Sexta, 08 Janeiro 2016 11:19

MAIS UM ANO DE CRISE

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JUACY DA SILVA*

Costuma-se dizer que o brasileiro é por profissão  um sofredor e ,ao mesmo  tempo um sonhador. Por pior que seja a situação nacional, estadual, municipal, pessoal, familiar  sempre  resta uma réstea  de esperança de que no próximo ano, enfim, no futuro  tudo vai mudar. Afinal  este é o país abençoado por Deus, pelas divindades e pela sorte.

Basta ver que em um país em que cassinos são proibidos, mas muitos funcionam a todo vapor; onde o jogo de azar, se praticado pelos contraventores é crime, mas o governo federal, através  da Caixa Econômica Federal, promove a maior jogatina de que se tem notícia ao redor do mundo,  atraindo principalmente as pessoas mais humildes e parte da classe média que tenta se tornar  milionários sem trabalhar, sem dar o duro. Outros, ocupando cargos públicos, nomeados, concursados ou eleitos  imaginam que meter a mão no dinheiro  público é sinal de esperteza  e jamais uma prática desonesta. Alguns gatos pingados deste turma ultimamente andam sendo pegos pela justiça  e tirados de circulação, passando a ser hóspedes  do sistema penitenciário, custeado pelo contribuinte,  mas representam apenas a exceção para confirmar  a  regra.

Assim é  fácil perceber que existem duas realidades. Uma  criada pelos governantes que adoram mentir para a população, dizendo que a origem de nossos problemas econômicos, políticos, de gestão, ambientais, de   governabilidade  decorrem de uma grande crise mundial e ao mesmo tempo de uma conspiração internacional, de uma armadilha criada pelas “elites” que por séculos dominaram o país e que o atual governo, por exemplo, que tem em seu núcleo central o PT  e como coadjuvantes ou sub-legendas os demais partidos, com destaque para o PMDB que divide com o partido do governo o botim,  culpa diuturnamente.

Nesta forma de manipulação os  governos  federal, estaduais e municipais costumam  culpar a natureza, principalmente quando ocorrem desastres “naturais”, com destaque  para o El Ninho, La ninha, São Pedro que ora manda  mais chuva ora não manda nada de chuva, ou as vezes alguns de forma mais cínica culpam  nossas origens históricas, jogando a culpa nos portugueses, nos indígenas e nos  negros, mesmo que esses dois últimos grupos tenham sido vítimas de exploração  e violência por parte da elite branca.

Nunca a população ouve dos governantes que as  razões  verdadeiras é a incompetência dos governantes e gestores públicas, a falta de planejamento estratégico, a corrupção que corre solta dentro do governo  e nas empresas que transacionam com o poder público, no compadresco, no loteamento do poder, no imediatismo e no vampirismo  dos partidos políticos.

Basta darmos  uma  olhada nas declarações de nossos governantes e nossas autoridades  em  uma retrospectiva histórica, incluindo os períodos das campanhas eleitorais, como os candidatos que representam os governantes de plantão no momento considerado,  “pintam”  um quadro cor de rosa da realidade,  seus balanços só tem números bonitos, enquanto seus opositores tentam abrir  as caixas pretas das administrações que  estão se findando.

Sugiro ao leitor e eleitor uma análise, por  exemplo, dos discursos da então candidata Dilma entre  julho e novembro de 2014, como  era o Brasil que sua propaganda eleitoral   transmitia ao povo, basta tomar temas como corrupção, emprego/desemprego,  carga tributária, inflação, dívida pública, taxas de juros, contas públicas, andamento de obras federais, saúde pública, educação, segurança pública/violência, reforma agrária, meio ambiente, gestão  pública,  burocracia, reforma política, reforma fiscal, direitos  trabalhistas  e outros mais.

Compare os discursos da candidata Dilma daqueles três ou quatro meses, com a realidade que “surgiu”  como uma bomba no decorrer  de 2015  e as explicações  esfarrapadas  tanto da própria presidente, quanto de seu mentor o ex-Presidente Lula, ou por parte do PT e dos partidos aliados, tudo enganação, meias verdades , muitas mentiras tentando tapar o sol com a peneira.

Só agora quando o barco está  cada  vez mais à deriva é que “vozes  dissidentes”  ou não tão fiéis  começam  a fazer o mea culpa, como o que disse o ministro chefe da casa civil Jacques Wagner qe disse de forma clara que o PT e o governo se lambuzaram, perderam o rumo, ou então a turma do PMDB  de Temer  e Eduardo Cunha que tentam pular do barco antes que o mesmo afunde.

Esse posicionamento de uma parte do governo, do PT e alguns setores de partidos aliados demonstra de forma clara o oportunismo desses grupos pois sabem,  e os números das pesquisas de opinião pública indicam, que nas próximas eleições municipais  deste ano e nas eleições  gerais  de 2018 o PT  e toda esta turma poderão ser varridos do mapa  politico brasileiro, pois 2016  poderá  ser muito pior do que foi 2015 e ai não adianta procurar bodes  expiatórios,  o povo sabe que  governos corruptos,  incompetentes  e demagogos não combinam  com desenvolvimento, nem com democracia , muito menos com justiça, cidadania e sustentabilidade, pilares  de um país decente.

 

*JUACY DA SILVA,  professor  universitário,  titular e aposentado UFMT,  mestre  em sociologia, articulista de A Gazeta há mais de 20  anos. E-mail  O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog  www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

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