Desde que teve início a tramitação do processo de impeachment de Dilma na Câmara dos Deputados, com a instalação da Comissão especial que deveria examinar a denúncia e elaborar o relatório que deveria ser apreciado pelo plenário daquela Casa de Leis, Dilma, Lula, o PT, PCdoB, PDT vem insistindo na tese do Golpe.
Após ter transformado o Palácio do Planalto em um palanque permanente para seus discursos inflamados, pelos aplausos da militância, dos bajuladores e pelegos dos movimentos sociais e sindical, Dilma parece um tanto fora de órbita e quase alucinada porque em seu círculo íntimo deve saber que sua sorte já está lançada e dificilmente escapará do afastamento temporário por seis meses e, posteriormente, do afastamento definitivo do cargo de Presidente da República.
Mesmo que os fatos e denúncias apresentados como justificativas para o seu afastamento estejam calcados na pedaladas fiscais e os famosos decretos, na verdade, Dilma cometeu não apenas aqueles crimes de responsabilidade, mas seu governo, marcado pela corrupção, pela incompetência, pela mentira e pelo descaso com a sorte e situação do povo brasileiro, a presidente e todo o seu séquito que ao longo de anos, desde o início do Governo Lula, aparelhou a administração federal, transformando o governo em mero apêndice do PT e em parceria com empresários corruptos e outros setores e partidos, transformaram o país em uma figura caricata do que um dia imaginou-se poderia ser um projeto de governo , substituído por o que alguns analistas denominam de “projeto criminoso de poder”. Faltou a Lula e ao PT a competência para criar um projeto nacional ao redor do qual o país pudesse realmente ser mobilizado.
Como soe acontecer, todo governo autoritário, opaco, corrupto, sem princípios éticos, sem planejamento e incompetente tende a levar o país e sua população para a bancarrota, o fundo do poço, o desastre econômico, fiscal, financeiro, gerando o caos social e alimentando as crises institucionais.
Antes Dilma e seus apoiadores tinham um discurso agressivo, prepotente, manipulador, alimentado por um marketing de fachada e escudado na mentira que em meio ao aprofundamento da crise, principalmente depois que a Câmara Federal aprovou por maioria esmagadora a admissibilidade do impeachment e que o processo deveria ser realmente julgado no Senado Federal, Dilma aos poucos baixou o tom de seus discursos e fala em conciliação, em diálogo, em entendimento como forma de salvar os dedos quando os anéis já se foram. Mas agora é tarde, “agora Inês é morta”.
A instalação da comissão especial no senado demonstrou que aos poucos o apoio a Dilma vem minguando e dentro de poucos dias ela deverá ser julgada e afastada por seis meses, tempo suficiente para desmontar todo o aparelhamento que o PT e seus aliados fizeram com a administração federal, incluindo dezenas de milhares de cargos comissionados, esquemas de financiamento de movimentos sociais, esquemas de corrupção em todos os ministérios e estatais e diversas outras manipulações.
Mesmo que a crise continue, pelo menos muita coisa ilegal, mal feitos e mais corrupção e crimes contra a administração deverão ser descobertos , determinando o fim de um ciclo na política nacional. Tanto a operação lava jato em Curitiba quanto a outra lava jato que está a cargo do STF deverão continuar, pois este é o desejo do povo, deverão ajudar o Brasil ser passado a limpo, mesmo que outras cabeças coroadas possam rolar neste processo, este é o momento de ir mais a fundo neste processo de limpeza ética.
O Governo Temer que também carrega este pecado original de ter estado , juntamente com seu PMDB e outros partidos que pularam do barco ante o naufrágio do projeto de poder, de ter estado associado a LULA/DILMA/PT por longos 14 anos, corre o risco de sucumbir neste processo, seja pela tramitação do pedido de cassação da chapa Dilma/Temer, bem como da situação periclitante de Eduardo Cunha e Renan Calheiros, próximos na linha sucessória, acusados de corrupção. Ou seja, os quatro na linha de sucessão: Dilma, Temer, Eduardo Cunha e Renan Calheiros não tem respaldo popular e nem legitimidade para apontarem o rumo para um projeto de salvação nacional, sua biografias continuam manchadas também.
Em torno dessas figuras muitas outras estão afundadas na lama da corrupção ou sendo investigados por tais práticas, como consta os que fazem parte da LISTA DO JANOT. Com uma elite política como esta o Brasil não vai sair da crise tão cedo e o povo vai continuar ocupando as ruas, protestando contra esta situação vergonhosa em que estamos vivendo.
Na verdade o povo deseja mesmo é que todos os envolvidos em acusação de corrupção sejam afastados de seus cargos públicos, que a impunidade e os privilégios sejam combatidos e banidos de fato e as gavetas dos palácios e do Congresso sejam esvaziadas e limpas, para que um recomeço seja possível antes que seja tarde demais!
*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de A Gazeta. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy