Segunda, 11 Janeiro 2016 12:17

Comer bem

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Dia desses fui jantar na casa de um jovem casal. Além da novidade, uma grande expectativa tomava conta do ambiente-surpresa. Esta ficou por conta do chefe da cozinha, um profissional liberal. 

Ele revelou-se um grande cozinheiro. Especializado em comida portuguesa. O bacalhau que nos foi servido foi de dar inveja a muitos experts da arte de comer bem. 

Nada de excessos. O suficiente para saber como cultivar o hábito de uma boa mesa para manter uma perfeita saúde. 

A gastronomia é arte e cultura, aliada ao prazer de uma higiênica e saudável refeição. 

Para completar o cenário, um belo ambiente com música “digestiva”, quase imperceptível aos ouvidos, como manda o bom tom, e uma conversa quase em sussurros. 

Pequenas porções de guloseimas eram substituídas por novas iguarias, impossível controlar a gula, mesmo de um bem comportado e discreto apreciador de “quitutes saborosos”. 

Duas taças de vinho acompanhadas do mesmo número de copos de água completavam a mesa do “pecado”. 

Sorvete de chocolate feito em casa e o infalível cafezinho com as duas gotinhas do “regime” encerraram o jantar, menos a conversa que continuou num ritmo sem fim. 

Sendo a primeira visita de encontro de gerações tão distantes, segui o protocolo do século XIX de conhecer a pequena casa com detalhes, ouvindo explicações feitas com orgulho pela jovem dona da casa. 

Gostei do que vi e escutei. Bom gosto e discrição em todos os ambientes. Tudo foi planejado para o lazer após um dia de trabalho. 

Mas, o principal, foi ter constatado que aquele ambiente familiar é dos mais propícios para uma boa educação para os filhos, pois as crianças adquirem os primeiros valores da vida em casa. 

Lá, todos trabalham, podendo fazer o que gostam sem importunar ou depender de ninguém para usufruírem das alegrias que o fruto do trabalho oferece. 

Como é bom ser independente e, com bom nível educacional e cultural, viver a vida que escolheu! Muitos acham, erroneamente, que só a riqueza produz a felicidade. 

A sensação de independência financeira para compromissos domésticos, principalmente, faz bem à nossa saúde e a do ambiente em que estamos inseridos, desde que possuamos esses mínimos pré-requisitos para uma vida honrada. 

Sou um forte candidato habilitado a ser bisavô. Espero que a educação para o trabalho e para o lazer continue para sempre regando os meus descendentes. 

É o caminho mais ético e digno para se acompanhar o ciclo vital. O mundo é redondo e dá voltas. Por isso mesmo, nos nossos bons momentos, não podemos nunca nos esquecer do dia de amanhã. 

Nosso lema é viver uma vida com dignidade, sem humilhação. Entenda-se humilhação uma subsistência dependente de outrem, por não terem sabido ou querido aproveitar todas as oportunidades que a vida  oferece. 

O pior é pensar que as pessoas escolhidas para essa “ajuda” têm essa obrigação. 

Retornei do jantar satisfeito e com a  impressão de que nem tudo está perdido nos nossos jovens. 

Está provada que a alavanca da ascensão social é a educação recebida em casa e aprimorada pelas instruções adquiridas na escola. 

Nada acontece por acaso. O talento é essencial, mas sem o trabalho ele se anula. 

Sinto-me com forças renovadas para continuar a minha missão de valorizar a educação e o ambiente em que é criada uma criança. 

 

Gabriel Novis Neves

18-05-2014

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