Quinta, 18 Janeiro 2018 16:37

 


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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.

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JUACY DA SILVA*

 

1. A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

 

Dando continuidade `as reflexões sobre o tema da Campanha da Fraternidade deste ano que é a superação da violência, é importante e fundamental que se possa perceber a violência como um fato social complexo, cujas origens, manifestações, formas, causas e consequências diferem histórica, cultural, temporal, econômica, politica e socialmente.

Diante de uma realidade tão complexa, não se pode ter a ingenuidade de que existe uma fórmula mágica para resolver o problema em todas as suas dimensões. É importante que se faça uma análise a partir de cada dimensão e que as ações também sejam realizados de forma coerente, integradas e jamais compartimentadas, isoladas ou de forma descontínua.

Podemos também identificar os espaços ou territórios, para usar uma linguagem atual e muito em voga, onde a violência se manifesta e como esses espaços estão interrelacionados ou superpostos tornando o problema mais complexo ainda, principalmente pelos atores ou agentes envolvidos. Muitas vezes a vítima de uma forma de violência também é agente  que pratica outros atos de violência contra outras pessoas e, desta maneira, se forma uma teia que facilita a reprodução da violência de forma generalizada, o que caracteriza a chamada “cultura da violência”, onde todos estamos inseridos, sem  exceção.

O primeiro espaço onde a violência está presente e , muitas vezes de forma oculta e dissimulada , é a família. Estudos indicam que os índices de violência doméstica é muito maior do que as denúncias feitas perante organismos públicos, principalmente junto aos organismos de saúde, policiais e de defesa dos direitos humanos.

Aqui cabe um destaque, tem muita gente que confunde o conceito de direitos humanos com a defesa pura e simples de bandidos, quando na verdade direitos humanos são os direitos fundamentais de todas as pessoas, incluindo a vida, a liberdade de ir e vir, liberdade de expressão, liberdade de opção sexual, liberdade de crença, liberdade para ter uma vida digna, liberdade de a  pessoa não sofrer discriminação, ser maltratada, liberdade para buscar ser feliz, sem que isto prejudique o próximo. A superação da violência pressupõe a garantia e a defesa integral dos direitos humanos.

Pois bem, a violência doméstica se manifesta na forma como os pais tratam, cuidam e criam seus filhos e filhas. É comum, não apenas no Brasil como também em diversas países, que pais espanquem filhos/as, sejam extremamente autoritários, violentos em suas relações. Existe muita violência tanto dos pais quanto das mães em relação aos filhos, inclusive uma forma dissimulada de violência que é o abandono, a negligência ou até mesmo atos de violência física e psicológica, incluindo assassinatos.

Tais práticas irão moldar o caráter e a personalidade da criança  e adolescente e acompanha-las pelo resto da vida, vários estudos indicam que crianças e adolescentes que sofrem maus tratos, sofrem violência doméstica se tornam adultos também violentos e irão reproduzir os mesmos modelos ou padrões de relações familiares quando adultos; é o que podemos dizer como “reprodução da violência”, culturalmente, geração após geração.

De forma semelhante as noticias e estudos indicam que, no caso brasileiro, por exemplo, existe um alto grau de violência contra a mulher, a chamada violência de gênero, onde boa parte desta violência tem suas raízes históricas e culturais, pelo machismo que está na base da formação cultural de nosso país, onde ao homem, ao marido, companheiro, amante, namorado é dado o direito de posse em  relação `a mulher, inclusive seu corpo. Por muitas décadas ou séculos a sociedade brasileira e ainda isto está presente nos dias de hoje, tolera inúmeros crimes contra a mulher em nome da “defensa da honra”, tanto em relação `a esposa quanto `as filhas.

Essas são as raízes do feminicídio, dos estupros, das agressões, dos assassinatos com requinte de crueldade contra mulheres e meninas indefesas, tanto na dimensão da violência doméstica quanto na violência contra as mulheres em espaços públicos, que é o círculo ampliado do universo da violência.

No contexto da violência doméstica existe também a violência sexual, que não pode e nem deve ser negligenciada, principalmente de pais, padrastos, parentes próximos contra crianças e adolescentes, principalmente contra meninas, as vezes com tenra idade. Há casos de violência sexual até mesmo contra bebes e crianças com menos de quatro ou cinco anos, uma verdadeira aberração em se tratando de violência contra seres humanos indefesos.

Outra forma de violência doméstica muito frequente são as agressões, por vezes até fatais, de irmãos e irmãs entre si ou de filhos e filhas contra pais e mães, inclusive quando esses são idosos e acabam sendo vitimas indefesas de seus próprios familiares, em um ambiente que deveria primar pelo amor, carinho e compreensão mútua entre seus membros.

Portanto, se desejarmos superar a violência precisamos repensar as nossas relações familiares e substituir a brutalidade, o autoritarismo, a perversidade, os maus tratos, as agressões físicas, verbais ou psicológicas pelo diálogo, pela solidariedade, pela compreensão mútua, pelo amor, pelo perdão e pela reconciliação, ensinamentos sagrados constantes, principalmente, do Novo Testamento da Bíblia Sagrada, fonte única da fé cristã.

Não existe sociedade que busque a paz se no seio das famílias existe uma verdadeira guerra que é a violência doméstica, que se manifesta nas formas de violência de gênero, violência contra a mulher e as meninas, violência contra crianças, adolescentes, violência sexual e contra familiares idosos.

No próximo artigo pretendo refletir um pouco sobre a violência no espaço escolar, o segundo território que também  é fundamental para compreendermos a violência em sua plenitude; e nos demais artigos sobre outros espaços como o ambiente do trabalho, a comunidade, o lazer, o esporte, o crime organizado, a politica e o que podemos dizer como sendo um verdadeiro inferno que é o nosso sistema penitenciário, uma verdadeira fábrica de muita violência e crueldade.

*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, revistas, sites, blogs e outros veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.Blog www.profesorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

Sexta, 12 Janeiro 2018 17:16
 
 
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Roberto de Barros Freire

Não é qualquer um que pode ser ministro do governo Temer. Os pré-requisitos para ser nomeado não estão acessíveis aos comuns dos mortais. Para ser escolhido é fundamental um padrinho político, basta perceber que 5 dos ministros são filhos de políticos afamados, não por sua boas qualidades políticas ou éticas. Chamam a isso de busca de alianças políticas, o que denomino, de forma mais precisa e honesta, de encontro de cúmplices para realização de atos lesivos ao país e nepotismo.

Para escolher seus ministros, o presidente antes se encontra com condenados pela justiça federal, como Valdemar da Costa Neto ou Roberto Jeferson, nunca com homens honestos ou mesmo razoáveis, que, confesso, ninguém assim vejo perto do presidente. Entre os escolhidos sempre está alguém investigado pela polícia federal ou pelo ministério público, ou senão delatado em algum acordo de delação premiada. Não há ministro que não seja suspeito de algum crime, de participação em organização criminosa, recebedor de benesses estatais, caixa dois (que para os políticos não é um crime, apenas um “deslize” quase inocente ou natural) e regalias diversas.

Portanto, nada mais coerente que o presidente escolha uma pessoa que pública e notoriamente não respeita as leis trabalhistas, condenada que foi em dois processos trabalhistas, e nomeia para o Ministério do Trabalho. Atendeu aos interesses do bandido do pai e nem pensou na necessidade dos trabalhadores. Ela cumpre com todos os pré-requisitos para ministro do Temer: é filha de político desonesto, condenado, foi delatada pela Odebrecht, é política no pior sentido do termo. Teremos uma ministra que nunca trabalhou, vivendo à custa de falcatruas políticas do seu pai desde a mais tenra infância até ingressar na “carreira” política, e que, se conhece, não acha necessário respeitar as leis trabalhistas, e que provavelmente inventará formas de liberar patrões condenados na justiça do trabalho. De fato, as leis, aqui, de nada valem e estão sempre na mão dos governantes do momento interpretá-las da forma mais cômoda para si e mais incômoda para todos nós.

Desde o primeiro momento o presidente sempre mentiu, dizendo que faria um ministério de notáveis, que afastaria todos que se tornassem incriminados pelos organismos públicos, que agiria sempre pensando em primeiro lugar no país. Na verdade, os notáveis o são pela quantidade de irregularidades legais e morais que lhes estão associadas. Quando algum cúmplice, digo, aliado, está sendo investigado, se não tem, logo arruma um foro privilegiado para livrá-los da prisão, dando-lhes ministérios. Jamais se afasta de condenados e suspeitos da justiça federal, recebendo-os em casa. Temer governa apenas para manter seu poder frágil, comprado, submisso ao que há de mais atrasado no país, e o que de pior pode produzir as idiossincrasias humanas.

Um governante que não liga para a opinião pública, que faz e desfaz as coisas de acordo com aquele que exerce mais pressão no momento, que escolhe as pessoas não para resolver os problemas do país, mas os seus interesses políticos miúdos, não merece sequer respeito, pois que desrespeita a todos nós diariamente, na sua obscura busca de arrebanhar maiorias com dinheiro público. É um presidente que dá e dará ainda mais vergonha de nossa história política, que nunca se caracterizou por terem membros com grandes qualidades, mas que também nunca teve uma pessoa com tão poucas qualidades éticas ou políticas.

Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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Sexta, 12 Janeiro 2018 17:14

 

 

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JUACY DA SILVA*

Em boa hora a CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil definiu que o tema da Campanha da Fraternidade de 2018 seria, novamente, o aprofundamento das discussões, análise e busca de solução ou formas de superação para um dos ou talvez o maior drama que não apenas o mundo em geral, mas o Brasil em particular está enfrentando.

Ao longo das últimas três, quatro ou cinco décadas, portanto, há praticamente meio século a violência tem sido um dos temas mais estudados e debatidos em todos os países, inclusive no Brasil. Em todas as universidades, públicas ou privadas, surgiram e continuam surgindo núcleos ou setores voltados ao aprofundamento deste tema. Com certeza milhares de teses, dissertações de mestrado, doutorado ou monografias em cursos de especialização tem surgido com o objetivo de melhor compreender as origens, a dinâmica, as formas e consequência da violência em nosso pais.

A CNBB, seguindo metodologia própria, destaca três momentos ou três etapas na busca do conhecimento para implementar as ações visando superar ou enfrentar problemas que surgem na sociedade, sempre tendo como parâmetro as sagradas escrituras/Bíblia Sagrada, principalmente o Novo Testamento; a Doutrina Social da Igreja e documentos emanados dos Papas como Encíclicas, Cartas Apostólicas, Exortações e outros mais. O método utilizado pela Igreja  destaca esses três momentos ou etapas: VER, JULGAR  e AGIR.

No Caso presente da CF -Campanha da Fraternidade 2018, em que o tema é a  superação da violência, o VER se desdobra em três dimensões: a) identificar as múltiplas formas da violência no Brasil, a partir da realidade local, das paroquias e comunidades, agregadas, posteriormente, para a realidade diocesana, arquidiocesana e/ou regional; b) a violência como Sistema, ou seja, como historicamente a violência em todas as suas formas tem surgido e evoluído em nosso pais, qual a relação entre violência e os modelos de desenvolvimento pelos quais o Brasil tem passado desde o período colonial, império, república, as formas de ocupação do território e assim por diante; c) a violência no Brasil atual, com destaque nos últimos cinco ou dez anos.

O JULGAR , é o momento em que, de posse das informações, incluindo dados estatísticos, relatos escritos ou relatos orais, tentamos compreender a questão da violência em suas diferentes formas ou manifestações, utilizando, com  certeza, os aportes científicos das diversas áreas do conhecimento como psicologia, psiquiatria, sociologia, direito, antropologia, economia, gestão pública e outras contribuições mais. Todavia, o julgar, no caso da CF e da CNBB, só pode ser a partir do prisma religioso, fundamentado  nos ensinamentos da Igreja, com realce ou destaque  para as três dimensões: paz, justiça, inclusive justiça social e reconciliação.

Finalmente, o AGIR, ou seja, o que fazer para buscarmos a tão sonhada superação da violência que está destruindo pessoas, destruindo lares e famílias, destruindo comunidades e destruindo o país, deixando na esteira desta destruição muita dor, muita angústia, muito sofrimento e muito custo econômico, financeiro, psicológico, humano e a perda de gerações inteiras que vivem  sem esperança de um futuro , um mundo e um país melhores.

Neste aspecto particular do AGIR, é também importante uma visão global e ao mesmo tempo compartilhada, no sentido de que não cabe a Igreja, seja a Católica ou de qualquer outra denominação, pretender ocupar os espaços que cabem, por responsabilidade, ao Estado, aos poderes públicos, às universidades, as demais organizações não governamentais e nem mesmo o papel e o espaço que cabem à família e outras organizações como entidades sindicais ou partidos políticos.

Na busca da compreensão, do aprofundamento das análises e na elaboração dos planos, programas, projetos e ações para enfrentar os desafios das diversas formas de violência que existem em nosso país, é importante que haja integração de esforços, de recursos humanos, econômicos, financeiros e orçamentários para que os resultados sejam alcançados.

A primazia das ações cabe com certeza ao Estado, afinal é o Estado ou seja, os organismos públicos quem tem o chamada monopólio da violência, o poder de policia. É o Estado, através dos poderes legislativos Federal (Câmara Federal, Senado e Congresso), estaduais (Assembleias Legislativas) e Municipais (Câmaras municipais), quem tem o poder de legislar, elaborar, mudar, e criar novas Leis, definindo os limites das ações individuais e as penalidades para quem transgride as leis e normas sociais.

É também o Estado quem cria, aumenta e cobra impostos, tributos, taxas e contribuições para custear as ações públicas e manter em funcionamento seus aparatos repressivos, as forcas policiais e o Sistema judicial e também as políticas públicas. Não tem sentido jogar para os cidadãos a responsabilidade das ações que cabem, precipuamente ao Estado ou seja aos poderes públicos, nas diversas áreas e desafios que o país enfrenta e ao mesmo tempo continuar o Estado abocanhando quase 38% de tudo o que a população produz, para alimentar uma máquina falida, corrupta e dominada pelo fisiologismo e privilégio das elites, donas do poder.

É neste contexto, que precisamos começar a participar, refletir e contribuir para que a CF 2018 possa trazer uma luz a um tema tão atual, tão complexo e que tanto faz a população sofrer.

O assunto continua nos próximos artigos.

JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites, blogs e outros veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blogwww.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy


Quarta, 03 Janeiro 2018 14:30
 

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JUACY DA SILVA* 

Este ano a Campanha da Fraternidade realizada anualmente pela Igreja Católica, aprofundará a reflexão e discussão de um tema importante e um dos mais sérios desafios que o Brasil e a população em geral enfrentam neste momento.

O tema da Campanha será: Fraternidade e superação da violência e o lema: Em Cristo somos todos irmãos, realidade esta que deverá ser analisada a partir da Doutrina social da Igreja.

Em 1983, a CNBB também inseriu este mesmo desafio em sua CAMPANHA DA FRATERNIDADE, com o tema “Fraternidade e violência” e o lema: fraternidade sim, violência não. E desde então, a questão da violência esteve presente de forma direta ou indireta em todas as demais campanhas.

Para que este desafio, a onda de violência e de insegurança que assola o país de norte a sul, de leste a oeste, nas grandes metrópoles, cidades médias ou pequenas, possa ser enfrentado com seriedade e de forma eficaz, precisamos estimular a participação das pessoas nesta discussão e na apresentação de propostas concretas que sirvam de base para a ação de governo.

Como a campanha da Fraternidade abrange dezenas de milhares de Arquidioceses, Dioceses, prelazias, paroquias, comunidades locais e milhões de pessoas, além de diversas instituições públicas e organizações não governamentais, este é um momento mais do que oportuno para que este tema faça parte da agenda de discussão de nosso país, a começar pelas paróquias e comunidades de base, onde de fato o povo vive, sofre e esperneia ante o caos dos serviços públicos, como saúde, segurança pública, saneamento básico e educação, dentre  outros.

Além disso, como este será um ano de eleições gerais, para Presidente da República, Governadores, Senadores, Deputados federais e estaduais, todos ávidos por apresentarem seus “planos” e propostas para solucionarem os grandes desafios nacionais, este também é um momento apropriado para que os partidos políticos e os candidatos dediquem uma atenção maior para que a questão da violência seja um ponto central das propostas e sugestões para políticas públicas nesta área.

Só vamos superar a questão da violência quando for feito um correto diagnóstico da situação e elaborados planos nacionais, estaduais, municipais e locais de segurança pública, tendo a integração entre os diversos níveis de poder e de governo e o compartilhamento das responsabilidades e recursos necessários para que o Brasil possa enfrentar de verdade o problema da violência em todas as suas dimensões e variantes.

Portanto, a CAMPANHA DA FRATERNIDADE  de 2018, será um bom momento e uma ótima iniciativa para que população discuta, reflita de forma crítica e criadora e ajude a encontrar as saídas para este desafio.

Não podemos deixar apenas nas “mãos” dos governantes e políticos a solução desses grandes desafios nacionais, principalmente se considerarmos o descrédito, a demagogia, a corrupção e fisiologismo que tem marcado o cenário politico e administrativo de nosso pais, além do preceito constitucional de que o poder emana do povo, ou seja, o povo, os eleitores e contribuintes são a única fonte do poder!

*JUACY DA SILVA, professor universitário, aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites, blogs e outros veículos de comunicação. EmailO endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

Quinta, 16 Novembro 2017 15:59

Na manhã desta quinta-feira, cerca de 200 trabalhadores e trabalhadoras sem-terra do norte do estado de Mato Grosso, trancaram a BR 163, entre o trecho dos municípios de Nova Santa Helena e Itaúba a 600 km de Cuiabá.

Esta ação faz parte da jornada de Luta dos Acampamentos União Recanto Cinco Estrelas, Irmã Dorothy, Boa Esperanças e Renascer, os mesmos denunciam a morosidade da Justiça Federal e INCRA, sobre os processos de retomada de áreas públicas e desapropriação de terras improdutivas para fins de reforma agrária.

Tal morosidade implica na situação cotidiana de violência que estas famílias vêm vivenciando. A situação de vulnerabilidade que estão sujeitas de baixo da lona preta, devido à espera de uma resposta dos órgãos competentes, geram conflitos e ameaças diariamente, além da fome, sede e miséria que estas mesmas famílias vem passando a mais de 10 anos na luta pela conquista de seus direitos de acesso à terra.

Todos estes impasses, são ignorados pelo juiz Murilo Mendes que a mais de 50 dias, tarda a emissão na posse para assentar 96 famílias em áreas comprovadamente da união, que estão com processo concluso para decisão e com plano de assentamento constituído pelo INCRA. Mesmo caso, acontece com o Juiz Federal Marcel Queiroz que até o momento ignora a manifestação do INCRA e da AGU comprovando que a área da Gleba Gama é de fato da união, fazendo com que, mais de 100 famílias continue embaixo de lona. As famílias reivindicam agilidade, em relação ao processo de suspeição sobre o Juiz Murilo Mendes, que com isso, deixa mais 100 famílias a espera. Além disso, as famílias também cobram do INCRA a vistoria em áreas para fins de desapropriação, que até o momento não cumpriu nenhum prazo estabelecido.

Essa morosidade e falta de interesse por parte do Estado e do judiciário, intensificam os índices de conflitos e mortes no campo no Brasil, chegando a 63 mortes somente em 2017. As Famílias vêm lutando bravamente pelos seus direitos de acesso à terra, terras estas que estão nas mãos do agronegócio e do latifúndio, e também pelo direito a uma vida digna a todas as trabalhadoras e trabalhadores que ali estão vivendo as margens de rodovias e embaixo de lona. 

Via CPT

Segunda, 17 Julho 2017 17:04

 

A Adufmat-Ssind informa a lista de candidatos classificados para entrevista no processo de seleção para assessor sindical 2017.  

As entrevistas serão realizadas na próxima sexta-feira, 21/07, na sede do Sindicato (campus da UFMT em Cuiabá). 

 

Candidatos selecionados para entrevista (ordem alfabética) Horário da Entrevista
Cristiane de Oliveira 9h
Edzar Allen de Miranda Santos 9h30
Érika Aparecida de Oliveira 10h
Gabrielle dos Santos 10h30
Jéssica Carolina Amaral da Silva 15h
Kristielle Regina Dias de Sousa 15h30
Rosana Moreira de Campos Silva 16h
Taynara Morais Humbelino 16h30
Wiviane Santana de Almeida 17h
Segunda, 17 Julho 2017 17:01

A Adufmat-Ssind informa a lista de candidatos classificados para entrevista no processo de seleção para assessor sindical 2017.  

As entrevistas serão realizadas na próxima sexta-feira, 21/07, na sede do Sindicato (campus da UFMT em Cuiabá). 

 

Candidatos selecionados para entrevista (ordem alfabética) Horário da Entrevista
Cristiane de Oliveira 9h
Edzar Allen de Miranda Santos 9h30
Érika Aparecida de Oliveira 10h
Gabrielle dos Santos 10h30
Jéssica Carolina Amaral da Silva 15h
Kristielle Regina Dias de Sousa 15h30
Rosana Moreira de Campos Silva 16h
Taynara Morais Humbelino 16h30
Wiviane Santana de Almeida 17h
Terça, 03 Janeiro 2017 21:50
Sexta, 18 Novembro 2016 13:34

 

JUACY DA SILVA* 

O Brasil está em crise profunda  há várias  décadas. Podemos fazer  alguns recortes destacando o período que antecede à intervenção militar em  1964, quando o ápice  da  crise foi a derrubada do Governo João  Goulart, onde a inflação estava em um crescendo, a confronto entre movimentos populares, alguns com marcas  de anarcosindicalistas e movimentos conservadores, de direita e, como hoje, muita corrupção, para os “padrões”  da época, bem menos do que agora.
 
Decorridos 21 anos de governos militares, com os generais presidentes  e as instituições nacionais, principalmente as políticas muito tuteladas, a repressão aos opositores do regime, considerados pelos militares como inimigos internos. Neste período o país experimentou  índices de crescimento econômicos e mudanças na estrutura e forma de governo muito profundas, mas tinha como contra ponto a questão da repressão, inclusive um combate feroz `as tentativas de luta armada como  estratégia  para derrubar o regime considerado ditatorial.
 
Com um pouco de abertura conseguido de um lado pelo afrouxamento da repressão e de outro a organização  e ação mais destemida dos  movimentos populares, com destaque para a   campanha das  diretas  já,  a onda  de greves  dos trabalhadores do setor industrial e a fundação do PT, o fim do regime militar  desembocou na Constituinte e na  eleição indireta, por um Congresso ainda bastante  castrado pela pressão do  regime em vigor (militares), acabou elegendo a dupla Tancredo Neves e como vice, o então presidente do PDS, partido que sucedeu  a ARENA  e durante todo o regime apoiou tudo o que os militares queriam.  Este personagem, que acabou sendo presidente da República, por vias indiretas, que de apoiador da ditadura se transformou em um dos maiores “democratas”  da Nova República se chama José Sarney, espécie de vice rei do Maranhão, onde sua família manda e desmanda há mais de cinquenta anos.
 
Com a constituinte e depois a Constituição Cidadã, o povo, em sua santa alienação  e, em certo sentido, passividade e crença de que  um messias um dia poderá resolver todos os nossos problemas,  aos poucos vai perdendo as esperanças de que o Brasil um dia possa ser um país com justiça, sem corrupção, com igualdade de oportunidades para todos e com governantes íntegros e com elevada capacidade de gestão e desenvolvido.
 
A cada momento as elites dominantes ou grupos dominantes, como mencionados neste artigo,  criam verdadeiros bodes expiatórios para dissimular as verdadeiras causas de  uma crise estrutural que nos dilacera profundamente. O epílogo da recente crise,, quando ao governo Dilma/Lula e o PT eram imputadas todas as mazelas  da  República, deixando de lado parceiros e participes do mesmo governo acusado de corrupção, assalto `a Petrobrás, desequilíbrio das contas públicas,  recessão econômica, desemprego, caos nos serviços públicos, crise nos estados e outros aspectos tão bem conhecidos.
 
Além do PT, também foram  participes no desastrado governo do PT, outros partidos como PMDB, PP, PR, PTB, PSB e outros considerados de esquerda como PDT, PSOL, PCdoB. O impeachment de Dilma e a derrota fragorosa do PT nas  últimas eleições municipais, estão longe de desatar os diversos  “nós” que estão amarrando o país a problemas e desafios que jamais serão equacionados pelo  governo Temer  e seus apoiadores, pois esses, incluindo a alta administração dos três poderes, e também governos estaduais, organismos de controle, enfim, grupos que representam verdadeiros marajás, com super salários, mordomias, privilégios e mutretas continuaram a usar as estruturas do poder para se locupletarem, enquanto o povo terá seu sofrimento aumentado e irá, como sempre, pagar a conta da incompetência, da corrupção e da incúria dos governantes,  que tem como aliados grupos empresariais que se enriquecem  e acumulam mais capital, muitos dos quais através de uma parceria corrupta com os poderes públicos.
 
Por isso é que o povo a cada dia acredita menos em seus governantes, na classe política, nas instituições nacionais e nos poderes da República e também nos organismos de controle e ainda nutrem  uma esperança  da vinda de um messias, que a cada momento tem uma representação midiática, como durante o MENSALÃO  foi o ex-ministro Joaquim Barbosa  e agora em tempos de LAVA JATO é o Juiz Federal Sérgio Moro.
 
Todavia, enquanto os partidos políticos continuarem a ser propriedade de caciques que se eternizam nas estruturas partidárias, a governabilidade ser feita através  da barganha de cargos e o fisiologismo for a a marca registrada da gestão pública, será muito difícil acreditar em um   futuro melhor para o Brasil, que continuará sendo “administrado’  por uma elite apodrecida e falida!
 
*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, colaborador e articulista de jornais, sites, blogs e outros veículos de comunicação.  E-mail  O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog www.professorjuacy.blogspot.com

Quinta, 17 Novembro 2016 11:44


Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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Desde muito tempo, no meio escolar, os exames servem para avaliar alguém; no limite de suas funções, aprova e/ou reprova os que se prontificam e/ou devem ser examinados. Assim como todos os certames, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) deveria ser visto por todos sem um senão que fosse. Isso, infelizmente, nunca ocorreu. Desde sua primeira edição, a despeito das que não são descobertas, o país assiste a um festival de tramoias praticadas alhures e expostas pela mídia. Portanto, está mais do que provado que o ENEM é inconfiável; por isso, já deveria ser visto como algo inviável.

Mas além de inconfiável e inviável, é injusto. Também desde sua primeira edição, eu tratei disso em artigo sobre o tema, que, aliás, me tem sido recorrente. A questão da injustiça, que está no cerne do ENEM, até sua última edição, ainda em curso, vinha sendo pouco tratada pela mídia. Agora, enfim, começa a ganhar algum espaço para a qualificação do debate.

Nesse sentido, parabenizo a repórter Alecy Alves, do Diário de Cuiabá, que na edição de 12 e 13/11/2016, p. B1, tratou do ENEM. Sob o título “Questão de foco (e grana)”, a matéria, de quase uma página inteira, foi dividida em quatro subtítulos. Tudo isso foi feito partindo de uma questão que serviu como introdução:

O que explicaria o sucesso das escolas que se mantêm no topo do ranking do ENEM, o processo seletivo que substituiu o tradicional vestibular em praticamente todas as faculdades brasileiras?”

Ainda que em sua matéria, Alecy não aborde, o primeiro problema do ENEM já está no fato de ele ter deixado de ser mero exame da qualidade do Ensino Médio para substituir os antigos vestibulares realizados autonomamente pelas universidades do país. Com a mudança de eixo, e servindo como moeda de troca, imposta pelos agentes do PT principalmente às universidades federais, o ENEM ajudou a criar outro monstro contra a qualidade de nosso ensino: o Sisu, ou seja, o Sistema de Seleção Unificada. Mas, embora merecesse, não tratarei disso aqui e agora.

Volto à centralidade do trabalho de Alecy: mostrar a realidade de injustiça que permeia o ENEM. Nesse sentido, já de posse de vários indicadores oferecidos pelo próprio governo, sua segunda pergunta, que continua a introduzir o seu trabalho jornalístico, abre para os devidos esclarecimentos:

Quanto custa e o que oferecem os colégios que poderiam, teoricamente, assegurar vagas nos cursos mais concorridos das melhores faculdades públicas?”.

No que se refere aos preços das mensalidades, ficamos sabendo que a melhor colocada tem mensalidade já próxima dos 3 mil; ou seja, por volta de quatro salários mínimos. Pergunto: quantos brasileiros podem frequentar tais escolas?

Aos que podem frequentar essas escolas particulares, a única atividade que têm é estudar. Aos que não podem, ao invés de estudar, apenas vão à escola, à noite, em geral; isso quando as escolas não estão em justíssimas greves. Antes, porém, tais “estudantes” trabalham durante o dia; raramente por mais de um salário mínimo.

Nesse quadro, que é predominante no país inteiro, as vagas para os cursos mais concorridos, com destaque ao curso de Medicina, têm endereço certo. Aos demais “estudantes” restam os cursos menos concorridos, com destaque aos de licenciatura, em visível desprestígio social.

Diante dessa realidade, muito mesmo precisa ser modificado na educação brasileira; todavia, as modificações não passam jamais pelas propostas que o MEC está tentando impor ao Ensino Médio.