do SUS para outros locais em busca de internação. 
Além disso, 52,1% dos municípios do país foram obrigados a encaminhar pacientes para realização de exames em outras cidades. 
Na Alta e Média Complexidade o quadro é calamitoso! Apenas em 6.5% das cidades brasileiras existem disponibilidade de UTI Neonatal em estabelecimentos públicos ou conveniados ao SUS. 
Os serviços de hemodiálise, indicados a pacientes com insuficiência renal, estão disponíveis em somente 8.7% dos municípios. Somente 49.6% dos municípios do Brasil têm estabelecimentos que realizam o parto. 
Segundo o Presidente do CFM, Corrêa Lima, em profunda reflexão, disse ser possível superar os desafios e construir o nosso destino. 
No momento em que vivemos gravíssima dificuldade financeira, com falta de credibilidade internacional, lesões da ética e da moral e profunda crise política, o primeiro passo é compreender as nossas dificuldades na saúde. 
Decidir politicamente que saúde pública é prioridade nacional, sem fronteiras entre a saúde dos ricos e dos pobres, aproximando o Estado do povo brasileiro.

 

Gabriel Novis Neves

04-11-2015

Sexta, 08 Janeiro 2016 11:19

 

JUACY DA SILVA*

Costuma-se dizer que o brasileiro é por profissão  um sofredor e ,ao mesmo  tempo um sonhador. Por pior que seja a situação nacional, estadual, municipal, pessoal, familiar  sempre  resta uma réstea  de esperança de que no próximo ano, enfim, no futuro  tudo vai mudar. Afinal  este é o país abençoado por Deus, pelas divindades e pela sorte.

Basta ver que em um país em que cassinos são proibidos, mas muitos funcionam a todo vapor; onde o jogo de azar, se praticado pelos contraventores é crime, mas o governo federal, através  da Caixa Econômica Federal, promove a maior jogatina de que se tem notícia ao redor do mundo,  atraindo principalmente as pessoas mais humildes e parte da classe média que tenta se tornar  milionários sem trabalhar, sem dar o duro. Outros, ocupando cargos públicos, nomeados, concursados ou eleitos  imaginam que meter a mão no dinheiro  público é sinal de esperteza  e jamais uma prática desonesta. Alguns gatos pingados deste turma ultimamente andam sendo pegos pela justiça  e tirados de circulação, passando a ser hóspedes  do sistema penitenciário, custeado pelo contribuinte,  mas representam apenas a exceção para confirmar  a  regra.

Assim é  fácil perceber que existem duas realidades. Uma  criada pelos governantes que adoram mentir para a população, dizendo que a origem de nossos problemas econômicos, políticos, de gestão, ambientais, de   governabilidade  decorrem de uma grande crise mundial e ao mesmo tempo de uma conspiração internacional, de uma armadilha criada pelas “elites” que por séculos dominaram o país e que o atual governo, por exemplo, que tem em seu núcleo central o PT  e como coadjuvantes ou sub-legendas os demais partidos, com destaque para o PMDB que divide com o partido do governo o botim,  culpa diuturnamente.

Nesta forma de manipulação os  governos  federal, estaduais e municipais costumam  culpar a natureza, principalmente quando ocorrem desastres “naturais”, com destaque  para o El Ninho, La ninha, São Pedro que ora manda  mais chuva ora não manda nada de chuva, ou as vezes alguns de forma mais cínica culpam  nossas origens históricas, jogando a culpa nos portugueses, nos indígenas e nos  negros, mesmo que esses dois últimos grupos tenham sido vítimas de exploração  e violência por parte da elite branca.

Nunca a população ouve dos governantes que as  razões  verdadeiras é a incompetência dos governantes e gestores públicas, a falta de planejamento estratégico, a corrupção que corre solta dentro do governo  e nas empresas que transacionam com o poder público, no compadresco, no loteamento do poder, no imediatismo e no vampirismo  dos partidos políticos.

Basta darmos  uma  olhada nas declarações de nossos governantes e nossas autoridades  em  uma retrospectiva histórica, incluindo os períodos das campanhas eleitorais, como os candidatos que representam os governantes de plantão no momento considerado,  “pintam”  um quadro cor de rosa da realidade,  seus balanços só tem números bonitos, enquanto seus opositores tentam abrir  as caixas pretas das administrações que  estão se findando.

Sugiro ao leitor e eleitor uma análise, por  exemplo, dos discursos da então candidata Dilma entre  julho e novembro de 2014, como  era o Brasil que sua propaganda eleitoral   transmitia ao povo, basta tomar temas como corrupção, emprego/desemprego,  carga tributária, inflação, dívida pública, taxas de juros, contas públicas, andamento de obras federais, saúde pública, educação, segurança pública/violência, reforma agrária, meio ambiente, gestão  pública,  burocracia, reforma política, reforma fiscal, direitos  trabalhistas  e outros mais.

Compare os discursos da candidata Dilma daqueles três ou quatro meses, com a realidade que “surgiu”  como uma bomba no decorrer  de 2015  e as explicações  esfarrapadas  tanto da própria presidente, quanto de seu mentor o ex-Presidente Lula, ou por parte do PT e dos partidos aliados, tudo enganação, meias verdades , muitas mentiras tentando tapar o sol com a peneira.

Só agora quando o barco está  cada  vez mais à deriva é que “vozes  dissidentes”  ou não tão fiéis  começam  a fazer o mea culpa, como o que disse o ministro chefe da casa civil Jacques Wagner qe disse de forma clara que o PT e o governo se lambuzaram, perderam o rumo, ou então a turma do PMDB  de Temer  e Eduardo Cunha que tentam pular do barco antes que o mesmo afunde.

Esse posicionamento de uma parte do governo, do PT e alguns setores de partidos aliados demonstra de forma clara o oportunismo desses grupos pois sabem,  e os números das pesquisas de opinião pública indicam, que nas próximas eleições municipais  deste ano e nas eleições  gerais  de 2018 o PT  e toda esta turma poderão ser varridos do mapa  politico brasileiro, pois 2016  poderá  ser muito pior do que foi 2015 e ai não adianta procurar bodes  expiatórios,  o povo sabe que  governos corruptos,  incompetentes  e demagogos não combinam  com desenvolvimento, nem com democracia , muito menos com justiça, cidadania e sustentabilidade, pilares  de um país decente.

 

*JUACY DA SILVA,  professor  universitário,  titular e aposentado UFMT,  mestre  em sociologia, articulista de A Gazeta há mais de 20  anos. E-mail  O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog  www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

Quinta, 07 Janeiro 2016 08:09

 

Os escritores muitas vezes elaboram durante a noite todas as suas fantasias, traduzidas como sonhos, principalmente naquele pequeno lapso de tempo que separa o sono da vigília. 
Tal como os que costumam ingerir com frequência fármacos psicotrópicos, alguns de nós, mais que outros, elaboram no próprio organismo um excesso de componentes dessas substâncias que costumam ativar as percepções. 
Quem sabe a qualidade dos textos gerados tenha relação com essa química pessoal? 
Conta a história que o grande poeta francês Baudelaire convidou o filósofo Balzac a participar de uma dessas sessões regadas ao uso de substâncias químicas, tão comuns entre alguns intelectuais e artistas. 
Um dos nossos maiores neurocientistas, Sidharta, acredita que drogas psicotrópicas como, por exemplo, a maconha, podem ativar áreas cerebrais responsáveis por uma maior criatividade. 
Eu, por exemplo, avesso a qualquer substância que possa de alguma forma obnubilar o meu livre pensar e agir, tenho tido algumas experiências interessantes, justo nesse período entre o sono e a vigília. 
Algumas vezes chego a me levantar da cama para fazer anotações que, no dia seguinte, são transformadas em crônicas. 
Há algum tempo fui dormir dizendo a mim mesmo que queria fazer uma viagem ao exterior naquela noite.
Por incrível que pareça acordei na manhã seguinte lembrando-me do belo sonho que tive - em que revia em Paris um grande amigo já falecido. 
Contou-me coisas de sua vida artística. Suas últimas obras escultóricas estavam fazendo sucesso nas galerias da Cidade Luz. 
Em seguida falamos de nossas vidas amorosas. Ele me disse que estava no momento muito apaixonado pela Anita, simples assim.
Claro, na minha memória, Anita, era a bela Ekberg, a musa que tanto sucesso fez no filme “Dolce Vita” do mestre do cinema, Fellini. 
Ela foi uma das nossas mais fortes referências femininas dos anos sessenta, ao lado de Brigitte Bardot, Sofia Loren e Claudia Cardinale. 
Com certeza os mais jovens não sabem de quem estou falando. 
Convenhamos que nem sempre temos a oportunidade de fazer uma viagem gratuita a Paris, tendo como pano de fundo as fantasias juvenis que tanto nos embalaram nos famosos anos dourados. 
A nossa caixa cerebral ainda tem muito a ser conhecida, pois apenas nas últimas décadas tem havido progressos nos estudos neurocientíficos do cérebro. 
Muitos Sidhartas ainda virão até que o grande mistério da vida comece a ser desvendado. 
Mas, enquanto isso, vamos sonhar e deixar que os sonhos, apenas eles, sem psicotrópicos, nos levem a uma criatividade sem limites! 
E que as pessoas que conseguem transmitir para o papel toda a magia dos sonhos, que continuem a fazê-lo, para o deleite de todos.

Gabriel Novis Neves
06-12-2015

Quarta, 06 Janeiro 2016 14:43

Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT 

Este é o meu primeiro artigo de 2016. Por isso, falarei sobre meus anseios para o ano, enfatizando o resgate da humanidade já quase perdida em nosso país. De nada nos adiantará tanta tecnologia se não formos realmente humanos. Em minha leitura, estamos caminhando céleres demais à desumanização. Diante de sucessivas tragédias, estamos começando a nos acostumar com elas.

Como seria esse dificílimo resgate?

Por meio de um conjunto de elementos indispensáveis, como emprego e salário dignos, respeito nos espaços da saúde, transportes públicos seguros e confortáveis, condições para boa alimentação diária a todas as pessoas, moradias com sólidas estruturas etc., mas acima de todas, a garantia de acesso à educação de qualidade aos brasileiros que quisessem estudar de fato.

Por falar em educação de qualidade, a pauta do momento é a “Base Nacional Comum Curricular” (BNCC), que está sendo preparada por uma equipe de “especialistas” convidados pelo MEC.

A primeira versão do documento está disponível em sites. As críticas à proposta, principalmente por parte de historiadores, já vinham ocorrendo mesmo antes dessa apresentação. Nela, confirmam-se as aberrações, como, p. ex., a desobrigação de estudar as histórias antiga e medieval do Ocidente, com destaque à Grécia e Roma. Inclui-se nessa exclusão de conteúdos o surgimento do cristianismo, elemento norteador do nosso modus vivendi. Simples assim.

De minha parte, acabo de ler o que está sendo proposto para a Área de Linguagens, com destaque ao Ensino Médio (EM). No geral, não há grandes novidades, infelizmente.

O documento – desorganizando sequências de conteúdo – apenas bagunçará ainda mais o caos já instaurado. Ele carimba e tenta organizar os erros com os quais já estamos convivendo há algum tempo. Erros que nos têm levado a vexames internacionais. Se em matemática, nossos estudantes não sabem efetuar operações elementares e, em História, poucos não confundem a Independência com a Proclamação da República, nas tais “Linguagens”, a maioria não sabe ler nem escrever.

Todavia, quando surgem as novidades, elas seguem a mesma lógica da desconstrução proposta para os estudos de História.

Exemplifico o que estou afirmando, tomando o caso específico dos estudos literários. Neles, a literatura de Portugal foi suprimida; ou seja, no EM, os estudantes estarão desobrigados, p. ex., de conhecer Gil Vicente, Camões e Fernando Pessoa. Para compensar essa subtração, a BNCC insere as literaturas de países africanos e de povos indígenas. Nada contra isso. Tudo contra a subtração referida.

Para nossa literatura, propõe-se uma inversão sequencial dos estudos das estéticas literárias: da literatura contemporânea (séculos XXI e XX) ao século XVI. Quanto a isso, não tenho discordância. Ao contrário. Em 2014, relancei pela Editora Ideias (Tangará da Serra) o livro “Gradação de Leituras no Ensino Literário”. Todavia, para a eficácia desse difícil tipo de trabalho se requer um preparo sequencialmente organizadíssimo por parte do estudante de Letras. Se não ocorrer isso, o caos também se insere nesses estudos.

Enfim, afirmo sem receios: essa BNCC será a pá de cal que faltava no longo processo de nossa produzida ignorância coletiva. Essa ignorância só será suplantada quando prepararmos, com rigor acadêmico, nossos futuros professores e tivermos a coragem de voltar, respeitosamente, a cobrar responsabilidade nas absorções de conteúdos por parte de nossos estudantes. Fora disso, tudo é lorota dos ditos “especialistas”.

Quarta, 06 Janeiro 2016 14:42

 

Como se já não bastassem as crises política, econômica, ambiental, social, moral e racial pelas quais temos sido assolados nos últimos anos, terminamos 2015 com uma sombria crise sanitária. 
Todas estão interligadas e não podem ser separadas por ordem de importância. 
De dimensões imprevisíveis, por inédita como se apresenta, vem desafiando os meios científicos em busca de correlacioná-la com o mosquito aedes aegypti, já responsável pelo vírus da dengue e da febre chicungunha. 
Esse mosquito, catalogado como capaz de transmitir mais de cem tipos de vírus, agora nos alarma pela transmissão do vírus Zika, sendo este responsável pelas graves alterações morfológicas nos cérebros de recém-natos, conhecida como microcefalia. 
Só o tempo vai dizer a gravidade desse novo problema sanitário que, segundo as mídias, está tomando proporções alarmantes. 
O fato é que as nossas classes dirigentes nunca se preocuparam muito com o saneamento básico, primordial, nos países desenvolvidos. 
Um país tropical como o nosso mostra o mais profundo desprezo em cuidar dos seus mares poluídos, seus rios assoreados, suas colinas desmatadas, enfim, de nossos sistemas ambientais. 
Isso sem falar no desinteresse criminoso no controle de nossas barragens, todas passíveis de grandes desastres ecológicos com o ocorrido recentemente na barragem de Mariana.
Há algumas décadas fomos eficientes no combate à malária, à sífilis e à tuberculose, conseguindo praticamente erradicá-las em nosso país.
Graças, entretanto, à miséria sanitária que nos ronda, essas doenças, não só têm voltado com força, como também várias outras, como a dengue, a febre chicungunha e agora toda essa interrogação com o vírus Zika. 
Como profissional de saúde durante os últimos cinquenta anos venho batendo nessa tecla do desprezo das nossas classes dirigentes com relação ao saneamento básico, apenas focado durante as campanhas eleitorais. 
Mais uma vez, sem educação não há cobrança da sociedade civil por esse saneamento fundamental para a saúde de nossa população. 
O que fizemos para merecer esse potencial de crises que, diante do desprezo pelo seu acúmulo, vem tornando todo um país refém de desse lamaçal de incompetências? 
Nesse momento crítico de nossa história ou reunimos todas as nossas forças para reverter essa ordem de políticas menores, ou chafurdaremos todos nesse pântano de subdesenvolvimento não sei por quantos outros séculos. 
Onde andará o espírito democrático de “governar para o povo e pelo povo”? 
Por que pagamos tão caro por serviços tão omissos? 
Seria o momento ideal para que nossa classe dirigente passasse a agir em função de um interesse maior, o da nação, e não, em função de interesses mesquinhos, politiqueiros, que apenas conseguem levá-los ao câncer ou ao cárcere. 
Não precisamos de um salvador da pátria, até porque ele não existe, precisamos é de uma compreensão global da gravidade do momento que vivemos. 
Sem utopias, ainda é tempo de mudar os destinos desse belo país através de uma grande união nacional baseada no entendimento e na solidariedade, sem vínculos corporativistas nem vaidades pessoais, mas visando o bem estar desses duzentos e dez milhões de brasileiros desvalidos.

Gabriel Novis Neves
10-12-2015

Quarta, 06 Janeiro 2016 14:40

Benedito Pedro Dorileo 

Amor, somente amor à causa era o devaneio da esperança e da crença para dar forma à Universidade Federal no cerrado de Coxipó da Ponte. A faina exigia imaginação fecunda do caboclo desconfiado de tanto abandono sofrido no Centro-Oeste. A ele pouco importava na época se o poder da República constituía-se em regime de exceção política ou não; idealista das ilusões factíveis, interessava-lhe fabular a realidade no chão do cerrado.

Queria fazer apressadamente antes de possível não peremptório de desistência ou determinação de novo azimute como ocorreu com a estrada de ferro. Fazer já, estender o fazejamento despreocupado com o debate ideológico, sem mala nem cuia, somente a alma resoluta para construir e transmitir a herança.

Do centro formulador arremessavam-se projetos utópicos que não se estiolavam, pois atingiam terras férteis a vicejar formas estruturais físicas e acadêmicas. Gabriel no centro, conosco companheiros fizemos e legamos. Tudo era cotejado: nada escapou das bases estabelecidas no ensino, na pesquisa e na extensão. Nesse entrevero criador, o esporte também foi cogitação inaugural. A obrigatoriedade legal da prática da educação física no ensino fundamental até no superior encontrou guarida com a construção de um dos maiores ginásios cobertos universitários do país. Imaginamos logo uma Divisão de Educação Física, Desportos e Recreação – base formuladora do curso respectivo de graduação. Vínhamos do Instituto de Ciências e Letras de Cuiabá, e João Batista Jaudy, um dos docentes fundadores, assumiu a direção desse órgão suplementar.

Com o professor Batista redigimos o projeto que se consolidou a partir de 1972, nos primeiros dias da UFMT. Foi toque de mágica em suas mãos, criando e liderando, que logo o ginásio de esportes, quadras descobertas incipientes, parque aquático, pistas improvisadas de atletismo estavam logo ocupadas com estuante entusiasmo. Dispara o futebol de campo chegando, em 1979, com o primeiro torneio de confraternização reunindo 8 equipes. Sucederam-se Colônia de Férias para crianças, iniciação físico-recreativas e artísticas, com conteúdo de sociabilidade, educação sanitária e estímulos cívicos.

Chegamos em 1980 otimizando recursos para desenvolver crescentes atividades, ao encerrar handebol, ginástica orgânica, ciclismo, jogos diversos como xadrez e tênis de mesa. Batista com companheiros aliados em seu caminho compuseram grupos de trabalho para alcançar alta conquista na criação de federações de: voleibol, basquetebol, atletismo, natação, futebol de salão, handebol. Caminha mais ao criar a Federação Mato-Grossense de Esportes Universitários, a FMEU, e a Associação Atlética Uirapuru. Avança sinais imaginativos com o Unicuia – jogos de integração da Universidade com a Comunidade e o Muxirum Cuiabano; e determinou a criação do Grêmio Recreativo e Esportivo Mocidade Independente Universitária, com a explosão carnavalesca. Sacode a memória para admirar tamanho poder criativo em uma Universidade sob organização, acionando invejável extensão. Batista foi exemplo de fazejador.

Nominar obra física é obrigação social, desde que equidistante da erva daninha da politicagem, principalmente na universitas. Dar nome representa individualizar valor, diferençar personalidade, sobrelevar homem-luzeiro.

A comunidade universitária, através da Faculdade de Educação Física e sua congregação, professores, técnicos e estudantes, com o seu diretor professor Evando Carlos Moreira, em composição com a Pró-Reitoria de Cultura, Extensão e Vivência, onde está o titular Fabrício de Carvalho, tem a missão de escolher o nome para encimar o Complexo Esportivo e o Centro Oficial de Treinamento – o COT da UFMT. E tendo o Ginásio de Esportes reformado e revitalizado com nova cobertura, iluminação redimensionada, cadeiras e piso sintético na gestão do reitor Paulo Speller. Ressonâncias apontam o nome do professor João Batista Jaudy. Aqui não se propõe, apenas se exalta uma realidade, almejando a conclusão do COT, como deseja a reitora professora Maria Lúcia Neder. São tempos propícios, como neste 2016, a celebração dos 40 anos de criação do curso de Educação Física, em 30 de agosto de 1976, através da Resolução nº CD 44/76, com 20 vagas; e antevendo, ainda, o jubileu dos 300 anos de Cuiabá, em 2019. Não se trata de simples nominação, todavia de ato pedagógico para imprimir o selo da idealidade e da ação exemplar do professor Batista, o nome do esporte. 

Benedito Pedro Dorileo, é Advogado e Ex-Reitor da UFMT.

Terça, 05 Janeiro 2016 08:09

 

O assunto sexo ainda desperta interesse em pesquisadores de todo o planeta Terra. 
Em pleno século XXI, quando a liberdade sexual é total e irrestrita, apesar das correntes de ignorância lideradas por alguns neuróticos, a temática sexual continua sendo um motivo de preocupação para médicos, psicólogos, sociólogos, educadores, cientistas sociais. 
A ausência de atividade sexual, como de qualquer outra que determine a fisiologia humana, é causa de inúmeros distúrbios que costumam permear a vida da humanidade. 
Tal como comer, dormir, urinar e evacuar, a prática sexual é fundamental para o bom funcionamento do organismo como um todo. 
Creio que toda essa problemática esteja relacionada à ausência de uma educação sexual, a uma falta de diálogo com os pais e a uma escassez de informações consistentes e convincentes sobre o assunto. 
A neurose desenvolvida sobre o assunto faz com que problemas socioeconômicos, culturais e religiosos, deteriorem a satisfação na permuta de emoções, produto de um sexo saudável sem traumas nem sentimentos de culpa. 
A educação sexual de qualidade nas escolas é fundamental para que tenhamos uma sociedade mais sadia, bem menos neurótica. 
É impressionante o número de crimes praticados tendo como pano de fundo essa problemática. A violência sexual seguida de morte é assunto diário nos jornais. 
Jocosamente, diz um ditado popular, que no céu os mecânicos são alemães; os cozinheiros franceses; os policiais ingleses; os banqueiros suíços e os amantes italianos. 
Já no inferno, os cozinheiros são ingleses; os policiais alemães; os banqueiros, italianos; os mecânicos franceses e os amantes suíços. 
Nos últimos anos as pesquisas sobre sexo colocam a Suíça sempre em primeiro lugar nesse quesito, tanto na frequência, quanto na satisfação, na iniciativa e na admiração pelo parceiro (a), entre outras indagações. 
Um estudo feito em 24 países com 26 mil pessoas, aponta a Suíça em primeiro lugar, seguida da Espanha, Itália, Brasil, Grécia, Holanda, México, Índia, Austrália, Nigéria, Alemanha e China. 
A ausência dos Estados Unidos, Japão e Grã-Bretanha nessa relação dos 12 países mais satisfeitos sexualmente, demonstram que condições educacionais mais repressivas podem interferir na satisfação sexual de seu povo. 
Se pensarmos culturalmente, como explicar a ausência da França? Mas pesquisas são pesquisas e nem sempre condizem com a realidade. 
Além disso, os franceses são tidos como mal humorados e, com certeza, bom humor é fundamental para um eficaz desempenho de vida, inclusive sexual. 
Aliás, esse mau humor deve ser atávico, uma vez que se trata de um povo privilegiado pela mãe natureza, seja no quesito beleza, cultura, gastronomia, saúde.
As religiões, com seus mitos e dogmas, têm travado por séculos o exercício da liberdade humana, principalmente no que tange à satisfação de seus instintos mais primitivos. 
Estudiosos afirmam que a satisfação suíça tem a ver com uma conjuntura que inclui educação sexual nas escolas, menos estresse, segurança financeira,  tolerância com a pornografia e boa qualidade de vida de um modo geral. Isso faz todo sentido. 
Sexo ainda é um problema a ser resolvido pelos ditos civilizados. 

Gabriel Novis Neves
05-11-2015