É considerado o mal do século XXI. Será que os antigos eram imunes a esse terrível mal? Ou ele é produto não desejável da longevidade e da sociedade de consumo?
O estilo de vida altamente competitivo, os fatores genéticos, o espichamento da expectativa de vida, associado a uma educação reprimida e fortemente direcionada à produção de bens materiais, acredito serem os fatores principais dessa patologia.
Quando, no crepúsculo da existência, constatamos que os valores pelos quais tanto lutamos ao longo da vida foram substituídos por outros que não nos dizem respeito, o conflito fatalmente se instala, e vem a depressão.
A sensação de necessidade do trabalho braçal costuma permanecer nessa fase da vida, que deve ser encarada como um prêmio para aqueles cujo passado faz jus a uma nova etapa sem os deveres e obrigações do dia a dia.
Mas, isso é difícil para nós que fomos condicionados pelo sistema a produzir como máquinas, na ânsia cada vez maior de acúmulos de bens materiais.
As emoções que afloram abundantemente nesse período não encontram guarida nesse contexto de ganhos materiais.
O sofrimento é imediato, o fechamento com relação ao convívio social fica maior, às vezes por pura proteção das agressões do mundo moderno.
A depressão vai ocupando os espaços existenciais encontrados, encurtando a proximidade dos extremos da grande aventura que é a vida.
Sabemos o mecanismo do processo, mas, muitas vezes não suportamos a realidade.
Neste momento a importância de pessoas cúmplices é muito mais eficaz que fármacos de última geração, embora estes sejam mais fáceis de serem encontrados.
Thiago de Melo quando diz em seus versos que uma criança apenas confia em outra criança, sabia do que estava falando.
Infelizmente, o mesmo não acontece com os adultos que, com a idade, vão precisando cada vez mais e recebendo cada vez menos.
Talvez aí esteja a semente que costuma contribuir para o estado depressivo comum na velhice.
Gabriel Novis Neves
16-11-2015