Domingo, 04 Agosto 2013 16:34


Para se associar, faça o download da ficha de filiação, preencha-a, assine-a e envie para a Adufmat.
Pelo regimento, a contribuição mensal dos associados é de 1% do seu salário base + Gratificações.
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Terça, 21 Janeiro 2014 12:36


Por que nós Aposentados temos o direito de ser felizes?

Porque todos somos seres humanos importantes, amados e devemos ser respeitados. Temos o direito de amar, sorrir, cantar e realizar nossos ideais. Sermos dinâmicos, leais, persistentes sempre.

Passamos por três fases de nossas vidas:

A infância (inocência); a Adolescência (sonhos, fantasias); a Idade Adulta cheia de inúmeras novidades, renúncias, lutas, conquistas e os desafios dessa nova etapa, que são necessários para a construção permanente da vida.

Mesmo na condição de docente aposentado temos que continuar acreditando que somos capazes de construir novos projetos de vida, para que possamos continuar sonhando e realizando nossos ideais.

Nesse dia 24 de janeiro, Dia do Aposentado, a Associação dos Docentes da universidade Federal de Mato Grosso – ADUFMAT-SSind deseja a todos (as) muita saúde, boa sorte e sucesso nessa longa caminhada.

Aposentados, queremos ouvir a tua voz! 

Quarta, 20 Janeiro 2016 09:33

 

JUACY DA SILVA* 

Na terça feira, 12 de janeiro de 2016, OBAMA  teve a oportunidade de dirigir-se `a Sessão conjunto do Congresso Americano e também aos ministros da Suprema Corte e centenas de convidados, quando apresentou sua última mensagem intitulada  “O  ESTADO DA UNIÃO”, quando, a  cada ano os presidentes dos EUA fazem  um balanço  da situação nacional e apontam as ações para o ano em curso.

Como  OBAMA  está iniciando o seu oitavo e último ano como presidente e como politico, pois nos EUA  quando uma pessoa ocupa  o cargo de  Presidente não pode mais concorrer a nenhum cargo público, coube ao Presidente efetuar um balanço bem resumido de seus sete anos de governo, apontar algumas ações em curso e  aproveitar o momento para refletir sobre o futuro do país e seus grandes desafios, para continuar sendo  uma superpotência, líder mundial em quase todas as áreas e também afirmar que mesmo assim os EUA não podem ser considerados a polícia do mundo, numa alusão `as tentativas de seus opositores que o acusam de não  agir de forma mais firme e direta contra ameaças que podem surgir principalmente no cenário internacional.

No  front  externo Obama destacou como  pontos positivos  a retirada de mais de 150 mil soldados que  participavam da Guerra no Afeganistão; a morte d Bin Laden; o acordo  com o Irã para desativar o programa  nuclear daquele país em troca da suspensão do  bloqueio econômico ao país; o reatamento das relações diplomáticas com Cuba,  as ações em parceria  com outros países na Guerra civil na Síria; a conclusão do acordo de livre comércio com países asiáticos , o Transpacífico.  Enfatizou que a bola agora  está com o Congresso, por enquanto e durante todo o mandato de Obama, de maioria Republicana, a quem  cabe aprovar o acordo transpacífico,  a suspensão do embargo comercial a Cuba, o acordo com o Irã  e o fechamento da base naval Americana em Guantânamo e sua devolução a  Cuba. Destacou como muito importante o combate sem tréguas ao terrorismo em todos os lugares que esteja  presente, principalmente  enfrentar  as ameaças do Estado Islâmico.

No plano interno destacou a aprovação  do OBAMACARE,  seguro de saúde que possibilitou a inclusão de mais de 23 milhões de pessoas que não tinham acesso a saúde, que nos EUA  é praticamente toda privatizada; a recuperação da economia que voltou a crescer nos últimos cinco anos, gerando mais de 12 milhões de empregos; o aumento real do poder aquisitivo  da população;  avanços na educação, um grande salto na questão ambiental, principalmente através do crescimento  da oferta  de energia gerada por fontes alternativas, principalmente a eólica  e solar;   a redução drástica da dependência externa do petróleo,  enfatizando que hoje  o país é o maior produtor de petróleo do mundo. Destacou também o esforço que vem fazendo para controlar e restringir o comércio de armas, como forma de reduzir os índices de violência, com uma cutucada nos republicanos que tem dificultado a aprovação de leis que aumentem impostos sobre fabricação e comercialização de armas e um controle mais rigoroso para quem deseja comprar uma arma de fogo.

Em  resposta aos seus opositores e outros setores que costumam dizer que os EUA  estão perdendo espaço para a China ou outros países OBAMA disse que os EUA continuam fortes e em condições plenas para garantirem a segurança interna do país e defenderem os interesses norteamericanos ao redor do mundo, ou  seja, por muito tempo serão e deverão  ser uma potência econômica, científica, tecnológica e militar, mas que tudo isso  não dispensa  o trabalho da diplomacia como mecanismo  para a solução de conflitos intencionais e o império da Lei e da Ordem, com  respeito aos direitos civis,  das pessoas e das minorias internamente.

Dirigiu  uma crítica direta, sem citar nomes, aos postulantes republicanos, principalmente a Donald Trump, líder  das preferências entre os republicanos para concorrerem à Casa Branca em novembro próximo, dizendo que o país não pode alimentar o ódio e preconceito contra imigrantes  ou pessoas que desejam  entrar nos EUA, por motivos religiosos, raciais ou étnicos;  e que a grandeza dos EUA  decorre de sua abertura  histórica para pessoas vindas de todos os países e continentes e que esta miscigenação representa  uma grande conquista para o futuro do país.

Sem mencionar a disputa presidencial  criticou a política com “p” minúsculo e a influência do poder econômico nas eleições que acabam deturpando o processo democrático e facilitando os interesses dos grandes grupos econômicos nas estruturas do poder.

O recado de Obama foi muito mais para milhões de telespectadores e eleitores do que apenas para uma plateia  que a cada ano comparece ao Congresso Americano para ouvir seus presidentes. Foi uma profissão  de fé nas instituições nacionais, no país e nas gerações futuras a quem caberá o papel de promover as mudanças que o país necessita no presente para superar seus desafios e garantirem oportunidades reais para todos.

JUACY DA SILVA,  professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, no momento nos EUA, articulista de A Gazeta.

E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blogwww.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

Terça, 19 Janeiro 2016 10:33

 

Esgotados os modelos familiares vigentes durante séculos e séculos, urge uma mudança nesse tipo de conglomerado, o que, aliás, já vem acontecendo paulatinamente.
Na minha prática médica ao longo de todos esses anos tenho constatado os inúmeros dramas oriundos dessa organização arcaica.
A velha companheira, apenas reprodutora, se transformou numa força de trabalho ativa e, portanto, fundamental para a economia do grupo.
Com as mudanças econômicas vieram as alterações comportamentais. Novos modelos se impõem para que os vários membros de um mesmo clã não adoeçam entre si, como vem acontecendo nos últimos anos.
Com o aparecimento de novas tecnologias facilitadoras dos trabalhos caseiros, a liberdade pessoal feminina tem se tornado uma meta. Mulheres não mais se conformam com ausência de tempo para si mesmas, impossível até poucos anos atrás.
Já percebemos esses profundos sinais de mudanças nos países mais desenvolvidos, em que os filhos são intimados a prover o seu próprio sustento a partir dos dezoito anos e, portanto, abandonar o teto familiar.
Nada mais saudável e promissor, ainda que para nós, subdesenvolvidos, nos pareça um ato de desamor.
As interdependências familiares são altamente adoecedoras para todos os seus membros, chegando, algumas vezes, a níveis insuportáveis, apenas disfarçados pelas hipocrisias que as circunstâncias exigem.
Pais subjugando filhos na sua juventude e sendo por eles subjugados na velhice, é o quadro mais frequente.
Sob a capa da proteção, em ambos os casos, se estabelece a mais cruel das relações, sempre baseada em mentiras e desamor.
É como se podada fosse qualquer iniciativa de autodirecionamento, e o ódio subliminar que daí advém, vai se acumulando através dos anos, tudo no mais profundo disfarce da compreensão.
Dessa forma, festas tradicionais que exacerbam os valores familiares, como o Natal e o Réveillon, com muita frequência redundam em espetáculos desastrosos, normalmente liberados graças à exclusão da censura promovida pela ingestão de bebidas alcoólicas.
Que as pessoas passem a entender e a respeitar a individualidade de cada um.
Que os idosos não se transformem em perspectivas de novos ganhos após o seu desaparecimento e que lhes seja permitido, e até mesmo, incentivado, a usufruir do justo fruto de seu trabalho na plena satisfação dos seus desejos. O que mata é infelicidade e tédio, e não, prazer.
Que a família passe a funcionar como seres que se amam e se protegem mutuamente, sem cobranças de qualquer espécie.
Que o respeito ao outro e às suas escolhas seja o moto propulsor para a felicidade de todos.
Que as pessoas se encontrem por puro prazer de estarem juntas, e não por regras comportamentais pré-estabelecidas, tais como almoços dominicais enfadonhos e obrigatórios, principalmente quando envolvem terceiros nesses compromissos.
Enfim, que cada um tenha presente que o ser humano foi feito para ser feliz do jeito que der e quer, mesmo que não corresponda às metas, ditas de sucesso, que são traçadas para ele.
Quem sabe assim não teremos um dia grupos familiares verdadeiramente felizes? 


Gabriel Novis Neves
08-01-2014 

Segunda, 18 Janeiro 2016 09:04

Benedito Pedro Dorileo 

Verbera o adágio peripatético atribuído a Descartes: a natureza tem horror ao vácuo. Naturalmente ao vazio, à esterilidade – e, no humanismo, à ausência de valores.  Minguam passo a passo nos anais os vultos insignes que levantaram com brio a nossa cultura – o obituário contemporâneo testemunha a assertiva.  O espaço está sendo usurpado em nosso país pelo apoderamento do romance picaresco, cujos atores, os pícaros são ardilosos, espertos que obtêm lucros e vantagens na lama capitalista. São os que burlam os projetos sociais em andamento e chafurdam-se na corrupção.

A descrença se aprofunda e provoca apatia, a iniquidade assola e desafia. Não está fácil salientar a consciência e a honra dos homens que viveram e legaram honestidade.

Num esforço intelectual, abramos o discreto álbum de memória de Mato Grosso à procura do bálsamo de recordação de figuras que plasmaram a nossa história, as nossas letras. Aprendemos nos intensos anos da incomparável empreitada de implantação da pioneira Universidade Federal de Mato Grosso – a agência maior que tornou possível a divisão do nosso Estado –, que nenhum conhecimento pode encerrar-se em si mesmo, que a sua produção deve imediatamente ser compartilhada – a necessária extensão, tão bem cuidada pelo Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, a partir de 1968. Entendeu-se que nenhum polo de ciência ou de cultura goza de hermetismo, que os conhecimentos devem exercitar o salto para o seio do povo. Assim deve ser para os órgãos de ensino, de pesquisa, de produção cultural, também válido para institutos ou academias.

Em adesão ao assunto, o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, fundado em 1919, caminha para o seu centenário ao lado de Cuiabá em seu tricentenário, em 2019 – já tão próximo. Pouco depois virá a coirmã a Academia Mato-Grossense de Letras, instituída em 1921. Nasceram na reação da angústia sofrida no deserdado Centro-Oeste brasileiro. A relevância foi congregar cérebros devotados para garantir a sobrevivência de um povo.

O ilustre historiador Paulo Pitaluga Costa e Silva, em sua apreciável obra Philippianas, resguarda a memória de Luís-Philippe Pereira Leite, acentuando a importância do IHGMT. Como pesquisador revela fato do período inicial da década de 1970, com queda de sua produção: ... a revista há muito paralisada, o prédio abandonado, biblioteca saqueada, apatia e desolação. Sobre o passageiro declínio, o autor destaca a figura de Pereira Leite, associado desde 1946, possuidor de elevada cultura e intelectualidade, para reerguer o venerando Instituto. Deu rumo austero, encetou diretrizes, investiu recursos próprios e reabriu as portas da Casa Barão de Melgaço, durante os 20 anos da sua gestão.

Nos 80 anos de vida de Luís-Philippe Pereira Leite, chamei-o de oráculo cuiabano, quando reli e analisei as suas 3 monografias substantivadas da forma composta e sincopada de maior: O Guarda-Mor, O Lavrador-Mor, e O Orago-Mor, encerradas em seu livro de mais de 500 páginas, intitulado Três Sorocabanos no Arraial, editado em 1985. Costa e Silva ao final oferece o catálogo bibliográfico referenciando os títulos editados.

Certo é que a obra de Pereira Leite encerra passagens romanescas, feitos e episódios curiosos outros, que dão motivo para pesquisa relevante, como o Forte de Coimbra, personalidades, festas e folclore.

Homem íntegro, o carvalho da madeira nobre da nossa cultura. Com ele convivi, aprendendo sempre. Neste ano de 2016 temos o dever de celebrar o seu centenário de nascimento, em 12 de dezembro de 1916. Repito o que outrora dissera: homenagem a Luís-Philippe Pereira Leite suscita o epíteto de oráculo cuiabano – que, por definição léxica em sentido figurado, oráculo é a pessoa cuja palavra representa muito peso ou inspira confiança absoluta. 

Benedito Pedro Dorileo

é advogado e foi reitor da UFMT

Sexta, 15 Janeiro 2016 17:39

 

Habita outro plano, Gegé de Oyá. Você, figura proeminente em nossa sociedade, que sonhou com uma família, achando força na espiritualidade e na contenda com os reflexos da escravidão e na sua ancestralidade. Esta que foi tão dura aqui na baixada cuiabana, e que levou negros a serem jogados tal qual buchas de canhões ao morticínio da Guerra do Paraguai, com a promessa de libertação. Você, que condoía com o sofrimento da escravidão negra nas minas do Sutil. Como primeiro colunista social da nossa cidade, saudado e bajulado pelas elites da terra na fotogenia narcísica dos demandantes no desfile das colunas sociais. Mais do que isto, guia espiritual até de curas, de reencontros, de amores clandestinos guardados a chaves possíveis nas intempéries das falsas e reais relações amorosas, que levou tantos para terreiros, a conhecer um pouco da crença na religiosidade afro. Que construiu em terreno fértil a poética da resistência, do enfrentamento ostensivo das diferenças, do conservadorismo e da intolerância. Enfrentou de peito aberto, nunca recuando no orgulho à dignidade e na conquista dos seus desejos. Menino que nasceu na síndrome da fome, no velho sertão de Rosário Oeste. Acolhido e apoiado em pequeno, pela família Cuiabano. Que foi estudar Artes e Ofícios desde o primário no Colégio São Gonçalo, já encantado com a arte da costura, que continuou na antiga Escola Artífice. Gegé sempre se postou como um príncipe negro, incorporando como marca em seu talento, criatividade, a estética e o vestuário afro. Estudou, pesquisou, desde os trabalhos como alfaiate (dizia costureiro), até a de colunista social badalado nas hostes ditas “chiques”. Nunca deixou de lado as referências das famílias pobres e tradicionais em seus textos. Sobretudo, sarcástico com as incoerências das superficialidades que marcam um tipo de colunismo servil, mercantil e vazio. Tinha uma visão crítica sensata e 'finória' da alta sociedade, sabendo que acumulou poder e força através deste ofício, vendo isto como um instrumento de resistência em sua ligação sincrética com o catolicismo e a religiosidade afro. Foi amigo desde Dom Aquino, outras referências católicas em Cuiabá, até os núcleos de Candomblé, Umbanda e Espiritismo. Referências como Dandi, Pai Edésio, Joãozinho do Axé, Jojô, Robson e Seo Arlindo. Certa feita, em Brasília (levado por Isabel Campos, amizade forte), foi recepcionado com honras de Chefe de Estado, confundido com o Rei da Nigéria, que ainda não tinha chegado. Sua indumentária afro era componente da sua arte e estética. Carnavalesco, sua presença era marcante, o povo aplaudia em delírios, as crianças adoravam suas performances nos velhos carnavais e batalhas de rua. Assinava ponto nas madrugadas em bares e espaços como Choppão e Sayonara, passando por clubes como Operário, o Dandi, Náutico, Grêmio Antonio João, além dos clubes Feminino e Dom Bosco. Sua entrada foi vetada no Dom Bosco em uma comitiva dirigida pelo saudoso Mestre Batista, que culminou com contendas e o encerramento da festa naquela noite. Quando podia, “dava bananas” ao racismo e machismo da cidade, com o desprezo e elegância de sempre, ele, que enfrentou centenas de hostilidades desta natureza. Também produziu na rádio Difusora o programa denominado “ Uma Rosa para uma Dama Triste”. Gegé de Oyá foi fortemente identitário, pioneiro e verdadeiro no seu pertencimento cultural, racial, no gênero e na orientação sexual. Em tempos dificílimos. Sempre ancorado na religiosidade e no sincretismo. Gegé de Oyá é história, memória e orgulho da nossa terra! 

Waldir Bertúlio

Professor aposentado da UFMT

Quinta, 14 Janeiro 2016 11:42

Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT 

Nenhum governo – “nunca antes na história deste país” – ludibriou tanto a sociedade ao anunciar debates sobre temas relevantes. Até hoje, à lá licitações fraudulentas, todos os alardeados “debates” também foram de cartas marcadas. 

Na esteira da afirmação acima, cito o professor João Batista Araújo e Oliveira, doutor em Educação, que fez publicar, na Folha de S.Paulo (12/01/16), o artigo “O debate que não houve”.

Na essência, o colega – que é “presidente do Instituo Alfa e Beto, organização não governamental dedicada a promover políticas educacionais para a primeira infância” – afirma que o “Brasil perdeu a oportunidade de debater o currículo nacional para o ensino básico; que o MEC impôs consulta pública sem direito a um confronto direto de opiniões e posições”.

Oliveira está falando da ausência de debates acerca da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento recentemente publicado no portal do MEC. Sua elaboração foi realizada por “especialistas” convidados por aquele Ministério. Aliás, é sempre assim: colaboradores do governo – em geral próximos do PT e PCdoB – fazem-se passar pela totalidade da sociedade civil, representando-a alhures.

Assim que soube do documento, li suas indicações para a Área de Linguagens, posto que alguns professores de História já haviam se pronunciado, denunciando aberrações àquela disciplina. Um dos absurdos apontados – já descontando o apagamento do tópico “Revolução Francesa” na tal BNCC – refere-se à desobrigação do ensino das histórias antiga e medieval, sustentáculos à cultura do Ocidente, da qual somos tributários.

E não deu outra!

Nas “Linguagens”, também há aberrações. Algumas, como a subtração da Literatura Portuguesa, da qual se excluem autores como Gil Vicente, Camões e Fernando Pessoa, já foram apontadas por mim no artigo “Fracasso anunciado na ‘Base”, publicado originalmente no Diário de Cuiabá em 07/01/16.

Após reações veiculadas pela mídia, o MEC veio com a lorota de sempre: que “essa é uma versão preliminar; que cada um pode participar enviando sugestões on-line”.

Claro que pode, mas a comissão de “especialistas”, no limite, acatará propostas que estejam inseridas na mesma perspectiva pedagógica que sustenta a BNCC. Fora disso, duvido, embora quisesse ser contrariado nesta certeza.

E qual é a linha pedagógica da BNCC?

Antes de tudo, em linhas gerais, absorve orientações fracassadas de autores pós-modernos/neoliberais/construtivistas, muitos deles aninhados nas universidades. Depois, é uma dilatação gigantesca que permeia pontos inseridos nas Diretrizes do PT.

Desses pontos, destaco os itens que tratam de políticas inclusivas, das quais enfatizo os tópicos voltados aos povos africanos e indígenas. É bem verdade que naquelas Diretrizes, diferentemente da atenção dispensada aos afrodescendentes, os indígenas são esparsamente citados aqui e acolá.

Na BNCC, não. Ambos (afros e indígenas) recebem tratamento semelhante. Nada contra isso, mas tudo contra extrações de conhecimentos consolidados e necessários à formação de nossas novas gerações. A antiguidade greco-romana e a história/cultura portuguesa, p. ex., não podem ser subtraídas, nem ou, pior, trocadas por estudos quaisquer.

Enfim, caros leitores, estamos diante da possibilidade de se concretizar um dos maiores ataques à inteligência nacional. Isso só será evitado se a sociedade compreender a dimensão da tragédia (não grega, mas brasileira) que é a BNCC, e fazer o MEC desistir de jogar essa pá de cal em nossa educação, já em adiantadíssimo estado de falência.

Terça, 12 Janeiro 2016 09:01

 

Leio no G1 que, das cinco notícias mais lidas da semana, duas são referentes a assassinatos e uma da escravidão sexual durante a guerra entre a Coreia e Japão. 
As outras anunciam abertura de concurso público e exemplo de quem está superando a crise. 
Nem a tremenda dificuldade política e financeira que assola o país interessa mais ao leitor que, ao que parece, jogou a toalha no chão. 
Nada auspicioso para 2015, que já é chamado por muitos como um ano perdido e de retrocesso. 
Perdemos a nossa credibilidade externa como países bons pagadores e ganhamos o não honroso título de caloteiros. 
De fato não temos nada a comemorar do ano que passou. 
A inflação e desemprego voltaram, a nossa moeda foi desvalorizada, a educação não evoluiu, a saúde não funcionou e os hospitais estão fechando. 
A indústria sendo vendida a preço de banana, para festa dos países ricos e moedas fortes. 
Neste momento temos muita falação de aumento de impostos e nenhuma ação propositiva do governo para amenizar a dificuldade que nos sufoca. 
O corte de dezenove ministérios não iria resolver o gravíssimo problema de recursos financeiros, porém, transmitiria à população um bem estar psicológico. 
Impossível mexer nos ministérios, pois temos um Congresso Nacional totalmente voltado aos seus próprios interesses e não os da nação. 
Esse efeito cascata atinge as Assembleias Legislativas, Câmara dos Vereadores e órgãos fiscalizadores do governo. 
Por isso as notícias mais lidas são consequência dessa brutal desigualdade social, gerando a violência e impunidade dominando este país. 
Que surjam melhores notícias para serem lidas neste tenebroso ano de 2015.

Gabriel Novis Neves
29-12-2015

Segunda, 11 Janeiro 2016 12:21

 

Importantíssimo que todos os responsáveis pela educação infantil saibam diferenciar os valores apregoados pela sociedade, dos verdadeiros valores éticos. Estarão assim contribuindo para que a criança exerça a sua cidadania com atitudes íntegras e solidárias.
Como diz um velho adágio, “um indivíduo não nasce moral, torna-se moral”.
Os valores éticos, atualmente bastante desprezados, são os mais importantes para a formação de um adulto saudável, tanto na sua individualidade quanto na sociedade em que vive.
No mundo moderno, em que os pais cumprem tarefas rígidas de trabalho, o que tem se observado é a terceirização na educação dos filhos. Isso tem contribuído, e muito, para um total descompasso de ideias e comportamentos na fase adulta.
Pais e filhos se veem de repente como estranhos que coabitam num clima de total indiferença, movidos por valores absolutamente desencontrados.
Até os seis anos de idade, fase em que toda a personalidade é formada, todos os responsáveis pela orientação dos pequenos aprendizes, deveriam estar, tão somente, preocupados com o legado ético moral que querem deixar para eles.
No entanto, o que vemos são crianças assoberbadas por atividades como natação, cursos de inglês, de mandarim, de judô, de computação, tudo focado no seu sucesso financeiro futuro.
Dessa maneira, delas é roubado o melhor tempo da vida, o da infância, em que o ócio criativo é o grande responsável pelas nossas mais belas memórias.
O incentivo aos jogos eletrônicos é maciço e, inúmeros pais se vangloriam da facilidade com que seus filhos manuseiam precocemente máquinas digitais sofisticadas.
Ocorre que nessa fase deveriam estar sendo absorvidas, ou não, as noções de integridade, de solidariedade e de respeitabilidade com o próximo e consigo mesmo.
Inversamente, com o aumento da atividade produtiva da sociedade, pais, pouco ou nada presentes, procuram preencher os espaços de tempo de seus filhos cada vez mais, imaginando assim estarem contribuindo para uma boa educação.
Um papel que deveria ser cumprido pelas escolas, infelizmente não ocorre dado às más condições da educação em nosso país.
O resultado é o aumento de adolescentes desrespeitosos com os colegas, com os pais, com os professores, com os idosos, enfim, com a sociedade em que vivem.
Não há que se culpar os jovens por comportamentos com os quais não concordamos, mas, tão simplesmente, corrigir os erros de formação através de uma cultura educacional mais moderna e mais eficiente, dissociada do que nos impõem as diversas mídias que, logicamente, se mostram comprometidas com um sistema desumano que prioriza o ter e não o ser.
Com o distanciamento dos valores éticos pela família, e, posteriormente, pelas escolas, formam-se seres competitivos, totalmente dirigidos ao sucesso material e emocionalmente bastante anestesiados. 

Gabriel Novis Neves
01-12-2013

Segunda, 11 Janeiro 2016 12:18

Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT 

 

Quando fui aprovado em concurso público para lecionar em uma universidade federal, confesso que senti extrema felicidade. 

Passada a euforia, e já me preparando para os primeiros encontros com os colegas de profissão, metaforicamente, comecei a limpar meus sapatos. Eu os achava sujos demais para pisar em lugar tão especial de uma sociedade. Essa idealizada visão ainda era a de um aluno recém-formado. Aluno que tivera o maior respeito por seus mestres, quase todos exemplares. 

E fiz bem ter aquele cuidado de limpar meus sapatos. No início da carreira, encontrei a maioria de meus colegas cheia de ensinamentos a compartilhá-los com quem quisesse. Sem que nos adoecêssemos ou morrêssemos de trabalhar, trabalhávamos muito, mas sem competições entre nós. Sabíamos que nossa atividade não podia ser quantificada como a de um profissional de loja de departamentos. 

Por isso, tínhamos tempo até para tomar um café em grupo e conversar sobre tudo. Tínhamos, enfim, vidas acadêmica e social saudáveis. Muito saudáveis! Agora, apenas, saudosas. Muito saudosas! 

A saudade que já experimento hoje foi prenunciada – e pouco compreendida, ou pouco aceita por mim – no decorrer do primeiro dos inúmeros encontros de professores universitários dos quais participei. Isso foi lá por 88, durante um evento do Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes), ocorrido em Londrina-PR. 

Daquilo que o Andes chamava de “Análise de Conjuntura”, vieram as primeiras leituras sobre os desdobramentos da possível vitória do projeto neoliberal, que nos seria imposto com a chegada de Collor de Mello à presidência da República. Daquele projeto, sobre outras tantas, sobrepunha-se a exacerbação das individualidades, em detrimento de visões e práticas coletivas. 

Seria um absurdo, se aquilo viesse a ocorrer, pensava eu, em minha “debutância” naquele meio de tantos pensadores; aliás, os melhores que conheci até hoje na ambiência universitária. 

Infelizmente, aquela análise estava correta. O projeto neoliberal ganhou as eleições de 89. Depois disso, ao longo dos anos, fomos nos metamorfoseando em seres individualistas por excelência. 

E já no início desse lastimável processo, um muro caiu no meio do caminho da academia ocidental. A necessária queda do Muro de Berlim foi mal compreendida por muitos colegas que se sentiram sem chão. Pior: foi como se tivessem recebido estilhaços do muro em suas cabeças. 

Assim, na mesma cartilha de superficialidades, exposta diuturnamente pela mídia, a maioria dos colegas das universidades leu aquele marco histórico de nossa contemporaneidade como a vitória incontestável do modelo capitalista sobre outros quaisquer. 

Logo, não podendo mais lutar contra o sistema, a ele se aliaram. Como novos aliados do “deus mercado” passaram a contribuir com diferentes governos (Collor, Itamar, e em dose dupla com FHC, Lula e Dilma) na implantação de projetos e programas, tornados legais, para a educação brasileira. 

Desse conjunto legal, o mais recente concretizar-se-á na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), advinda dos Parâmetros Nacionais Curriculares, oriundos da Lei de Diretrizes e Bases. 

Na BNCC, a desqualificação das disciplinas que exigem mais teorização é impressionante. Para sustentar essa desqualificação, em seu lugar entra a “praticidade que os tempos modernos exigem da escola”. 

E assim, vamos formando seres cada vez mais “práticos”. Todavia, paradoxalmente, em nome do agir, do aqui e do agora, vamos perdendo a capacidade de pensar, de elaborar, de sentir a vida como de fato ela é.