Roberto de Barros Freire
Não é qualquer um que pode ser ministro do governo Temer. Os pré-requisitos para ser nomeado não estão acessíveis aos comuns dos mortais. Para ser escolhido é fundamental um padrinho político, basta perceber que 5 dos ministros são filhos de políticos afamados, não por sua boas qualidades políticas ou éticas. Chamam a isso de busca de alianças políticas, o que denomino, de forma mais precisa e honesta, de encontro de cúmplices para realização de atos lesivos ao país e nepotismo.
Para escolher seus ministros, o presidente antes se encontra com condenados pela justiça federal, como Valdemar da Costa Neto ou Roberto Jeferson, nunca com homens honestos ou mesmo razoáveis, que, confesso, ninguém assim vejo perto do presidente. Entre os escolhidos sempre está alguém investigado pela polícia federal ou pelo ministério público, ou senão delatado em algum acordo de delação premiada. Não há ministro que não seja suspeito de algum crime, de participação em organização criminosa, recebedor de benesses estatais, caixa dois (que para os políticos não é um crime, apenas um “deslize” quase inocente ou natural) e regalias diversas.
Portanto, nada mais coerente que o presidente escolha uma pessoa que pública e notoriamente não respeita as leis trabalhistas, condenada que foi em dois processos trabalhistas, e nomeia para o Ministério do Trabalho. Atendeu aos interesses do bandido do pai e nem pensou na necessidade dos trabalhadores. Ela cumpre com todos os pré-requisitos para ministro do Temer: é filha de político desonesto, condenado, foi delatada pela Odebrecht, é política no pior sentido do termo. Teremos uma ministra que nunca trabalhou, vivendo à custa de falcatruas políticas do seu pai desde a mais tenra infância até ingressar na “carreira” política, e que, se conhece, não acha necessário respeitar as leis trabalhistas, e que provavelmente inventará formas de liberar patrões condenados na justiça do trabalho. De fato, as leis, aqui, de nada valem e estão sempre na mão dos governantes do momento interpretá-las da forma mais cômoda para si e mais incômoda para todos nós.
Desde o primeiro momento o presidente sempre mentiu, dizendo que faria um ministério de notáveis, que afastaria todos que se tornassem incriminados pelos organismos públicos, que agiria sempre pensando em primeiro lugar no país. Na verdade, os notáveis o são pela quantidade de irregularidades legais e morais que lhes estão associadas. Quando algum cúmplice, digo, aliado, está sendo investigado, se não tem, logo arruma um foro privilegiado para livrá-los da prisão, dando-lhes ministérios. Jamais se afasta de condenados e suspeitos da justiça federal, recebendo-os em casa. Temer governa apenas para manter seu poder frágil, comprado, submisso ao que há de mais atrasado no país, e o que de pior pode produzir as idiossincrasias humanas.
Um governante que não liga para a opinião pública, que faz e desfaz as coisas de acordo com aquele que exerce mais pressão no momento, que escolhe as pessoas não para resolver os problemas do país, mas os seus interesses políticos miúdos, não merece sequer respeito, pois que desrespeita a todos nós diariamente, na sua obscura busca de arrebanhar maiorias com dinheiro público. É um presidente que dá e dará ainda mais vergonha de nossa história política, que nunca se caracterizou por terem membros com grandes qualidades, mas que também nunca teve uma pessoa com tão poucas qualidades éticas ou políticas.
Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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