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para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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Juacy da Silva*
Finalmente a COP28, mais uma Conferência do Clima terminou, depois de quase duas semanas de muita “pompa e circunstâncias”, debates e articulações entre países, grupos empresariais, militantes ambientalistas, cientistas e, a cada COP em maior número, de “lobistas” de países e companhias que tem na produção de combustíveis fósseis, principalmente do petróleo (a principal fonte de emissão de gases de efeito estufa), além de mineradores, desmatadores, fabricantes de agrotóxicos e também do agronegócio, as grandes “tradings” que não abrem mão de poderem continuar destruindo o planeta em nome da segurança energética, da segurança alimentar, do desenvolvimento e da soberania nacional, parece que ignorando que vivemos de forma integrada, interligada em um mesmo planeta.
Muita gente imagina que os resultados dessas conferências, dos acordos do clima, dos tratados internacionais como de Kyoto e de Paris e tantos outros, como os que garantem a defesa da biodiversidade, que não devemos poluir e degradar os solos, as águas, o ar; ou que os países e os empresários irão parar com o desmatamento das últimas florestas que ainda restam no planeta, que iremos presenciar uma revolução rápida e imediata nas matrizes energética e elétrica no planeta a partir de uma transição energética que deverá abandonar os combustíveis fósseis, sujos , que apenas em 2022 recebeu como incentivos a bagatela de US$ 7 (SETE) TRILHÕES DE DÓLARES de subsídios no mundo inteiro e, nada menos do que R$80,9 bilhões de subsídios a esses combustíveis altamente poluente no Brasil. Mera ilusão.
Basta olharmos pelo retrovisor e tomarmos como ponto de referência o ano de 1972, quando aconteceu em Estocolmo, Suécia, a 1ª Conferência Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano, que pode ser considerado o primeiro e grande alerta mundial, sob os auspícios da ONU, quanto ao “nosso futuro comum”, publicação da Comissão Especial da ONU que examinou a questão ambiental e, indiretamente, as consequências que a falta de cuidado com a ecologia integral, principalmente com o aquecimento global, as mudanças climáticas, na verdade, a CRISE CLIMÁTICA e o que agora tem enfatizado António Guterrez, Secretário Geral da ONU que tem afirmado com todas as letras e com uma clareza cristalina “estamos, na verdade, diante de uma grave urgência climática, de um desastre sem proporção anunciado”, diante da insensatez humana, tanto de governantes, quanto de empresário, consumidores, trabalhadores, enfim, da população em geral.
Além desses marcos nos discussões e reflexões sobre a grave crise ambiental que está afetando o presente e o futuro do planeta, podemos também mencionar a ECO92, a Rio Mais 20 e todas as 27 Conferências do Clima que antecederam a COP28, além das diversas décadas aprovadas pela ONU e os diversos tratados sobre diferentes aspectos visando maiores cuidados com a natureza e o planeta.
Cabe mencionar de forma bem sintética que nesta caminhada em 1968, um grupo de 30 cientistas e estudiosos, de dez países e de diferentes setores, sob os auspícios do Clube de Roma, durante como economia, geopolítica, indústria, educação, receberam o desafio de analisar a relação entre crescimento da população, crescimento econômico e a capacidade de a natureza prover insumos e matérias primas para manter e melhorar o nível de vida , ou seja, qual o futuro da humanidade.
A conclusão desses estudos gerou muita discussão, porquanto o título do Relatório “OS LIMITES DO CRESCIMENTO”, indicava que o planeta tem um limite além do qual entra em colapso, ou seja, se todos os países e a população mundial cada vez maior conseguir atingir o mesmo nível de consumo, de bem estar e nível de vida como o que vigorava na Europa e nos demais países desenvolvidos de então, o Planeta, a Natureza não teria condições de suprir tais demandas.
Passados 50 anos desses marcos de reflexão sobre o futuro do planeta e a questão socioambiental, nos deparamos com um aquecimento global acelerado, com mudanças climáticas que geram uma crise climática e urgência climática que podem colocar em risco a sobrevivência humana no planeta terra.
Em princípio, seria este o desafio que vem sendo enfrentado pelos países e pelo mundo há meio século, sem muitas perspectivas de mudança de rumo, como tem enfatizado o Papa Francisco quando advoga a mudança radical de paradigmas dos atuais modelos econômicos, fundados no lucro, na exploração irracional dos recursos naturais, no consumismo e no desperdício.
Diante disso, a proposta é por uma nova economia, denominada de Economia de Francisco e Clara que também é considerada como a Economia da Vida em substituição aos atuais modelos que representam a Economia da morte.
Para entendermos a gravidade e a urgência que a crise climática impõe `a humanidade como um todo, basta compararmos alguns aspectos da realidade entre 1972 e 2022, onde diversos fatores pressionam pelo uso cada vez mais intensivo e perdulário dos recursos naturais e a falta de vontade política e econômica em mudar os modelos de “desenvolvimento” ou de crescimento econômico e percebermos que existe um limite, uma capacidade máxima que o planeta pode suportar antes que entre em um grande colapso, cujos prenúncios já estamos sentido em, praticamente, todos os países, inclusive no Brasil.
São eventos gravíssimos que os temos denominado de “desastres naturais”, mas que na verdade são, a quase totalidade dos mesmos, provocados pelas ações humanas, consideradas nada racionais e totalmente insanas. Falta-nos a capacidade e enxergar além de nossos próprios umbigos, abandonarmos uma euforia enganosa, como a que alimenta a sanha destruidora das florestas tropicais , como a Amazônia, ou outros biomas como o Cerrado brasileiro ou os seus homônimos nos continentes africano e asiático, que no afã de “alimentar o mundo”, na verdade estamos destruindo e poluindo tudo: solos, água e o ar, sem refletirmos que após as atuais gerações outras tantos advirão e que deverão herdar um planeta totalmente sucateado. Esta euforia impede-nos de refletirmos sobre a justiça social, sobre a justiça climática e sobre a Justiça intergeracional.
Voltemos à reflexão sobre como o mundo tem mudado ao longo desses últimos 50 anos, ou na verdade, se tomarmos a COP28, nada menos do que 51 anos: de 1972 até 2022 ou já neste limiar de um novo ano (2023 – 2024).
Em 1972 o mundo contava com 3,8 bilhões de pessoas e em 2022 nada menos do que 8,1 bilhões, um aumento populacional de 113,2% no período; a população urbana em 1972 era de “apenas” 1,4 bilhões de habitantes ou 37% da população total, já em 2022 atingimos 4,8 bilhões de pessoas vivendo nas cidades, ou seja, 59% da população total. E essas duas tendências deverão estar presentes pelas próximas décadas, aumentando a gravidade desses desafios.
O PIB (produto interno bruto) nominal, mundial em 1972 era de US$3,9 trilhões de dólares e em 2022 foi de 101,8 trilhões, um crescimento de 242,9% no período e em 2023 a previsão é que o PIB mundial deverá atingir US$112,2 trilhões de dólares.
Quanto à renda per capita é preciso ter um certo cuidado ao ser utilizado, tendo em vista que este indicador mascara a realidade da concentração de renda tanto em termos mundiais, pois sabemos que os 10 ou mesmo os 20 países com as maiores economias do mundo concentram quase 80% da economia e da poluição/degradação do planeta e também a concentração de renda em termos sociais, onde a parcela de 1% ou 2% da população mundial, principalmente os chamados super ricos (bilionários) concentram em torno de até o dobro da renda total dos 50% mais pobres dos habitantes do globo terrestre.
Esses três aspectos ou parâmetros, ou seja: o crescimento total da população mundial, o crescimento ainda mais acelerado da população urbana e o aumento da renda per capita mundial, tem uma implicação muito profunda em relação `a pressão que isto representa para o meio ambiente tendo em vista as necessidades e aspirações da população, principalmente as camadas mais aquinhoadas com renda, quanto ao consumo de bens e serviços, incluindo, alimentação, habitação, transporte, logística, energia, matérias primas e insumos para o setor produtivo, principalmente a indústria.
Apenas um exemplo, em 1972 a produção mundial de veículos automotores era de “apenas” 15 milhões de unidades anualmente e ao longo do tempo foi aumentando tendo atingido 85 milhões de unidades em 2022. Neste perído, de meio século foram produzidos 2,8 bilhões de veículos automotores, o que dá uma boa idéia no nível de poluição do ar e emissões de bilhões de toneladas de gases de efeito estufa e suas consequências. O mesmo acontece com os voos aéreos, também altamente poluidores que tem aumentado mais de 400% no mesmo período.
Calcula-se que atualmente a frota de veículos automotores circulando no mundo seja na ordem de 1,48 bilhões de unidades, sendo que nos EUA, o segundo país que mais polui o planeta, só perdendo para China, existem 280 milhões de veículos, vindo em segundo lugar a Europa e em terceiro a Ásia, com destaque para a participação da China e do Japão que, somados, representam mais de 50% de toda a frota existente na Ásia.
Quando falamos em indústria automobilística não podemos ignorar que todos os demais setores, principalmente a produção de energia é, de longe o maior desafio que a COP28 deveria ter encarado, tendo como dimensão geopolítica a questão da transição energética, deixando para traz os combustíveis fósseis e avançando para o uso, cada vez de forma mais acelerada e para a produção de energia de fontes renováveis, principalmente a energia solar, biomassa e eólica.
Quando comparamos a composição da matriz energética mundial e a participação dos combustíveis fósseis na mesma, em 1972 era de 87,4% e “caiu” apenas 7,4% em meio século, sendo que em 2022 essa participação era ainda de 80%. Ou seja, a média de redução dos combustíveis fósseis na matriz energética anual foi de apenas 0,148% demonstrando que praticamente nada mudou em 50 anos.
Se imaginarmos que esta participação precisa chegar a no máximo 30% do total das fontes energéticas, no ritmo que aconteceu até agora e diante do que consta do documento final da COP 28, onde apenas constou a ideia vaga de que o mundo precisa abandonar os combustíveis fósseis, sem estabelecer metas e prazos concretos, repetindo, no ritmo atual e diante da pressão dos países produtores e grandes consumidores de combustíveis fósseis, seriam necessários 338 anos, para que o mundo fizesse uma real transição energética.
Até lá, com certeza a temperatura média do planeta deverá exceder em muito a meta estabelecida pelo Acordo de Paris e outros acordos posteriores, que seria de 1,5º acima da média do período do início da industrialização, superando também em muito o limite de segurança para vida na terra que seriam 2º ou 2,5º graus centígrados.
Outro aspecto em que a COP28 frustrou o mundo todo foi em relação ao financiamento para que a crise climática e o aquecimento global sejam combatidos, responsabilidade maior dos países que mais poluem, para contribuir com os países que menos ou praticamente pouco emitem em termos de gases de efeito estufa, mas que sofrem as consequências da crise climática tanto em termos econômicos, quanto demográficos, sociais e humanos.
Os países do G20 bem como outros da Europa que, mesmo não participando do G20, historicamente, por terem experimentado a revolução industrial há mais tempo, também são responsáveis por trilhões de toneladas de gases de efeito estufa que estão “presos” na atmosfera terrestre e que, juntamente, com ainda bilhões de toneladas que são emitidas atualmente todos os anos, são os maiores responsáveis pela catástrofe anunciada, via crise climática e emergência climática. São esses os países que deverão “financiar” o chamado “Fundo Climático de perdas e danos” aprovado na COP 28 e que foi motivo de muita euforia por parte de alguns setores, mas que de fato não passa de uma mera esmola por parte dos maiores poluidores do planeta.
O valor informado deste fundo, destinado a compensar os países pobres pelas perdas e danos climáticos será de US$420 milhões de dólares, importância que não cobre sequer 0,2% das necessidades reais para este enfrentamento.
Ao mesmo tempo os subsídios concedidos aos combustíveis fósseis, tanto a produtores quanto consumidores, em 2022 foi na ordem de US$7 trilhões de dólares, sendo que os EUA, segundo maior poluidor do planeta o valor dos subsídios aos combustíveis fósseis também em 2022 foi de US$ UM TRILHÃO de dólares e o compromisso deste grande poluidor ao fundo será a importância de apenas US$17,5 milhões, o que equivale a 0,00002%, ou seja, praticamente NADA.
Mesmo o Brasil que figura entre os dez maiores poluidores do planeta e o que mais gases de efeito estufa emite oriundos do desmatamento, das queimadas em todos os biomas, da produção agropecuária, além de também ser um grande poluidor principalmente do setor de logística e transporte e também da indústria e que fica o tempo todo de pires na mão junto aos países considerados ricos, principalmente para “proteger” a Amazônia, em 2022 concedeu mais de RS$80,9 bilhões de reais como subsídios aos combustíveis fósseis e no período de 50 anos mais de RS$1,5 trilhões de reais para este setor.
No caso do Brasil, nosso país durante o Governo Bolsonaro ficou marcado como um país em que o cuidado com o meio ambiente e os compromissos assumidos, soberanamente nos Acordos de Kyoto e principalmente de Paris não eram honrados e sofremos muitas críticas e pressões internacionais por isso.
Mesmo no atual governo, em que pese um discurso ambientalista, em defesa do meio ambiente, da preservação da Amazônia e na redução da dependência dos combustíveis fósseis que tem sido feito por Lula, principalmente nos fóruns internacionais, parece que este discurso continua ainda bem distante da realidade.
Durante a COP28, Lula e o Ministro de Minas e Energia anunciaram aos quatro cantos do mundo que o Brasil estaria aderindo ao cartel petroleiro da OPEP, como “observador”. Isto foi motivo de duras críticas não apenas por parte de ambientalistas internacionais mas também aqui em nosso pais.
Outra contradição é a pressão exercida pelo Governo Lula sobre o Ministério do Meio Ambiente e do Clima, no caso sobre o IBAMA em relação `a possibilidade de a Petrobrás fazer prospectivas e explorar petróleo na Foz do Rio Amazonas e no Delta do Parnaíba.
E no momento, ao final da COP 28, novamente o Brasil se posiciona na contra mão do abandono dos combustíveis fósseis, principalmente do petróleo ao extinguir ou reduzir drasticamente as tarifas preferenciais sobre importação de painéis solares, que eram e são um incentivo para o desenvolvimento da energia solar, enquanto os subsídios tanto aos combustíveis fósseis quanto ao agro continuam mantidos e contribuem para a degradação ambiental, neste último exemplo via desmatamento, queimadas, erosão, destruição de nascentes e também poluição por agrotóxicos.
Enfim, mais uma COP – Conferência do Clima chega ao final, principalmente esta COP28 que teve como país anfitrião os Emirados Árabes, um grande produtor de Petróleo e seu presidente nada menos do que o CEO (dirigente máximo) da Companhia Petrolífera daquele país, o que explica o fato de que esta foi a COP com o maior número de lobista da indústria de petróleo e dos demais combustíveis fósseis, bem como do agronegócio e da indústria de proteína animal e da mineração jamais visto anteriormente, razão pela qual, mesmo em sendo um acordo muito tímido o documento final da COP, tudo leva a crer que não passará de uma miragem em um horizonte muito longínquo, enquanto a crise climática e a urgência climática “corre solta”, para a euforia e lucratividade dos grandes poluidores: países e setores econômicos.
*Juacy da Silva, professor titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, ambientalista e articulador da PEI Pastoral da Ecologia Integral. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Instagram @profjuacy
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O texto, abaixo e em anexo, de autoria da ex-jornalista do Andes-SN e grande defensora dos povos indígenas. É uma homenagem a um dos mais aguerridos defensores dos povos indígenas, que faleceu no dia 07/12/2023 – Oswaldo Cid Nunes da Cunha, o “Oswaldão”. Lamentavelmente, a terra de Rondon ignora um dos mais brilhantes indigenista brasileiro nascido em Mato Grosso. A UFMT também tem que agradecer ao Oswaldão pelo apoio que deu à pesquisa científica e acadêmica, abrindo as portas de sua fazenda em Poconé para estudos sobre o Pantanal. Poucas semanas antes ele concedeu uma entrevista para a Adufmat que também merece ser divulgada. Uma perda irreparável e uma lacuna que dificilmente será preenchida.
MILITANTE DOS SONHOS
Memélia Moreira
Há dias que, mesmo luminosos, são sombrios e mesmo num jardim com flores de colorido diverso, nada brilha porque o coração se recolhe na saudade.
Foi o que aconteceu hoje, Oswaldão. Antes mesmo do café da manhã a notícia da tua morte me jogou num redemoinho de lembranças. Lembranças das lutas, das gargalhadas, do whisky de qualidade duvidosa na beira de estradas que só trafegamos porque sempre apelamos para a licença poética de nossos viveres.
Histórias cruas e verdadeiras num mundo de realidades improváveis que são as terras dessa Amazônia que tanto amamos e que nos forjou e nos fez viver intensamente.
E então, logo depois da notícia, nossa lânguida amiga -preciso dizer de quem falo? - com aquela doce languidez ela me disse que vocês liam Bukowski juntos e, só por essa informação, me atrevi a escrever. Porque escrever sobre tua morte é exercício dificultoso, sofrido.
“Você tem de morrer algumas vezes antes que você possa realmente viver.”
Tu reconheces a frase, Oswaldão. É de Bukowski, Ele escreveu muitas vezes sobre a morte.
Quantas vezes tivestes que morrer para aprender a viver? Tu que cruzastes o mundo na corda bamba dos conflitos impostos pela ambição, que correstes pela Amazônia para salvar nações inteiras, que exercias a Medicina não pela glória, não para ter conta polpuda no banco. Não pela vaidade de pregar no portão de casa uma placa em bronze, em letras esmaltadas, o título de “Dr. Oswaldo Cid da Cunha”. Não. Tu te dedicaste à profissão como se fosses um missionário. Não para salvar almas, mas para salvar vidas e dignidade dos povos com os quais convivestes. E foram muitos. Foram tantos. Tua Amazônia se estendeu bem além das fronteiras do nosso território. Correntes para a Nicarágua para levar socorro porque tu estavas sempre pronto a cumprir tua missão de defesa da soberania dos povos. E foram outros mundos porque teu amor era universal.
E, nesse momento, me lembro de quando nos encontramos no Xingu. O monomotor tinha acabado de pousar, e eu ainda estava tentando superar meu medo de voar quando ouvi gargalhadas em diversas línguas. Estavas rodeado por índios de diferentes nações, contando histórias. Passei devagarinho e sorrindo por aquela roda para não interromper um momento de alegria. Porque tua luta era alegre, sem ranços.
Outras lembranças que me chegam e essas se repetiram muitas vezes é a de quando tu e Xará - só para te lembrar que hoje faz 26 anos da morte dessa pessoa tão imprescindível quanto tu és, meu melhor amigo desde meus 14 anos- chegavam em minha casa, madrugada alta, com algumas latinhas de cerveja na mão perguntando se àquela hora podia sair um talharim ou mesmo um spaghetti. E íamos para a cozinha. Eu só não permitia que tomassem cerveja com qualquer massa. Sem protestos, abríamos uma garrafa de vinho e a conversa entrava pela manhã.
Como sinto falta desses momentos, em que conspirávamos, sonhávamos com a revolução que libertaria os povos e vocês iam dormir.
Ah, Oswaldão, dr. Oswaldo Cid da Cunha, tu fostes um militante dos sonhos. Talvez por isso gostavas de Bukowski que um dia escreveu “o que é terrível não é a morte, mas as vidas que as pessoas levam até à morte”.
E a vida que levastes até à morte foi construída em sonhos, em amores universais e em lutas pela emancipação de todos aqueles que cruzaram teu caminho.
Tenho certeza que, a essa hora, teu espírito já cruzou o Atlântico e o Mediterrâneo e estás ajudando teus colegas de profissão numa pequenina faixa de terra chamada Gaza, onde um povo, o povo palestino, precisa de todos nós.
Vai amigo, vai cruzar os mares da eternidade.
Memélia Moreira, jornalista, jardineira, estudante de húngaro. Brasileira com nacionalidade tibetana. Ex-jornalista do Andes-SN
Obrigado.
Prof. Domingues.
Prezado(a) Professor(a).
A Diretoria da Adufmat-Ssind, no uso de suas atribuições regimentais, convoca todos os sindicalizados para Assembleia Geral Extraordinária
ESPAÇO ABERTO
Debate de ideias – Informativo da Associação dos Docentes da UFMT - ADUFMAT - nº 97/2023.
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Texto enviado pelo Prof. Danilo de Souza.
Qual é o transporte mais eficiente energeticamente?
do transporte se torna pauta importante, pois aproximadamente 1/3 dos gases de efeito estufa, que causam o agravamento do aquecimento global, são oriundos deste setor. Diante de diversas possibilidades de escolha de modais de transporte como política pública de mobilidade urbana, ou mesmo deslocamentos internacionais, a eficiência energética
de 2 Mega – Joules (MJ) para percorrer cada quilômetro dentro de uma cidade. Ao serem adicionadas mais duas pessoas no veículo com destinos semelhantes, o resultado é de aproximadamente 0,67 MJ por pessoa para cada quilômetro percorrido. A energia necessária para transportar as pessoas e o veículo é uma medida importante para avaliar a eficiência de um meio de transporte. Esta análise já evidencia que possuir um carro SUV, com grandes dimensões e massa, é uma péssima ideia na perspectiva da eficiência. Os SUVs podem chegar à intensidade energética de 5 MJ por passageiro-quilômetro. Uma questão central para iniciar este debate é a noção de intensidade energética. Quando há uma única pessoa dentro do veículo para o deslocamento, são necessários cerca
Em deslocamentos urbanos de superfícies ou subterrâneos, os trens/metrôs são altamente eficientes. Com operação no pico de passageiros, os mais modernos precisam de menos de 0,4 MJ por passageiro-quilômetro.
uma intensidade energética de cerca de 0,3 MJ por passageiro-quilômetro, ao passo que os mais novos, de aproximadamente 0,2 MJ por passageiro-quilômetro. Esses projetos são comuns na Europa, mas a China nas últimas décadas já alcançou uma malha de aproximadamente 35.000 km, com algumas linhas podendo operar em velocidade máxima de 431 km/h. Um dos modais de transporte mais eficientes é o dos trens interurbanos de alta velocidade para projetos tradicionalmente entre 70 e 500 km. Os modelos mais antigos tinham
nas condições atuais, seria um modal a se considerar. Há um projeto em discussão sobre o Trem de Alta Velocidade Rio-São Paulo (TAV RJ-SP), que é a principal linha do plano do governo federal de trem de alta velocidade no Brasil com a função de interligar as duas principais metrópoles brasileiras: São Paulo e Rio de Janeiro. O projeto está previsto desde 2007, mas até o momento que escrevo este texto, não foi iniciado. Os projetos de trens de alta velocidade se justificam apenas em locais de alta densidade populacional, com rotas bem definidas. Assim, no caso brasileiro, em poucas situações,
Para deslocamentos mais longos, os aviões mais comumente utilizados, operando à turbina, são altamente eficientes, operam a aproximadamente 2 MJ por passageiro para cada quilômetro.
Um dos transportes mais utilizados no Brasil é o veículo à combustão. E os melhores motores à combustão atualmente à venda têm uma eficiência energética máxima de 40%. É como dizer que, a cada R$ 100 que você abastece, apenas R$ 40 se transformam em movimento. Os demais R$ 60 de combustível são perdidos principalmente em forma de calor. E não é difícil encontrar veículos operando com entre 18% e 20% de eficiência. E se você pesa 80 kg e está em um carro de 900 kg, na verdade você representaria algo em torno de 8% do total. O que significa dizer que dos R$ 100 inicialmente investidos, com a eficiência de 20% do veículo à combustão, para deslocar uma pessoa de 80 kg, a eficiência final seria algo entre 1,5 e 3% - absurdo, não? E é neste ponto que o carro elétrico apresenta um dos ganhos, pois o motor elétrico opera com facilidade na região de eficiência entre 80 e 85%.
estufa. No caso brasileiro, a diminuição é brutal, pois a matriz elétrica é pouco carbonizada, diferentemente da matriz elétrica global. Observa-se, então, que caminhar para a eletrificação é uma oportunidade para aumento de eficiência energética, mas também para a redução das emissões de gases de efeito
Essas informações o poder público possui, e pode utilizá-las para modelar políticas no sentido real de minimizar impactos ambientais. Mas quais ações os indivíduos podem implementar para aumentar a sua eficiência no transporte? Eis algumas: 1) optar pela utilização de transporte coletivo; 2) se for necessário comprar veículo, optar por modelos menores e mais eficientes; 3) organizar-se para que um mesmo veículo transporte mais de uma pessoa, incluindo ao utilizar aplicativos de transporte; 4) dentro das cidades, buscar formas alternativas de transporte, como bicicletas e patinetes.
Danilo de Souza é professor na FAET/UFMT e pesquisador no NIEPE/FE/UFMT e no Instituto de Energia e Ambiente IEE/USP.
Acompanhe neste links:
A Adufmat-Ssind divulga, conforme edital, o resultado preliminar do processo seletivo para Arquivista 2023, por ordem alfabética.
CURRÍCULO
Benone da Silva Lopes Moraes: 5,0
Cristiana de Vasconcelos Lopes: 6,0
Rhaissa Marques Botelho Lobo: 9,0
REDAÇÃO
Benone da Silva Lopes Moraes: 7,0
Cristiana de Vasconcelos Lopes: 9,0
Rhaissa Marques Botelho Lobo: 9,0
ENTREVISTA
Benone da Silva Lopes Moraes: 8,5
Cristiana de Vasconcelos Lopes: 9,0
Rhaissa Marques Botelho Lobo: 9,0
MÉDIA FINAL
Benone da Silva Lopes Moraes: 6,83
Cristiana de Vasconcelos Lopes: 8,0
Rhaissa Marques Botelho Lobo: 9,0
O prazo para apresentação de recurso por parte dos candidatos é 05/06/2023.
Apresentação
A ADUFMAT, ao longo de seus 45 anos de existência, traz consigo uma trajetória de valoráveis lutas e conquistas.
Inegável dizer sobre suas conquistas e lutas em defesa dos direitos fundamentais da classe trabalhadora como um todo, a defesa intransigente de concurso público para ingresso dos docentes em instituições de ensino superior e da luta pela volta das liberdades democráticas em nosso país, pontuada pela liderança em Cuiabá e interior do Estado de Mato Grosso na campanha das “Diretas Já”.
A ADUFMAT deve ser valorizada igualmente por um outro aspecto: o de contribuir para a preservação da memória social do movimento docente local, regional e nacional ao custodiar um importante arquivo na OCA, localizada no Campus da Universidade Federal de Mato Grosso.
Este arquivo, também denominado de “Arquivo Central da ADUFMAT”, é composto por 3 arquivos setoriais: o da Secretaria, o da Imprensa e o da Tesouraria.
Com vistas a identificar e a ordenara documentação produzida e recebida pela ADUFMAT nos arquivos setoriais, foi elaborado no ano de 2019 Plano de Gestão para os documentos da ADUFMAT embasado nas diretrizes e planos do Centro de Documentação do ANDES-SN (CEDOC) e do Arquivo Nacional, datados de 2019 e 2011, respectivamente.
O Plano de Gestão Documental da ADUFMAT é composto pelos seguintes instrumentos: Manual de Gestão Documental; Tabela de Temporalidade dos Documentos; Plano de Classificação dos Documentos; Etiquetas padrão para arquivos correntes; Termo de transferência de Documentos; Formulário de Proposta de Atualização da Tabela de Temporalidade de Documentos e Listagem e Eliminação de Documentos. Inclusive, o referido Plano é composto por uma Comissão Permanente de Avalição de Documentos (CPAD), docentes sindicalizados desta seção sindical.
Assim, o Plano de Gestão Documental da ADUFMAT, aprovado em 2019 pela Comissão Permanente de Avaliação de Documentos (CPAD), permitiu a aplicação da Tabela de Temporalidade e do Plano de Classificação dos Documentos junto à massa documental da ADUFMAT, resultando em 388 caixas de documentos alocados no Arquivo Central da ADUFMAT e em condições de serem digitalizados.
Da aplicação adequada dos instrumentos de Gestão Documental da ADUFMAT e da digitalização da massa documental, dependerá a segurança e o sucesso da preservação da memória histórica do movimento docente da ADUFMAT-SSIND
Professora Doutora Maria Adenir Peraro (Presidente da CPAD) e Professora Mestra Ilza Dias Paião (Consultora)
Cuiabá, abril de 2023.
Plano de Classificação de Documentos da ADUFMAT-SSIND
Manual de Gestão Documental ADUFMAT-SSIND
Guia de Documentos do Arquivo da ADUFMAT-SSIND
GESTÃO DOCUMENTAL ADUFMAT
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Juacy da Silva*
Para melhor situarmos esta reflexão, precisamos esclarecer, definir os dois termos que são destacados no título da mesma, com um esclarecimento adicional que o tempo da criação é, a um só tempo de oração e também de AÇÃO, gestos concretos que demonstram não apenas o respeito pelas obras do Criador, inclusive os seres humanos, mas que, nós humanos somos dotados de consciência e Liberdade tanto para agirmos quanto para nos omitirmos diante dos vários desafios que surgem ao longo da caminhada da humanidade, como atualmente, o desafio socioambiental é o mais premente e que está na raiz de tantas outras mazelas como conflitos, guerras, fome, miséria, ganância, desperdício, consumismo, exclusão social, econômica, política e cultural.
“O Tempo da Criação é uma observância orante de um mês que convoca os 2,2 bilhões de cristãos do planeta a rezarem e a cuidarem da criação de Deus. É um momento para refletir sobre a nossa relação com o ambiente – não apenas a natureza “distante”, mas, crucialmente, o lugar onde vivemos – e as formas pelas quais os nossos estilos de vida e decisões como sociedade podem colocar em perigo o mundo natural e aqueles que o habitam, tanto humanos quanto outras criaturas. O comitê ecumênico que planeja e promove esse período a cada ano o apresenta desta forma: “O Tempo da Criação é um período para renovar a nossa relação com o nosso Criador e com toda a criação por meio da celebração, da conversão e do compromisso juntos. Durante o Tempo da Criação, nos unimos às nossas irmãs e irmãos da família ecumênica em oração e ação pela nossa casa comum.” Fonte: Site Instituto Humanitas – Unisinos, 31/08/2020.
No dia 23 de fevereiro último (2022), a CFFB – Conferência da Família Franciscana do Brasil promoveu o lançamento do TEMPO DA CRIAÇÃO deste ano, cujo tema “OUÇA A VOZ DA CRIAÇÃO”, está diretamente ligado ao cerne do movimento ambientalista mundial e também dentro do espírito da LAUDATO SI, encíclica do Papa Francisco, de Maio de 2015. Isto significa que todas as obras da criação falam e precisamos ouvir suas vozes, seus lamentos, seus gemidos quando são vítimas da degradação ambiental, do desmatamento, das queimadas, da poluição, da destruição das florestas e da biodiversidade, dos oceanos que estão extremamente poluídos e, inclusive, as vozes dos pobres, excluídos, marginalizados, injustiçados que também fazem parte das obras da criação, são filhos e filhas de Deus.
Através de orações, reflexões, diálogo inter-religioso/ecumênico, este tema pretende unir toda a família cristã ao redor do mundo, tanto para orar quanto AGIR pela nossa casa comum, de 1º de setembro a 4 de outubro próximos. Com Certeza o leitor, eleitor e contribuinte devem estar se perguntando, o que o tempo da criação tem a ver com a transição energética? É o que veremos rapidamente nesta segunda parte deste artigo.
Transição energética é uma transformação profunda na composição da matriz energética dos países, que tem ocorrido ao longo da história e, no momento, o rumo apontado é a substituição total do uso de fontes poluidoras, representada pelo uso dos combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão) e seus derivados, por fontes limpas, renováveis e alternativas, com destaque para a energia solar, a energia eólica, a energia hidrelétrica ( esta última que também já é considerada obsoleta, devido aos seus impactos negativos no meio ambiente).
Assim, a transição energética é um dos maiores e mais sérios desafios que temos pela frente quando se trata da caminhada da humanidade rumo a um Planeta ecologicamente sustentável, tendo em vista que boa parte do aquecimento global, que tem afetado e afetará muito mais as mudanças climáticas nos próximos anos e décadas, tornando a vida neste planeta terra praticamente impossível, tem uma de suas origens no uso de combustíveis fósseis tanto no setor de transporte e logística (o rodoviarismo), quando para gerar energia para o sistema produtivo, fábricas e todos os demais setores econômicos e, também, gerar eletricidade sem a qual praticamente nada se move neste mundo, que pouca atenção tem dado aos desafios socioambientais.
Existem vários caminhos a serem seguidos na busca desta transição energética, desde a questão da eficiência energética, ou seja, que o desenvolvimento científico e tecnológico avance rumo a produtos e sistemas produtivos mais eficientes, ou seja, melhor desempenho com menor uso de energia, reduzindo o desperdício, reduzindo o consumismo e reduzindo a degradação ambiental.
Todavia, mesmo que ocorra uma redução do consumo de energia, através de uma maior eficiência energética, com o aumento da população mundial, com o crescimento acelerado da urbanização e com o aumento médio do poder de compra dos consumidores, acarretará sempre um maior consumo de energia no mundo ao longo do tempo em praticamente em todos os países.
Diante disso, é imperioso, é preciso reduzir, dentro de um prazo relativamente curto, que seja estabelecido em acordos internacionais, como o Acordo de Paris e as deliberações das Conferências do Clima, para, finalmente, o mais urgente possível, ocorrer a total substituição do uso de combustíveis fósseis, como o petróleo, o gás natural e o carvão, como base da matriz energética dos países.
Esta transição também pode ocorrer através do que está sendo realizado por inúmeras organizações nacionais, internacionais, pelo sistema econômico e, também, por organizações religiosas, em diversos países, que é o chamado DESINVESTIMENTO, ou seja, essas organizações simplesmente vendem seus ativos realizados em companhias que exploram, comercializem ou usam combustíveis fósseis, demonstrando `as referidas empresas que elas não tem mais lugar em um mundo ECOLOGICAMENTE SUSTENTÁVEL.
O mesmo deve ser feito por governos, sejam os que detém o controle de empresas que exploram fontes sujas de energia ou sejam através de subsídios com recursos públicos aos setores de combustíveis fósseis, como no caso do Brasil, onde a Petrobrás ao invés de investir de forma mais significativa em fontes alternativas de energia, continua gastando bilhões em investimentos para produzir petróleo e gás natural e também os generosos subsídios que o governo brasileiro, da mesma forma que praticamente todos os países concedem a este setor todos os anos, centenas de bilhões de reais, quando em políticas, programas e projetos que buscam a proteção do meio ambiente ou possam financiar o uso de energias sustentáveis, praticamente são migalhas quando comparados a tais subsídios.
Existe um movimento de âmbito mundial, que parece ainda estar muito distante e totalmente ausente no Brasil, que é a questão do desinvestimento no setor de combustíveis fósseis.
Vejamos matéria recente, do início deste mês, sobre esta questão: “No dia 5 de julho, 35 organizações religiosas de seis países, com mais de US$ 1,25 bilhão em ativos combinados sob gestão, anunciaram seu desinvestimento de empresas de combustíveis fósseis. Essas organizações incluem 19 dioceses católicas, incluindo cinco na Irlanda e duas no Canadá. O arcebispo de Glasgow, Dom William Nolan, disse que num futuro próximo “será uma vergonha para qualquer instituição católica não ter desinvestido”. Se “onde está o teu tesouro, aí estará o teu coração” (Mt 6, 21), pergunte a si mesmo: onde está o seu coração hoje?” Fonte: Movimento Laudato Si, Julho 2022.
E aqui no Brasil, como andam as conversas, os diálogos e a luta para reduzir a nossa dependência em relação aos combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão), substituindo essas fontes poluidoras e degradadoras do meio ambiente por fontes limpas, alternativas como ENERGIA SOLAR, EÓLICA e outras mais?
Como estão reagindo os diversos setores produtivos não apenas do mundo em geral, mas do Brasil em particular, em relação à transição energética, a uma nova economia, verde, circular, de baixo carbono, menos dependente de fontes poluidoras de energia? Como vai a agroecologia em nosso país? E a defesa das florestas que continuam sendo destruídas impiedosamente todos os anos?
Será que os discursos tanto de governantes, quanto de empresários e demais lideranças de organizações não governamentais, inclusive religiosas, estão coerentes com as ações do dia-a-dia, do cotidiano?
Será que nossas Arquidioceses, Dioceses, Paróquias e comunidades católicas estão engajadas no MOVIMENTO LAUDATO SI, buscando transformar em realidade as exortações, pronunciamentos e ensinamentos do Papa Francisco EM DEFESA DA ECOLOGIA INTEGRAL.
É neste sentido que precisamos aliar, unir nossas preocupações tanto como cristãos quanto empresários, trabalhadores, população em geral e governantes, que certamente, em sua grande maioria professam, pelo menos da boca pra fora, sua adesão `a fé cristã, inclusive a doutrina de cada igreja em particular, seja católica ou evangélica, mas também outras religiões, seitas e filosofias, pois, afinal, a degradação ambiental, a crise socioambiental afetam todos os habitantes do planeta, razão mais do que suficiente para que esses desafios sejam colocados na agenda de todas as organizações, a começar pelas igrejas e religiões.
O que é necessário para que, DE FATO, as Igrejas cristãs, principalmente a Igreja Católica, sejam ECOLOGICAMENTE SUSTENTÁVEIS? Será que existe espaço para um maior engajamento da Igreja Católica e demais Igrejas Cristãs na Luta por uma ECOLOGIA INTEGRAL. E a Pastoral da Ecologia Integral como anda em sua Paróquia, comunidade, Diocese e Arquidiocese? Em sua Igreja?
Esses são alguns questionamentos que poderíamos estar fazendo durante o TEMPO DA CRIAÇÃO, que está bem próximo, que tem início no dia 01 de Setembro, que é considerado o DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS OBRAS DA CRIAÇÃO e se encerra no dia 04 de Outubro, no DIA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS, o padroeiro da Ecologia.
Que tal durante esses 34 dias buscaremos realizar não apenas nossas orações em favor das obras da criação, mas também rodas de conversas, palestras, seminários, diálogos visando definir ações que podem e devem ser feitas para que o mundo, nosso país, nossos municípios e nossas comunidades busquem saídas urgentes para esta crise socioambiental que se agrava a cada dia? Que tal transformarmos o Tempo da Criação em uma celebração a ser realizada durante o ano todo e não apenas em um curto período?
Você já ouviu falar em PECADO ECOLÓGICO? Em conversão ecológica? Em Cidadania ecológica? Em ecologia Integral? O que voce sabe sobre a Economia de Francisco e Clara, como um novo modelo, um novo paradígma para substituir esses sistemas que ai estão matando, destruindo as obras da criação, inclusive milhões de seres humanos a cada ano? Voce já imaginou substituir uma economia que gera morte por uma economia mais humanizada, solidária, justa que respeita os trabalhadores, os consumidores e o meio ambiente?
Pense nisso e junte-se a quem estiver celebrando o TEMPO DA CRIAÇÃO a partir do dia 01 de setembro próximo até o dia 04 de Outubro vindouro.
JUACY DA SILVA, professor fundador, titular e aposentado UFMT, sociólogo, mestre em sociologia, articulador da Pastoral da Ecologia Integral na Arquidiocese de Cuiabá e outros municípios de Mato Grosso. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Instagram @profjuacy