Sexta, 07 Outubro 2016 10:41

 

JUACY DA SILVA*
 

Durante os oito anos de FHC o PMDB era seu sócio majoritário. Na divisão do bolo administrativo tinha vários ministérios  e acabou indicando a candidata a vice na chapa derrotada de José Serra. Tão logo Lula  foi eleito para presidente, o PMDB comandado por Michel Temer bandeou-se para o lado do lulo-petismo e acabou, com  seu fisiologismo de sempre, novamente, abocanhando  vários ministérios e diretorias de grandes estatais, inclusive na Petrobrás, tornando-se  sócio e parceiro na corrupção e bandalheiras que marcaram os governos Lula e Dilma.


Prestes a se findar o Governo Lula, apesar de que quase a metade do partido ter se oposto à continuidade daquela aliança, os caciques do PMDB, tendo à frente Michel Temer, seu Presidente, acabaram  decidindo pela continuidade desta maquiavélica parceria, indicando nada menos do que Temer para ser vice na chapa de Dilma. Durante a primeira gestão  de Dilma, além do vice presidente, o PMDB  recebeu, no leilão partidário, novamente vários ministérios, cargos nas diretorias de estatais e de segundo escalão.


Quando da reeleição  de Dilma,  coube ao PMDB, pelo menos a parcela do partido comandada pelos seus caciques, boa parte atualmente investigados pelo STF quanto a denúncias de corrupção, dar apoio decisivo para que Dilma viesse a ser reeleita e continuasse com um governo medíocre, incompetente e eivado de corrupção.


A chapa Dilma/Temer, conforme denúncias de vários investigados na LAVA JATO , por determinação do TSE,  continua sendo investigada  pelo uso de caixa dois, alimentado por recursos fruto da corrupção na PETROBRÁS  e outros setores da administração pública. Portanto Dilma/Temer e PT/PMDB  são irmãos Siameses na crise econômica, fiscal, financeira, orçamentária, social, ética e moral, que tanto envergonha e destrói o Brasil e as esperanças do povo.


Não  tem  como desvincular Temer do que aconteceu durante os oito anos do governo Lula e cinco e meio do Governo Dilma. É difícil acreditar como alguém  que foi deputado por vários mandatos, chegou a presidir  a Câmara Federal, foi presidente do maior partido que é o PMDB , que indicou ministros e gestores de alto escalão, foi vice presidente, chegando a assumir  a presidência por algumas vezes, não tinha voz  ou não sabia do que acontecia no governo, principalmente em seus porões.


Decorridos quase seis meses  desde que Dilma foi afastada temporariamente e pouco mais de  um mês que sofreu o impeachment, a pesquisa CNI/IBOPE que periodicamente avalia  o quadro politico e administrativo do Brasil, traz  dados, uma verdadeira radiografia do governo Temer e como a população  brasileira avalia as perspectivas deste mandato tampão, enfim, qual o futuro que o povo percebe em relação ao governo Temer.
Pelos números  desta pesquisa podemos dizer que o  governo Temer  pouco difere ,  em termos de percepção da população, do governo Dilma, pois continua com uma imagem extremamente negativa atual e futura, ou seja, medíocre, incompetente e impopular.


Em todos os quesitos/perguntas da pesquisa, a avaliação negativa  (RUIM/PÉSSIMO) supera mais do que em dobro a avaliação positiva (BOM/ÓTIMO). No total 39% consideram o governo Temer ruim e péssimo e apenas 14%  bom/ótimo.  Essa  avaliação se repete tanto entre homens e mulheres, quanto pelas regiões do país, em todos os níveis educacionais,  de renda, faixas etárias  e para  todos as áreas/setores da administração ou problemas  que afetam a população  como taxas de juros, segurança  pública, saúde, educação, meio ambiente, combate à inflação, combate à pobreza  e saúde.


Apenas 21% da população entre 16 e 24 anos confiam no  Presidente enquanto 75%  não confiam em Temer  e seu governo , quase o mesmo percentual para a população entre 25  34 anos, respectivamente 23%  e 71% e também na população  entre 35 e 44 anos, ou seja,  a maioria do povo tem uma avaliação negativa do atual governo, que, apesar disso continua indicando pessoas investigadas e suspeitas de corrupção para o primeiro e segundo escalão de seu governo.


As eleições municipais do ultimo domingo, 02 de outubro, apesar de que ainda vai ocorrer segundo turno em várias grandes cidades, no final deste mês, indicam que o grande derrotado foi o PT  que perdeu 10,6 milhões de votos para  prefeito , 374 prefeituras e 2.272 vereadores.


O segundo partido que vem a seguir como segundo maior derrotado foi o PMDB, indicando que a aliança mantida com o PT, que tinha, na verdade um projeto criminoso de poder, durante mais de 13 anos o associa indelevelmente a tudo de ruim e vergonhoso que aconteceu neste nefasto período. O partido do Presidente Temer  perdeu 2.130 milhões de votos, elegeu apenas 13 prefeitos a mais do que em 2012 e perdeu 274 vereadores e ficou ausente da maioria das grandes cidades/municípios do país.


Para  manter  uma maioria no Congresso o atual governo usa dos mesmos expedientes, jantares requintados com parlamentares e dirigentes partidários às custas do dinheiro do contribuinte , entrega de cargos de primeiro e segundo escalão aos partidos  e seus caciques, utiliza de programas assistencialistas para angariar simpatia da população mais pobre  e  continua marcado pela falta de definição quanto aos desafios que afundaram o Brasil. As reformas pretendidas destinam-se muito mais a penalizar as camadas média e mais humildes da sociedade e favorecerem  os grandes grupos econômicos  e a manutenção dos privilégios de uma casta dominante na política e na administração pública.


Este assunto merece ser analisando de forma mais profunda e ao longo dos próximos meses.


*JUACY DA SILVA,  professor  universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites e blogs. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.  Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
 

 

Quinta, 06 Outubro 2016 14:24

 

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

No sentido oposto do que seria necessário, várias coisas estão se desmanchando no Brasil. O ensino médio é uma delas. O mais recente capítulo de um longo processo de seu desmonte foi o anúncio governamental de uma Medida Provisória (MP) que altera a estrutura curricular dessa etapa de nossa educação formal.

Dentre outras barbáries, a MP transforma as atuais treze disciplinas da grade em cinco “grandes áreas”, sendo uma profissionalizante, e torna obrigatório apenas os ensinos de português, matemática e inglês. Para o regozijo dos educadores pós-modernos, o restante fica por conta da flexibilidade curricular; ou seja, do que é possível cada unidade escolar ofertar diante de sua realidade.

E para falar de realidade, e, consequente, de desigualdades sociais, temos novos números acabados de sair do forno do próprio MEC. Na manhã de anteontem (04/10), o Ministério da Educação divulgou os resultados do ENEM/2015.

Diante dos números, a mídia “manchetou” seus jornais e telejornais. Em geral, o resumo midiático ficou da seguinte forma: “Das 100 escolas com maior nota média no ENEM/2015, 97 são privadas”; “Das 100 melhores escolas no ENEM/2015, apenas 03 são públicas”. As três públicas são institutos federais.

Pois bem. Dito de um jeito ou de outro, a realidade é a mesma: a tragédia no ensino médio é cada vez mais marcante entre o proletariado. Aqui, uso a palavra “proletariado” – e não outra equivalente qualquer – por saber que esse termo faz tremer até os anjinhos do céu.

E é bom que tremam mesmo, pois se uma revolta popular não ocorrer neste país, a violência desenfreada, fruto da ignorância socialmente produzida, será tão óbvia quanto incontrolável e insuportável. A pavimentação para a tragédia, seja ela do tipo que for, já foi feita. Essa pavimentação pode ser lida (também) por meio desses números explicitados pelo ENEN. Por trás deles há muitas coisas sendo ditas.

De tudo o que está sendo dito por esses números, destaco a equivalência entre a tragédia do ensino formal com a pobreza. Equivalência, repito, não natural, mas socialmente criada e consolidada.

Estou dizendo isso porque há décadas o ensino brasileiro, principalmente o nível médio, vem se mostrando fracassado. Todavia, a cada pico do fracasso, as propostas apresentadas são, de antemão, igualmente fracassadas.

De todos esses fracassos, o último foi exatamente a imposição da transformação do ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio – em vestibular nacional unificado para as universidades, com ênfase às federais.

Como sempre foi um opositor do ENEN, venho catalogando um enorme conjunto de tolices ditas por “gente muito importante” da área da educação. Uma das tolices foi dizer que o ENEM, naturalmente, melhoria o nível do ensino médio. 

E melhorou mesmo, mas apenas das escolas privadas. Das públicas, como era previsto, piorou; e muito. Na verdade, degradou-se. Virou pó, assim como o governo do partido político (PT) que nos impôs isso ao invés de enfrentar o problema como deveria, posto reivindicar para si a representação do proletariado, com ênfase aos segmentos sociais mais desvalidos, como os negros, por exemplo.

Resumo da tragédia brasileira: estamos diante de um dos momentos mais complexos de nossa história. Urge a qualificação – educacional e cultural – de nosso povo. Caso contrário, preparemo-nos. Literalmente, muito chumbo grosso vira por aí.

 

Quinta, 29 Setembro 2016 17:25

 

JUACY DA SILVA*
 

Entre as primeiras denúncias da  existência das falcatruas que caracterizaram o MENSALÃO, o final do julgamento e a condenação dos envolvidos se passaram em torno ou pouco mais de oito anos e, mesmo assim, as penas para os cabeças, agentes políticos com mandatos, gozando de imunidade e foro especial/privilegiado foram bem brandas. Praticamente todas  essas  figuras ilustres receberam penas com duração de menos de dez  anos e acabaram livres ou até mesmo recebendo perdão.


Com o PETROLÃO, mais conhecido como OPERAÇÃO LAVA JATO a sistemática mudou um pouco e a coordenação das atividades de investigação, julgamento e condenação, relativas a  pessoas que não  gozam de foro especial/imunidade passaram a ser feitas por uma FORÇA TAREFA integrada por procuradores da República, delegados e investigadores da Polícia Federal, sob o “comando” do Juiz Federal  Sérgio Moro, em Curitiba. Os  trabalhos relativos `a apuração dos mesmos delitos cometidos por parlamentares federais, Senadores e Deputados Federais e outras figuras importantes ficou  a  cargo do Procurador Geral da República e do STF.


Ao longo de dois anos das atividades da Força Tarefa e do Juiz  Sérgio Moro, prorrogadas por mais um ano, um  verdadeiro esquema criminoso  foi e continua sendo desvendado e algumas dezenas de pessoas, incluindo empresários, ex-parlamentares, dirigentes partidários , gestores de alto escalão  e outras figuras  importantes do cenário politico, partidário e empresarial  foram investigados, julgados , condenados e presos, mas as ações em relação aos figurões do mundo politico e administrativo do país continua bem devagar, apesar da LISTA DO JANOT indicar que os cabeças coroados continuam gozando de imunidade/impunidade por diversos crimes de que são acusados  como corrupção, lavagem de dinheiro, tráfico de influência, formação de quadrilha, evasão e lavagem de dinheiro e associação criminosa.


O que causa espanto para o povo brasileiro, tão penalizado com uma carga tributária descomunal ante a contra partida por parte dos poderes públicos em prestação  de serviços,  um verdadeiro caos, sucateados ou simplesmente inexistentes, é que o Brasil  conta com uma enorme máquina pública responsável pelo planejamento, acompanhamento, avaliação e controle, principalmente com o objetivo de que os recursos públicos, derivados dos impostos, taxas e contribuições pagas pelo povo/contribuintes, sejam aplicados de forma correta, eficiente, transparente e ética.


Milhares de obras e serviços ,  de responsabilidade dos Governos Federal, estaduais e municipais encontram-se  paralisadas, foram mal planejadas, super faturadas, tiveram diversos aditivos, cujos valores simplesmente aumentaram de forma absurda, algumas em mais de 100% ou 200%, com qualidade abaixo dos padrões estabelecidos ou contratados pelos poderes públicos.


O que mais intriga o povo brasileiro não é a existência da corrupção, dos esquemas  fraudulentos de financiamento das campanhas políticas ou o fato de governantes eleitos ou nomeados para altos cargos estarem a serviço da roubalheira, verdadeiros representantes de organizações criminosas cujo objetivo central  é o desvio de recursos públicos para alimentar  uma vasta rede de interesses privados e particulares que levam  ao enriquecimento de uma verdadeira casta/camarilha que se instalou na administração pública, mas sim a existência de uma verdadeira parafernália de organismos de controle que jamais agiram para coibir a tempo, evitando que bilhões de recursos sejam roubados dos cofres públicos, da administração direta, indireta e estatais, indicando que a corrupção passou a ser endêmica em nosso país.


Só para  refrescar a memória do leitor e eleitor, como órgãos de controle podemos mencionar os poderes legislativos federal, estaduais e municipais, que tem a prerrogativa  de constituir Comissões parlamentares de inquérito, as famosas CPIs  ou no caso do Congresso Nacional as CPMIs, temos também as controladorias gerais, nos três níveis de governo, a CGU,  e suas similares nos estados e municípios, ou ainda as autorias, as procuradorias, as ouvidorias, a COAF do Banco Central, o CADE,  os Tribunais de Contas, TCU, TCEs, TCMs, a Agência Brasileira de Inteligência, sucessora do SNI, que tanto aterrorizava corruptos e “inimigos internos” durante os governos militares. Temos também  os Ministérios Públicos Federal e Estaduais, os chamados “fiscais  da Lei” e as Delegacias Fazendárias.


Apesar disso pouca coisa foi descoberta antes ou durante as ações criminosas contra a administração pública e o população realizadas por verdadeiras quadrilhas que se instalaram na administração pública, como ervas daninhas e que continuam agindo, apesar do desbaratamento parcial dessas organizações criminosas.


Em algum momento devemos reavaliar o  que está acontecendo e o ordenamento jurídico existente para que as ações dos órgãos  de controle sejam muito mais preventivas do que “curativas”, pois o que todo mundo percebe  é que as ações dos órgãos de controle, inclusive do Poder Judiciário, são lentas,  muito burocratizadas e acabam favorecendo a impunidade  que alimenta a corrupção.


*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em  sociologia, articulista e colaborador de diversos veículos de comunicação.

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Sexta, 23 Setembro 2016 18:37

 

 

JUACY DA SILVA*
 

Na quinta feira, 22 de setembro deste 2016, ano da misericórida, como  declarado pelo Papa Francisco, a Polícia Federal , por ordem  do Juiz Sérgio, um dos herois do povo brasileiro nesses tempos de corrupção que envergonha o país e rouba preciosos recursos públicos que tanto fazem falta para a saúde, a educação, a infra estrutura,  a segurança pública, os esportes e lazer, os cuidados com o meio ambiente, para a reforma agrária, a habitação, o seneamento básico, a defesa nacional, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e tantos outros setores do país, realizou a 34a etapa  da OPERAÇÃO “X” , que  está a cargo da Força Tarefa,  integrada  pelo Ministério Público, a Polícia Federal  e a Justiça Federal,   em Curitiba.


Nesta operação  foram presas várias pessoas, inclusive  o ex-ministro dos Governos Lula e Dilma, um dos expoentes do lulopetismo, professor Guido Mantega, aquele que ajudou Dilma a maquiar as contas públicas,  a jogar o Brasil na crise econômica e na desorganização fiscal e orçamentária  e que por diversas vezes tem sido acusado, por delatores quando investigados por praticas de corrupção.  Os motivos da prisão do ex minnistros e outros mais,  referem-se  a acusações da atuação do ex  ministro em extorquir milhões de reais de empresas, via contratos fradulentos, desviando recursos para o caixa dois do PT,  para campanhas eleitorais recentes, inclusive para a eleição de Dilma e Temer em 2010 e  2014.


Enquanto isso, em Brasília, deputados federais em uma manobra vergonhosa , enlameando ainda mais a imagem da Câmara Federal, que demorou quase um ano para cassar o mandato do seu ex presidente, Eduardo Cunha, acusado em vários processos  de corrupção e outras  denúncias, quase conseguiu aprovar  mais  uma dessas leis que anistia práticas de corrupção. Na verdade,  a tentativa desses deputados era legalizar o caixa  dois, livrando diversos deputados e por extensão senadores e dirigentes partidários e candidatos, eleitos ou derrotados, que usaram em passado recente dinheiro sujo, oriundo de corrupção em suas campanhas, incluindo Lula , Dilma e Temer, além  de centenas de políticos.


Não  bastasse  esta manobra  sórdida  e maquiavélica, justamente no momento em que a Câmara Federal  e  depois o Senado, deverão  estar examinando um projeto de Lei de Autoria do Ministério Público Federal, que recebeu o apoio de mais de dois milhões de assinaturas, contendo AS DEZ  MEDIDAS PARA  UM COMBATE MAIS EFETIVO `A CORRUPÇÃO.  O poder dos corruptos e da corrupção ainda é tão  grande, que não  bastassem deputados e outros políticos defenderem  o uso de dinheiro sujo nas campanhas , ainda por cima veio o Ministro da articulação política do governo Temer, que ainda tem o apoio declarado de inúmeros parlamentares   federais  -  deputados e senadores - , Geddel Lima, declarar  que caixa  dois não é crime. 


De pronto, para livrar-se  de mais um incômodo, já que em poucos meses  teve que demitir alguns ministros acusados de corrupção, o Presidente Temer, mesmo estando nos EUA,  acabou desautorizando seu ministro dizendo que “pessoalmente”  não acha que isso,  ou seja, defender  caixa  dois em campanha seja  bom, apesar de que a chapa Dilma/Temer  está  sendo investigada, no TSE, a pedido do PSDB e outros partidos, exatamente por usar dinheiro roubado da Petrobrás  e da construção de hidrelétricas  na última campanha eleitoral que elegeu a dupla do PT/PMDB.


Enquanto isso, dezenas de deputados e senadores que constam da LISTA DO JANOT  aguardam  a tramitação de processos,  a passos de tartaruga no STF, acusados de corrupção, mas que, graças a esta excrecência  da imunidade/impunidade e foro privilegiado, continuam sendo poupados, enquanto políticos sem mandatos, gestores públicos, dirigentes de estatais, marqueteiros, doleiros e empresários corruptos  tem sido investigados, condenados e presos por ordem do Juiz Sérgio Moro.


Oxalá no Brasil existissem milhares de juizes, desembargadores  e ministros de tribunais superiores, promotores, procuradores com a mesma coragem, determinação  e  celeridade em suas decisões, principalmente quando se trata de crimes de colarinho  branco envolvendo os integrantes do andar de cima de nosso país, exatamente  quem nos governa, mas que lamentavelmente  em  uma proporção alarmante  estão mais próximos do banditismo de colarinho branco do que de governantes preocupados com os destinos do Brasil e a sorte da população mais humilde.


Em decorrência, não causa estranheza o fato de assistirmos ao noticiário dando conta de que milhões de pessoas não tem acesso `a saude pública, cenas deprimentos de filas nos corredores dos hospitais, notícia de que em torno de tres milhões de crianças e jovens não tem acesso ou abandonam a escola, que a violência aumenta  a cada dia,  mais de cem mil pessoas morrem a cada ano assassinadas ou no trânsito,  milhões  são roubadas, assaltadas, estupradas, sequestradas. É lamentavel e triste viver em um país como o Brasil e sermos governados por este tipo de políticos.


Que Deus tenha misericórdia do povo brasileiro e nos livre dos polítcos, governantes, gestores públicos e empresários incompetentes e corruptos!


*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT,  mestre  em  sociologia,  articulista de A Gazeta.  Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.  Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

 

Sexta, 23 Setembro 2016 07:59

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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No artigo “A tragédia e a educação” (15/09), expus duas visões antagônicas sobre concepções de educação.

Na primeira, José Mendonça Filho, ministro de Educação, após concordar que o nosso ensino é uma tragédia, defendeu a aprovação do PL 6840/2013, de Reginaldo Lopes (PT-MG), que propõe um “currículo enxuto e flexível ao ensino médio”.

A outra concepção é a que o cineasta Kleber Mendonça Filho expõe por meio de um diálogo apresentado no filmeAquarius. O diálogo se dá entre Clara (Sônia Braga) e Diego (Humberto Carrão). Clara é a única moradora que resiste em sair de um edifício que se transformou em interesse empresarial. Diego é um jovem empresário/arquiteto que arquiteta crueldades contra Clara para ver os seus projetos realizados. 

Questionado por Clara sobre sua formação, Diego diz ter se formado em Business nos EUA. Indignada com as ações do rapaz, Clara lhe diz que aquela formação não o transformara em um ser humano melhor.

De minha parte, condenei a proposta desejada pelo MEC: a de defender o PL mencionado. Na esteira do ENEM, no lugar das disciplinas, o PL contempla cinco áreas: linguagens, matemática, ciências humanas, ciências da natureza e ensino técnico.

Em minha condenação a essa proposta, afirmei que a educação, amparada em discursos que falam de sintonia com o momento presente, não deve ter como centralidade os interesses do mercado.

Minha oposição a isso bastou para que uma leitura se dirigisse a mim, via e-mail, de forma agressiva. De início, ela me faz duas indagações: a) “que problema há de a educação estar casada com os interesses do mercado?”; b) “qual é o problema de a educação estar em sintonia com o seu tempo?”.

Como resposta, fico com a força do diálogo já mencionado entre Clara e Diego. No diálogo, metonímia deste momento humanamente miserável, vemos a influência que o “deus mercado” assume ao penetrar em mentes ocas. Tais mentes se tornam fanáticas pela lógica que move o capitalismo, tão “bom” quanto outros sistemas já transformados em ruínas.

E por falar nesses escombros, é na segunda parte da mensagem que a leitora mostra as garras. Começa me mandando ler “a entrevista do Mendonça Filho (o ministro), à Veja”.

Depois, intercalando falas do ministro com suas próprias, passa a adjetivar o que “ela” considerada de professores “esquerdizóides”, que “infestaram” as escolas e universidades para a “doutrinação ideológica”. Diz mais: “que nosso ensino continuará medíocre porque os pseudos-professores são comunistas medíocres”.

A fala preconceituosa da leitora revela que o discurso do status quo já dominou algumas mentes que, por si, jamais enunciariam essas formulações; elas são de organismos internacionais que há décadas tentam impor uma educação voltada ao mercado.

A novidade é que o conjunto de tais discursos se aglutinaram no PL 193/2016 (“Escola sem partido”), assinado pelo senador Magno Malta (PR-ES). Todavia, como movimento, é liderado por Miguel Nagib, advogado e coordenador da organização contra o que chama de “doutrinação política e ideológica em sala de aula e a usurpação do direito dos pais dos alunos sobre a educação moral e religiosa dos seus filhos".

Em suma, essa, sim, é a ditadura ideológica, não mais vestida de fardamento militar, mas de roupas civis, em geral, de ternos e gravatas. Detalhe: no Brasil, é comum que os ternos e as gravatas tenham colarinhos bem branquinhos...

A leitora ainda me faz o seguinte “convite”:  “Se você acha que tem estofo para o debate, podemos continuar”.

Podemos.

 

Segunda, 19 Setembro 2016 10:44

 

*JUACY DA SILVA
 

Esta quarta feira,  21 DE SETEMBRO, é comemorado o DIA MUNDIAL DE ALERTA  sobre o MAL DE ALZHEIMER, uma doença insidiosa que afeta  atualmente mais de 48 milhões de pessoas no mundo todo, inclusive no Brasil onde  mais de 1,2 milhões de idosos sofrem com  este terrivel mal.  O avanço do Mal de Alzheimer  é maior do que o crescimento demográfico e está diretamente relacionado com o  envelhecimento da população.


Dados  recentes da Organização Mundial da Saúde  e das Entidades não governamentais voltadas para esta doença indicam que o número de pessoas com Alzheimer vai aumentar muito, em 2030 serão 74,7milhões e em 2050 deverão ser 131,5 milhões, com um crescimento anual na ordem de 5%. Os custos econômicos e financeiros  para os cuidados com o mal de Alzheimer no mundo em 2015 foram de US$812 bilhões de dólares e em 2018 deverão ultrapassar mais de UM TRILHÃO  DE DÓLARES.


Enquanto os países desenvolvidos destinam recursos para pesquisas, para diagnósticos mais precisos e com muita antecedência,  medicamentos e equipamentos para um tratamento e assistência mais adequados, incluindo ações públicas, de organizações não  governamentais,  centros de pesquisas e universidades, nos países emergentes e subdesenvolvidos 94%  dos cuidados e ônus/custos com a doença  recaem   sobre  as famílias, a grande maioria, como seus países, com parcos recursos e baixa  renda, aumentando o sofrimento dos  pacientes e seus familiares e maior exclusão social.


Na abertura da Conferência Anual de Alzheimer  da ADI – Alzheimer Disease International,  em  seu décimo aniversário, em  Edinburgh,  foi  definida  a criação do DIA INTERNACIONAL DE ALERTA sobre o mal de Alzheimer , a ser comemorado no dia 21 de setembro ,  para que as pessoas e os entes governamentais e não governamentais do mundo inteiro possam ficar alertas  e conscientes quanto `a gravidade  desta doença  e dos custos  humanos, familiares , sociais, econômicos  e financeiros que a mesma acarreta, `a medida que o número  de pessoas idosas, acima de 60 ou 65 anos, aumenta em todos os países.


Em 2012 outra  decisão da ADI  estabeleceu que setembro passaria a ser o MES DE ALEERTA MUNDIAL DO MAL DE ALZHEIMER,  facilitando que em todos os  países pudessem ser realizadas ações e um chamamento global para despertar a consciência coletiva quanto ao avanço da doença  e a importância de que os governos  a incluam nas políticas públicas de saúde, de assistência social e também  na  educação para a saúde, oferecendo instrumentais para  que profissionais, agentes  de saúde e familiares possam melhor compreender esta nova  realidade e minorar  o sofrimento de milhões de pacientes e seus familiares.


O mal de Alzheimer   é  uma doença crônica, não transmissível,  incurável, progressiva e que afeta indelevelmente a memória, classificada como uma demência, na verdade  a que afeta o  maior número de pessoas, principalmente `a medida que as mesmas envelhecem. 


Desta forma, `a medida que a população com 60 anos ou mais,  incluindo um grande contingente populacional  em todas as demais faixas  etárias, de 70; 80; 90 e também  centenários,  o surgimento do mal de Alzheimer aumenta mais rapidamente, tornando esta e outras doenças crônicas o maior desafio para o Sistema de saúde, os planos privados de saúde coletiva e os países  que estarão diante de um quadro extremamente complicado, ou seja, se  em países  como o Brasil e tantos outros o CAOS NA SAÚDE  PÚBLICA  é algo concreto, em mais duas ou tres décadas  a situação  estará gravissima.


Só para se ter  uma idéia, no mundo, em 1950 a população  com 80 anos e mais era de 13,8 milhões de pessoas; em 1975 passou para 31,4 milhões,  em 2000 era de 69,2 milhões; em 2025 atingiurá 153,4 milhões e em 2050 será  de 379,0 milhões As projeções demográficas indicam que a população brasileira está envelhacendo mais rapidamente que a média mundial. Em 2015 o Brasil tinha 23  milhões  de pessoas com mais de 60 anos de idade, ou seja, 12,5% do total da população. Em 2050 este grupo chegará a 64 milhões de pessoas ou 28% do total. Enquanto a população de idosos no mundo passará  de 900 milhões (12,3%) em 2015 para 1.935 milhões (21,5%) em 2050.


Atualmente, apesar das subnotificações  e registros aquém da realidade, existem 1,2 milhões de pessoas com o Mal de Alzheimer ou 5,1% da população  com 60 anos e mais. Mantida esta mesma proporção, apesar de que com o avanço  da medicina e dos diagnósticos mais apurados  este percentual pode aumentar  com certeza, em 2050 o Brasil terá  que se defrontar com uma probabilidade de que teremos 3,3 milhões ou talvez quase quatro milhões de pessoas diagnosticadas e vivendo com Alzheimer,  razão mais do que suficiente para encararmos este desafio agora, a cada dia , antes que uma verdadeira tragédia ou catástrofe bata `a nossa porta, pois além do Mal de  Alzheimer existem diversas outras doenças crônicas, como câncer, doenças cardio vasculares, pulmonares, diabetes, esclaroses múltiplas, parkinsons e  muitas outras  degenerativas e incuráveis, além das doenças transmissíeis comuns  ao subdesenvolvimento que ainda afetam nosso país, como diarréias, dengue e outras mais.


Que este DIA MUNDIAL DO MAL DE ALZHEIMER, sirva de alerta para refletirmos com mais determinação sobre este e tantos outros desafios na saúde pública, que continua um   CAOS cada  dia maior, incapaz  de encarar com eficiência, eficácia e efetividade todos esses males que tanto sofrimento trazem ao povo, principalmente para as camadas mais pobres que dependem única e exclusivamente do SUS para se socorrerem!


*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT,  mestre em sociologia, articulista,colabrador de sites, blogs, jornais e outros veículos de comunicação.  EmailO endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.  Blog http://www.professorjuacy.blogspot.com/ Twitter@profjuacy

Sexta, 16 Setembro 2016 09:21

 

JUACY DA SILVA*
 

`A medida que se aproxima  a data das eleições municipais, no caso  daqueles municípios onde, com certeza  a definição  de quem será  o prefeito pelos próximos quatro anos, como  é o caso de Cuiabá, deverá acontecer no segundo turno,  nota-se  um acirramento nos debates e a veiculação  de peças publicitárias, a  maioria das quais,  denegrindo os adversários.


Neste sentido, parece que os marketeiros, os candidatos  e partidos/coligações  que  sustentam  as diversas candidaturas, pretendem nostrar  o lado obscuro, sujo, podre  dos adversários, ao invés  de apresentarem  suas propostas e como irão viabilizar suas ações,em  caso de serem eleitos,  de onde virão os recursos, o que farão para racionalizarem os gastos públicos,  como vão  combater  a corrupção,  como irão melhorar  a saúde, a educação,  enfim, como irão administrar e como irão  se relacionar com a Câmara Municipal, já que sem apoio no parlamento dificilmente conseguirão governar.


O tempo  que  os candidatos tem para usar nos veículos de comunicação  como TV, radio e também na midia impressa  e virtual tem sido utilizado, e isto não é privilégio de Cuiabá, mas  na grande maioria ou  a quase totalidade dos municípios, onde as acusações, a calhordia, as vilipêndias, as injúrias, as mentiras, as insinuações, as difmações formam e deformam não apenas a imagem dos adversários como também  de que utiliza deste expediente torpe.


Se  as acusações  são generalizadas os “debates” e peças publicitárias mais  se parecem  com uma luta de “vale  tudo”, mas diferente  desta luta física, as eleições  que deveriam servir para fortalecer  a democracia, acabam  como uma tragicomédia, denegrindo o processo eleitoral e conspurcando a democracia e o  Sistema politico, razões mais do que evidentes para que a população sempre  avalie os políticos de forma tão pejorativa  e negativa.


Parece  que os  candidatos pretedem que os eleitores  façam  a escolha do  “menos pior”  ou seja, talvez  o “melhor dentre os piores”,  já que, na ótica dos adversários  todos tem o “rabo preso”  com aluma falcatrua ou fazem  parte  de partido ou coligação  que tem na corrupção  e na incompetência  seus apoiadores e mentores.  Vamos e venhamos,  isto  torna difícil  a  escolha para os eleitores,  pois  os mesmos vão chegar `a conclusão de que todos os candidatos se igualam  nos aspectos éticos, morais e políticos, faltando-lhes coerência doutrinária e competência técnica para formarem boas equipes  e bem gerir os destinos de nossa capital, que dentro  de pouco mais de dois anos estará completando trezentos anos.


Há poucos dias, por exemplo  a primeira dama de Cuiabá  desancou o candidato Tucano, Wilson Santos, tentado demonstrar que o mesmo falta com a verdade, depois foi a vez do prefeito, que deixou de  ser candidato, de forma inexplicável, quando as pesquisas de opinião pública indicavam que ele poderia  vencer até  mesmo no primeiro turno,  também rompeu e ao mesmo tempo diz que não rompeu  com o candidato Tucano,  cujo partido, o PSDB ,  está aliado com o  PSB,  que indicou o candidato a vice.


Mesmo que alguns de seus aliados próximos digam  que a intenção não  essa,  na verdade  o fato em si representou uma tentativa de desestabilizar a campanha do Tucano, que,  com o apoio  decidido e aberto do Governador Pedro Taques,  do atual e future presidentes  da Assembléia  Legislativa e de diversas outras  lideranças, inclusive todos os secretários municipais  e a cúpula do PSB, respectivamente presidentes dos diretórios municipal  e estadual do partido, com  certeza Wilson Santos  chegará  ao segundo turno e irá vencer  as eleições.


Há  quem diga que a vitória ou derrota de Wilson Santos também  será a vitória ou derrota do Governador Pedro Taques  e seu “novo”  grupo politico.  A  vitória de Wilson Santos  vai  possibilitar a reeleição  de Pedro Taques  em 2018,  alijando de vez  o outro grupo ligado   ao PMDB  do deputado Carlos Bezerra e do ex governador Silval,   que caiu em desgraça  devido `as  acusações de corrupção. Deste  grupo  faria parte também  o PP  do ex governador Blairo  Maggi e outras forças  políticas  e econômicas que estão  em sua volta.


Outro  fato interessante  é que tanto o  candidato Emanuel Pinheiro quanto o ex  Juiz Sebastião Julier, respectivamente PMDB  e PDT/PT/PCdoB,  que até  recentemente  então  eram aliados tanto em MT quanto no Governo Federal, trocam acusações  e os dois estampam  manchetes  dos diversosveículos  de comunicação com acusações mútuas de fatos desabonadores,como o caso das esmeraldas falsas e de recursos/propinas desviados  do VLT  ou venda de sentenças.


Pesa  também contra  o Procurador Mauro  o fato de que seu partido o PSOL  foi e continua aliado ao PT, cujo projeto criminoso de poder e uma vasta rede de corrupção  foi responsável  pela crise que afundou o Brasil. Neste projeto criminoso de poder o PSOL  sempre esteve aliado ao PMDB  e demais partidos que deram sustentação aos governos Lula/Dilma. Este  fato também é considerado pelos eleitores quando de suas escolhas.


O povo, atônico  e  descrente  quanto `a moralidade e falta  de coerência dos políticos  fica em  um beco sem saída, tendo dificuldade em quem votar, já que  todos  os candidatos, na ótica dos adversários ,  tem mais defeitos   do que qualidades  e isto irá interferir diretamente na maneira como o futuro prefeito vai  governar.


Cuiabá  enfrenta  diversos problemas, alguns  de  longa  data como a falta de saneamento básico,  os  vazios  utilizados pela especulação  imobiliária, a sonegação fiscal,  a saúde que continua um caos, como de resto no Brasil inteiro, falta  de arborização,  a educação  de baixa qualidade, a violência que não dá treguas,  o transporte coletivo totalmente sucateado,  o trânsito que  mata  e aleija milhares de pessoas  a cada ano, as ocupações irregulares que demandam  regularição  fundiária,  milhares de famílias em habitações sub humanas e outros mais.


Mas  ao invés de discutirem  as saídas  concretas, plausíveis e exequíveis para  esses e tantos outros problemas  os candidatos usam o tempo que tem para  baixarias, fuxicos, acusações falsas ou verdadeiras, enfim, isto  é  um desrespeito  aos eleitores. O povo cuiabano merece algo melhor!Em tempo, ouvido de eleitor nao e penico!


*JUACY DA SILVA,  professor   universitário,  titular e aposentado UFMT,  mestre  em sociologia. Colaborador e articulista de jornais, sites, blogs e outros veículos de comunicação há várias décadas. EmailO endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy 

 

Quinta, 15 Setembro 2016 15:22

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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Há muito tempo que eu esperava ver um ministro da Educação admitir que o nosso ensino é uma tragédia. José Mendonça Filho teve essa coragem, mas...

 

Antes de completar a adversativa, contextualizo a fala do ministro sobre a tal tragédia. No último dia 08, foram divulgados os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), referentes a 2015.

 

Conforme o Instituo Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), “a meta do Ideb dos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º) para 2015 foi alcançada por 74,7% das redes municipais. Isso não ocorreu com os anos finais desse mesmo nível.

 

No ensino médio, a meta (de 4,3) do Ideb não foi atingida. O índice (de 3,7) permanece estagnado desde 2011. Diante do quadro, o ministro disse que não faria de conta que a tragédia não existe.

 

Ótimo. Todavia, na sequência, ele apontou a saída, errando, como os seus antecessores, na apresentação do remédio.

 

Recapitulando nossa história: há mais de vinte anos, um conjunto de universidades federais começou a não preencher todas as vagas que ofertavam nos vestibulares. O que fez o MEC?

 

Exigiu que as federais transformassem seus vestibulares eliminatórios em classificatórios. Resultado: principalmente nos cursos de licenciaturas, estudantes com baixíssimo nível começaram a ingressar também nas federais.

 

Naquele momento, o país perdeu a chance de encontrar o remédio correto para o ensino médio. Para piorar, vivia-se, no meio universitário, o início de pesquisas, a maioria medíocre, que passariam a trombetear o afrouxamento da vida estudantil. Tudo era feito enaltecendo as subjetividades/individualidades.

 

Mais adiante no tempo, o MEC impôs o ENEM às universidades. Criticado por um grupo de professores e estudantes, uma das defesas do Ministério foi dizer que, com o ENEM, o ensino médio melhoraria. Entretanto, até os mais cínicos de seus defensores, sabiam que aquilo era falso. O ensino médio piorou, mas principalmente para os pobres, mesmo para muitos dos que estão ingressando em vários cursos das federais.

 

Agora, seria outro momento de revisão dos erros, mas não revisaremos nada. Motivo: o “remédio” apresentado é outro erro. O MEC quer ver aprovado o PL nº 6840/2013, do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), que prevê a mudança no currículo do ensino médio.

 

Na essência, o PL aponta para o enxugamento e flexibilização das grades curriculares; e tudo em casamento com interesses do mercado. Para os defensores dessa aberração, o aluno precisa ter um curriculum que esteja em sintonia com o seu tempo.

 

Sobre isso, termino minhas reflexões lembrando de um forte diálogo apresentado em Aquarius, filme de outro Mendonça Filho, mas agora não o ministro José, mas o cineasta Kleber.

 

O diálogo se dá entre as personagens Clara (Sônia Braga) e Diego (Humberto Carrão). Clara é a moradora que resiste em sair de um edifício que se transformou em grande interesse empresarial. Diego é um jovem empresário/arquiteto que não mede suas ações para ver realizados os seus projetos. 

 

Questionado por Clara sobre sua formação, Diego responde ter se formado em Business nos EUA. Clara vai na jugular do rapaz, dizendo-lhe que aquela formação o desumanizara.

 

Por interessante coincidência, temos, assim, o embate de duas visões distintas sobre a educação expostas por dois Mendonça Filho. Gostaria muito de ver a perspectiva do cineasta se sobrepor à do ministro. Talvez, assim, nosso falido ensino médio ainda tivesse uma chance de ressuscitar das cinzas. 

 

Sexta, 09 Setembro 2016 09:21

 

JUACY DA SILVA*
 

Costuma-se  dizer que  Agosto  é um mes  aziago na vida política brasileira e para  reforçar esta  idéia são  mencionados dois  fatos que tiveram impactos significativos  na história  recente de nosso país, a  morte/suicídio de Getúlio Vargas no dia 24de Agosto de 1954 e  a renúncia de Jânio Quadros  no dia 25  de Agosto de 1.961,quando quase fomos envolvidos em uma Guerra civil.


E  agora  temos mais um fato traumático  ocorrido no ultimo dia de Agosto de 2016, quando o Senado Federal   afastou de forma definitiva, caso o STF  não  venha a mudar o  epílogo  desta longa história, a primeira mulher eleita e releita para a Presidência da República.


Interessante  ou uma coincidência , quando Jânio Quadros  renunciou o vice Presidente  de então,  João Goulart  estava em visita `a  China e quase  foi impedido de retornar ao país e assumir o  cargo, só  o fazendo quando concordou com a imposição civil militar comandada  pelas forças conservadoras  ligadas  `a UDN  e setores  empresarias  importantes. 


A  coincidência foi o fato  de que o Senado , devidamente  em articulação  com o então presidente Interino  Michel Temer, cassou o mandato de Dilma, ainda em tempo de  dar  a  posse no dia 31  de Agosto, possibilitando  ao mesmo realizar uma  reunião ministerial  e no início da noite  embarcar  para a China, onde foi participar da reunião do G-20.


Findo o mes de Agosto,  Setembro  chegou  e com ele vários  fatos estão  ocorrendo  ou irão ocorrer com  repercussões  na vida política,  econômica  e social brasileira, como  se  a primavera  que se aproxima também  tivesse  influência nas ações  humanas  como aconteceu com a “primavera de Praga”, prenúnicio do fim do regime comunista naquele pais  e, posteriormente, no fim do império soviético  e mais  recentemente a “primavera árabe”  que ajudou a por fim a regimes ditatoriais em alguns países árabes.


Por aqui parece que a “primavera  tupiniquim” pode vir no bojo da prorrogação  da OPERAÇÃO  LAVAJATO por mais um ano, não a operação  lava jato que  se desenvolve a passos de tartaruga no STF, já criticada até  pelo Procurador Geral da República, que acaba  facilitando a vida de  políticos e gestores públicos acusados de corrupção  mas que gozam de “foro especial”  ou foro privilegiado. A  prorrogação  da LAVA  JATO  é  aquela que está sob  a batuta do Juiz Sérgio  Moro  e da Força Tarefa da Polícia Federal  e do Ministério Público,  com sede  em Curitiba e  que já  investigou, julgou e condenou   vários  dirigentes  partidários, políticos sem mandato  e empresários, todos acusados de corrupção.


Segundo algumas notícias  os  desdobramentos  da operação lava jato, novas investigações  e os  acordos de colaboração  ou de delação premiada poderão  incrimir nada menos do que 11 ministros do Governo Temer bem  como boa partede sua bancada de sustentação na Câmara Federal   e   no Senado, cujos integrantes  constam da LISTA DO JANOT, vários  dos quais fazem parte da bancada do PMDB, do  PP, PR e outros partidos aliados.
Além disso, ainda  está  em andamento o processo que está  sob  a responsabilidade do TSE  e investiga  o uso de caixa dois e dinheiro sujo oriundo da  corrupção na  PETROBRÁS, que financiou a  campanha de Dilma/Temer.  O PSDB  pleitou logo após  a proclamação  dos resultados do segundo turno de 2014  que a Justiça  Eleitoral cassasse  a chapa  Dilma/Temer, talvez agora mude  de idéia pore star  participando do novo governo da República.


Outra  investigação, já noticiada  pela grande  imprensa,  que afeta  em cheio o PMDB  é  o  desvio  de soma milionária das obras  da Usina de Belo Monte e que teriam  beneficiado os  Senadores Renan Callheiros, Jader Barbaho, Romero Jucá e Waldir Raup, todos da  cúpula do partido do “novo”  presidente.


Por último, sem pretender  esgotar  esta lista  de   fatos  que irão marcar  este setembro,  não sei de que cor, é a possível  cassassão do mandato do  ex  presidente  da Câmara  Federal, deputado  afastado  Eduardo Cunha, também  um dos líderes  do PMDB,  partido que parece irá  ocupar  o lugar do PT, tanto por ser  o partido do presidente  quanto  o partido que também  sempre tem sido acusado de envolvimento  na  corrupção  objeto da roubalheira na Petrobrás  e em outros setores  da administração Pública.


Sempre é  bom  lembrar, para  evitar falso  otimismo, que   o PT  tinha como  o  seu maior aliado  durante  esses treze  anos   de Governo  Lula/Dilma, com quem dividiu o balcão de negócios   em Brasília,  o PMDB. Não  podemos  nos esquecer que Dilma e Temer,  PT  e PMDB,   foram  irmãos  siameses  durante  esses treze anos de corrupção, incúria e incompetência  quanto `a  gestão brasileira.


Enfim, SETEMBRO  CHEGOU,  o povo  deseja  ardentemente  que a limpeza política continue, afinal, LUGAR  DE CORRUPTO  é  na  cadeia, jamais  nas estruturas  do PODER!


*JUACY DA SILVA,  professor universitário,  titular e aposentado UMT,  mestre  em sociologia, colaborador e articulista de jornais, sites, blogs e outros veículos de comunicação. Twitter@projuacy EmailO endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.  Blog  www.professorjuacy.blogspot.com 

 

Quinta, 08 Setembro 2016 09:22

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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Ainda dentro da semana que o Brasil comemora sua independência política de Portugal, ocorrida oficialmente em 1822, pensar sobre esse processo se faz necessário. Somado a outras coisas, o tempo que já vivemos, de um jeito ou outro, ajuda nas reflexões.

Para esse exercício, começo por uma revisão cronológica tão elementar quanto cruel: de 1500, ano do registro histórico de nosso descobrimento, até 1822, foram decorridos 322 anos de pura dependência.  

De 1822 até 2016, ou seja, momento do aqui e agora, somam-se 194 anos de tentativa de se obter a independência conquistada por um grito dado às margens de um riacho, o famoso Ipiranga, “personificado” no Hino Nacional. Portanto, para empatarmos o jogo temporal de completa submissão aos interesses portugueses, ainda nos faltariam 128 anos.

A esses indicadores, soma-se outro mais complexo: o término da escravidão no Brasil só ocorreu no final do século XIX, precisamente em 1888. Foram, pois, 388 anos de escravidão: primeiro, dos portugueses pobres, quase nunca vistos como escravos no processo de exploração; depois, dos indígenas e, por fim, pelo viés do tráfico humano, dos negros trazidos à força de países africanos. 

Assim, se abolimos a escravatura há apenas 128 anos, tendo experimentado as dores da escravidão por longos 388 anos de história, precisaremos de mais 260 anos para empatarmos esse jogo, que é um dos piores.

Mas a crueldade desse quadro histórico nem está tanto na cronologia, que nos é absolutamente adversa e perversa. Está na falta de rumos que poderiam indicar a suplantação de uma dura realidade vivida por todos nós, hoje, mas em especial, experimentada na carne pelas novas gerações.

Das novas gerações, subtraindo desse contingente a maioria dos filhos abastados e a minoria dos desvalidos, temos um exército gigantesco de seres humanos que vagam da forma mais vazia possível por um país de dimensões continentes.

Detalhe: essa afirmação é feita com base em observações e experiências concretas a partir de/com jovens ditos “privilegiados” no processo de exclusão social à que a maioria está sujeita; exclusão que se inicia pelo viés econômico e que se escancara pelos meandros de uma educação sem qualidade alguma.

Que jovens privilegiados são esses?

Os novos universitários; paradoxalmente, tão inteligentes quanto vazios. Com raras exceções, a maioria de nossa juventude chega aos espaços do ensino superior sem trazer na bagagem repertório cultural elementar. Aqui, incluo a falta de domínio básico da língua portuguesa. Resultado: queda do nível de nosso ensino.

Assim, vazios de informações elementares, que deveriam fazer parte do ciclo formal da educação, têm pouco tempo e oportunidades para se construir como profissionais minimamente razoáveis. Em termos de futuro de um país, isso tem preço social incalculável.

Mas se esse preço social é incalculável com a parte dos jovens “incluídos”, o que dizer da maioria excluída, até mesmo dessa oportunidade que já é deficitária?

Um pouco da complexa resposta talvez esteja na alarmante informação que vi em telejornais desta semana: o uso de cocaína, em nosso país, é quatro vezes maior do que a média de outros países do mundo.

Isso não diz tudo, mas diz alguma coisa. No mais, para bom entendedor poucas palavras bastam. O vazio que as políticas públicas estão deixando, com destaque à educação, está sendo completado por atividades que nos distanciam de um povo independente. E nas dependências, a morte é o que resta.