Terça, 10 Maio 2016 11:01

 

 

JUACY DA SILVA*

 

Esta primeira semana de maio de 2016 vai ficar marcada na história política brasileira como o início do fim do projeto politico de poder construído por Lula há mais de trinta anos quando fundou o PT e através deste projeto chegou `a Presidência da República ali permanecendo por oito anos e conseguindo colocar Dilma como sua sucessora e teleguiada.


Conforme a Lava Jato tem demonstrado sobejamente, este projeto de poder foi idealizado não com o objetivo de conduzir o país a um novo  e mais elevado plano de desenvolvimento nacional, mas sim para articular verdadeiras quadrilhas que aos poucos foram destruindo a administração pública, tendo a Petrobrás ,conforme revelado pela Operação Lava Jato tem demonstrado, como um “estudo de caso”.


O esquema do Mensalão foi um  arremedo do aparelhamento realizado pelo PT e  por Lula  e os correios como sua fonte de desvio de recursos públicos   através de uma quadrilha comandada pelo então chefe da casa civil, cuja sede era o próprio Palácio do Planalto.

Apesar de envolver toda a cúpula do partido e diversos parlamentares do PT, Lula não apenas sempre negava que o mensalão tivesse existido, mas acabou se safando, enquanto diversos de seus “companheiros” e operadores deste esquema criminoso acabaram sendo presos e indo parar na Papuda, por pouco tempo, diga-se de passagem.


Somente com o estouro da Operação Lava Jato, principalmente, a parte que é “comandada” pelo Juiz  Federal Sérgio Moro e integrantes da Força-tarefa integrada por procuradores do Ministério Público Federal e Polícia Federal foi possível desvendar mais um e até agora o maior escândalo criminoso que destruiu a Petrobrás e estava prestes a destruir o Brasil. Tudo isto, conforme a última denúncia do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, quando diz que este esquema criminoso só poderia ter existido e agido com tanta desenvoltura e voracidade se tivesse a cobertura de alguém muito importante. E este alguém é Lula, que acaba de ser incluído pelo referido Procurador em seu pedido para que Lula seja investigado e  passe a fazer parte do inquérito principal da operação lava Jato a cargo do STF.


Além de Lula também Dilma  está sob a mira de Janot  por obstrução da Justiça, pois ambos constam de denúncias tanto do Senador Delcídio Amaral quando de diversos empreiteiros e outros políticos corruptos que estão sendo investigados pela operação Lava Jato. Esta denúncia do Procurador da República também  recai sobre outros políticos do PT, do PSDB e PMDB. Incluindo os Presidentes da Câmara Federal, do Senado e o próprio Presidente do PSDB, elevando para quase 70 o número de gente importante com foro privilegiado.


Nesta semana também será definida a sorte de Dilma na Comissão Especial instalada no Senado há poucos dias com a finalidade de analisar o processo aprovado na Câmara Federal em que esta, por maioria esmagadora de seus membros,  367 deputados aceitaram a denúncia contra a Presidente por crimes de responsabilidade e aprovaram a admissibilidade de seu impeachment.


Na última quarta feira, há dois dias,  esta Comissão Especial , através do parecer de seu relator, senador Anastasia, concluiu pela recomendação do impedimento temporário da Presidente, sendo que este relatório deverá ser votado hoje, cabendo ao plenário do Senado na próxima semana aprovar o afastamento de Dilma por seis meses. Esta votação deve ocorrer possivelmente na  quarta feira dia 11 de maio e no dia 13 de maio, uma sexta feira, o Vice Presidente deve tomar posse e formar um novo ministério, possibilitando uma verdadeira faxina na corrupção no Governo Federal.


Em seis meses, no máximo, talvez até em menos tempo, Dilma deverá ser afastada definitivamente da Presidência, colocando o PT  e seus principais aliados PCdoB e PDT  na oposição, lugar de onde Lula e seus asseclas jamais deveriam ter saído.


Pelo  andamento da Operação Lava Jato, tanto a parte sob o comando de Sérgio Moro quando a outra que está sob a responsabilidade do  STF/Ministro Teori Zavaski, poderão desvendar todos os meandros das ações criminosos de  uma grande quadrilha instalada nos altos escalões  da política nacional , em associação com as maiores empreiteiras do país que ao longo desses treze últimos anos representou um verdadeiro governo paralelo, com o beneplácito de Lula, Dilma e outras figuras importantes do Poder.


Muita gente graúda que atualmente goza de foro privilegiado em breve estará frente `a Justiça, prestando contas de suas ações criminosas, suas mentiras e um marketing que tanto manipulou a opinião pública e as camadas mais pobres da população brasileira. Triste fim para um projeto de poder escorado na demagogia, na mentira, corrupção,  na criminalidade de colarinho branco e na incompetência técnica.


*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de A Gazeta. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

 

Segunda, 09 Maio 2016 10:42

 

 

JUACY DA SILVA*

 
Dentro de poucos dias, entre 11 e 13 de MAIO, o Senado Federal deverá, com certeza, aprovar o afastamento temporário da Presidente Dilma por seis meses, abrindo caminho para o seu afastamento definitivo e com isto pondo um fim, ao que como alguns analistas denominam de um projeto criminoso de poder, engendrado pelo PT e outros partidos aliados, que facilitou o surgimento de verdadeiras quadrilhas na gestão pública nacional, praticamente  um governo paralelo, que tantos males tem feito ao Brasil, `as suas instituições, ao seu povo e a imagem de nosso país internamente e no exterior.


Confesso que não me entusiasmo muito com um possível GOVERNO TEMER, pois diversos partidos e políticos corruptos que ajudaram a eleger e reeleger Lula e Dilma e  ao longo dos últimos 13  anos e alguns meses  estiveram mancomunados e mamando nas tetas do governo , simplesmente, iguais a ratos que pulam do navio quando o mesmo está prestes a naufragar,  abandonaram DILMA  e estão agora abraçados com TEMER, incluindo  diversos deputados federais, senadores e outros que fazem parte da LISTA DO JANOT ou da lista da Odebrecht, que recentemente o STF autorizou o Procurador Geral da República a iniciar investigações por corrupção dentro da operação lava  jato.


Quem ajudou a destruir o país e levou o Brasil à situação em que se encontra não tem condições e nem merece confiança do povo para reconstruí-lo, isto seria como imaginarmos que o vampiro pudesse devolver o sangue que sugou de suas vítimas ou a raposa pudesse dar vida às galinhas que matou quando estava cuidando dos galinheiros.


Imagino que o povo brasileiro não saiu às ruas para que apenas Dilma, Lula e seus  aliados deixem o poder, mas sim, para que todos os corruptos sejam banidos da vida política e  administrativa de nosso pais. Se os corruptos permanecerem impunes e passarem a fazer parte de um novo governo, mesmo que chamem a isto governo de transição ou de salvação nacional, estaremos apenas TROCANDO SEIS POR MEIA DÚZIA. Inúmeras pesquisas de opinião públicas tem indicado que o maior problema que afeta o Brasil é a corrupção, mãe de todos os males que estão destruindo o país e infelicitando a população.


A limpeza ética da política brasileira vai muito além do mero impeachment de Dilma, por isso a luta contra a corrupção, a incompetência, o descaso, a mentira, a demagogia e o aparelhamento do Estado brasileiro deve continuar com o mesmo afinco de antes. O impeachment/afastamento de Dilma é apenas o primeiro passo nesta luta por ética, eficiência e decência na politica e não um fim em si mesmo. Por isso, devemos continuar vigilantes para que o Brasil reencontre seu verdadeiro destino e o povo possa ser tratado com  mais respeito e dignidade pelos governantes.


*JUACY DA SILVA,  professor universitário, titular e aposentado UFMT,  mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais,  sites, blogs e outros veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blogwww.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
 
 

Terça, 03 Maio 2016 09:31

 

Benedito Pedro Dorileo

 

 

Observando a etimologia da palavra sinestesia procedente do grego, temos a informação de ato de perceber uma coisa ao mesmo tempo que outra, a percepção simultânea para combinar sensações diferentes numa só expressão.

 

Afirmam os estudiosos que a sinestesia desempenha fino papel na literatura, como se tem notícia no século XVIII com Filinto Elísio estudando a cor dos vocábulos, chegando a suscitar a loura alegria e a pálida morte. Da palavra para a arte plástica, o poder da imaginação pode colocar no cinzel o valor sinestésico. Auguste Rodin, o escultor, afirma estar a beleza em toda parte, salientando que não é ela que falta aos nossos olhos, mas os nossos olhos que deixam de percebê-la. E proclama o corpo humano como a força máxima do caráter na natureza a retratar o belo: “em um momento assemelha-se a uma flor, a flexão do torso imita a haste, o sorriso dos seios, a cabeça e o brilho da cabeleira respondem pelo desenvolvimento da corola”. Ainda possível a silhueta do dorso que se afina na cintura e alarga-se nas ancas figura um vaso, a ânfora que repousa em seus flancos a vida do futuro. Victor Hugo arrebenta a onda da sensualidade assim concebendo: “o que adoramos no corpo humano é, ainda mais do que a sua forma tão bela, a chama interior que parece iluminá-lo por transparência”.

 

Imagine tudo isto no prodígio da sala de aula, a pequena e grande assembleia do conhecimento, banca de troca de ideias em que professor e aluno se realizam em plenitude. Certo dia abordando a Estilística, uma aluna surpreendera com o grito de aleluia, fazendo-me colocar no bolso o plano de aula – a ideia superou. Foi o bastante para o formidável interesse de todos: da ressurreição ao arrebatamento, do ascendimento do espírito a uma braçada de flores sensoriais do encanto. E choveram ofertas sinestésicas de conquista, ventura, céu aberto, mística, beatitude, deleite, êxtase, luz, animação, paraíso, glória. Quantos verbos: alegrar-se, usufruir, regalar-se, banhar-se em água lustral. Um sonho pode encerrar fato sinestésico: viver em uma nação encantada, onde as pessoas se irmanam indistintamente sem divisão de classe social, jamais dividindo nós e eles, com troca do alimento sem nenhum fruto proibido.

 

Revejo um plano de aula em ficha amarelada e encontro outra graça de confronto do prazer com a dor. Dos prazeres sensuais, materiais e dos sentidos: da sensualidade à luxúria, da voluptuosidade aos acúleos da carne, do ardor fogoso ao leito de rosas, do estalar os lábios ardentes ao beijo do amor seráfico. E a dor nas aflições que nos mordem, como a amargura e a tortura, a miséria e a agonia. O traspasso do padecimento das vítimas dos enlouquecidos do poder: do holocausto hitleriano à morte soviética massificada nas geleiras siberianas. Execrável tudo por completo em campos opostos – incompatível de imitação. A volta à calma em minhas aulas de Educação Física transportada para a sala, respirando fundo lentamente, findamos não com o dilacerar, todavia com a dor sublime dos mártires que nos legaram liberdade; e então, relaxamo-nos entre o tórrido e o gélido, conquistando o lugar comum. Era a mística em festa sinestésica da sala de aula que jamais a máquina consumirá.

 

                                                               Benedito Pedro Dorileo é advogado e foi

                                                               Reitor da UFMT

 

Segunda, 02 Maio 2016 12:22

 

JUACY DA SILVA*
 

Desde que teve início a tramitação do processo de impeachment de Dilma na Câmara dos Deputados, com a instalação da Comissão especial  que deveria examinar a denúncia e elaborar o relatório que deveria ser apreciado pelo plenário daquela Casa de Leis, Dilma, Lula, o PT, PCdoB, PDT  vem insistindo na tese do Golpe.


Após  ter transformado o Palácio do Planalto em um palanque permanente para seus discursos  inflamados, pelos aplausos da militância, dos bajuladores e pelegos dos movimentos sociais e sindical, Dilma parece um tanto fora de órbita e quase alucinada porque em seu círculo íntimo deve saber que sua sorte já está lançada e dificilmente escapará  do afastamento temporário  por seis meses e, posteriormente, do  afastamento definitivo do cargo de Presidente da República.


Mesmo que os fatos  e denúncias apresentados como justificativas para o seu afastamento estejam calcados na pedaladas fiscais e os famosos decretos, na verdade, Dilma cometeu não apenas aqueles crimes de responsabilidade, mas seu governo, marcado pela corrupção, pela  incompetência, pela mentira e pelo descaso com a sorte e situação do povo brasileiro, a presidente  e todo o seu séquito que ao longo de anos, desde o início do Governo Lula, aparelhou a administração federal, transformando o governo em mero apêndice do PT e em parceria com empresários corruptos e outros setores e partidos, transformaram o país em uma figura caricata do que um dia imaginou-se poderia ser um projeto de governo , substituído  por o que alguns analistas denominam de “projeto criminoso de poder”. Faltou a Lula e ao PT a competência para criar um projeto nacional ao redor do qual o país pudesse realmente ser mobilizado.


Como soe acontecer, todo governo autoritário, opaco, corrupto, sem princípios éticos, sem planejamento e incompetente tende a levar o país e sua população para a bancarrota, o fundo do poço, o desastre econômico, fiscal, financeiro, gerando o caos social e alimentando as crises institucionais.

Antes Dilma e seus apoiadores tinham um discurso agressivo, prepotente, manipulador, alimentado por um marketing de fachada e escudado na mentira que em meio ao aprofundamento da crise, principalmente depois que a Câmara  Federal aprovou por maioria esmagadora a admissibilidade do impeachment e que o processo deveria ser realmente julgado no Senado Federal, Dilma aos poucos baixou  o tom de seus discursos e fala em conciliação, em diálogo, em entendimento como forma de  salvar os dedos quando os anéis já se foram.  Mas agora  é tarde, “agora Inês é morta”.

A instalação da comissão especial no senado demonstrou que aos poucos o apoio a Dilma vem minguando e dentro de poucos dias ela deverá ser julgada e afastada por seis meses, tempo suficiente para desmontar todo o aparelhamento que o PT e seus aliados fizeram com a administração  federal, incluindo dezenas de milhares de cargos comissionados, esquemas de financiamento de movimentos sociais, esquemas de corrupção em todos os ministérios e estatais e diversas outras manipulações.


Mesmo que a crise continue, pelo menos muita  coisa ilegal, mal feitos e mais corrupção e  crimes contra a administração  deverão  ser descobertos , determinando o fim de um ciclo na política nacional. Tanto a operação lava jato em Curitiba quanto a outra lava jato que está  a cargo do STF  deverão continuar, pois este é o desejo do povo,  deverão ajudar o Brasil ser passado a limpo, mesmo que outras cabeças coroadas possam rolar neste processo, este é o momento de ir mais a fundo neste processo de limpeza ética. 


O Governo Temer  que também  carrega  este pecado original de ter estado , juntamente com seu PMDB e outros partidos que pularam do barco ante o naufrágio do projeto de poder, de ter  estado associado a LULA/DILMA/PT  por longos 14 anos, corre o risco de sucumbir neste processo, seja pela tramitação do pedido de cassação da chapa Dilma/Temer, bem como da situação periclitante de Eduardo Cunha e Renan Calheiros, próximos na linha sucessória, acusados de corrupção. Ou  seja, os quatro na linha de sucessão: Dilma, Temer, Eduardo Cunha e Renan Calheiros não tem  respaldo popular e nem legitimidade  para apontarem o rumo para um projeto de salvação nacional, sua biografias continuam manchadas também.


Em torno dessas figuras muitas  outras  estão afundadas na lama da corrupção ou sendo investigados por tais práticas, como consta os que fazem parte da LISTA  DO   JANOT. Com uma elite política como esta o Brasil não vai sair da crise tão cedo e o povo vai continuar ocupando as ruas,  protestando contra esta situação vergonhosa em que estamos vivendo.


Na  verdade o povo deseja mesmo é que todos os envolvidos em acusação de corrupção sejam afastados de seus cargos públicos, que a impunidade e os privilégios sejam combatidos e banidos  de fato e as gavetas dos palácios e do Congresso sejam esvaziadas e limpas, para que  um recomeço seja possível antes que seja  tarde demais!


*JUACY DA SILVA, professor  universitário,  titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de A Gazeta. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
 

Quarta, 27 Abril 2016 14:26

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT

 

Engana-se quem pensa que o Brasil vive hoje um clima de caos; já estamos no estágio da degeneração nos planos politico-social-econômico, cultural, educacional, ético...

 

Em nossa história recente, um momento caótico, ou seja, de desordem geral, foi, p. ex., o período em que Sarney presidiu o país.

 

Naquele período, o descontrole do governo era tamanho que Humberto Gessinger, dos Engenheiros do Hawaii, emAlívio Imediato, compôs “Nau à deriva”, um dos mais felizes retratos poéticos para uma das experiências mais infelizes de uma nação. Ao olhar do compositor, em sua “Nave Mãe”, tudo lhe parecia estar “longe demais do cais do porto, perto do caos”. A “Nau, à deriva”, vivia literalmente o “apocalipse now”.

 

Pois bem. Se nos registros cosmogônicos, crê-se que um ser sobrenatural, do caos, fez a vida, no Brasil, do caos se encaminhou à degeneração; ou seja, um estágio de decomposição, destruição, perversão geral das coisas e dos seres.

 

Do caos, com muito esforço, pode-se sair; da degeneração, o buraco é “pressálico”. A saída é complexa. Nada é conjuntural. Tudo é estrutural. Tudo é sistêmico.

 

E se alguém tinha dúvidas sobre essa condição, o resultado final da votação da Câmara Federal que acatou o pedido de impeachment da Sra. Rousseff foi prova inconteste. Poucas vezes, senti vergonha de ser brasileiro. O mundo todo viu aquilo!

 

Foi desumano ver um corrupto, um ser desprezível presidir aquela sessão. Foi inominável ver deputado após deputado declarar seus votos, fosse para acatar ou descartar o pedido do impeachment. Nunca o cinismo falou tão alto. E todos eram nossos representantes! Aquilo era a nossa cara!

 

Mas por que o cinismo se sobressaiu?

 

Porque votaram por tudo: Deus, família etc. Como “nunca antes na história deste país”, o desprezível conservadorismo regozijou-se tanto. Fiquei aguardando, em vão, que alguém tivesse a coragem de apresentar seu voto pela/o amante e/ou pelo filho bastardo, desde sempre mantidos na surdina; ou por outras personagens anônimas do submundo da capital federal, tão frequentado por muitos seres de colarinho branco.

 

Por outro lado, também era inominável saber que a senhora denunciada, portanto, posta em julgamento em “praça pública”, no plano político, não tem a menor defesa, embora, no plano jurídico, conforme visão de alguns juristas e sectários, sim.

 

Por isso, também foi dolorido ver criaturas – que não são democráticas, embora pensem que sejam – falar em nome da democracia. Nunca esse bem herdado dos gregos antigos foi defendido com tanta abstração.

 

A própria presidente, quando fala em democracia, o faz de forma abstrata, etérea. Só para ficar com um exemplo, cito o seu silêncio diante da última greve das universidades federais, subjugadas por seu partido, o PT. Nem mesmo os ministros da Educação (Janine e Mercadante) foram autorizados para o diálogo. “Democraticamente” fomos ignorados e derrotados pelo desdém do staff governamental, que hoje clama por democracia.

 

Mas para não terminar este artigo sem acreditar em saídas, resgato reflexões de Ionesco, para o qual, “onde não há humor, não há riso, há cólera e ódio”. Felizmente, no Brasil, mesmo depois desta “página infeliz de nossa história”, o que não faltou foi humor.

 

Nas redes sociais, o riso correu solto, e dos dois lados antagônicos. Por isso, espero que a cólera e o ódio, disseminados por políticos velhacos, não nos contagiem. Que sejamos capazes de ser superiores a eles. Só assim, mesmo que demore, poderemos sair da degeneração ao caos, e do caos à normalidade social.   

Terça, 26 Abril 2016 09:50

 

                                                                                   Benedito Pedro Dorileo

 

 

Na experiência alcançada em sala de aula a estudar a Estilística da Língua Portuguesa, fomos observando que as palavras se encontram subordinadas a uma escala de valores expressivos: umas fundamentais, garantidoras do sentido – as reais (semantemas): do substantivo ao pronome. Os instrumentos gramaticais (morfemas) são construídos por elementos de relação e precisão: artigos, preposições, conjunções e, por vezes, advérbios e numerais.

 

Na prática, a velocidade da vida hodierna impõe economia de palavras para se não perder tempo. O homem de ação arredonda a frase para agir, comandar, até para criar palavra de ordem – como nos sindicatos, ademais nestes tempos políticos de marqueteiros.

 

Hoje a linguagem da internet exige esta concisão – a palavra custa dinheiro.

 

As palavras reais distinguem-se pela sua força expressiva, despertando imagem enérgica das coisas a que se referem, criando em cada pessoa sensação/emoção que particularmente lhe sucede. Somos saudosos das horas vividas em meio aos estudantes, na bela alacridade a exprimir em cada um a sensação da palavra, invadindo-lhe a sensibilidade do cérebro.

 

A palavra chuva proporcionava uma festa nas chaves visual, térmica, olfativa, auditiva e até táctil. – E quantas ideias paralelas como bátega, ruído, enchente, goteira etc. Depois a concepção de frases: a prosa e chegava à poesia pelo poder sinestésico.

 

Imaginem as sensações provocativas das palavras: limão, céu, lágrima, sorriso. De nossa parte, o sino traz-nos a evocação das imagens saudosas do menino salesiano chamado nas manhãs para a celebração eucarística; o terceiro toque para a saída da procissão. Ou para o literato o significado fatal do sino para Macbeth na dramaturgia de William Shakespeare. Ou a emoção súbita de morte a qualquer hora anunciada pelo repicar fúnebre do sino. Acrescentem-se imagens sonora, motriz, visual e outras, como a lembrança do sineiro da Catedral, o adolescente Carlos Eduardo Epaminondas – médico cuiabano decano.

 

Predominam imagens visuais, como é próprio de objetos materiais, coisas tangíveis. A fantasia pode transcender para além do objeto e dá representações que pouca relação têm com ele – é o que se chama de parafantasia: o vento pode lembrar o barco, o moinho e até a energia eólica.

 

As palavras abstratas não são tão representativas em tese; porém, sua forma sonora gera fartas imagens, como a cor e sensações tantas. Estudiosos veem cor em saudade – azul; rancor – vermelho; esperança – verde; paixão – roxo. Chegamos a um ponto importante: a estas correspondências, interpenetrações de múltiplos sentidos levar-nos a um estudo interessante de cunho científico: a sinestesia, que desempenha função destacada na literatura. Basta saber que prosa e especialmente poesia socorrem-se naturalmente de percorrer o seu caminho. A continuar.

 

                                                  

                                                         Dorileo é associado da Academia

                                                         Mato-Grossense de Letras, cadeira nº 26.

                                                         Patrono: Joaquim Duarte Murtinho.    

 

Segunda, 25 Abril 2016 12:59

 

 

Por Juacy da Silva*

 

Quando Dilma foi reeleita para a presidência da República, há pouco mais de um ano e meio, pouca gente imaginava que o fim de um projeto de poder construído por Lula, o PT e seus aliados, na época   uma ampla maioria de partidos, chegaria ao fim de forma tão rápida e tão trágica.

Diversas foram ou são as razões que explicam este fracasso politico, econômico e de gestão pública. A principal razão foi a corrupção que minou profundamente a gestão petista, onde o petrolão foi como  a continuidade do MENSALÃO, em proporções gigantescas, envolvendo a cúpula empresarial, altos dirigentes de Estatais e diversos setores da administração pública federal, aparelhada pelo PT e demais partidos aliados, incluindo o PMDB, PP, PR e outros que faziam parte da “base” do governo no Congresso Nacional.


Em segundo lugar foi a falta de planejamento, substituído pelo voluntarismo, pelo populismo demagógico e um fisiologismo desmedido. O Palácio do Planalto mais se parecia com um grande Mercado persa, onde cargos nos diversos escalões da administração federal e a liberação de ementas parlamentares e outros “favores” passaram a ser as moedas de troca para  um governo corrupto, medíocre, sem rumo e incompetente.


O desastre econômico, financeiro, orçamentário e fiscal desde o período da campanha de 2014 já  era denunciado por diversos candidatos de oposição ante  as mentiras douradas por um “marketing” de fachada, onde a mentira e as ameaças  eram as armas prediletas do núcleo de agitação e propaganda petista,  conduzido por uma dupla de marketeiros, que atualmente encontra-se  presa em Curitiba por uso de dinheiro oriundo da corrupção, conforme a operação lava jato vem a cada dia demonstrando de forma mais clara.


Costuma-se dizer que no crime organizado, muitas vezes as brigas de quadrilhas é que possibilitam que o submundo da criminalidade venha a tona. Assim também aconteceu e continua a acontecer na operação lava jato, que a cada dia mais se aproxima do núcleo central do poder, chegando mais perto de Dilma, de Lula, do PT e de outros partidos que até  há poucas semanas dividiam o botim da corrupção em que se  transformou nosso país.

Quando partidos de oposição denunciaram práticas nada éticas e nada democráticas  e muito menos republicanas utilizadas na campanha de reeleição de Dilma,  pouca gente poderia imaginar que um dia a  verdade poderia vir a tona  e isto levaria ao desastre do que muitos denominam de um “projeto criminoso de poder”.


As  denúncias de corrupção pipocam a cada dia e envolvem figuras ilustres e importantes da República, incluindo ministros, ex-ministros, dirigentes de estatais em associação com empresários que na verdade são muito mais criminosos de colarinho branco do que realmente Esse esquema corrupto e criminoso envolvem inclusive os Presidentes da Câmara  Federal e senado Federal, cujos presidentes  também estão sendo denunciados junto ao STF, juntamente com dezenas de senadores, deputados federais e outras autoridades, conforme consta da LISTA DO JANOT.


Empresários que sistematicamente fraudaram licitações, super faturaram obras de baixa qualidade  ou até mesmo obras e serviços fantasmas, cujo fim ultimo sempre foi a formação de um governo paralelo dirigido por criminosos de colarinho branco também fazem parte deste projeto criminoso de poder.


Mesmo que Dilma, o PT  e seus aliados sempre tenham tentado judicializar as investigações que foram tentadas no Congresso Nacional através de CPIs,  as tentativas de impeachment  aos poucos foram ganhando corpo, até que  um “racha” na base politica parlamentar colocou em campos opostos o PMDB, dirigido pelo Vice  Presidente Michel Temer e de outro o PT e seus aliados mais próximos como o PCdoB, PDT, PSOL provocando o STF como forma de impedir que um processo de impeachment pudesse seguir em frente.


Apesar de todas as manobras do Governo, o impeachment foi aprovado, há poucos dias, por ampla maioria dos integrantes da Câmara  Federal e agora segue de forma célere no Senado Federal e, tudo levar a crer que, dentro de no máximo duas semanas, talvez entre dos dias 12 e 13 de maio, que será  uma sexta feira, Dilma deverá ser   afastada por no máximo seis meses e ai poderá perder definitivamente o mandato.


Com isto haverá  o desmonte dos esquemas de corrupção e do aparelhamento que o PT e seus aliados fizeram da administração federal. Com  certeza muita gente, até  agora acima de qualquer suspeita, poderá ir parar na prisão e o povo poderá  saber o que realmente ocorria no submundo do poder e do governo petista. Muita coisa ainda está para ser revelada!


Em tempo, mesmo com o processo de impeachment  seguindo as normas constitucionais, os procedimentos legais e regimentais da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e o rito estabelecido pelo STF, tanto Dilma quanto Lula , o PT, O PCdoB, PDT e outros setores ligados ao Governo insistem em chamar o referido processo de GOLPE.


Coube a vários ministros do STF, diversos juristas e dirigentes dos partidos de oposição e também a OAB demonstrarem que nem o Brasil e muito menos o Governo Dilma estão na iminência de sofrer  um GOLPE de Estado. Caso Dilma seja afastada por seis meses, o que é muito provável ou de forma definitiva, dependendo do andamento do processo, com certeza  vai haver  um grande desmonte de todos os esquemas de corrupção, de aparelhamento da administração  federal por parte do PT e seus aliados e ai, sim, muita coisa podre poderá vir a tona e ninguém duvida que sérias consequências deverão afetar inclusive o rumo das eleições municipais e o futuro da política brasileira.

 


*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia,  articulista de A Gazeta. 

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Sexta, 15 Abril 2016 10:24

 

 

JUACY DA SILVA*

 

Primeiro precisamos saber o que significa “requiem” e depois porque esta ideia de que o governo Dilma acaba de morrer  nesta data, independente do que a Câmara Federal vai decidir quanto ao processo de impeachment que já foi aprovado pela Comissão Especial e também conta com a  adesão de mais de 65% da opinião pública brasileira.


O termo “requiem”, de acordo com o site/sitio  significados, refere-se a um tipo de missa especial celebrada pelas igrejas católica, anglicana, metodista e ortodoxa destinada a homenagear os mortos. Este termo origina-se do latin “requies” que significa  descanso, repouso. Nessas missas fúnebres a primeira palavra que o celebrante pronuncia é “requiem” ao “encomendar” a alma do falecido.“Requiem aeternam dona eis, Domine (“Senhor, concede-lhes o eterno descanso”).


Assim, acontece com o Governo Dilma, que após a reeleição e posse em segundo mandato derreteu de uma forma impressionante, em decorrência da crise econômica, orçamentária e fiscal que a falta de planejamento levou o país ao mais completo caos em todos os setores da  administração.


Ao mesmo tempo, o aprofundamento das investigações da operação lava jato tem demonstrado, com um alto nível de detalhamento, que o aparelhamento da administração pública acabou possibilitando o surgimento e ampliação de um verdadeiro governo paralelo gerido por quadrilhas, as quais são compostas por gestores públicos, políticos e empresários. Um verdadeiro esquema criminoso de poder não apenas destruiu a Petrobrás mas tem braços em diversos outros setores da administração pública e atinge em cheio o sistema partidário, eleitoral e o financiamento de campanhas eleitorais com dinheiro sujo, oriundo da corrupção que durante os anos do Governo Lula e Dilma correu e continua correndo solta.


Quando Dilma foi eleita a sua ”base” parlamentar era composta de 341 deputados na Câmara Federal,  a oposição com 99 deputados e o bloco “independente” somava 73 deputados federais. Diante disso  o Governo Dilma fazia o que bem entendia e recebia a aprovação passiva desta maioria cega, que fechava os olhos para o caos em que estava a administração federal, caos este que se refletia na incapacidade do Governo em prover bens e serviços que atendam os interesses e as necessidades do povo brasileiro.


Saúde, saneamento básico, segurança publica, meio ambiente, educação, enfim, todos os setores da administração federal continuavam se deteriorando a olhos vistos e o sofrimento do povo na porta das unidades de saúde, dos desastres ambientais, da insegurança publica e da violência que a todos amedrontam, de uma educação que perde qualidade a cada dia, de uma infra estrutura que está caindo aos pedaços de uma forma rápida indicavam que o Governo Dilma desde o primeiro dia de seu segundo mandato havia perdido o rumo e só continuava sobrevivendo graças `as barganhas de cargos e favores que alimentavam partidos e políticos desprovidos de ética e que só se interessam por práticas fisiológicas.


As intrigas e apetite desmesurado pelo poder e suas benesses, aliados à  certeza da impunidade acabou por escancarar o Governo Dilma para práticas “nada republicanas e muito menos éticas”. O diálogo e a eficiência, que devem decorrer do planejamento e um o  projeto de pais cedeu lugar para a prepotência, a mentira, a incompetência e a improvisação, calcados em slogans  vazios como  o que “inspira” sua logo marca “Brasil, pátria educadora”, que poderia ser substituído por Brasil, país mais corrupto e sem rumo no mundo.


Diante de tudo isso, chegamos ao processo de impeachment que deverá  ser definido pela sua admissibilidade no plenário da Câmara Federal neste final de semana. Se for aprovado, o que a maioria do povo e dos organismos de pesquisas indicam, segurará para o Senado, que dificilmente, terá condições políticas e éticas de  barra-lo.


Na Comissão Especial o Governo foi derrotado de forma clara, 38 votos contra 27. E desde então, nos últimos dias, diversos partidos e parlamentares que sempre estiveram mamando nas tetas do governo e da administração federal, da mesma forma que ratos em meio a um naufrágio, acabam pulando do barco. Neste momento diversos desses partidos e parlamentares fisiológicos estão percebendo que o Governo Dilma já morreu e o melhor que fazem é bandearem-se  para o outro lado e jogar  uma pá de cal na sepultura, depois de uma missa de réquiem para o falecido governo Dilma.


Mesmo que o Governo Dilma consiga os 172 votos para barrar o impeachment este governo chegou ao fim, de um lado vai estar nos braços dos últimos partidos e parlamentares que continuam “acreditando” e se aproveitando das vantagens dos cargos e outros favores que o Governo pode lhes oferecer e de outro lado Dilma está completamente sem autoridade, tendo Lula como uma espécie de primeiro ministro mandando de fato. E, finalmente, a operação Lava Jato, comandada de Curitiba pelo Juiz Sérgio Moro e a força tarefa do MP e Polícia Federal continuam fustigando os esquemas corruptos que, de fato, destruíram o governo Dilma e ameaçam a democracia e o estado de direito.


O Brasil não pode se dar ao luxo  de ser governado pelas diversas máfias que se enquistaram nas estruturas do poder. Se  cair, Dilma, o PT e Lula e seus minguados aliados serão as últimas vítimas da corrupção, por que a primeira vítima tem sido o povo brasileiro.


Em tempo, no apagar das luzes, na noite de ontem, quinta feira, o STF  teve que realizar  uma longa sessão para julgar cinco ações que foram interpostas pelo PT, PCdoB, PTdoB, pelo Governo através da AGU  contestando a ordem de votação  na Câmara Federal no domingo e também o pedido da AGU para que o Relatório da Comissão Especial fosse considerado nulo, enfim, o Governo e seus aliados estão fazendo de tudo para “melar” o processo e ganhar no tapetão.


Todavia, depois de muito debate, que em minha opinião é perda de tempo  por parte do STF e $$$ para os contribuintes, a mais alta Corte de Justiça de nosso país negou esses recursos e acatou a ordem de votação  estabelecida pelo Presidente da Câmara, que deveria já ter sido cassado tendo em vista os indícios e provas de atos de corrupção em que o MP e a Polícia Federal indicam que esteja envolvido, juntamente com seus familiares.

Mesmo que Dilma sofra o impeachment e seu governo chegue ao fim em poucos meses, a luta do povo brasileiro para que seja realizada  uma “limpeza” geral nas estruturas de poder e que os corruptos tanto gestores e políticos quanto empresários sejam alijados da vida pública.


O povo deseja que todos os corruptos, de todos os partidos e setores da sociedade brasileira sejam investigados, condenados, presos, só  assim teremos mudança de fato.  Para isso o MP e o STF  precisam agir com mais celeridade, como vem agindo o Juiz SERGIO MORO , em Curitiba, para que todos os que  constam da LISTA DO JANOT possam também acertar contas com a Justiça. Ai, sim, o Brasil estará em condições de começar  uma vida nova, longe  desta crise que tantos males vem causando ao país e ao povo brasileiro.


*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de A Gazeta. E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.  Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

Quinta, 14 Abril 2016 10:07

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT

 

Quem acompanha minhas reflexões semanais já percebeu a dificuldade que venho tendo para aceitar a ideia de golpe contra o governo Dilma, ainda que tão cantado em prosa e verso, principalmente por líderes governistas e seguidores. Sempre que posso, tenho dito que “golpe”, no sentido clássico do termo, beira enxergar fantasmas.

 

Em sentido amplo, sim: golpes diários nos acompanham desde sempre. Mentir descaradamente, p. ex., em campanha eleitoral é um tipo de golpe, e dos mais rasteiros. E desse pormenor, quase nenhum político brasileiro se isenta. A Sra. Rousseff talvez tenha sido a que melhor exerceu essa “arte” nas últimas eleições. Claro que sua arte parece ter sido bem regada com recursos/doações que precisam ser investigados.

 

Por tudo isso, ao invés de golpe, tenho falado em “jogatinas”, tanto de um lado quanto de outro, ainda que essa divisão, na essência, seja um dos maiores engodos desta tensa conjuntura. Só os tolos poderiam ver alguma oposição verdadeira ao atual governo.

 

“Seis e meia-dúzia” ou – bem no popular – “farinha do mesmo saco” são expressões perfeitas que desnudam governistas e “oposicionistas” nessa Babel brasileira. Tanto para uns (eles ou nós) como para outros (nós ou eles), o deus Mercado deve continuar intocável em seu trono e o sistema “imexível”. Nesse sentido, ambos os grupos entendem bem que tudo deve mesmo “permanecer como dantes no quartel de Abrantes”.

 

Portanto, no limite, o que há de concreto são interesses de diferentes grupos políticos falando muito alto. Só isso. Mas isso, verdade seja dita, já não é mais pouca coisa num momento de tanta efervescência. E por não ser pouca coisa, a calmaria reinante no referido quartel pode, sim, passo a admitir, ser alterada quando menos esperarmos.

 

E por que só agora admito isso?

 

Porque, enfim, o vice-presidente, Michel Temer, de quem sempre devemos temer, saiu do campo de suas constantes e rasteiras jogatinas para entrar no espaço da explícita conspiração política. De fato, uma desfaçatez sem precedentes.  

 

O sanguessuga peemedebista, antes e há pouco colado em Rousseff, deu um salto grande demais noscript que está sendo escrito no complexo cotidiano do país; e o fez da maneira mais abjeta possível: conforme desculpas suas, por “gafe”, clicou para “grupo errado do WhatsApp”, disparando um esboço (em áudio) do que falaria à nação assim que Dilma fosse impedida de continuar em seu trono. Fiquei perplexo.

 

Minha perplexidade jogou-me naquele dito popular: “se ficar, o bicho come; se correr, o bicho pega”. Assim, se particularmente ainda vejo que o impeachment poderia se sustentar por conta de crime de responsabilidade, ele não será mais algo razoável nem honesto neste cenário. Só de pensar num conspirador desse tipo como presidente é desesperador. Antes ficar, pelo menos por mais um tempo, com um governoexpert em corrupção. A que ponto chegamos!

 

A conspiração de Temer, aliada com ditos oposicionistas, foi muito descarada. Conspiração para tentar fugir, ele próprio, de um impeachment; afinal, sua ficha política, de limpa, não tem nada.

 

Diante desse quadro, encerro lembrando aquela partida de futebol entre Alemanha (7) e Brasil (1). Naquele momento, nem com Pelé em plena forma física algo seria revertido. O jogo já estava perdido.

 

Hoje, nosso jogo político também está perdido. Para onde corrermos, há um enorme buraco no meio do caminho. O país está em xeque-mate. Só não é possível precisar por quanto tempo viveremos esse estágio de derrotados.

 

Triste Brasil! Nada a comemorar. Tudo a temer.

Quarta, 13 Abril 2016 10:40

 

JUACY DA SILVA*
 

Com toda certeza  estamos vivendo uma grave crise em nosso país e com muitas  consequências para o Governo Dilma  que está prestes  a  entrar em colapso. Se  até agora ainda restava uma réstea de esperança para o PT, Lula , Dilma e seus aliados, com o aprofundamento das investigações  da operação lava jato e o andamento acelerado do processo de impeachment na Câmara Federal, Dilma e seu séquito estão diante de dias tenebrosos.

Existem dois grandes cenários no horizonte para os próximos três ou quatro meses. O primeiro é que o processo de impeachment seja aprovado na Câmara Federal e ai dificilmente o Senado terá condições de freá-lo, por mais que Renan Calheiros, que também está sendo investigado pelo Procurador Geral da Justiça em sete processos acusado de corrupção e os petistas tentem, dificilmente conseguirão barra-lo. As pressões  das massas que deverão tomar conta das ruas, praças e avenidas deste país terá a força e o impacto de um “tsunami’ politico  e social.


O outro cenário será representado pela aprovação do impeachment na comissão especial que está analisando o assunto e a oposição não conseguir os 342 votos necessários para aprova-lo na Câmara Federal e  encaminhar o assunto para a deliberação do senado, ou seja, Dilma seria salva na undécima hora, mas aí teria que pagar a “fatura”, das negociatas que  anda fazendo com partidos e deputados para que votem contra o impeachment ou estejam ausentes da Sessão na Câmara Federal que irá votar o relatório da Comissão Especial que está analisando a admissibilidade do impeachment.


Todavia, neste caso também seu governo estará totalmente esfacelado, pois a oposição passará a contar com boa parte de inúmeros dissidentes do PMDB, PP, PR, PDT,PSD, PSL, PDT e outros partidos da base aliada. Dilma  estará mais do que nunca refém do chamado baixo clero, um grupo de deputados fisiológicos, que votariam contra o impeachment em troca de favores concedidos por Dilma, na forma de cargos e distribuição  de verbas de emendas parlamentares. Esses seriam  aqueles parlamentares, sobre os quais Lula há um bom tempo disse que existiriam 300 picaretas no Congresso.


A opinião pública vai marcar esses deputados que votarem contra o impeachment através da troca de favores estabelecidos no balcão de negócios em que se transformou o governo, para vergonha do povo brasileiro e dificilmente  esses  seriam reeleitos nas próximas eleições, ou seja, irão trocar seus mandatos por favores e fisiologismo, ante sala da corrupção. Muitos desses que estão “vendendo” seu apoio para a manutenção de Dilma fazem parte da LISTA DO JANOT e estão sendo investigados pelo Procurador Geral de Justiça, e, mesmo a conta gotas acabarão sendo denunciados junto ao STF, a quem cumpre julgar quem tem foro privilegiado, na OPERAÇÃO LAVA JATO, a cargo do Ministro Teori Zavaski.


Em ambos os cenários o nível de agitação  e  conflitos nas ruas, praças e avenidas por este Brasil afora, entre um grupo minoritário que apoia Dilma, Lula, PT e alguns outros partidos e um outro grupo muito mais numeroso de pessoas que saíram as ruas, milhões de brasileiros que não aguentam mais tanta corrupção, incompetência e as consequências econômicas e financeiras que se abatem sobre o país e continuarão  lutando pelo impeachment ou fim do governo Dilma. Esses conflitos poderão descambar para situações mais sérias e colocar em risco a estabilidade social e institucional do Brasil. Se  uma situação como esta descambar para um conflito generalizado com muita violência, ai sim, tanto os militares quanto o STF poderão agir  para colocar um fim neste clima de Guerra civil em que se está transformando nosso país.


Com um alto grau de probabilidade, este clima estará presente nas eleições municipais, as quais serão “nacionalizadas”, e ai sim, o confronto será entre candidatos e seus apoiadores ligados ao Governo Dilma e candidatos ligados `as oposições, principalmente  nas grandes e medias cidades. O resultado poderá ser  uma grande derrota para as forças governistas, impondo maiores problemas para Dilma no Congresso Nacional.


O complicador maior neste confronto politico  será, de um lado a persistência da crise econômica, com as consequências que todo mundo percebe e sente  e de outro o avanço das investigações da OPERAÇÃO LAVA JATO, principalmente  as comandadas pelo Juiz Sérgio Moro, que a cada nova etapa mais fustiga mais ainda Lula, Dilma e o Governo e seus aliados. Com Lula ministro ou fora do ministério, pouco importa, Dilma estará cada dia mais acuada e tutelada pelo PT, por Lula e sua turma, retirando da Presidente toda a autoridade, transformando-a  em uma figura decorativa , sem poder, enfim, uma presidente desacreditada perante seus pares e perante a opinião pública. Se antes a atuação de Lula ocorria nas sombras, a partir de agora quem manda abertamente e de fato no Governo é Lula. Dilma apenas ‘cumpre tabela”, como se diz no jargão futebolístico. Lula já instalou um gabinete em um Hotel de Luxo em Brasília, de onde comanda as ações do Governo, dizendo o que Dilma deve fazer ou deixar de fazer. Viaja pelo Brasil para participar de comícios e atos de  protestos promovidos pelo MST, CUT  e outras forças que  ainda estão com Dilma. Quem paga essas despesas só Deus sabe, mas o povo deve imaginar que sejam os mesmos grupos econômicos caridosos que compram sítios e apartamentos de luxo para deleite do ex-presidente.


Mesmo que Dilma escape do impeachment, o que a cada dia   está mais difícil, ela  estará sempre às voltas com  baixos índices de aprovação perante a opinião pública e poderá sofrer mais outros processos de impeachment, como o apresentado recentemente pela OAB onde também está sendo acusada pelos crimes referidos pela delação premiada do Senador Delcídio Amaral, seu ex-líder no Senado e também por outras delações de outros investigados na Lava Jato, principalmente Deputados e senadores que constam da Lista do Janot, que, mesmo na forma de conta gotas  estão sendo denunciados/as pelo Procurador Geral da República, depois de serem investigados por corrupção pela Polícia Federal.


Finalmente, ainda pesa sobre a cabeça e o mandato de Dilma, os processos que estão em tramitação no TSE – Tribunal Superior Eleitoral, que a partir de Maio será presidido pelo Ministro Gilmar Mendes, que não tem dado moleza para Lula, Dilma, PT e seus aliados. Em  algum momento no future próximo o TSE poderá cassar o registro da chapa  Dilma/Temer por uso de dinheiro sujo na campanha de 2014, principalmente depois das últimas delações premiadas pelo Senador Delcídio Amaral e há dois pelo Presidente da segunda maior empreiteira do país, em que ambos, da mesma forma que outros investigados pela OPERACÃO LAVA JATO afirmaram que a Campanha de Dilma recebeu dinheiro de propina surrupiado da Petrobrás e de grandes obras, bilionárias, do Sistema elétrico, mais especificamente da construção das hidrelétricas de Belo Monte e Girau.


Diante de tudo isso com certeza Dilma deve estar perdendo o sono e sob uma pressão psicológica muito aguda, enfim, vivendo dias extremamente tenebrosos. Resultado, no Governo ou for a do Governo a vida de Dilma está complicadíssima. Se já tivesse renunciado muitos desses problemas que está enfrentando já teriam sido superados e ajudado o país a reencontrar seu rumo, com a volta do crescimento econômico, maior credibilidade, maior estabilidade institucional e com muitos corruptos na cadeia e longe do poder.


*JUACY DA SILVA, professor universitário,  titular e aposentado UFMT,  mestre em sociologia. Articulista de A Gazeta. E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog  www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy