Finalmente Marina Silva saiu de cima do muro! Em entrevista à Rádio Gaúcha, a ex-senadora, ex-ministra e ex-candidata à Presidência da República, afirmou que Dilma “não tem mais liderança política no país nem maioria no Congresso”.
Não aprova o processo de impeachment que tramita na Câmara dos Deputados.
Diz que a responsabilidade pelas crises econômica e política cabe à Dilma e a Michel Temer, e defendeu o processo de cassação da chapa vitoriosa das eleições de 2014 via Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“No meu entendimento, o melhor caminho para o Brasil é o processo de cassação da chapa vitoriosa das eleições com a comprovação que o dinheiro da corrupção foi usado para a campanha do vice e da presidente”, afirmou Marina Silva.
“Impeachment não é golpe, está previsto na Constituição, foi feito contra o Collor, foi pedido pelo PT várias vezes, e eles achavam que não era golpe”, comparou.
Marina disse que Dilma, na eleição presidencial de 2014, “não disse a verdade” sobre a nossa economia.
A fundadora da Rede falou que o discurso de Dilma em campanha agravou a situação do Brasil em 2015, no primeiro do mandato da petista.
“Se Dilma tivesse trabalhado com a verdade, assumiria que corríamos grandes riscos em relação aos inúmeros problemas que tivemos desde 2008”.
É engraçado porque, enquanto países do mundo correram atrás para resolver a crise, disseram aqui na terrinha que “era apenas uma marolinha, e chegaram a dar lição de moral até à Alemanha”.
“Diziam que, se eu ganhasse o governo não teria maioria no Congresso, e hoje a presidente não tem maioria”.
“Diziam que se eu ganhasse, eu iria tirar alimentos das pessoas pobres, e isso ocorre com a inflação que atinge a mesa dos trabalhadores”.
“Diziam que, se eu ganhasse, iria acabar com Pronatec e Prouni, e isso o governo está fazendo. As pessoas projetam em você o que vão fazer”, concluiu Marina Silva.
Este artigo foi elaborado também com o Estadão.
Seu conteúdo mostra a situação grave que vivemos.
Gabriel Novis Neves
08-01-2016
Na semana de 25 a 30 de janeiro de 2016, reuniram-se em Curitiba, no 35o CONGRESSO DO ANDES-SN, docentes de 74 seções sindicais, com 356 delegados, 74 observadores e 33 diretores e 6 convidados de seções sindicais, cujas homologações foram aprovadas no Congresso.
Em tempos de intensificação dos ataques aos direitos dos trabalhadores, expressa na proliferação de medidas dos poderes legislativo, executivo e judiciário, os presentes debateram e aprovaram um conjunto de ações de enfrentamento à contrarreforma do Estado.
Diante de um aprofundamento cada vez maior da privatização e da mercantilização do ensino, da pesquisa e da extensão, dos serviços sociais em geral, bem como do ataque aos direitos sociais e trabalhistas, os participantes do 35º CONGRESSO deliberam, como centralidade da luta, a “Defesa do caráter público, laico, democrático, gratuito e de qualidade da educação, da valorização do trabalho docente, dos serviços públicos e do direito dos trabalhadores, com intensificação do trabalho de base e fortalecimento da unidade classista com o movimento sindical, estudantil e popular, na construção do projeto da classe trabalhadora”.
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Alair Silveira
Depto. Sociologia e Ciência Política da UFMT
Entre os dias 25 e 31 de janeiro de 2016, em Curitiba/PR, foi realizado o 35º Congresso do ANDES/SN. A ADUFMAT compareceu com representação de três campi (Cuiabá, Barra do Garças e Sinop). Ao todo, nove delegados e um suplente.
Organizado sob a divisão de quatro temas - 1) Movimento Docente, Conjuntura e Centralidade da Luta; 2) Políticas Sociais e Plano Geral de Lutas; 3) Plano de Lutas dos Setores (Federal, Estaduais e Municipais); e, 4) Questões Organizativas e Financeiras -, o Congresso teve como tema central a defesa da Educação Pública e gratuita assim como a defesa dos direitos dos trabalhadores. E, mais uma vez foi reafirmado o compromisso do Sindicato Nacional com a educação pública, gratuita, democrática, laica, de qualidade e socialmente referenciada. Ratificado, também, o compromisso classista do ANDES/SN com as lutas dos demais trabalhadores, em defesa dos direitos e conquistas sociais e trabalhistas.
Se as análises de conjuntura que subsidiaram as discussões convergiram para o reconhecimento do acirramento dos ataques aos trabalhadores para o ano de 2016, assim como a necessidade de unidade e resistência classista, não houve acordo quanto àquelas análises que tentaram obter do ANDES/SN um compromisso anti impeachment estruturado sobre o apelo à unidade de classe e a defesa do governo petista como uma experiência governativa superior a governos anteriores.
Rejeitada a propositura de compromisso com a defesa do governo e reafirmado aquele com os interesses e a unidade dos trabalhadores, o aprofundamento do apoio às políticas afirmativas (baseadas nas reservas de cotas para segmentos específicos) causou tensão no 35º Congresso do ANDES/SN. A adesão do Sindicato às políticas cotistas, inclusive com a sua ampliação, agora, para ciganos e cursos de pós-graduação, revela contradições dentro de um sindicato que, paradoxalmente, contrapõe-se tenazmente ao neoliberalismo e suas políticas compensatórias e, ao mesmo tempo, encampa o loteamento da universidade como expressão do direito universal à educação.
Assim, ao lado da aprovação de ações de denúncia e resistência à destruição da universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada, através de vários projetos que tramitam no Congresso: PEC 395/14 (cobrança PG); PL 518/09
(transferência educação superior para MC&T); PEC 10/14 (Sistema Único de Educação Superior Pública); PL 867/15 e apensados (Programa Escola sem Partido); PL 4643/12 (Fundo Patrimonial nas IFES); BNCC (Base Nacional Curricular Comum – Resolução 02/15), essa com a preciosa contribuição ação da ADUFMAT; PLC 2723/15 (home-office para servidores públicos) e a multicampia, também foram aprovadas políticas de ações unificadas com os demais trabalhadores (como a luta contra a terceirização, o PPE e o PLC 101/15) assim como o II Encontro Nacional de Educação, em junho de 2016, em Brasília/DF.
Dessa forma, se a defesa da educação pública, gratuita, laica, democrática, de qualidade e socialmente referenciada é o grande eixo organizador e mobilizador do Sindicato, políticas sociais que alcançam juventude, negros, mulheres, quilombolas, indígenas e LGTB (e, agora, ciganos) alargam o leque de especificidades que compõem o compromisso de classe do ANDES/SN.
Nas várias frentes de denúncia e resistência, as questões agrárias, urbanas e ambientais também tiveram abrigo. Nesse particular, a matriz energética, a biodiversidade, a soberania alimentar, a transgenia e os agrotóxicos foram objeto de discussão e deliberação, da mesma forma que os impactos sociais e ambientais decorrentes de megaeventos e catástrofes como aquelas produzidas em Mariana/MG.
Como não poderia faltar, a previdência e o FUNPRESP também compõem o rol das lutas sociais do ANDES/SN para 2016, assim como a defesa de uma reforma progressiva e a luta contra a EBSERS e a contrarreforma da Saúde.
Como expressão do compromisso do ANDES/SN com a verdade e a memória histórica do Brasil, foi aprovada a participação de cada IFES para o levantamento dos casos de perseguição política e outras formas de repressão, exílio e morte de ativistas políticos em cada instituição.
Objeto de inúmeras denúncias e de proposições que pretendiam o impedimento do ANDES/SN quanto ao uso da grande mídia, a comunicação recebeu atenção especial. Rejeitado o impedimento de uso dos Meios de Comunicação de Massa, foi aprovado o fortalecimento do GTCA, a produção artístico-cultural do Sindicato, a socialização dos materiais locais produzidos, a articulação com o FNDC e grupos de pesquisa da área, assim como a promoção de discussão sobre a radiodifusão gratuita no Brasil.
E, em que pese manifestações de alguns cutistas inconformados que, a cada Congresso, repõem em discussão a filiação à CSP-Conlutas, foi reafirmada política de fortalecimento da CSP (em nível nacional e nos estados), assim como aprovada a realização de Curso de Formação Sindical e a intensificação das lutas contra o assédio moral e sexual dentro das IFES.
Por fim, como o 35º Congresso ocorre em ano eleitoral, foram apresentados os 11 nomes da chapa “Unidade na Luta”, assim como aprovada a seção sindical da ADUFMAT para sediar o 36º Congresso do ANDES/SN, em 2017.
Roberto Boaventura da Silva Sá
Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT
Quebrando a sequência de artigos nos quais tratei da Base Nacional Comum Curricular, outra aberração que poderá ser imposta pelo governo federal a nossa educação, hoje, falarei do lançamento dos livros “Desovas em Trovas” do poeta Avoante do Cariri – também conhecido como professor e padre Pimentel – e “Abrangências dos voos poéticos do Avoante do Cariri”, de minha autoria. Esses livros foram lançados no Foyer do Teatro da Universidade Federal de Mato Grosso, em 03/02/2016.
Mas por que me pus a falar desse poeta ainda tão desconhecido?
Antes de tudo, porque sua obra tem consistência. Além disso, dois dias antes de sua morte – que, conforme o laudo do IML, teria ocorrido aparentando “forma natural”, mas causada por conta de “traumatismo cranoencefálico, produzido por instrumento contundente” –, recebi dele próprio o conjunto completo de sua obra.
Diante da honrosa escolha de meu nome para deixar sua herança poética, comecei a trabalhar com seus textos. Como a parte mais significativa de sua obra – “Desovas em Trovas” – fora publicada, ao longo do tempo, em dez volumes, e sempre com tiragem limitada, fiz uma seleção de seus poemas, publicando-os em volume único.
Após essa organização, escrevi minhas considerações críticas acerca da seleção feita. Isso está em “Abrangência dos voos poéticos do Avoante do Cariri”, assim como o outro livro, também editado pela EdUFMT, a Editora da UFMT.
Mas tão importante quanto o lançamento desses livros foi a homenagem que a UFMT prestou ao Avoante, bem como a Leônidas Querubim e a Benedito Figueiredo, outros dois grandes mestres que a Instituição teve. Juntos, eles formaram uma tríade inigualável de professores. Eram verdadeiros intelectuais. Quiçá, por isso, eram tão simples e tão brincalhões.
Em um final de tarde emocionante, conseguimos reunir dois ex-reitores da UFMT, a atual reitora, vários colegas da “jovem guarda” de idos tempos, dentre os quais destaco a historiadora Therezinha Arruda, docentes da ativa, antigos e atuais acadêmicos de Letras, escritores, jornalistas e demais amigos. O momento foi histórico.
Como não haveria tempo para que todos falassem, alguns, representando os demais, prestaram suas homenagens. como os ex-reitores Pedro Dorileo e Fernando Nogueira, a reitora Maria Lúcia Cavalli, a presidente da Academia Mato-grossense de Letras, Marília Beatriz, que se fez presente por meio de um honroso texto lido pelo professor Elias Alves de Andrade, o professor/artista Abel dos Anjos, que nos brindou com um canto gregoriano, a ex-acadêmica e atriz Claudete Jaudy, que interpretou o poema “Velhos Tachos”, de seu antigo mestre, além do professor Germano Aleixo, que leu músicas populares traduzidas, por Avoante, para o Latim. Depois de lidas, todos cantamos algumas das músicas.
Das lembranças expostas, destaco as de Pedro Dorileo, que caminhou por onde possivelmente caminharia o discurso do primeiro ex-reitor, professor Gabriel Novis, que não pode comparecer. Dorileo relembrou passagens riquíssimas da vida de Avoante, dando ênfase ao olhar solidário do poeta com as pessoas mais pobres de nossa sociedade.
Como foi bom ouvir colegas que ajudaram a edificar a Instituição! Bom, mas também preocupante, pois ficou nítido que aquele modelo de universidade, que agregava sem esforços cada um dos que compunham a “comunidade”, parece, por conta de um produtivismo, estar escorrendo pelos dedos de nossas mãos.
Salvemos esse modelo humano de universidade!
Que a obra poética de Avoante nos ajude nessa tarefa.
JUACY DA SILVA*
Há pouco mais de 50 anos, mais precisamente em 1962, em Natal, RN, no início da quaresma, alguns padres realizaram o que, acabaria se transformando na Campanha da Fraternidade, a partir de 1964 em caráter nacional.
Esta iniciativa foi encampada pela Cáritas Brasileira e pela CNBB, sob a influência do Concílio Vaticano 2, a Igreja Católica no Brasil procurava uma nova forma de evangelização, voltando-se de uma forma mais direta para as necessidades do povo, incluindo uma mensagem do Papa, como forma de apoio à esta forma de ação, denominada de caridade libertadora.
Ao longo dessas décadas a Campanha da Fraternidade pode ser dividida em três fases. A primeira, abordando temas voltados para uma busca da renovação interna da igreja que vai de 1962 a 1972; a segunda cobrindo temas que denotam a preocupação da Igreja com a realidade social do povo, denunciando o pecado social e buscando a promoção da justiça social, esta fase vai de 1973 a 1984 e a Terceira fase que vai de 1984 até este ano de 2016, quando são abordados temas que representam as situações existenciais do povo, incluindo questões como água, terra, negros, mulheres, trabalho, emprego, juventude, educação, encarcerados, idosos, deficientes, enfim, um grande mosaico que representa a vida de nossa gente, com seus sofrimentos, angústias e ao mesmo tempo a esperança de um mundo e uma sociedade melhores.
A Campanha da Fraternidade deste ano, que tem início na próxima quarta feira de cinzas e deve encerrar-se no final da semana santa, é a quarta realizada sob o manto do ecumenismo, como aconteceu com as Campanhas de 2000; 2005; 2010. É, portanto uma Campanha que conta coma participação das igrejas evangélicas pertencentes ao CONIC Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, onde estão incluidas as igrejas Luterana, Episcopal Anglicana, Sirian Ortodoxa Antioquia, Aliança de Batistas do Brasil, Presbiteriana Unida, visão mundial e fundo misereor. Como se percebe, um conjunto de igrejas evangélicas, juntamente com a Igreja Católica, com apoio da CNBB, que representam uma grande parcela, na verdade a maioria do povo brasileiro.
O Tema deste ano está voltado para a questão ambiental, tendo como referenciais básicos a Encíclica Verde do Papa Francisco e o programa de desenvolvimento sustentável, lançado recentemente pela ONU para dar continuidade aos objetivos do milênio. A enunciado do tema “Nossa casa comum, nossa responsabilidade” e o Lema “ Quero ver o direito brotar como fonte e corerr a justiça qual riacho que não seca”. Tema e lema representam um chamamento para as condições de vida no planeta, a partir da realidade concreta de cada país, cada estado, cada município, cada bairro ou paróquia, enfim, nossa casa comum.
O referencia da Campanha é a questão do saneamento básico no Brasil, incluindo um diagnóstico da situação, as implicações da falta de saneamento como uma realidade degradante e que ofende profundamente a dignidade do ser humano e também, o saneamento como um direito das pessoas, como expressam recentes resoluções e documentos da ONU. Sem saneamento não pode exisitr saúde, sem saneamento não existe direitos humanos, sem saneamento não existe vida digna, sem saneamento estamos degradando o planeta, nossa casa comum.
A Campanha desenvolve-se segundo uma metodologia utilizada pela CNBB há várias décadas e inclui três dimensões: Ver, julgar e agir, indo desde o diagnóstico da situação, ao planejamento das ações, incluindo os planos nacional, estaduais e municipais de saneamento e também a participação popular nas ações públicas e privadas.
No Brasil 61% da população, ou seja, aproximadamente 125 milhões de pessoas não contam com coleta de esgoto; 13% ou 26,5 milhões tem coleta mas não tem tratamento. Em resumo, os dejetos e também boa parte do lixo de quase 152 milhões de pessoas são jogados nos rios, córregos, lagoas e o mar, além dos lixões a céu aberto, onde seres humanos vivem misturados com urubus, ratos e outros animais em busca de seu sustento, o que não deixa de ser uma situação degradante.
A situação do saneamento básico no Brasil é uma calamidade pública, no Nordeste 71,2% da população não tem esgoto tratado; na região norte 85,3%; e nas demais regiões mais da metade também não tem esgoto tratado. Nas capitais e nas cem maiores cidades do país a situação também é de descaso, apenas 41% da população conta com esgoto tratado. Existem capitais, como Porto Velho e Belém, onde mais de 90% da população não tem esgoto tratado. Em Cuiabá são 346 mil pessoas que não contam com esgoto tratado e em Várzea Grande, 204 mil, totalizando 550 mil habitantes, poluindo o Rio Cuiabá e seus afluentes e degradando o Pantanal.
Segundo relatórios do TCU 47% das obras do PAC saneamento, lançadas pelo Governo Federal em 2009, estão atrasadas, paralisadas, suspensas ou sujeitas a investigações por irregularidades.
A Campanha da Fraternidade é uma boa oportunidade para que cristões, cidadãos, contribuintes e eleitores possam fazer um balanço de como está o saneamento básico em nossos municípios, Estados e no Brasil como um todo. Em poucos meses teremos eleições municipais e este poderá ser um ótimo ano para passar a limpo esta triste realidade.
*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de A Gazeta. E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog http://www.professorjuacy.blogspot.com/ Twitter@profjuacy
Prezado(a) Professor(a),
Em função do carnaval, informamos que não haverá expediente na sede da ADUFMAT nos dias 08, 09 e 10 de fevereiro de 2016, com retorno às atividades no dia 11 de fevereiro (quinta-feira).
A Diretoria
Roberto Boaventura da Silva Sá
Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT
Ainda que tamborins e outros instrumentos que animam o carnaval já ecoem Brasil afora, continuo no artigo de hoje abordando o mesmo tema que me tem movido a escrever desde que 2016 chegou: a versão preliminar da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), lançada há pouco pelo MEC. E, agora, já não me sentindo tão solitário nesse embate.
Entre pierrôs e colombinas – todos já bem inebriados –, para além de dois ou três professores que já haviam botado a boca no trombone, dentre os quais me incluo, outros docentes – preparados também para as discussões políticas – começaram a se pronunciar em consolidados veículos de nossa mídia.
Em meu segundo artigo deste ano, dialogo com o professor João Batista Araújo e Oliveira, que publicou, na Folha de S.Paulo (12/01/16), o artigo “O debate que não houve”. Pelo título, o leitor já pode deduzir que o MEC, mais uma vez, tenta impor uma nova proposta de educação ao País, e sem debate algum.
Antes de Oliveira, quiçá de quaisquer outros, o professor Marco Antônio Villa, no final de 2015, antecipava alguns absurdos contidos na BNCC para a disciplina de História. Dela, está extraída, p. ex., a obrigatoriedade do ensino de histórias antiga e medieval. O mesmo ocorre com o tópico “Revolução Francesa”.
De minha parte, no artigo “O debate que não haverá” (Diário de Cuiabá: 14/01/16), antecipo a subtração da Literatura Portuguesa na BNCC. Logo, denuncio a desobrigação de apresentarmos aos estudantes do ensino médio escritores como Gil Vicente, Camões, Fernando Pessoa, Saramago et ali.
Para meu alento, dias depois, em “Tendências/Debates”, da Folha de São Paulo, de 28/01/16, Flora Bender Garcia e José Ruy Lozano fizeram a mesma denúncia por meio do artigo “Literatura Portuguesa naufraga no Brasil”. Suas inquietações são praticamente as mesmas por mim expostas.
Além dessas contestações individuais de que pude saber, o 35º Encontro Nacional do Sindicato Docentes do Ensino Superior (ANDES-SN), reunido durante a semana passada, em Curitiba, aprovou a elaboração de uma nota pública ao país, denunciando os principais problemas contidos na BNCC.
E os problemas não são poucos; tampouco superficiais. Todos são de profundidade. Todos visam redirecionar o cerne do ensino do país para o conforto da lógica ordenada por agentes internacionais do capital.
Tais agentes – sabedores da falência de nossa educação, fruto de experiências iniciadas ainda na ditadura militar – sentem-se confortáveis para impor novas experiências. Aliás, de experiência em experiência, vamos perdendo nossa inteligência.
Agora, as novidades do momento que os agentes internacionais estão nos impondo encontram-se ancoradas em pelo menos duas grandes linhas: 1ª) as novas tecnologias; 2ª) a necessidade de uma formação mais voltada para a realidade do estudante. Leia-se: para a necessidade do mercado, que requer apenas mão-de-obra, não seres pensantes que tenham alguma visão de universalidade.
De repente, desconhecer a acidez social de um Gil Vicente, p. ex., ajudaria na pavimentação dessa necessidade dos agentes do capital. Ignorar processos históricos, idem. Acoplados a essas subtrações de conteúdo, ainda vêm os discursos sedutores da primazia da subjetividade de nossos estudantes. É o império do umbigo, não do cérebro.
Penso que mais do que nunca é preciso termos a coragem do eu-poético do escritor português José Régio, que em “Cântico Negro”, nos dá uma lição de como recusar imposições, dizendo um sonoro:
“Não, não vou por aí.
Só vou por onde me levam meus próprios passos”.
Na madrugada de sábado (30) para domingo (31), docentes do 35º Congresso do ANDES-SN participaram da Plenária de Encerramento, completando sete dias de intensas discussões na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UFTPR), que subsidiaram a tomada de decisão dos delegados acerca dos planos de ações e lutas para 2016 do Sindicato Nacional.
Os trabalhos finais foram conduzidos pelo presidente do Sindicato Nacional, Paulo Rizzo. Ao longo da Plenária, mais de 20 moções de solidariedade, repúdio e/ou apoio foram aprovadas e, em seguida a Carta de Curitiba, que reúne a síntese das principais discussões do 35º Congresso também aprovada por unanimidade pelos presentes.
A carta reafirma o compromisso do Sindicato Nacional, no completar de seus 35 anos de história, com a luta em defesa dos direitos dos trabalhadores da educação pública, gratuita, de qualidade, laica e socialmente referenciada.
Ao fazer a leitura, o 1º secretário do ANDES-SN, Francisco Jacob Paiva da Silva, aponta que tanto militantes, que estiveram na fundação do Sindicato, quanto aqueles recém- chegados já abraçaram essa luta como parte de suas vidas. “No ano em que comemora o seu 35º aniversário, o ANDES-SN mostra pleno vigor ao encerrar o seu 35º Congresso, apontando o horizonte da transformação estrutural da sociedade brasileira e iluminando as trilhas para as lutas cotidianas”, aponta o texto da Carta.
Mary Falcão, 2ª vice-presidente da Regional Sul do ANDES-SN fez os agradecimentos finais e apontou a importância do 35º Congresso do ANDES-SN em avançar na construção, de forma coletiva, de ações para enfrentar os ataques dos governos à categoria docente e de lutas para nortear, a cada dia, a criação de uma nova sociedade. “Traçamos a unidade na luta. Avançamos no diálogo e na possibilidade de levar esse coletivo para um patamar de luta com muito mais qualidade. Mostramos que o mesmo estado que sangra seus professores, é também o que é solidário e que acolhe aqueles que aqui estão”, destacou.
Jazomar Vieira, vice-presidente do Sindicato dos Docentes da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (SindUFTPR) agradeceu a toda equipe que tornou possível a realização do 35º Congresso do ANDES-SN, desde os responsáveis pela organização do espaço até os delegados presentes. “Nós conseguimos”, apontou.
Paulo Rizzo também agradeceu à equipe de organização do evento e ao Sindicato dos Docentes da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (SindUFTPR) pela hospitalidade e responsabilidade em sediar a principal instância deliberativa do ANDES-SN. “Diante de uma conjuntura difícil, em meio a tantos ataques, nós conseguimos construir, após um trabalho intenso nesse Congresso, o armamento do sindicato para enfrentar todos os desafios que teremos nesse ano. Tenho certeza que saímos dispostos para colocar em prática tudo o que discutimos aqui, na base da nossa categoria, e para construir a mobilização dessas lutas”, finalizou Rizzo.
Saiba mais sobre o 35º Congresso do ANDES-SN
De 25 a 30 de janeiro, 469 docentes, representantes de 74 Seções Sindicais de todo o país, estiveram em Curitiba (PR) para discutir e aprovar uma série de ações, como os planos de lutas dos setores das Instituições Federais (Ifes) e Estaduais/Municipais (Iees/Imes) para o próximo período. Confira os números finais do 35º Congresso do ANDES-SN ao lado.
Confira aqui as edições do informANDES Especial com a cobertura do 35º Congresso do ANDES-SN, entregue nos dias do evento aos participantes:
InformANDES Especial 35º Congresso #1
InformANDES Especial 35º Congresso #2
InformANDES Especial 35º Congresso #3
Fonte: ANDES-SN
Os docentes das universidades nacionais da Argentina estão em campanha para que o governo argentino abra uma mesa de negociação sobre suas reivindicações. A categoria enfrenta forte inflação, que chegou a 6,5% apenas em dezembro de 2015, além de uma série de medidas de ajuste fiscal que fizeram com que, pelo quinto ano consecutivo, houvesse queda no salário real dos docentes.
O sindicato nacional Conadu Histórica realizou, no dia 28 de janeiro, reunião com Albor Cantard, secretário de políticas universitárias do governo argentino. Na reunião, os docentes apresentaram a crítica situação pela qual passa a categoria, atribuída, entre outros fatores, ao imposto sobre o salário, ao congelamento salarial até junho e aos reajustes que só ocorrem a cada 16 meses.
A Conadu Histórica reafirmou a necessidade de reajuste salarial para os docentes e exigiu o fim da perseguição a Horacio Valentini, dirigente do sindicato dos docentes da Universidade Tecnológica Nacional de Rosario - demitido por defender os direitos dos trabalhadores da instituição. Também criticou a crescente criminalização das manifestações sociais no país. As reivindicações não foram respondidas pelo governo.
Na sexta-feira (5), os docentes argentinos realizarão uma reunião, que debaterá o aprofundamento do ajuste fiscal, a situação das distintas universidades federais e quais medidas serão tomadas para defender os direitos dos trabalhadores e a universidade pública.
Fonte: ANDES-SN (com informações de Conadu Histórica)