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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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JUACY DA SILVA*
“Após meses de isolamento, casal sai para cortar cabelo e morre de Covid-19” Fonte: Site CNN (EUA) 30/12/2020 Simret Aklilu, da CNN. “Visita de Papai Noel com Covid-19 provoca 18 mortes em lar de idosos na Bélgica. 121 moradores e 36 funcionários foram infectados no começo de dezembro no asilo localizado na Antuérpia.” Fonte: Site G1 Globo, 27/12/2020.
“Pelo menos 46 idosos foram diagnosticados com Covid-19, em um surto de contágio registrado em um asilo no município de Cantagalo, na Região Serrana do Rio de Janeiro. Até o momento, quatro pessoas morreram”. Fonte: CNN Brasil 30/12/2020.
Essas são apenas três noticias, várias histórias de vida, sofrimento e morte, dentre milhares ao redor do mundo e também no Brasil, onde e quando pessoas infectadas com a COVID-19, sem saberem que estão contaminadas com o CORONAVIRUS ou até mesmo sendo assintomáticas, não se resguardam, ou não são orientadas e assistidas como no caso de idosos, muitas das quais não usam máscaras, não mantem o distanciamento social de dois metros, não higienizam as mãos e acabam sendo contaminadas e também contaminando outras pessoas, principalmente idosos/idosas e outras integrantes dos vários grupos de risco.
Essas pessoas, ao lado da negligência dos poderes públicos, na verdade, são os agentes do sofrimento, das desgraças e das mortes que continuam dizimando milhões de pessoas ao redor do mundo e o Brasil também está nesta mesma situação e faz parte desta triste e lamentável realidade.
Não bastasse o descaso de governantes, que negam a existência e a letalidade do vírus, alguns, como Bolsonaro que dizia, no inicio da pandemia no Brasil, que o CORONAVIRUS “é apenas uma gripezinha”, ou insinua que quem usa mascara não passa de maricas, quando referindo a esta realidade, disse explicitamente que “o Brasil precisa deixar de ser um país de maricas”.
O CORONAVIRUS, COVID-19 está circulando no mundo todo e ultimamente com novas variantes mais contagiosas e letais, muitos imaginavam e ainda imaginam que o surgimento de uma ou várias vacinas iria representar o fim da pandemia de um dia para o outro e que tudo estaria resolvido, o mundo e os países voltariam ao “antigo” ou “novo” normal.
Ledo engano, mesmo com a vacina, apesar de que mais de 50 países já estarem imunizando suas populações e nos próximos dias, semanas ou meses com certeza mais de uma centena de países também estarão protegendo suas populações, inclusive, países com dimensões econômicas e geopolíticas de peso muito menor do que nosso país, o Brasil, lamentavelmente, pela incompetência, descaso, negacionismo e incúria de nossos governantes, está no fim da fila, sem vacinas e nem seringas e agulhas o Ministério da Saúde consegue comprar, o que demonstra tanto o descaso quanto a falta de planejamento e de compromisso do Governo Bolsonaro e de diversas governantes estaduais e municipais com a saúde e a vida da população.
Por outro lado não podemos culpar apenas ou exclusivamente tais governantes insensíveis ou negacionistas mas, também, boa parte ou talvez a maior parte da população que é estimulada por tantas demonstrações de descaso quanto aos perigos e letalidade da COVID-19 por parte de autoridades, a quem atribuem uma grande dose de verdade, continua se aglomerando, promovendo festas e comemorações clandestinas ou ostensivas, pessoas saindo `as ruas ou frequentando áreas de comércio popular, com grande número de pessoas aglomeradas e circulando sem distanciamento social e sem o uso de máscaras, tem contribuído para o aumento assustador de novos casos de infecções e de mortes nos últimos dois meses, caracterizando que estamos em plena segunda onda desta pandemia.
Dados estatísticos e inúmeras reportagens tem demonstrado que o Sistema de saúde, principalmente o Sistema público de saúde, está entrando ou em alguns estados e capitais já entrou em colapso total.
Hospitais não tem mais leitos, nem de enfermaria e muito menos de UTI para atender ao aumento assustador de casos, números esses que, conforme diversas especialistas, tendem a aumentar nas próximas duas ou três semanas, como consequência e resultado das aglomerações e falta de cuidados por parte da população e falta de ação dos poderes públicos para coibirem tais eventos durante os festejos natalinos e de final de ano.
Da mesma forma que a segunda onda impôs novas medidas drásticas de isolamento, fechamento de estabelecimentos comerciais, atividades econômicas, esportivas, de lazer e outros setores na Europa e em vários outros países, talvez, já que a vacina ainda vai demorar muito tempo, muitos meses para estar disponível para toda a população, o Brasil terá que adotar, novamente, medidas restritivas, tendo em vista que os hospitais estão super lotados e sem chances de atender o aumento do volume de pessoas infectadas que demandam leitos hospitalares, principalmente leitos de UTIs, respiradores, além de equipes de profissionais de saúde que também estão morrendo e desfalcando tais quadros técnicos, o que torna a situação ainda mais crítica e assustadora. Só não vê quem não quer ou quem acredita em fake news, charlatanismo ou curandeirismo que continuam negando a existência e a letalidade do coronavírus.
Temos ouvido e visto no noticiário diário que o Sistema de saúde pública está encontrando dificuldade para contratar novos profissionais de saúde, seja para repor os cargos/funções de inúmeros que contraem a COVID-19 e outros que foram vitimas/morreram.
Conforme dados da OMS até Agosto pouco mais de 7 mil profissionais de saúde perderam a vida para o coronavírus, sendo 1.077 nos EUA, 649 na Inglaterra; 634 no Brasil; 631 na Rússia e 573 na Índia, entre os diversas países.
No caso do Brasil, conforme dados do Ministério da Saúde, em reportagem no site Agência Brasil, a COVID-19 infectou 257 mil profissionais de saúde e provocou centenas de mortes, impactando negativamente o volume e qualidade dos serviços prestados aos pacientes.
Cabe ressaltar que enquanto a corrupção através de criminosos de colarinho branco, dentro e fora dos organismos públicos continuam roubando recursos destinados ao enfrentamento do coronavírus, falta dinheiro para pagar pessoas abnegadas, como os profissionais de saúde, que colocam suas vidas em risco, ou adquirir equipamentos, sem os quais se torna impossível oferecer serviços de qualidade, como acontece em vários estados.
Roubar dinheiro da saúde pública deveria ser considerado crime hediondo e esses ladrões deveriam receber penas longas, por muitas décadas, para demonstrar que, realmente, o crime não compensa, já que no Brasil não existe pena de morte e nem de prisão perpétua para tais tipos de crimes e criminosos.
Lamentavelmente os ladrões de colarinho branco ainda continuam agindo e soltos após cumprirem penas bem leves, passando a mensagem para outros corruptos de que o crime compensa, já que a impunidade é a tônica dominante.
O Brasil, por falta de planejamento e gerenciamento precário no Sistema de saúde pública vive também um verdadeiro paradoxo, de um lado estão faltando leitos hospitalares e de outro existem milhares de leitos equipados mas falta pessoal técnico e de apoio, principalmente médicos e outros profissionais especializados.
Só no Rio de Janeiro, onde a situação está praticamente fora do controle, existem mais de mil leitos de UTI desativados por falta de médicos e outros profissionais de saúde, principalmente em hospitais públicos federais, estaduais, municipais e também hospitais universitários, o que é um absurdo, verdadeiro crime contra a população que tem na saúde pública a única forma de buscar atendimento e socorro.
Volto a repetir e a enfatizar, os hospitais estão superlotados, o número de leitos de enfermarias e, principalmente, de UTIs estão praticamente com capacidade esgotada, as filas da morte com dezenas de milhares de pessoas em todos os Estados aguardando uma vaga de UTI que não surge e ai a MORTE CHEGA NA FRENTE, tem aumentado dia após dias a angustia de doentes e seus familiares.
Neste cenário vamos continuar assistindo, ouvindo relatos, noticiário da imprensa radiofônica, impressa e televisiva pessoas amontoadas em corredores de hospitais ou nas portas de unidades de saúde, em ambulâncias que perambulam de hospital para hospital, muitas morrendo sem qualquer assistência. É muito triste e revoltante observarmos uma situação como esta.
Falamos tanto em democracia, em “Estado democrático de direito”, em direitos fundamentais das pessoas, direitos humanos como consta de nossa Constituição Federal que em seu artigo 196 assim estabelece “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.”
Ora, a saúde é mais do que importante para que as pessoas, os cidadãos e cidadãs possam exercer vários de seus direitos fundamentais, dentre os quais, o direito mais sagrado, a partir do qual todos os demais direitos estão vinculados que é a VIDA.
Sem saúde todos os demais direitos, inclusive o direito `a vida, se tornam sem sentido, por isso é a mesma Constituição Federal, que todos os Governantes juram cumprir e fazer cumprir e inclusive existe a mais alta instância do Poder Judiciário , que é o STF, cuja única atribuição é de ser o guardião de nossa Carta Magna, mas que em muitos casos, inclusive nesta pandemia, quase 200 mil pessoas não tiverem seu direito a vida garantido e foram tragadas pela morte.
Até o dia 05 de Janeiro de 2021, o Brasil já registrou 7,8 milhões de casos e 197,7 mil mortes, sendo que nas últimas 24 horas do dia 04 para 05 de janeiro foram registrados 56.648 novos casos e ocorreram 1.171 novas mortes, dentro de mais três meses, quando supõe-se que pelo menos parte dos grupos de maior vulnerabilidade possam já ter sido vacinados, estima-se que o número de casos podem seja igual ou superior a 10 milhões e o de mortes pode superar 250 mil, mantendo-se o atual índice de letalidade da COVID-19 no Brasil que é de 2,5%, como tem ocorrido ao longo dos últimos meses.
Sempre é bom ler e reler o que consta de nossa Constituição Federal, como, por exemplo em seu artigo quinto quando estabelece “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes….”
No andar atual “da carruagem”. como se diz, o plano nacional de imunização, no que tange à COVID-19, poderá não passar de um belo documento, para enfeitar prateleiras ou para que os governantes o exibam perante os meios de comunicação, jamais um plano real que represente ações de fato, que contenham metas e indicadores, prazos precisos e que consigam reduzir ou eliminar a circulação do vírus em nosso país.
Até que mais da metade dos brasileiros , incluindo todas as pessoas integrantes dos grupos de risco possam receber a vacina, vamos ter que aguardar vários meses ou talvez até o ano todo de 2021 para que isto aconteça.
Enquanto isso, dezenas de milhares de pessoas serão infectadas e centenas morrerão todos os dias. Assim, o Brasil poderá contabilizar e superar em 2021 mais de 12 milhões de pessoas infectadas pela COVID-19 e mais de 300 ou 350 mil mortes.
Neste contexto, é bom refletir que o Brasil continua sendo o terceiro país em número de casos, atrás dos EUA e da Índia. Mesmo tendo pouco mais de 15,3% da população Indiana tem 31,7% mais casos do que aquele país, isto significa que o índice de mortalidade por COVID-19, por 100 mil habitantes é de 10,7 na Índia e de 92,9 no Brasil. Nos EUA este índice é de 107,2 mortes por 100 mil habitantes e no mundo é de apenas 24,4 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes.
Quando comparamos os índices de letalidade, ou seja, qual o percentual das pessoas diagnosticadas/infectadas com COVID-19 que acabam morrendo, esses índices são os seguintes: mundo 2,2%; Itália 3,5%; Inglaterra 2,7%; Espanha 2,6%; Brasil e França 2,5%; Alemanha 2,0%; Rússia 1,8%; EUA 1,7%; Índia 1,4% e Turquia 1,0%. Esses são os dez países com maiores números de casos no mundo. A média do índice de letalidade desses dez países é de 1,9%.
No entanto, desde o inicio da pandemia do coronavírus os dados estatísticos tanto em relação ao mundo como um todo quanto de inúmeros países onde tais dados estão disponíveis indicam que a taxa de letalidade cresce de acordo com o aumento das faixas etárias, a despeito de que os índices de contágio sejam mais uniformes, ou seja, pessoas em todas as faixas etárias, a partir de 20 ou 30 anos são contaminadas, mas, mesmo que os idosos com 60 anos e mais sejam a minoria da população, proporcionalmente são infectados em maior percentual e, pior ainda, apresentam índices de letalidade diversas vezes maiores do que das faixas etárias menores do que 60 anos.
Os dados a seguir são do Estado de São Paulo, até meados de dezembro e representam a média nacional em relação aos Brasil como um todo e guardam a mesma relação com dados da China, de diversas países Europeus, dos EUA e também de praticamente todos os países da América Latina.
Internamente, no caso do Brasil, os índices de letalidade variam bastante e decorrem tanto do estado de higidez da população quanto da qualidade dos sistemas de saúde, principalmente dos sistemas públicos.
Isto significa que as pessoas cujo estado imunológico esteja comprometido com outras comorbidades, como portadores de diabetes, doenças cardíacas, vasculares, renais, câncer, fumantes, obesos ou que sofrem com doenças respiratórias ou degenerativas quando infectadas pelo coronavírus tem a probabilidade de serem afetadas com maior severidade e irem a óbito do que as demais pessoas que tenham melhor imunidade e não tenham comorbidades.
Além disso, a falta de condições no atendimento do Sistema público de saúde principalmente, com a falta de leitos hospitalares, falta de medicamentos, falta de profissionais e técnicos de saúde contribuem para a demora no atendimento e diagnóstico correto, complicando sobremaneira a situação desses pacientes e aumentando a probabilidade de um aumento de mortes. Nessas situações os grupos populacionais excluídos, pobres e moradores das periferias urbanas e meio rural são as maiores vitimas.
Voltando aos índices de letalidade no Estado de São Paulo, por faixa etária, os dados indicam que em pessoas com menos de 40 anos este índice é de 0,2% ou seja, de cada mil pessoas infectadas apenas duas vão a óbito, nas demais faixas etárias os índices são: 40 a 49 anos 1%, em mil contaminados 10 morrem; 50 a 59 anos 2,8% ou seja, de cada mil infectados 28 acabam morrendo; de 60 a 69 anos 8,4% indicando que em mil pessoas contaminadas 84 acabam morrendo; 70 a 79 anos 18,5% ou seja, de cada mil infectados 185 morrem; 80 a 89 anos 32,0% indicando que de cada mil pacientes nesta faixa diagnosticados 320 acabam morrendo e pacientes com mais de 90 anos o índice de letalidade é de 37,8% demonstrando que quanto maior e a faixa etária maior é o índice de letalidade, no caso dos idosos com mais de 90 anos 378 dos diagnosticados com COVID-19 acabam morrendo.
Na maioria dos países e também aqui no Brasil, idosos com 60 anos ou mais representam 76% do total de mortes por COVID-19, isto significa que das 197,7 mil mortes ocorridas até o dia 05 de Janeiro de 2021, nada menos do que 150,2 mil óbitos foram de pessoas idosas com 60 anos ou mais, um absurdo, quando este grupo representa apenas 13,6% da população brasileira.
A negligência em relação a esses grupos, principalmente os mais idosos, pode representar um verdadeiro genocídio, ou seja, extermínio de boa parte dos idosos em idade mais avançada.
Merece também um destaque para o fato de que os índices de letalidade no Brasil variam muito entre os Estados. Enquanto o índice de letalidade do Brasil é de 2,5%, em Mato Grosso do Sul de 1,9%, em Pernambuco 5,3% e no Rio de Janeiro 6,6%.
Para situarmos melhor a questão dos idosos em relação à COVID-19 e a vacinação, precisamos destacar que existem no Brasil 28,9 milhões de idosos (pessoas com 60 anos ou mais) ou 13,6% da população brasileira.
Por faixas etárias temos o seguinte Quadro: a) de 60 a 74 anos existem 22,2 milhões de idosos, ou 77% de idosos que serão excluídos inicialmente do plano de vacinação do ministério da saúde; b) acima de 75 anos existem 6,7 milhões de idosos ou 23,0% da população idosa, que, em princípio serão vacinados em caráter prioritário nos termos do plano de vacinação do governo federal.
Só para vacinar todos os idosos o Brasil teria que garantir nada menos do que 57,8 milhões de doses de vacinas, além dos grupos de risco como profissionais de saúde, portadores de comorbidades, cujos dados exatos estão ausentes nos diversas planos de vacinação dos governos federal, estaduais e municipais.
É neste contexto que precisamos discutir a questão da vacinação, pois além dos idosos, não apenas acima de 75 anos, mas sim, acima de 60 anos sejam vacinados, em cumprimento inclusive ao que consta do Estatuto do idoso, que em seu artigo 15 estabelece “ É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos”.
Ora, neste e em nenhum outro artigo o grupo de idosos de 60 ate 75 anos consta que este grupo deva ser excluído, razão pela qual tanto o Governo Federal quanto os governos estaduais e prefeituras não podem excluir a maior parte dos idosos no Brasil em se tratando de vacinação contra a COVID-19.
Os idosos no Brasil (pessoas com 60 anos e mais) representam 13,6% da população; 16,3% dos casos de COVID-19 e o absurdo de 76,8% das mortes por esta terrível pandemia.
Em relação à vacinação e fabricação de tantos insumos e equipamentos fundamentais e imprescindíveis para o pleno funcionamento dos sistemas de saúde, é importante refletirmos que, enquanto alguns países como EUA, diversas europeus, Rússia, China, índia e Japão estão em um estágio avançado em educação, ciência e tecnologia em todas as áreas, inclusive nesta de equipamentos e insumos hospitalares e de saúde, o Brasil, ao longo de décadas pouco tem investido em educação, ciência e tecnologia e tanto se orgulha de ser um dos grandes exportadores de commodities, matérias primas com baixo índice de agregação de valores, como era a economia brasileira durante os períodos colonial e do império. Esta é uma razão para não produzirmos vacinas, respiradores e até mascaras e luvas, itens que devem ser importados, uma vergonha!
Parece que um cenário como este não abala as preocupações dos políticos, gestores e governantes municipais que começaram uma nova gestão a menos de uma semana ou políticos estaduais e federais que só pensam nas eleições de 2022, até lá, o povo que se dane, o povo que se lasque, o povo que continue chorando seus doentes e enterrando seus mortos, sem sequer poder vela-los com dignidade.
Também é necessário que os Ministérios Público Federal e Estaduais, que são “os fiscais da Lei”, as Defensorias públicas e inclusive o Poder Judiciário, tenham uma ação mais decisiva e efetiva para que os Governantes e instituições públicas e privadas realmente cumpram com as leis que garantem os diversas direitos da população. Afinal, a existência de Leis que não são cumpridas não passam de “belas mentiras”, ou como dizem, “para inglês ver”.
Este é o Brasil que teremos, em 2021, no que tange à maior crise sanitária de nossa história, é a falência total do Sistema público e, em parte do Sistema privado de saúde, inclusive dos planos e seguros de saúde, além de todas as demais mazelas que colocam nosso país no centro do noticiário internacional como o descaso, degradação e crimes ambientais, a violência endêmica que já tomou conta de nossa sociedade, a corrupção que continua correndo solta, a pobreza, a miséria e a fome que afetam mais da metade da população brasileira, situação que vai piorar muito com o fim do auxílio emergencial a partir deste inicio de 2021.
JUACY DA SILVA, professor universitário, aposentado UFMT, sociólogo, mestre em sociologia e colaborador de alguns veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy
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OS DEUSES FORAM PILATOS
Roberto Boaventura da Silva Sá
Dr. em Jornalismo/USP. Prof. de Literatura/UFMT
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Já dentro de 2021, que apenas dá sequência ao doloroso 2020, externo o constrangimento por ter visto compartilhadas, em redes sociais, algumas manifestações – de amigos e familiares – acerca da recente passagem.
Depois de um ano tão anômalo, como foi 2020, nosso comportamento naquele momento também foi revelador de como cada um tem visto o outro durante o processo pandêmico em curso.
Em viradas anteriores, qualquer palavra podia ser dita, por mais clichê que fosse. Nesta, não. Todo cuidado – ou respeito – era necessário, principalmente com as palavras. Mas só teria essa postura quem, de fato, havia internalizado a dimensão da tragédia vivida, não apenas pelas vítimas diretas da covid-19, em especial pelas que saíram dos hospitais em caixões lacrados e sem velório, mas por todos os familiares e amigos de cada uma dessas vítimas fatais. Em menos de um ano, foram quase 200 mil! Como foi lembrado por um telejornal, número que não é encontrado em 97% de nossas cidades.
Por esse panorama, ao invés de fogos de artifícios e palavras vãs que, ainda bem, se vão com a força do vento, só o silêncio cabia. Por isso, não cabia a exposição, pelo menos publicamente, do velho e natural agradecimento (obviamente, aos deuses) pela vida. Não cabia sequer agradecer pelo fato de se estar junto à sua “sagrada” família; afinal, esse tipo de agradecimento, em momento de tanta dor e incertezas, mesmo de forma inconsciente, é registro do império do individualismo, há muito, naturalizado em nossa cultura, que consegue conviver, sem questionamentos, com a contradição que sustenta um casamento socialmente cínico – desde as primeiras barbáries da exploração portuguesa – do voraz capitalismo com o cristianismo de fachada.
Numa cultura assim, o individualismo é prova de como cada um de nós se sente melhor e o escolhido por algum tipo de criador – seja ele de que matriz religiosa for – para, neste tempo de pandemia, ter sido isentado da devastadora doença que não poupou lugar no planeta.
Qualquer reflexão básica deveria nos levar a perceber que ter sobrevivido a 2020 foi arte que demandou esforços exclusivamente humanos; nada mais. Os deuses – se existirem – foram Pilatos. Cruzaram os braços e assistiram a uma grande tragédia planetária. Logo, não houve mão divina separando os joios dos trigos. Detalhe: muitos dos “trigais” perderam a vida, apesar de todos os cuidados tomados, afinal, por perto, ou pelas mídias, podia (e certamente havia) ter alguma abominável criatura negacionista, “rondando ao redor”; ou um parente, um vizinho, ou um amigo desatento, ainda que pontualmente.
Nunca andamos tanto na corda bamba, por mais que as precauções fossem tomadas: sabão, álcool em gel ou o distanciamento social de 2 metros mantido; aliás, se os deuses existem, certamente disseram a todas as vítimas fatais de 2020: “- mas, você, aqui? Agora? O que houve no inferno da Terra? Não era ‘sua hora’ ainda! Queria me ver mais rapidão, quando – no fundo, no fundo – ninguém dentre minhas amadas criaturas quer me ver nem pintado de ouro? Não estou entendo”.
Agradecer – nas redes sociais – por ter sobrevivido a 2020 foi o mesmo que desconsiderar – quando não escarniar – todas as dores sentidas por tantas famílias, mesmo que nenhuma delas fosse de nosso convívio. Ao dizer isso, me recordei do poema “Procura da Poesia”, de Carlos Drummond, inserido no livro “A Rosa do Povo”, do qual transcrevo as duas primeiras estrofes:
“Não faças versos sobre acontecimentos./ Não há criação nem morte perante a poesia./ Diante dela, a vida é um sol estático,/ não aquece nem ilumina./ As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam./ Não faças poesia com o corpo,/ esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.// Tua gota de bile, tua careta de gozo ou dor no escuro/são indiferentes./ Não me reveles teus sentimentos,/ que se prevalecem de equívoco e tentam a longa viagem./ O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia...”
Toda vez que releio esse poema, penso em como o silêncio pode ser mais significativo do que tantos atos que concretizamos e de palavras que proferimos; aliás, como lembra Arnaldo Antunes no poema “O Silêncio”, “o silêncio foi a primeira coisa que existiu; um silêncio que ninguém ouviu”, posto ter vindo antes da voz. Ah, se sempre nos lembrássemos disso!
Se nos lembrássemos sempre disso, os espaços das redes sociais raramente seriam usados para tanta exposição de nossos sentimentos, fossem quais fossem. Esse comportamento fútil está nos conduzindo à saturação como seres humanos.
Se nos lembrássemos sempre disso, penso o quanto o silêncio poderia nos ajudar a entender nossa dimensão diminuta e nossa relativa importância nos giros do mundo, até por conta de nossa incontrolável efemeridade.
Ao nos fazer lembrar disso tudo, o eu-poético de Drummond nos coloca diante de nossa limitada importância individual, mas nos projeta como raridades na dimensão coletiva da continuidade da espécie, da qual não passamos de um singelo exemplar, aliás, e paradoxalmente, raramente exemplar.
Talvez, lançar mais mão do silêncio nos fizesse entender o que, citando-o novamente, Arnaldo Antunes já compreendeu, ao dizer sobre si:
“...Eu sou um fragmento de olhares alheios que me compõem... Sou a síntese de todos os olhares possíveis que existem sobre mim, também. Essa fronteira entre interior e exterior; não tem um ‘eu’. O ‘eu’ é um mundo voltado para uma experiência do mundo... Eu questiono essa coisa porque que tem um “eu”, Arnaldo. Não. Eu sou o resultado do que a vida tá passando, por este momento presente”.
Lindo isso, mas difícil de ser absorvido, posto a maioria de nós já estar bem atolada no vício de compartilhar insignificantes individualidades.
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Encaminhamos o artigo a pedido da Profª Marluce Souza Silva, intitulado #DEFENDAOLIVRO e lute como um leitor: o enredo do empoderamento social pela leitura no Brasil, da aluna Julia Marina Bortolani Martins.
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Texto enviado pelo Prof. Aldi Nestor de Souza*
17:00h. Quarta Feira, 16 de dezembro de 2020. Várzea Grande. Mato Grosso. Os assistentes e as assistentes sociais cerram a porta do ginásio de esportes, após um dia de cadastramento e vão pras suas casas. Do lado de dentro do ginásio, a mobília de mais de mil famílias, despejadas do residencial Colinas Douradas, de propriedade da caixa econômica, na manhã daquele dia. Do lado de fora, as famílias, alguns colchões espalhados pelo chão, uma barraquinha de plástico.
De pouco valeu a pergunta, feita ao funcionário da caixa, cuidadoso e conferindo cada colchonete, cada saco de roupas velhas, cada armário, cada gaveta espalhados no piso do ginásio, e ao pessoal da assistência social, em suas mesinhas ornadas de questionários:
o que vai ser feito com as pessoas que estão lá fora?
Pelo funcionário da caixa foi dada a seguinte resposta: A Caixa econômica, conforme decisão judicial, é responsável pela mobília. Ela ficará aqui no ginásio por um período de trinta dias. Sobre as pessoas, é o poder público que tem que se responsabilizar.
Certo, mas e se começar essa chuva que está a caminho, elas vão poder entrar e se proteger aqui na quadra?
Isso quem resolve é a prefeitura.
Pelos assistentes e pelas assistentes sociais foi dada a seguinte resposta: a prefeitura tem os abrigos, elas podem ir pra lá. Estamos fazendo um cadastro via CRASS, que consiste de saber o antigo endereço delas, de algum parente, para encaminhá-las. “porque com certeza elas tinham endereço, elas moravam em algum lugar antes da invasão, né?”, finalizou uma assistente social.
Lá fora, homens, mulheres e crianças, muitos ainda sem almoço naquele dia, olhar de desânimo, de cansaço, de tristeza, de revolta, relatavam o ocorrido, a violência da polícia e afirmavam precisar dormir ali na calçada por não ter pra onde ir. “sim, é claro que eu tenho parentes. Morávamos 12 pessoas, duas famílias, numa peça de dois cômodos”. “eu morava de aluguel, perdi o emprego na pandemia, fiquei sem ter como pagar e me juntei ao pessoal para ocupar o prédio desocupado da caixa”. “ eles retiraram uma mulher com covid lá do prédio, de nada adiantou ela mostrar os exames positivos, os remédios, a dor, a fragilidade. A polícia arrancou ela de lá .”
Uma assistente social ainda conseguiu dizer o seguinte: “mas eles tem até carro, apontando para uma saveiro, anos 90, estacionada perto”. Olha, respondi: um deles tem uma caminhonete novinha, de dois anos de uso, mas com mil famílias despejadas, por que te chamou a atenção apenas a pessoa da saveiro? Por que você não escolhe aquela senhora grávida, com três crianças pequenas enroscadas em suas pernas, uma das quais inclusive passou mal hoje devido a ter ingerido os biscoitos vencidos que a polícia deu na hora da reintegração de posse? Ou porque você não escolhe aquele cadeirante, que levou spray de pimenta na cara e teve que ser socorrido e retirado com urgência da frente do trator que avançava? Ou porque você não escolhe pensar que esse despejo se deu em plena pandemia, jogando na rua cerca de 6 mil pessoas? Ou por que você não escolhe as centenas que não tem pra onde ir, que não são daqui, não tem parentes, não tem carro, casa, nada? a assistente social deu de ombros.
A polícia doou biscoitos, com data de vencimento 06/11/2020, conforme os pacotes exibidos por vários moradores. As crianças comeram, algumas caíram em vômitos. Não é fácil entender a doação de biscoitos na hora de uma reintegração de posse. Menos ainda, de biscoitos vencidos. É como se a maldade e a indiferença, de mãos dadas, estivessem de conluio, prontas e dispostas à demolição.
Um homem disse: ” vou dormir aqui, amanhã de manhã vou pro meu serviço. Depois, não sei. “
Foi preciso calma pra ver a segurança e a tranquilidade com que o homem da Caixa econômica falava do cumprimento da lei, do que cabia à Caixa, de os moradores terem invadido uma propriedade privada, de a Caixa não ter nada a ver com isso, de que a lei é pra ser cumprida, de que a Caixa cuidaria dos pertences dos moradores e lhes asseguraria o tempo de um Mês para a retirada e ponto final.
Foi preciso paciência para aturar os assistentes e as assistentes sociais, seguros e seguras de seus questionários, alheios e alheias para com o desespero que se espalhava no meio da tarde, na calçada, no sol, no calor, na noite que se aproximava, daquelas famílias, ali a cinco metros de distância de suas mesinhas.
É preciso multiplicar a indignação, estourar os miolos da paciência com os serviçais e operadores da justiça, técnicos decoradores dos compêndios de leis, ignorantes da vida real e das relações escaldantes que tanto mutilam nosso povo, e que, em plena pandemia, são capazes de ordenar um despejo para agradar a um banco e que jogou ainda mais no flagelo milhares de miseráveis.
Eu imaginei, o que fez todo sentido, que aquele homem da caixa, aqueles assistentes e aquelas assistentes socias, esses operadores da justiça são produto dessa sociedade absolutamente doente, formada à base da lei do valor, que gera indivíduos medonhos, sem compaixão, sem amor, sem poemas, sem lirismo, sem afeto, insensíveis à dor ao lado.
Eu imaginei a profundidade dos pedaços do poema, O operário em construção, de Vinícius de Morais, quando este diz: de fato, como podia, um operário em construção, compreender por que que um tijolo valia mais do que um pão? Ou ainda “ que o operário faz a coisa e a coisa faz o operário”.
*Aldi Nestor de Souza
Departamento de Matemática-UFMT-Cuiabá
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EDITAL DE SELEÇÃO / CONTRATAÇÃO
A ADUFMAT, ASSOCIAÇÃO DOS DOCENTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO, pessoa jurídica de direito privado, com natureza e fins não lucrativos, inscrito no CNPJ/MF sob o nº 14.912.075/0001-53, Av. Fernando Correa da Costa, 2367 - Boa Esperança – Cuiabá-MT/CEP 78060-900 torna público, que realizará contratação para Prestador de Serviços Advocatícios no cargo de Advogado e/ou sociedade de Advocacia, com inscrição regular na OAB, nas seguintes modalidades:
Prestador de Serviços Advocatícios – A contratação será efetivada por regime de Prestador de Serviços / Autônomo, podendo participar Advogado e/ou sociedade de advogados, em conformidade com seu Conselho, Sindicato e Legislação Específica, devendo para tanto estar com inscrição regular na Ordem de Advogados do Brasil. E comprovar experiência em assessoria sindical e defesa de pautas coletivas de trabalhadores sindicalizados. A remuneração será mensal de R$ 4.982,54 (Quatro mil novecentos e oitenta e dois reais e cinqüenta quatro centavos).
DOS DEVERES DO CONTRATADO:
- Elaborar pareceres Jurídicos, Defesa da Entidade, propor e Acompanhar as Ações nas áreas do direito Constitucional, Civil, Administrativo, Trabalhista e previdenciário, propondo medidas judiciais e administrativas quando necessário.
- Assessorar e prestar consultoria jurídica aos filiados 01 (uma) vez na semana (na Sede ADUFMAT Cuiabá ou na Sub-sede no interior), no horário matutino, na sede da ADUFMAT, cumprindo rigorosamente o horário especificado, ressalvado os feriados. Caso não haja o cumprimento do horário estabelecido, os dias serão descontados no recebimento do valor dos honorários convencionados.
- Poderá a entidade sindical frente à desídia do contratado, contratar outro profissional, para cumprimento temporário das obrigações contratuais. Sendo que os custos desta contração serão descontados dos valores da prestação de serviço pactuados.
- O Contratado deverá acompanhar os filiados, inclusive do interior do Estado, em audiências judiciais, sindicâncias e processos administrativos, elaborando defesa e recursos em face da administração pública; com gasto de locomoção, estadia e diária por conta da ADUFMAT.
- Propor as medidas e ações judiciais, acompanhando-as em todas as suas instancias.
- Quando solicitado, deverá elaborar pareceres jurídicos relacionados aos assuntos sindicais e assuntos que afetem a vida funcional dos filiados, atendendo a urgência de cada caso.
- Deverá prestar assistência jurídica nos movimentos de greve, assessorando o comando de greve no trato com a administração pública, fazendo-se presente nas reuniões e Assembléias que seja convocado.
- Quando solicitado, comparecer nas assembléias da entidade sindical, prestando assessoria e assistência jurídico à entidade sindical e seus filiados e acompanhar atividades na sub-sedes da ADUFMAT e em âmbitos nacional.
- Não poderá participar do processo de contratação o advogado ou sociedade de advogados, que possuam vínculo empregatício com o Serviço Público Federal, devendo o proponente firmar termo de ausência de exercício funcional-administrativo com a administração pública federal.
- Havendo falsidade na declaração de não vínculo funcional-administrativo com a administração pública federal, o proponente será desclassificado.
Encaminhamento de formulário de inscrição e currículo serão feitas exclusivamente pela internet (O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.) nos dias 11 a 17 de janeiro de 2021 no horário 00:00h a 23:59h . (horário de Cuiabá)
O processo de seleção se dará nas seguintes etapas:
1 – Análise de currículo documentado,
2 – Entrevista, pela plataforma google meet, nos dias 26 e 27 de janeiro de 2021.
3 – Homologação da Assembleia Geral da Adufmat Ssind em 02 de fevereiro de 2021.
Cuiabá-MT, 03 de dezembro de 2020.
Diretoria da ADUFMAT
Cronograma Edital Assessoria Jurídica ADUFMAT Ssind |
|
Divulgação do Edital em jornal local e site da Adufmat Ssind |
16-12-2020 a 10-01-2021 |
Inscrições conforme Edital |
11 a 17/01/2021 |
Deferimento das Inscrições no site da Adufmat Ssind |
18/01/2021 |
Recurso |
19/01/2021 |
Resultado do Recurso no site da Adufmat Ssind |
20/01/2021 |
Horário das Entrevistas no site da Adufmat Ssind |
20/01/2021 |
Análise de Currículos |
25/01/2021 |
Entrevistas |
26 e 27/01/2021 |
Resultado no site da Adufmat Ssind |
28/01/2021 |
Recurso |
29/01/2021 |
Resultado Final no site da Adufmat Ssind |
01/02/2021 |
Homologação Assembleia Geral Adufmat Ssind |
02/02/2021 |
Além de lugares de expressão da fé, várias igrejas, centros e outros espaços religiosos têm também papel fundamental, em muitas comunidades, na concentração de ações de solidariedade voltadas para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Porém, com a pandemia do novo coronavírus, esses locais tiveram que fechar as portas, para diminuir a aglomeração de pessoas.
No entanto, diversos líderes religiosos no país se negaram obedecer as regras de isolamento, postura que gerou muitas críticas. Outra questão que também tem dificultado o combate à Covid-19 é o fundamentalismo religioso, que dissemina, entre os fiéis, a descrença no conhecimento científico e, consequentemente, nas orientações dos órgãos de saúde pública para evitar a contaminação.
Para discutir essas questões, a imprensa do ANDES-SN conversou com o pastor evangélico Henrique Vieira, da Igreja Batista do Caminho de Niterói (RJ). Vieira é professor, cientista social, historiador, teólogo, pastor e ator. Constrói o canal Esperançar. Militante de direitos humanos desde a adolescência, ele atua junto a diversos movimentos sociais no Rio de Janeiro e foi vereador pelo PSol na cidade de Niterói, entre 2012 e 2016. Confira:
ANDES-SN: Como o extremismo religioso impacta nas medidas de combate ao novo coronavírus?
Pastor Henrique Vieira: O extremismo religioso é pautado num fanatismo que inviabiliza o diálogo, a escuta, a convivência fraterna. Por tanto, pressupõe uma verdade absoluta fechada em si mesma, que não consegue lidar com a diversidade, por um lado e com o acúmulo do conhecimento humano produzido ao longo da história, por outro.
Estou dizendo isso, porque o extremismo religioso acaba também inviabilizando o diálogo com o campo científico e com aquilo que vem sendo colocado como melhores medidas para combater o novo coronavírus, diminuir o ritmo do contágio para dar tempo de estruturar o sistema de saúde, para salvar a vida de muitas pessoas.
Como o extremismo religioso é fechado em si mesmo e não dialoga com a pluralidade de saberes, nesse contexto, ele também nega o campo científico e, dessa forma, tende a minimizar o problema e a inviabilizar, ou dificultar, que medidas sejam tomadas para realmente conter o avanço do coronavírus na sociedade.
Então, é um impacto negativo à medida que desconsidera o saber científico, minimiza o tamanho do problema e gera a leitura, em parte da sociedade, de que o isolamento social não é importante. Tem, na prática, um impacto negativo, que pode influenciar o comportamento das pessoas, aumentar o ritmo de contágio e o número de mortes.
ANDES-SN: Como você analisa os atos de solidariedade encabeçados pela sociedade civil, entidades sindicais e sociais?
Pastor Henrique Vieira: Os atos de solidariedade são fundamentais. Primeiro, para amenizar o sofrimento das pessoas, socorrer quem precisa de ajuda. Aquela frase é tão simples, mas tão correta: "quem tem fome, tem pressa". A precariedade é tão grande que a urgência é muito necessária. Essas redes de solidariedade se tornam essenciais para manter a vida de milhares de pessoas. A solidariedade salva, objetivamente, ainda mais num momento como este.
E tem um segundo sentido que é para além de amenizar o sofrimento, na urgência da fome, da precariedade. Acho que a solidariedade é um valor que aponta para um outro mundo. Um valor que denuncia essa lógica de competição, de rivalidade, de individualismo, de meritocracia da sociedade capitalista. A lógica do capitalismo é a lógica da não solidariedade. Cada um por si, e todos por ninguém. Todos contra todos e quem puder se salva. E percebemos que essa lógica é insustentável, tanto do ponto de vista humano quanto do ponto de vista ecológico. Então, a solidariedade, além de amenizar o sofrimento, ela nos sinaliza um outro modelo de sociedade, que possa romper com essa lógica do capitalismo individualista, meritocrático, privatizante do sentido da vida.
Acho que essa rede de solidariedade pode ser a semente de um outro modelo de economia, de produção, de consumo, de relação com o tempo, com o trabalho, com a natureza. Se pegarmos esse valor e, realmente, aplicarmos à transversalidade da vida a cooperação e comunhão, lógicas mais comunitárias de produção da vida.
Então, eu acho que a solidariedade também tem esse valor. Além de amenizar o sofrimento, socorrer quem precisa e aliviar a dor, apontar um outro caminho civilizacional que não seja mais pautado por esse individualismo que torna a vida amarga.
ANDES-SN: A postura do presidente Bolsonaro e de líderes religiosos em manter as igrejas abertas, inclusive para missas e cultos, em tempos de quarentena é bastante criticada. Qual a sua opinião?
Pastor Henrique Vieira: Minha opinião é que essa é uma postura irresponsável, inconsequente, insensível, desumana. Uma postura que coloca em risco a vida de muitas pessoas. Parece até que muitas igrejas, inclusive por força judicial, estão se mantendo na maior parte do tempo, fechadas. Eu não tenho informação sobre como está nesse momento, mas eu acompanhei e vi que muitas lideranças se quer queriam fechar as suas igrejas.
O que está por trás disso é uma experiência religiosa fanática, inconsequente, que não cuida da vida. E, também, tem um outro fator que é econômico. Igrejas cheias, dentro dessa lógica, de determinadas lideranças, significa arrecadação alta. Então, em certo sentido, estão se preocupando mais com o bolso do que com a vida.
Cabe dizer, e é importante dizer isso, que eu sinto saudade do encontro presencial da minha igreja. Que essa dimensão comunitária do culto, da comunhão, no espaço da igreja, é uma dimensão muito importante para mim e para milhões de brasileiros.
Não se trata de dizer que isso é fácil, que não se encontrar na igreja é tranquilo. Não é. Tem dor, sentimos falta, pois faz parte da nossa tradição de fé cantarmos juntos, orarmos juntos, lermos a bíblia e orarmos, presencialmente, uns pelos outros. Há uma dimensão comunitária presencial que é muito importante nas nossas vidas, só que, o isolamento social é uma necessidade para preservar vidas. Embora a gente sinta saudade e faça falta na nossa vida, é consequente, consciente e necessário e é, na verdade, uma atitude de amor, que nesse momento, os encontros coletivos nas igrejas não aconteçam.
E eu acho que isso é fruto de uma espiritualidade que compreende a vida, que coloca o amor como centro e que procura cuidar das pessoas - da gente e do próximo. Sentimos saudades, pois o valor comunitário é muito importante para nós. Só que o isolamento social é uma necessidade e nesse momento um ato de amor, de cuidado com a gente e com o próximo.
ANDES-SN: Qual seria a postura aconselhável de igrejas e de líderes religiosos neste momento, em que milhares de pessoas estão infectadas e outras tantas desempregadas e desabrigadas?
Pastor Henrique Vieira: Aquelas igrejas que têm acesso às ferramentas de internet podem usar as redes sociais para produzir conteúdo, estudo bíblico, compartilhar palavras de consolo e esperança. Inclusive o próprio whatsapp é um mecanismo, eu acho que dos mais populares em termos de redes, que pode ser muito utilizado para compartilhar devocionais, estudos bíblicos, palavras de consolo, palavras de esperança. Acho que a igreja tem essa responsabilidade, de produzir consolo, de apontar caminhos usando os meios mais responsáveis nesse momento. Então, por que não usar as redes sociais, as múltiplas possibilidades disponíveis para levar às pessoas uma palavra de acalanto, de consolo, de cuidado, de carinho e de esperança?
Por outro lado, não menos importante em hipótese alguma, as igrejas devem participar, de maneira responsável e com logística responsável, de campanhas de solidariedade, de arrecadação e distribuição de alimentos. Sempre zelando pela higienização, pela forma correta de fazer, colocando o menor número de pessoas em deslocamento, mas participando ativamente de campanhas de solidariedade para amenizar o sofrimento, para distribuir alimentos, para impedir que pessoas passem fome. Inclusive, acho que essa é uma tarefa ética da igreja, a partir da nossa fé em Jesus.
Consolo, esperança e solidariedade, do ponto de vista objetivo, acho que é um caminho mais responsável para igrejas e lideranças religiosas. É o que temos procurado fazer com humildade, com coragem e com amor.
*As opiniões contidas nesta entrevista são de inteira responsabilidade dos entrevistados e não necessariamente correspondem ao posicionamento político deste Sindicato
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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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Por Clark Mangabeira*
Enfim, sobrou tempo. Muito tempo. Em meio ao necessário e fundamental isolamento social, o tempo tornou-se, por um lado, filho pródigo que retornou com ânsia de permanência quando achávamos que já o tínhamos perdido para sempre, condenados a procurá-lo. Por outro lado, ironicamente, agora impõe sua vontade à nossa revelia: o que fazer com esse montante inesperado, aparentemente exagerado, dessa coisa chamada tempo que agora escorre como se inesgotável por entre nossos dedos?
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Isolados, acabamos nos tornando os corpos que sempre fomos. Corpos que se movem, comem, defecam, bebem, dançam, dormem, pensam. Corpos: carne, mente e alma, trindade una flutuando entre o futuro do presente e o do passado. E, como corpos que sempre fomos, percebemos que esbarramos naquele tempo. Andamos com ele. Por dentro dele. Independente de qualquer variação filosófica, fiquemos com o óbvio – um exercício que hodiernamente parece excelente: temos tempo, queremos fazer algo com ele, mas nossos corpos=mentes=almas se escoram no antigo hábito de nunca o ter, de sempre persegui-lo, cachorros correndo atrás do próprio rabo.
Corpos e tempos. Tempos que subjetivamente variam de corpo a corpo. É comicamente triste ver publicações nas mídias em geral que encerram piadas sobre a quantidade de tempo, corpos prostrados e desesperados pelo excesso. Porém, é triste também fingirmos nunca nos termos dado conta da falta, de quanta falta o tempo fazia: na aclamada lucrativa correria do dia a dia, durante a qual muitos ansiavam pelo fim de semana ou alguma atividade qualquer, faltavam horas e dias. Esvaíamo-nos.
Então, veio o agora e mudou tudo. O agora mesmo, inescapável. Presos em um agora elástico, o que fazer? Como fazer? Que tempo, dentre todas as antes maravilhosas possibilidades, queremos usufruir? Nunca se fez tão necessária as Artes em nossos corpos=tempos. “Sempre” e “nunca” se fundiram em uma encruzilhada na qual a desgastada imaginação bamboleia-se em torno do próprio eixo, sem a necessidade do tempo futuro na qual viria a fincar-se, já que o agora, bem, é agora, e as Artes dão o tom dos começos e finais dos tempos.
Paralelamente, não nos esqueçamos, Artes e corpos=tempos inscrevem-se politicamente. Quais tempos são passíveis de serem usufruídos artisticamente e artesanalmente, ou não? Quais corpos podem usufruir de quais tempos e Artes? Quais corpos=tempos devem ser excluídos? Estes e muitos outros questionamentos delimitam a lógica objetiva mais ampla – cruel – de estabelecimento de tempos específicos para corpos específicos, em uma agonia da qual resvalam gritos dos excluídos, e às favas com as qualidades subjetivas artísticas e corpo=temporais. Corpos desolados. “Corpos matáveis”, nas palavras da filósofa Judith Butler, mas também tempos matáveis, cruéis, açougueiros a retirar a carne das mentes e almas para servir de alimento a outros. Corpos=tempos esvaziados.
No inefável desse momento-instante atípico, enfim, o que nos resta? Volta-se ao “tudo” e ao “nada”, unificados. Não faço a menor ideia do que fazer e/ou viver. Sobra tempo? Inegavelmente. Mas que outros pensem sobre ele. Estou (estamos?) com o corpo cansado e, infelizmente, sem tempo. Defender o óbvio – que clichê! –, de fato, cansa. Mas, por favor, fiquem em casa.
Texto publicado anteriormente na Revista Matapacos (do Coletivo Coma A Fronteira) e site iMato Grosso.
*Clark Mangabeira, escritor e Prof. Dr. do Departamento de Antropologia da UFMT
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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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Compartilhamos, a pedido do professor Reinaldo Gaspar Mota, o MANIFESTO DO FÓRUM PERMANENTE DE SAÚDE DE MATO GROSSO
O Fórum Permanente de Saúde e a Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares em MT vem, por meio deste, externalizar suas preocupações em relação a pandemia causada pelo novo coronavírus(SARS-Cov2).
Neste momento, o mundo registra aproximadamente 3 milhões de casos notificados de COVID-19 e mais de 200 mil mortes, tendo como principal país atingido os EUA, com quase 1 milhão de casos e 50 mil óbitos. Neste ranking o Brasil aparece no 11º lugar com uma das maiores taxas de letalidade (6,8%).
O Ministério da Saúde registrou cerca de 60 mil casos confirmados, mais de 4000 óbitos, com 346 novas mortes nas últimas 24 horas (26/04/20). Em Mato Grosso, até o presente momento (27/04/20) existem aproximadamente 241 casos com a notificação de 10 óbitos. Lembramos que o número de testes disponibilizados é insuficiente para atender a população e confirmar os dados estatísticos. Os testes são preconizados para os casos graves.
Em Cuiabá, conforme os últimos boletins o número de casos suspeitos vêm aumentando: até o momento foram notificados 415 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave, com aproximadamente 135 casos positivos para COVID. ALERTAMOS QUE ESTES NÚMEROS NÃO REPRESENTAM A REALIDADE LOCAL, FAZEMOS UM IMPORTANTE APELO: FIQUE EM CASA!
Em caso de real necessidade procure o serviço de saúde. Nosso País possui o maior sistema de SAÚDE PÚBLICO e GRATUITO do mundo, que atende 100% da população, sendo que 75% dos brasileiros tem acesso somente ao SUS. Portanto o Sistema Público e gratuito deveria ter maior aporte financeiro, entretanto, não é o que ocorre: os governos vem reduzindo drasticamente asverbas da saúde, que já
perdeu mais de 20 bilhões pela EC 095. Por outro lado, o governo injeta dinheiro nos bancos e grandes empresas, como foi amplamente noticiado no dia 23/03 o Banco Central liberou, preventivamente, um pacote de medidas para garantir a liquidez ao "mercado" num valor estimado em mais de 1,2 trilhão de reais. Por outro lado, o pagamento do auxílio emergencial de 600 reais aos cidadãos, não custará nem 60 bilhões aos cofres públicos e representa menos de 5% da verba destinada aos bancos.
Não bastasse a gravidade do cenário político de ameaças à democracia e o descaso pela vida,alertamos que os recursos para o controle da maior pandemia já registrada neste século são escassos e insuficientes. Assim é fundamental que as medidas de controle sejam adequadas e seguidas rigorosamente de acordo com os critérios científicos estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Somente se consegue interromper a cadeia de transmissão do vírus com o DISTANCIAMENTO SOCIAL HORIZONTAL; TESTAGEM ABRANGENTE PARA A POPULAÇÃO; ISOLAMENTO DAS PESSOAS ACOMETIDAS; USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL PARA TODOS OS TRABALHADORES DA SAÚDE E PRODUTOS DE HIGIENE ELIMPEZA.
Alertamos que ainda não é o momento de flexibilizarmos o isolamento social.
Nada tem mais valor que a vida!
A doença ceifa a cada dia grande número de vidas, empurra muitas famílias para a pobreza extrema, coloca à prova valores e princípios da sociedade que já tem se mobilizado de forma solidária para ajudar os que mais necessitam.
Ante a flexibilização do isolamento social e a retomada, ainda que gradativa, das atividades comerciais, especialmente para os grandes comércios propostas pelo Governador Mauro Mendes, pela Prefeita Lucimar Campos e agora também pelo Prefeito Emanuel Pinheiro, o Fórum Permanente de Saúde vem alertar a população para os verdadeiros riscos e CONVOCAR todos para lutar contra essas medidas. Lembramos que a estrutura de saúde em MT é bastante fragilizada pela terceirização dos Hospitais, que nunca supriram a demanda de UTIs, muito menos agora, diante da real ameaça de expansão dessa pandemia em MT: não existe vacina para esta doença, os profissionais de saúde não dispõem de Equipamentos de Proteção Individualn - EPI em quantidade e qualidade necessárias, a quantidade de respiradores e leitos de UTI em caso de expansão da pandemia será insuficientes. Defendemos que todos os leitos públicos e privados de UTIs estejam disponíveis aos usuários do SUS.
O Fórum Permanente de Saúde defende o pleno direito à saúde e à vida. As reformas aprovadas nos últimos governos só pioraram os salários, jornadas, garantias e expectativas para o trabalhador .
Mais uma vez nossos governantes demonstram descaso com a saúde. Grandes empresários, para manter seus negócios e lucros, colocam em risco a vida de milhares de trabalhadores, numa política genocida criticada por cientistas, lideres e governantes em todo o mundo. Infelizmente estamos na contra-mão da história.
É nesse cenário caótico de morte e miséria que propomos unir forças para:
- Que sejam revogados os decretos do Governador e Prefeitos que flexibilizam o isolamento social até que a pandemia seja controlada;
- Máxima agilidade e maior amplitude de politicas sociais governamentais de proteção à população de maior vulnerabilidade e de menor renda;
- Revogação da Emenda Constitucional (095) do Teto de Gastos;
- Ampliação de leitos do SUS e fornecimento adequado de medicamentos e EPIs aos trabalhadores que enfrentam diretamente a COVID 19;
- Taxação do Agronegócio e revisão da isenção fiscal de grandes empresas e dos agrotóxicos ( Reforma Tributária);
- Suspensão do pagamento da Dívida Pública em todas as esferas.
Por fim, parabenizamos todos os trabalhadores, especialmente os da saúde, que colocam sua vida à serviço dos doentes nesta pandemia. Reafirmamos nosso compromisso de estar, como sempre, na luta por melhores condições de trabalho e na defesa intransigente do SUS público e de qualidade que defende a vida de todos os brasileiros.
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Quarentena
Quarentena! Essa palavra nunca foi tão ouvida como nos últimos dias. Mas o que significa estar em quarentena?
Ouça o primeiro podcast produzido pela Adufmat-Ssind sobre tudo o que envolve esse tema.
Acompanhe o conteúdo produzido pelo sindicato no facebook, instagram (@adufmatssind) e no site da entidade www.adufmat.org.br.
Cuidar de quem cuida
"Apesar de sermos profissionais da saúde, somos antes de tudo, seres humanos"... essa foi a frase que o médico do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Fábio Dantas, disse em uma entrevista recente à Gaúcha ZH. Assim como ele, outros profissionais da saúde estão na linha de frente do combate ao coronavírus.
O segundo podcast produzido pela Adufmat-Ssind reflete um pouco sobre os desafios de quem se dedica a cuidar da vida, dentro de um Sistema Único de Saúde forte e consolidado, que resiste há anos aos desmontes promovidos pelos governos neoliberais.
Acompanhe essa e outras produções do sindicato no facebook, instagram (@adufmatssind) e no site da entidade www.adufmat.org.br.
Título: Educação pública e coronavírus
Mesmo depois de tantos cortes de recursos, são os serviços públicos que estão na linha de frente no combate ao coronavírus.
Neste podcast, a Adufmat-Ssind explica a importância do investimento público em saúde, educação, e reforça a mensagem: quer se proteger do coronavírus? Fique em casa, lave bem as mãos e defenda os serviços públicos!
Ouça essa e outras produções do sindicato no facebook, no Instagram (@adufmatssind) e na página www.adufmat.org.br.
Título: Valorização da vida acima dos lucros
Título: Carta em Defesa da Vida
O quinto podcast da Adufmat, especial Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores, traz uma séride de demandas exigidas por entidades locais, por meio de uma carta, para pressionar autoridades regionais com relação à pandemia de coronavírus. O assunto também foi tema de live, disponível na página do facebook do sindicato.
Ouça essa e outras produções do sindicato no facebook, no Instagram (@adufmatssind) e na página www.adufmat.org.br.
12/05- Dia Internacional da Enfermagem
Muito mais que aplausos. Os profissionais de Enfermagem estão na linha de frente no combate ao coronavírus e continuam sendo desrespeitados pelos governantes que fingem ignorar a necessidade dos equipamentos de proteção individual e desrespeitam as políticas de quarentena e distanciamento social.
Ouça o primeiro podcast produzido pela Adufmat-Ssind sobre tudo o que envolve esse tema.
Acompanhe o conteúdo produzido pelo sindicato no facebook, instagram (@adufmatssind) e no site da entidade www.adufmat.org.br.
Ecos coloniais: pandemia e genocídio indígena
"Antes da invasão europeia éramos mais de 5 milhões de povos. E sabe quem foi que matou? A invasão
europeia foi matando para dar espaço para o bendito progresso.” Esse é um trecho da fala de Sônia
Guajajara, liderança indígena que será entrevistada pela Adufmat-Ssind na live dessa sexta-feira, 22/05/20.
Qual é o preço do progresso? Ouça o podcast do sindicato e entenda mais sobre o tema.
Ouça o primeiro podcast produzido pela Adufmat-Ssind sobre tudo o que envolve esse tema.
Acompanhe o conteúdo produzido pelo sindicato no facebook, instagram (@adufmatssind) e no site da entidade www.adufmat.org.br.
Flexibilização e Trabalho Docente
“O ensino à distância pode ser uma boa ferramenta de complemento de um curso, mas não pode substituir todo um aprendizado presencial, sem ter conhecimento, adaptação e estrutura para que isso ocorra.” O que você acabou de ler é um trecho do décimo episódio do podcast realizado pela Adufmat - Ssind.
Acompanhe o conteúdo produzido pelo sindicato no facebook, instagram (@adufmatssind) e no site da entidade www.adufmat.org.br.
O que pode a luta antirracista?
O levante por George Floyd é a expressão de que o avanço do reconhecimento de direitos dos negros não combina com a posição que os grandes capitalistas querem manter o povo negro. E o levante multiétnico que acompanha a rebeldia negra indica uma forte cisão da supremacia branca, capitalistas e patriarcal. O movimento Black Lives Matter aconteceu em vários cantos nas últimas semanas, e 'cutucou' muitas pessoas ao redor do mundo para um problema que existe há muito tempo: o racismo.
Como diz Ângela Davis: "Numa sociedade racista, não basta não ser racista é preciso ser.
Acompanhe o conteúdo produzido pelo sindicato no facebook, instagram (@adufmatssind) e no site da entidade www.adufmat.org.br.
Intervenção não é eleição!
A reunião conjunta de conselhos universitários realizada no dia 17 de junho de 2020 foi conturbada, confusa e com direito a microfones dos(as) conselheiros (as) silenciados constantemente. Dessa maneira, o presidente da reunião, Luiz Scallope, instituiu um Colégio Eleitoral Especial e deflagrou o que poderá ser a primeira consulta não paritária e não presencial para a Reitoria da UFMT.
Na fatídica reunião, estudantes, professores e técnicos acompanharam com tristeza várias atitudes autoritárias do conselheiro condutor. Além de silenciar quem tentava demonstrar opinião diferente, o presidente da reunião tentou deslegitimar as entidades que são responsáveis pela organização da consulta há mais de 30 anos.
Já dissemos várias vezes e repetimos: nenhum direito a menos! O que foi aprovado na UFMT não é eleição, é intervenção!
Ouça o primeiro podcast produzido pela Adufmat-Ssind sobre tudo o que envolve esse tema.
Acompanhe o conteúdo produzido pelo sindicato no facebook, instagram (@adufmatssind) e no site da entidade www.adufmat.org.br.
Piores Momentos da reunião que tentou legitimar a intervenção na UFMT
Acompanhe a retrospectiva dos piores momentos da reunião do Colégio Eleitoral Especial, realizada no dia 17/06, que revelou-se como um ataque à autonomia da UFMT com relação à eleição de sua representação máxima: a Reitoria.
Ao final, convidamos para uma reflexão: é a esse tipo de "democracia" que a UFMT vai se render? Intervenção não é eleição!
#adufmat #sindicato #ufmt #defesa #autonomia #universitaria #universidadepublica #intervençãonão #paridadejá.
Acompanhe o conteúdo produzido pelo sindicato no facebook, instagram (@adufmatssind) e no site da entidade www.adufmat.org.br.
Para quem Governa Mauro Mendes?
A primeira morte pela Covid-19 no estado de Mato Grosso foi no dia 3 de abril, na cidade do Lucas do Rio Verde. Após isso, só vemos os números de mortes e infectados aumentarem cada dia mais. Neste mês de agosto, entre o dia 1º e dia 05 foram registradas setecentos e quarenta e oito mortes.
Já de casos confirmados são 58.475 em todo o estado de mato grosso. A taxa de ocupação em UTIs públicas é de 82,26% e nas enfermarias públicas, 33,48%. Mas mesmo nessa conjuntura, o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, liberou 100% do comércio com horário livre em todo o estado.
Esse cenário pandêmico vem nos mostrando quem são as pessoas que mais estão sendo afetadas, em sua maioria são pessoas negras, moradores de periferias onde muitas vezes não possuem nem saneamento básico. E também as comunidades quilombolas e indígenas, que são para alguns governantes praticamente invisíveis. Mas, PARA QUEM GOVERNA MAURO MENDES? Ouça o primeiro podcast produzido pela Adufmat-Ssind sobre tudo o que envolve esse tema.
Acompanhe o conteúdo produzido pelo sindicato no facebook, instagram (@adufmatssind) e no site da entidade www.adufmat.org.br.
O que querem conservar os conservadores?
O Conservadorismo é a doutrina ou ideologia que defende a conservação ou a mudança gradual, do que numa sociedade é considerado tradicional, opondo-se a reformas sociais ou alterações política - econômicas radicais.
Constantemente escutamos “família tradicional brasileira”. A família também é um dos valores defendidos pelos conservadores, e muitas vezes o elemento de pensamento conservador. Ela possui a ideia de continuidade de legado, ou seja, os valores e costumes tradicionais que fazem parte da família que fora mantida pela geração passada.
Mas enquanto há esse discurso de defesa dos valores tradicionais e da família, outras coisas que atingem a sociedade estão acontecendo.
Acompanhe o conteúdo produzido pelo sindicato no facebook, instagram (@adufmatssind) e no site da entidade www.adufmat.org.br.
Greve Global Pelo Clima
Você com certeza já ouviu falar sobre a crise climática. os sinais da mudança do clima global, devido ao acúmulo de diversos gases que levam ao efeito estufa na atmosfera.
Neste dia 20 de setembro, pessoas do mundo todo estão aderindo à greve global pelo clima, com o objetivo de dar visibilidade à situação de colapso ambiental, que ocorre em diversas partes do planeta, e exigir que as autoridades tomem medidas imediatas contra o aquecimento global e a degradação do meio ambiente.
Estamos presenciando uma das maiores queimadas no pantanal. ongs e outros voluntários que estão auxiliando no combate ao fogo e salvando animais da morte, pois tanto o governo federal como o estadual não fizeram nada para ajudar.
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Reforma Administrativa, um projeto de destruição do Estado
Você já deve estar cansado de escutar sobre a Reforma Administrativa, não é? Se eu te perguntasse o que é essa tal de Reforma e quais são os seus objetivos, você poderia me responder que esse projeto pode ser bom, pois pretende acabar com os altos salários e com a mordomia de muitos funcionários públicos - que é o que está sendo discursado - ou não saberia dizer exatamente como isso seria, pois só conseguiu pegar algumas informações soltas.
Para entender mais sobre o assunto, confira agora o novo episódio do podcast da Adufmat-Ssind, e assista a live sobre a Reforma Administrativa que ocorreu no dia 11/09 e está disponível nas páginas oficiais da entidade no Facebook e YouTube.
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MUIÉ OFFICE: COMO TRABALHAM AS PROFESSORAS NO ENSINO REMOTO?
De acordo com o jornal Hoje Centro Sul, os professores têm trabalhado mais durante esse período de quarentena, não por falta de organização do tempo, mas sim para suprir as necessidades dos alunos.
Além do tempo extra que é envolvido, os professores acabam tendo que desenvolver atividades extras, que estão fora de suas funções, na maioria das vezes. como gravar, editar, e subir as vídeo aulas para as plataformas utilizadas pelas instituições, para os estudantes.
O ensino remoto está escancarando muitos problemas que já existiam, principalmente quando falamos da docente que enfrenta não somente a rotina de trabalho da universidade, mas também o trabalho em casa, e que pode ser acentuada se ela for mãe solo. e com propostas como a reforma administrativa, esse cenário só ficará cada vez mais difícil.
Para entender mais sobre o assunto, confira agora o novo episódio do podcast da Adufmat-Ssind, e a live MUIÉ OFFICE que ocorreu no dia 09/10, pela página oficial da entidade no Facebook e YouTube.
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A comunidade acadêmica da Universidade Federal de Mato Grosso e a sociedade mato-grossense de um modo geral foram surpreendidas, na tarde da sexta feira, 21/02/2020, véspera de carnaval, pelo anúncio da renúncia ao cargo de reitora, feito pela professora Myrian Serra da UFMT.
A renúncia ocorreu no calor de uma das maiores, talvez a maior crise que já atingiu os serviços públicos brasileiros em geral e a universidade pública em particular. São mais de três anos de derrotas consecutivas e ininterruptas da classe trabalhadora.
Nesse período foram aprovadas: a reforma trabalhista, que mutilou as formas de trabalho protegido no país, introduzindo o trabalho intermitente, a terceirização irrestrita e o acordado valendo sobre o legislado; a emenda constitucional 95, que impede os investimentos nos serviços públicos por 20 anos; a reforma da previdência, que aumentou as alíquotas e o tempo de contribuição e pretende retirar quase um trilhão de reais das camadas mais pobres dos trabalhadores nos próximos 10 anos.
O último ano, contudo, foi o de maior acirramento. Pois junto com os ataques explícitos aos trabalhadores, veio a ação de um governo recém eleito que, dentre outras coisas, tem em sua composição uma secretaria de desestatização cujo objetivo é, segundo Salim Farah, o secretário, “ vender tudo”. E nesse “vender tudo” entram empresas estratégicas como os Correios, a Eletrobrás, a BR distribuidora (já vendida), a Petrobrás (vários blocos do pré sal já foram vendidos) e muitas outras.
Além disso, o governo atual travou desde seus primeiros dias um duelo com as universidades públicas. Corte e contingenciamento no orçamento que quase impediram as universidades de funcionar, corte de bolsas de pesquisa, de mestrado e de doutorado, ataques ideológicos absurdos, falsas declarações a respeito das universidades e dos professores universitários, anúncios de programas que entregam a universidade pública aos interesses do mercado, ameaças e perseguições a quem faz luta. Na UFMT, por exemplo, até corte de energia elétrica ocorreu.
É nesse cenário, nesse momento de pilhagem, nessa hora em que uma universidade pública deve erguer sua voz e mostrar o quanto é imprescindível, que acontece a renúncia da professora Myrian Serra. Renúncia que, na verdade, se deu através de um longo processo, composto de diversos e inequívocos episódios.
A renúncia se deu quando, diante desse cenário de destruição de direitos e instituições, a reitora não denunciou que se desfazer das empresas públicas estratégicas é uma forma de inviabilizar a própria universidade publica;
A renúncia se deu quando a reitora optou por administrar planilhas e efetuar os cortes, nos mesmos moldes em que fez o governo, sem nenhuma discussão com a comunidade acadêmica, nos setores mais frágeis da universidade, como os terceirizados de limpeza e segurança, restaurante universitário, bolsas de estudantes, aulas de campo, etc.,
A renúncia se deu quando, durante a última greve dos estudantes, por conta do aumento do RU, a reitora se negou a debater com a comunidade estudantil e preferiu a frieza da decisão do conselho universitário;
A Renúncia se deu quando a reitora retirou dos técnicos administrativos, também sem nenhuma discussão, a jornada contínua de 6 horas;
A renúncia de fato se deu, quando, diante de todo esse cenário, a reitora escolheu o lado que compromete a existência da própria universidade pública, gratuita, de qualidade, laica e socialmente referenciada.
No documento da véspera do carnaval, que sela a renúncia para os trâmites formais, a reitora alega problemas pessoais. Não há o que se dizer sobre essa particularidade, exceto nossa manifestação humanista que deseja a quem enfrenta problemas pessoais, que estes se resolvam. A renúncia à universidade pública, conforme dito acima, já havia se dado há muito tempo.
A ADUFMAT manterá firme sua luta histórica em defesa da universidade pública, gratuita, de qualidade, laica e socialmente referenciada. É esse tipo de universidade o único capaz de dar conta de um projeto de pais que almeja algum sentido de soberania. E a ADUFMAT, juntamente com os demais segmentos da Comunidade Acadêmica e com a sociedade civil em geral – continuará sua luta não apenas pela Universidade Pública, mas, também, pela retomada dos investimentos orçamentários imprescindíveis à sua manutenção, assim como pelo direito de eleger, de forma direta e paritária, seus dirigentes.
À ADUFMAT não cabe renunciar à universidade pública.
DIRETORIA DA ADUFMAT- LUTO PELA UNIVERSIDADE PÚBLICA