Segunda, 20 Abril 2015 16:15

 

É pauta obrigatória para os veículos de comunicação de massa uma ampla cobertura sobre o aniversário de Cuiabá, que completou no dia 8 de abril duzentos e noventa e seis anos.
As indagações são as mais oportunas e interessantes. De um modo geral, todos os jornalistas procuram os mais idosos para saber suas opiniões sobre o progresso da aniversariante.
Temos de ter cuidado com as respostas para não cairmos no pessimismo patológico nem na euforia inconsequente.
Considerando a população do ano que nasci, há oitenta anos, a população da cidade pelo senso do IBGE de 2013 aumentou, aproximadamente, trinta vezes.
Surgiram os arranha céus, avenidas duplas com canteiros centrais, trincheiras, viadutos, pontes sobre o Rio Cuiabá e até uma Arena que sediou jogos da Copa dos 7X1.
O número de veículos e motos aumentou assustadoramente, inviabilizando o trânsito em muitos setores da cidade.
O ensino superior é uma realidade. Hospedamos duas universidades, uma federal e outra particular, além de inúmeros cursos superiores em centros universitários e escolas isoladas.
É evidente que Cuiabá não é mais aquela de conversas pelas calçadas, encontros sociais nas praças e jardins, nascimentos, casamentos, morte e velório em casa.
Tenho saudades daquela pequena aldeia em que despreocupadamente vivíamos.
Cuiabá absorveu tudo de ruim que uma cidade grande tem, sendo que o pior foi o aumento da violência.
A expectativa de vida aumentou entre seus habitantes, mas perderam em qualidade.
A cumplicidade entre seus habitantes e a solidariedade são peças raras hoje em dia.
O medo tomou conta dos moradores e até carros blindados temos - exatamente como em outros grandes centros.
A segurança pessoal foi incorporada aos mais visados na escala social.
A corrupção acampou por aqui com a sua inseparável impunidade produzindo verdadeiras devastações nos nossos sonhos de cidade com oportunidade para todos.
Novos ricos assumiram o poder e os valores adquiridos pela educação caseira antiga estão sendo exterminados.
É o preço alto que pagamos pelo progresso não planejado.
Esperamos que Cuiabá procure a estrada do desenvolvimento social e volte a ser uma cidade mais justa e humana.

Gabriel Novis Neves

Terça, 07 Abril 2015 13:05

 

JUACY DA SILVA*

A  cada ano morrem mais  de dois milhões de  pessoas, principalmente  crianças  e idosas, em decorrência de doenças relacionadas com o consumo de alimentos contaminados por agrotóxicos, herbicidas, fungicidas, antibióticos  ou em estado de conservação impróprios ao consumo humano por conterem bactérias, vírus, parasitas ou outros  vetores patogênicos.

Em  sua edição de março último  a Revista National  Geographic, destacou em uma matéria que mais  de dois milhões de pessoas nos EUA ficam doentes  a cada ano por consumirem alimentos de origem  animal (principalmente bovinos, suínos e aves)  impróprios, os quais  contém altas doses de antibióticos, tornando  as  bactérias  altamente resistentes. Em 2014  ocorreram 23 mil  mortes devido a doenças vinculadas  ao consumo de alimentos que não  estavam de acordo com os padrões e normas,  internacionais e dos EUA. O custo dessas doenças para  o Sistema  de saúde nos EUA   foi  entre 21  e 34  bilhões de dólares. Informa  também a reportagem  que 80%  de todos os antibióticos consumidos/comercializados no país  são utilizados na  criação  de animais voltados à produção alimentar.

Em 1948, na primeira Assembleia da OMS (Organização Mundial de Saúde), organismo  especializado da ONU para  esta área, foi aprovada uma  Resolução instituindo o DIA MUNDIAL  DA SAÚDE, a  ser “comemorado” em 07  de Abril  de cada ano.  O primeiro DIA MUNDIAL  DA SAÚDE  foi em 1950 e  desde então, nesses 65  anos, a OMS  tem estimulado a  reflexão, análise e debates sobre  temas fundamentais para  a saúde.

O tema do DIA MUNDIAL DA SAÚDE  em  2015 é “Segurança  dos alimentos”, e envolve  a discussão desde a produção,  `a industrialização, o armazenamento, o transporte, a distribuição ou comercialização e o consumo. Mais  de 200 tipos de doenças  são  causadas por alimentos que são produzidos ou comercializados  e consumidos fora  dos padrões  estabelecidos pela “Codex  Alimentarius” uma  instância  da OMS  em parceria  com a FAO  e participação da União Europeia, mais 49 organizações  intergovernamentais, 16 organismos  especializados da ONU, 150 ONGs  de vários países. Em  2015 nada menos que 186 países  haviam aderido a CODEX ALIMENTARIUS  e   a  mesma  desde 2012  tem o reconhecimento da Organização Mundial do Comércio  com instância para dirimir conflitos entre países em relação as questões de alimentos e  também  o poder  de estabelecer normas  e padrões internacionais que todos os países  devem seguir para resguardar  a saúde  dos consumidores.

No momento em que o Brasil experimenta uma  verdadeira explosão na produção de “commodities”, sem que, todavia, muitas dessas normas sejam respeitadas, principalmente quanto ao uso de agrotóxicos, herbicidas, fungicidas, antibióticos e outros produtos nocivos à  saúde humana, é mais do que oportuno que possamos discutir este tema.

Outro aspecto  também importante nesta discussão é o papel da agricultura  orgânica ou agricultura sustentável ou agroecologia,  incluindo também pecuária  e os hortifruti,  como alternativa ao Sistema mercantilista de produção.

Este é um grande desafio que todos os governos e também entidades não governamentais, incluindo as que representam  a agricultura familiar, a  economia solidária e também dos consumidores  devem  enfrentar. Os custos  para  os sistemas de saúde  e também para a qualidade de vida da  população estão diretamente relacionados com a qualidade e segurança dos alimentos, cabendo aos organismos públicos, nas três  esferas de governo, fiscalizarem para que os alimentos consumidos  pela população atendam  a  essas normas estabelecidas pela OMS e objeto deste DIA MUNDIAL DA SAÚDE.

 

*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.  Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy