Lá se vão os tempos em que chamar uma moça de namoradeira não tinha, com certeza, nenhuma conotação pejorativa.
No mundo atual os ânimos se acirraram, as agressões aumentaram de volume, o nível educacional diminuiu e, em consequência de tudo isso, aumentou a preocupação com o politicamente correto - que está chegando às raias da comicidade.
A imprensa noticiou que duas figuras da nossa classe dirigente se estranharam durante um jantar, aparentemente de congraçamento, pelo simples fato de a figura feminina em questão ter sido chamada pela figura masculina de namoradeira.
Lamentável que por um motivo tão banal, tenha sido desperdiçada, quem sabe, uma taça do famoso “PETRUS” (vinho dos deuses), tão ao gosto de alguns presidentes e pessoas abastadas.
Durante reuniões sociais, formais ou não, há sempre que se questionar, o grau de "alegria" dos convidados. Também avaliar o grau de intimidade que possa existir entre eles, o que, com certeza, torna qualquer reunião mais descontraída.
Por último, imagina-se que o grau de educação dos convidados seja sempre maior que o aparecimento de rompantes agressivos por parte de qualquer um deles.
Essa soma de características é fundamental para o sucesso de uma festa, sem que ela possa ser transformada a qualquer momento num imenso “barraco”.
Aliás, são inúmeros os moradores de casas humildes com muito mais classe e educação do que a maioria das figuras políticas divulgadas pela imprensa.
O termo “namoradeira”, portanto, é altamente incorreto politicamente.
Não há mais nada a ver, nessa república tupiniquim em que alguns de seus componentes substituem a troca de ideias pela troca de tapas e impropérios, verdadeiras cenas de pugilato.
Isso foi visto explícito e a cores numas dessas últimas sessões do Conselho de Ética, melhor chamado “Conselho Antiético”, reunido apenas com o propósito de julgar a admissibilidade ou não da abertura de um processo contra o presidente da Câmara de Deputados.
Além de nada conseguir ser votado por sete sessões seguidas, regiamente pagas, o país ainda é premiado com espetáculos do mais baixo nível, absolutamente incompatível com pessoas eleitas para manter o estado de direito e a ordem.
Lamentavelmente termos escancarado para nós mesmos e para o mundo o nosso precaríssimo grau civilizatório, foi muito humilhante.
Ah! Que saudades de estadistas como Ulisses Guimarães, Paulo Brossard, Santiago Dantas, Darci Ribeiro e tantos outros que, mesmo em posições políticas antagônicas, sabiam enriquecer os debates políticos e não aviltá-los num festival de ignorâncias como temos visto nesse atual Congresso, talvez o mais precário de nossa história!
Que o politicamente correto se faça necessário, não nas festinhas entre amigos, mas na condução de toda uma classe dirigente à altura da posição desempenhada e de um país que tem tudo para sair do subdesenvolvimento e da pobreza!
Gabriel Novis Neves
13-12-2015