Terça, 09 Janeiro 2024 10:07


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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind. 
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Texto enviado pelo Prof. Danilo de Souza.

A eficiência energética pode aumentar o consumo de energia? 

A ação de eficiência energética estabeleceu-se como um mecanismo para a redução da emissão de gases de efeito estufa. A ideia é simples – ao implementar tecnologias ou ações que reduzem o consumo de energia elétrica, poupa-se energia e consequentemente a emissão é menor. A Agência Internacional de Energia (IEA) enfatiza que a eficiência energética tem potencial de representar 40% das reduções globais nas emissões de gases de efeito estufa necessárias até 2040 para atingir os objetivos climáticos globais delineados no Acordo de Paris.
No caso brasileiro, as diretrizes caminham na mesma linha da IEA. O Plano Nacional de Eficiência Energética, publicado pelo Ministério de Minas e Energia, em suas premissas e diretrizes básicas, também atua no sentido da aplicação dos mecanismos de eficiência energética como estratégia para reduzir a emissão de CO2.
Entretanto, um fenômeno já observado há mais de 150 anos traz uma série de dúvidas sobre essa simples, lógica e até intuitiva descrição. No século XIX, William Stanley Jevons, famoso economista inglês, registrou em seu livro A Questão do Carvão, de 1865, que as melhorias de eficiência no uso de carvão na Escócia entre 1830 e 1863 levaram a um aumento em sua demanda, não a uma diminuição, como poderia ser inferido. Nas palavras de Jevons (1865):
 
A redução do consumo de carvão, por tonelada de ferro, para menos de um terço do seu valor anterior, foi seguida, na Escócia, por um consumo total dez vezes superior, para não falar do efeito indireto do ferro barato na aceleração de outros ramos da indústria que consomem carvão.
 
Nessa perspectiva, Jevons apresenta um caso extremo do que hoje conhecemos como “efeito rebote”. A ideia do economista se desenvolve da seguinte forma: uma melhoria da eficiência energética na utilização de um recurso (por exemplo, gasolina com carros mais eficientes energeticamente) conduz a uma redução do custo de um serviço energético prestado por esse recurso (como o transporte individual). Esse serviço de energia “agora mais barato” impulsiona sua própria demanda, aumentando ainda mais o uso do recurso em questão, caracterizado como efeito rebote direto.

Outros bens ou serviços que precisam de energia para serem produzidos.      
Outra possibilidade é o efeito rebote indireto, o qual é provavelmente muito mais importante nos médio e longo prazos. Esse fenômeno ocorre quando não há demanda adicional por esse serviço de energia, a economia monetária pode ser utilizada para consumir

Para tornar mais didática nossa discussão, podemos realizar um experimento mental. Imaginemos a situação em que os carros se tornem muito mais eficientes em termos de combustível. Como consequência, iremos usá-los mais ou até mesmo comprar outros maiores. Isso também nos possibilitaria mudarmos para outra cidade, pois utilizaríamos a mesma quantidade de combustível morando mais longe e deslocando-nos.

Estudos realizados desde a década de 1980 mostraram que há efeito rebote em muitas áreas, podendo variar entre “rebotes leves”, e até mesmo casos extremos em que o tiro saiu pela culatra. Podemos afirmar, assim, que há consenso sobre sua existência, mas ainda não sobre sua extensão. Nesse sentido, no campo da pesquisa, já é bastante aceito que as tecnologias de propósito geral (eletricidade, automóveis, internet, dentre outras) tendem a reproduzir o Paradoxo de Jevons.
Dito isso, uma questão central surge neste debate: “Devemos parar de incentivar a eficiência energética e as políticas de conservação de energia? Estamos gerando mais impactos e afastando-nos da sustentabilidade ou da mitigação das mudanças climáticas?”.
Faz-se imperioso, então, não só defender, mas aplicar fortemente a eficiência energética. Isso, menos por sua capacidade de reduzir as emissões, e mais por seus efeitos sobre a produtividade global do sistema econômico, e para aumento do conforto das famílias. Desde a Revolução Industrial, a tecnologia tem sido bem-sucedida em ampliar a eficiência no uso da energia. No entanto, tais avanços não têm levado ao recuo no consumo per capita de energia. Aliás, se assim fosse, com as tecnologias e a eficiência atuais, deveríamos observar menos problemas ambientais, não o aumento deles. Afinal, somos hoje muito mais eficientes que há 150 anos, mesmo sendo mais pessoas.
Da análise cuidadosa das afirmações de Jevons, podemos concluir que não existe uma solução mágica para reduzir o consumo de energia e enfrentar as mudanças climáticas nos dias de hoje. O paradoxo de Jevons, que destaca o potencial impacto negativo nos esforços relacionados à energia e ao clima, também nos obriga a adotar uma abordagem multidisciplinar que reconheça a complexidade inerente à formulação de políticas e leve em consideração plenamente as forças econômicas, sociais e comportamentais envolvidas nesse processo.
 
Danilo de Souza é professor na FAET/UFMT e pesquisador no NIEPE/FE/UFMT e no Instituto de Energia e Ambiente IEE/USP.

 

Segunda, 08 Janeiro 2024 18:42

 

 

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Juacy da Silva*
 

Teoricamente vivemos em um país democrático ou como os donos do poder e os marajás da República tanto gostam de enfatizar, sob um “estado democrático de direito e republicano”, mas na realidade é vivemos em um país onde a Justiça social, a Justiça Ambiental e a Justiça intergeracional e a equidade estão muito distantes de serem realidades palpáveis na vida da grande maioria da população, onde 1% ou no máximo 5% das camadas mais abastadas abocanham mais de 50% da renda, da riqueza e das propriedades e mais de 50% da população vivem na miséria, enfrentando a fome, a insegurança alimentar, a violência, sem acesso a serviços públicos de qualidade, principalmente a saúde pública e a educação.

Para mim, isto não é democracia e nem pode continuar sendo defendida, precisamos de transformações mais profundas que incluam e não excluam as grandes massas na partilha da riqueza e do PIB brasileiro.

Hoje está fazendo um ano que uma turba ensandecida, objeto de manipulação ideológica, que para alguns analistas ao longo de quatro anos de Governo Bolsonaro, passou por uma verdadeira lavagem cerebral, destilando ódio e criticas mordazes, quase sempre através de ameaças e palavras chulas, ao Poder Judiciário, principalmente o STF e o TSE, bem como contra todos os partidos de esquerda, a quem, indistintamente eram considerados e vilipendiados como comunistas, inimigos do Brasil e do cristianismo, repetindo, faz um ano que aquela multidão avançou pela Praça dos Três Poderes em Brasília e promoveu uma grande baderna, destruindo o Patrimônio Público na sede do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do STF.

Se o clima em que ocorreu as eleições gerais, principalmente para Presidente da República, foi de um confronto não apenas eleitoral, mas fundamentalmente ideológico, místico-religioso, o mesmo, passado mais de um ano do segundo turno das eleições em que sagrou Lula como novo Presidente, ainda hoje este radicalismo está presente, com efeitos bastante nefastos na vida nacional.

Na semana passada Lula completou um ano, deste seu terceiro mandato e já está ensaiando a reeleição para a conquista de um quarto mandato nas eleições gerais de 2026, o que, se reeleito, lhe dará o título de mandatário mais longevo e também com mais mandatos conseguidos através de pleitos eleitorais democráticos e não pela via de Golpe de Estado como aconteceu com Getúlio Vargas e com os generais presidentes, cujo governo ditatorial durou mais de 20 anos.

Por iniciativa de Lula e com a anuência da cúpula do STF e de forma tênue por parte da Direção do Congresso Nacional, hoje haverá uma Sessão solene, um ATO PÚBLICO em Brasília e em diversos Estados, para celebrar a vitória da democracia ante a tentativa de golpe para destituir Lula da Presidência e praticamente dissolver o STF e também o TSE, alvos prediletos dos ataques diuturnos por Bolsonaro e seus fanáticos seguidores, muitos dos quais o consideravam e ainda o consideram um MITO, alguém enviado por Deus para salvar o Brasil das garras do comunismo, do satanismo e de tantas outras maluquices e besteiras que assacavam.

O ATO EM DEFESA DA DEMOCRACIA, parece que não vai contar com o apoio de boa parte dos governadores e parlamentares que, mesmo formalmente convidados pelo Presidente da República não irão a Brasília, alguns por serem ainda hoje fiéis seguidores de Bolsonaro e alinharem-se na extrema direita brasileira, e alguns outros que, mesmo pertencentes a vários partidos que integram a “base” do Governo Lula no Congresso, que tem milhares de cargos no primeiro, segundo e terceiro escalões do governo, estão temerosos de que suas presenças venham a contribuir para “engrossar” o caldo da narrativa da esquerda e influenciar nas eleições municipais deste ano, e, indiretamente, nas eleições gerais de 2026.

Esses governadores e outros políticos, como ou sem mandato, pertencem ao grupo dos “CAMALEÕES” da politica, agem de forma oportunista, ficam em cima do muro e estão sempre tirando proveito das polarizações, quando vendem seu apoio a preço de ouro.

Esses partidos estiveram ou estão no poder há praticamente 30 anos, direta ou indiretamente, e apoiaram os Governos FHC I e II; Lula I e Lula II; Dilma I e Dilma II, até que conseguiram derruba-la e continuaram aboletados na alta cúpula do país com o Governo Temer, depois com Bolsonaro e hoje estão novamente com Lula, sem o menor pejo ou vergonha de terem “servido” governos de esquerda, de centro ou de extrema direita.

Da mesma forma que a Baderna ou a Tentativa de Golpe de 08 de Janeiro de 2023 representam um desrespeito `a democracia, enfraquecendo-a, também este oportunismo político, que tem em sua base, as famosas emendas parlamentares, o Orçamento Secreto, a transformação da política em um enorme balcão de negócios, a falta  de transparência, a corrupção institucionalizada também destroem a democracia brasileira perante o povo e também perante os demais países.

As celebrações de hoje, 08 de Janeiro de 2024, demonstram que o Brasil continua tão divido quanto há um ano, quando da “tentativa de golpe” e a tendência é assim continuar a polarização ideológica que impossibilita a viabilidade de uma “terceira via”, beneficiando os extremos da política, do “nós contra eles”, tão nefastos a qualquer democracia, regime político ou forma de governo.
Neste contexto vale perguntarmos “qual a democracia que estamos defendendo”?

No caso brasileiro, uma democracia que facilita e perpetua a exclusão das grandes massas? A perpetuação da fome, do racismo estrutural, do desrespeito `as culturas tradicionais, o machismo, da violência em geral e todas as formas de violência e marginalização contra grupos específicos como os afrodescendentes, as mulheres, as pessoas deficientes, as crianças, adolescentes e idosos; um pais em que os Marajás da República, os donos do poder e seus apoiadores gozam de privilégios, mutretas, benesses e regalias, enquanto os trabalhadores recebem um salario mínimo de fome, e milhões vivem de migalhas distribuídas por políticas assistencialistas que apenas perpetuam a pobreza, a fome e a miséria e serem fundamentalmente como mecanismo de manipulação política e eleitoral?

Será que o povo, o povão entende o que é defesa da democracia? ou melhor, o que é democracia e qual ou quis as razões que deveriam defende-la?

Não podemos transformar a Defesa da Democracia em mero slogan, que se apaga diante da realidade que exclui milhões de pessoas, a grande maioria da população brasileira e deixar essas massas sendo manipuladas para a perpetuação das mesmas mazelas que há décadas, séculos tanto nos envergonham.

Defender a democracia para mim é definir e implementar políticas públicas que promovam transformações profundas nas estruturas políticas, econômicas, sociais e culturais do Brasil, reduzir as desigualdades sociais, as desigualdades regionais, as desigualdades setoriais, promover reparação histórica `as populações que ao longo de séculos, como os afrodescendentes, os povos indígenas e outros grupos que sempre foram e continuam marginalizados.

Defender a democracia é acabar com os privilégios e benesses que favorecem uma parcela pequena dos integrantes da cúpula dos três poderes, tanto a nível nacional quanto nos Estados e Municípios e não apenas com discursos pomposos em gabinetes luxuosos, enquanto milhões de trabalhadores não tem renda e nem salário dignos, nem previdência, nem proteção social, enquanto os grandes grupos econômicos recebem bilhões e trilhões de dólares ou reais a título de renúncia fiscal, incentivos fiscais, sonegação consentida, facilitando cada vez mais a acumulação do capital em poucas mãos, em detrimento dos trabalhadores e das grandes massas despossuídas.

Defender a democracia é promover uma política ambiental/ecológica que garante de verdade a sustentabilidade e acabem com o desmatamento, a destruição da biodiversidade e a degradação dos rios e dos biomas brasileiros.

Enfim, creio que precisamos fazer uma reflexão mais profunda, mais crítica sobre que DEMOCRACIA TEMOS e qual a VERDADEIRA DEMOCRACIA QUE QUEREMOS, slogans não transformam a realidade, não revolucionam as estruturas e apenas atendem interesses momentâneos.

*Juacy da Silva, professor fundador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia Integral., Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Instagram @profjuacy

Sexta, 22 Dezembro 2023 17:38


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Texto enviado pela. Profa. Dra. Liliane Capilé Charbel Novais 

Caros/as Docentes da UFMT 

A Chapa 01 - UFMT QUE QUEREMOS deseja-lhes um FELIZ NATAL e um ANO NOVO com saúde e muitas realizações. 

Com estes votos reafirmamos nosso compromisso de implementar uma gestão ativa e propositiva, pois ainda que pese sobre a UFMT diversos experimentos de excelência e boas iniciativas por parte dos servidores/as, a universidade tem revelado muitos problemas que englobam tanto a gestão de pessoas como a precariedade dos espaços físicos e, por consequência, a suspensão de aulas, reuniões cansativas, pesquisas sendo prorrogadas, insatisfações, conflitos entre colegas, indignação, assédio e desencanto com o nosso trabalho. 

Mas vamos reagir. 

Logo de início combateremos os empecilhos do cotidiano e colocaremos a caminho uma política de ensino, pesquisa e extensão que eleve a nossa estima. 

Vale enfatizar, que pela própria experiência junto à Editora da Universidade, nós estaremos garantindo, de imediato, apoio às publicações, aos periódicos editados por nós, que mesmo sem recursos institucionais, se tornaram publicações de excelência. 

Vamos propor e fortalecer os caminhos para garantir o engajamento dos/as nossos/as pesquisadores/as no alto extrato da pesquisa e com isso valorizar os nossos Programas de Pós-Graduação. Muito em breve ultrapassaremos os 40 PQ, pois acreditamos que há espaço para concorrer mais fortemente no CNPq. 

Vamos criar na página da PROPeq, o Observatório de Pesquisa da UFMT para divulgar o que fazemos e prospectar o que temos no Estado, no País e no exterior, que seja de interesse para nossas pesquisas. 

Estamos trabalhando para garantir muitos ANOS NOVOS de boas práticas no ensino, na pesquisa e na extensão. Vamos SER o que potencialmente já somos, mas com valorização e reconhecimento institucional. 

Um grande abraço de Marluce e Silvano.

Chapa 01

UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso
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Profa. Dra. Liliane Capilé Charbel Novais
Departamento de Serviço Social - ICHS - UFMT
PPGHIS - IGHD/UFMT

Sexta, 22 Dezembro 2023 15:08

A Adufmat-Ssind informa que entrará em recesso de final de ano a partir desta sexta-feira, 22/12/23 retomando as atividades em 08/01/24 (segunda-feira). Não haverá, portanto, atendimento ao público neste período na sede, em Cuiabá, e nas subsedes de Sinop e Araguaia.

Sexta, 22 Dezembro 2023 15:02

Tudo chegou sobrevivente num navio
Quem descobriu o Brasil?
Foi o negro que viu a crueldade bem de frente
E ainda produziu milagres de fé no extremo ocidente
(Caetano Veloso em Milagre do Povo)

Sexta, 22 Dezembro 2023 14:53

[...]e viu milagres como eu
Sabe que os deuses sem Deus
Não cessam de brotar, nem cansam de esperar
E o coração que é soberano e que é senhor
Não cabe na escravidão
Não cabe no seu não
(Caetano Veloso em Milagres do Povo)

Quinta, 21 Dezembro 2023 10:35


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Texto enviado pelo Prof. Vicente Machado de Avila. 

TRIÁLOGO 51

(SEMEANDO REFLEXÃO PARA COLHER CIVILIZAÇÃO)

I – VATICÍNIO CHATO: No Triálogo 50 vaticinei que o Joe Biden perderá as próximas eleições.

CORREÇÃO: Na realidade ele está correndo o risco de perder o atual mandato. 

II – SÓ CIRURGIA VISUAL: Fazem 7 (sete) décadas que o machismo está em queda/debate. Porém, grande parte dos homens (inclusive jovens) só consegue enxergar a mulher-objeto. Talvez uma cirurgia oftalmológica possa fazer o homem ver na mulher um ser humano digno de respeito e AMOR.   

 III – CORAÇÃO

O que você não deve fazer com o seu coração: deixá-lo num arquivo ressequido/ressentido/esquecido. O que você deve fazer com o seu coração. Mante-lo vivo/ativo/afetivo. 

SEGUNDA PARTE – BESTEIROL

I – A força da violência: cadê seu marido? Sei não, a última vez que eu o vi estava sendo levado por um arrastão.

II – Bombas bombando: Os crimes de estupro e feminicídio estão bomdando nos noticiários. Quem quiser ver noticias de crimes ainda mais hediondos, e só mudar de canal.

FAMÍLIAS Socorro! IGREJAS – Socorro! SOCIEDADE TODA – Socorro!   

III – TRISTEZA POEMA: Haroldo Lobo e Niltinho.

Cantemos com Jair Rodrigues:

Tristeza
Por favor vai embora
A minha alma que chora
Está vendo o meu fim...

Fez do meu coração
A sua moradia
Já é demais o meu penar
Quero voltar aquela
Vida de alegria
Quero de novo cantar... ”

Aquele abraço,

Cuiabá-MT., 20 de dezembro de 2023. 

Professor Vicente Machado Ávila

Professor Aposentado UFMT

Quarta, 20 Dezembro 2023 08:30


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Texto enviado pelo Prof. Danilo de Souza 

A transição energética em curso não é para fontes renováveis
 

Recentemente, realizei uma simples pesquisa. Apliquei a seguinte pergunta a 50 pessoas próximas (diversas do setor de energia): “Existe uma transição energética em andamento, em que as fontes de energia renováveis ​​estão substituindo os combustíveis fósseis?”. Do total de entrevistados, 48 responderam sim a essa pergunta e outros dois afirmaram não saber a resposta. Aparentemente, eles não estão errados, afinal este é o discurso dominante nos meios de comunicação.

É importante observar que, quando falamos em energia, não nos limitamos apenas à matriz energética primária do setor elétrico, englobando também os transportes, processos térmicos industriais, dentre outros.

É um tanto quanto complexo definir o que é uma transição energética, pois a hermenêutica do vocabulário empregado permite compreender que, em uma transição efetiva, seria uma mudança completa da utilização de um recurso para outro. Na verdade, uma transição pode ser lenta, pode ser caracterizada pelo não aumento de um recurso e pela inserção de outro alternativo que com o tempo, passa a ocupar a parcela dominante da totalidade.

No século XIX, o carvão ultrapassou a biomassa no fornecimento da maior parcela do suprimento global de energia e, no século XX, o petróleo superou o carvão, ocupando a parcela principal no fornecimento de energia para manutenção dos Sapiens. Esses dois momentos até poderiam ser caracterizados com alguma racionalidade como adições de energia em vez de transições. Entretanto, essa seria uma visão equivocada, pois desconsidera o crescimento populacional. Essa análise só pode ser realizada em termos relativos (percentual) - em valores absolutos o consumo energético só tem apresentado crescimento – e não é difícil entender, pois éramos um bilhão de sapiens em 1800 e hoje (2023) somos mais de oito bilhões. Dessa forma, se analisarmos rigorosamente, uma transição energética efetiva nunca ocorreu, nem poderia, dado o crescimento vegetativo da população, o aumento da expectativa de vida e, felizmente, os avanços no consumo individual de energia e acesso aos bens. Assim, o que houve foram incrementos energéticos para atender à aceleração do aumento populacional. Agora, dentro do conceito de transições relativas, já passamos por duas e estamos caminhando para a terceira, que não aponta para as renováveis.

A primeira transição pode ser caracterizada pela substituição da lenha (biomassa) como combustível de maior utilização pela humanidade, desde o domínio do fogo. Foi trocada pelo carvão mineral, que se tornou a energia motriz da Segunda Revolução Industrial após o desenvolvimento comercial da máquina térmica no século XVIII, possibilitando assim um ganho extraordinário na capacidade produtiva. Desse modo, pode-se dizer que a primeira transição foi de uma fonte renovável para uma não renovável.

 

A segunda transição energética é concebida pelo processo de entrada do óleo de origem fóssil formado em rochas sedimentares ao longo de milhões de anos. O óleo, ou petróleo,  possui maior poder calorífico do que o carvão, estando em estado líquido, o que facilita o transporte e armazenamento, além de apresentar fluidez.

Ainda durante a Segunda Revolução Industrial, a energia do petróleo começou a ser usada mais intensamente a partir do desenvolvimento dos modelos comerciais do motor de       combustão interna, o qual é utilizado em carros até hoje. E é predominantemente no setor de transporte, onde o petróleo se mantém como recurso energético quase intocável até a atualidade. A mobilidade elétrica até o momento não apresentou uma ameaça tão grave a esse reinado, especialmente no transporte pesado. Nas utilizações não energéticas, o petróleo possui aplicações fantásticas, como nos setores de têxtil, solventes, química fina, agroquímica, polímeros (plásticos), etc.

Finalmente, a transição que estamos presenciando é, na verdade, a entrada mais forte do gás natural na matriz energética mundial, sobretudo a partir da metade do século  XX. O gás natural é composto por uma mistura de hidrocarbonetos leves, como metano, etano, propano e butano. E por esse motivo a queima é menos impactante que a do óleo e do carvão, no que se refere às emissões. Atualmente, o gás natural já representa aproximadamente 25% da matriz energética mundial.

A inserção do gás natural na matriz da geração de energia elétrica representou um importante aumento de eficiência em relação ao óleo e carvão, pois parte das novas plantas operam em ciclo combinado, com eficiência global passando da média de 30% do ciclo simples para valores na faixa de 55 a 60% em ciclos combinados. O gás natural também desempenha papel relevante no aquecimento em países frios e ainda na cocção (cozimento) de alimentos.

Outra característica importante do gás natural é a capacidade de armazenamento, pois é flexível, possibilitando, assim, a complementariedade com as fontes renováveis, que operam nos fluxos, sem a possibilidade de armazenamento direto para despacho nos momentos adequados.

Mas, onde estão as fontes renováveis?

Em 2021, as fontes renováveis, desconsiderando a lenha, foram responsáveis por 5,7% do total de energia primária. Se a lenha (biomassa) for considerada, o total de renovável pode chegar a 12%. Ou seja, podemos afirmar que o que tem ocorrido é a inserção de novos projetos de geração de energia a partir de fontes renováveis, mas isso não representou uma ameaça à supremacia dos combustíveis fósseis. Pelo contrário, eles continuam dominantes na matriz energética mundial.

 

Se as transições energéticas ocorridas até este momento podem ser descritas como adições de novas fontes de energia no mix, sem renunciar às anteriores, as renováveis demorarão algumas dezenas de anos para representarem 50% da matriz energética mundial.

Existem diversos motivos pelos quais as fontes de energia tendem a não competir fortemente umas com as outras. Uma das principais razões está relacionada à estrutura das economias de mercado, que são impulsionadas por uma dinâmica de crescimento em busca de lucros, e não por uma preocupação por conservação. Nesse sentido, na maioria das vezes as novas fontes/tecnologias de conversão não são disruptivas, mas são adicionadas de forma a se acomodarem no colchão global de energia. Assim, historicamente, elas entraram para somar, e não para substituir as antigas.

Para não desanimar os colegas, é absolutamente possível que a transição dos combustíveis fósseis para a energia renovável esteja em seus estágios iniciais, rompendo com o padrão histórico discutido aqui. Afinal, no passado, as nações, indústrias e o público não estavam tentando reduzir o uso de nenhuma fonte de energia em particular, mas simplesmente buscando maneiras de fornecer mais energia. E, nos últimos anos, uma grande parte do mundo reconheceu claramente que a mudança climática global é uma séria ameaça para as sociedades, e que uma redução acentuada no uso de combustíveis fósseis é necessária para minimizar a sua gravidade. Nesse contexto distinto, talvez haja motivos para um tímido otimismo de que veremos em poucos anos uma transição energética no sentido pleno da palavra, em que as fontes renováveis ​​de energia realmente venham a substituir os combustíveis fósseis. Entretanto, neste momento, isso não está ocorrendo.

Danilo de Souza é professor na FAET/UFMT e pesquisador no NIEPE/FE/UFMT e no Instituto de Energia e Ambiente IEE/USP.

Segunda, 18 Dezembro 2023 10:14


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Eleições UFMT/2024: A ‘pós-verdade’ dos pós-modernos 

Professora e pesquisadora do Departamento de Sociologia e Ciência Política (SOCIP) e do Programa de Pós-Graduação em Política Social (PPGPS) da UFMT.
Membro do Núcleo de Pesquisa MERQO/CNPq e do GTPFS/ADUFMAT/ANDES-SN. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. 

           
            Todo processo eleitoral é bastante intenso. Às vezes, tenso. A intensidade e as tensões eleitorais, entretanto, não justificam o jogo do “vale tudo”. Até porque, se tudo vale, efetivamente, de nada vale!

            Desta forma, o jogo eleitoral não representa ausência de regras e de ética eleitoral. Consequentemente, compactuar ou fazer uso de métodos e recursos eleitorais que desrespeitem as bases elementares da disputa não é tolerável, pois os processos eleitorais não desvelam apenas os programas e os compromissos públicos assumidos, mas, também, a forma e o método dos concorrentes; e, por conseguinte, como aqueles que pleiteiam o poder se comportarão no exercício do cargo. Neste sentido, as eleições para a Reitoria da UFMT têm revelado muitas coisas.
            Lamentavelmente, temos assistido a um ex-diretor da ADUFMAT (que, inclusive, explorou essa condição para angariar votos em eleições anteriores), usar de declarações inverídicas contra o Sindicato para justificar suas próprias ações. Assim tem sido a postura do Reitor-candidato no processo eleitoral 2023. Em duas frentes de acusações, atribui à ADUFMAT tanto a paralisação da discussão sobre a Resolução 158/2010 nos Conselhos Superiores quanto o processo eleitoral ilegítimo que o elegeu em 2020.
            O problema dos adeptos da pós-verdade é que as tais ‘narrativas’ acabam tendo que enfrentar os fatos e os registros da história. Por mais que seus promotores continuem a acreditar que uma mentira, diversas vezes repetida, possa converter-se em verdade. Entretanto, apesar do esforço para gerar “narrativas”, os fatos podem ser documentalmente checados.
            Primeiramente, importa registrar que a relação dos trabalhadores com seus respectivos sindicatos (independente da categoria profissional) deve ser, no mínimo, de respeito à entidade sindical. No caso da ADUFMAT, esta construiu uma história de mais de 40 anos que a credencia como um Sindicato comprometido, combativo e dedicado aos interesses da categoria docente.
            Desta maneira, causa tristeza e revolta que um colega (que, circunstancialmente, exerce o cargo de Reitor) faça acusações infundadas ao Sindicato do qual faz parte e, inclusive, atuou como Diretor.
            Assim, não bastassem as tentativas (iniciadas por Maria Lúcia Cavalli e continuadas por todas as Reitorias) de banir as sedes das entidades sindicais(ADUFMAT e SINTUF) dos campi da UFMT, ede promover parlamentares (e promover-se através deles), cuja atuação é dedicada ao desmonte da Universidade que diz defender, o Reitor-candidato tem repetido que a ADUFMAT, judicialmente, impediu a discussão da Resolução 158, causando prejuízo aos professores.
            Ora, a judicializaçãodos encargos docentes foi provocada pela dupla ação das Reitorias que o Reitor-candidato fez parte (seja como Vice, seja como Reitor interino, seja como Reitor empossado): a primeira, na Administração deMiriam Serra/Evandro Silva (2016/2020), quando de forma arbitrária, a discussão foi paralisada dentro do CONSEPE, apesar dos apelos de conselheiros para sua retomada. O que implicou em vários anos na modalidade stand by.
            A segunda, já sob a gestão de Evandro Silva/RosalineLunardi (2020/2024) -e repetindo a arbitrariedade como método -, a apreciação da Resolução foi repassada para outro Conselho (CONSUNI). E, apesar de todas as tentativas de devolver ao CONSEPE a discussão que lhe é de competência, a Reitoria fez ouvidos moucos, insistindo em prosseguir com a discussão no Conselho Administrativo, desrespeitando a própria legislação.Por isto, a ADUFMAT entrou com pedido de liminar. E tanto tinha razão quanto ao Conselho competente para analisar, propor e deliberar sobre os encargos docentes, que a Liminar foi concedida.
            A outra acusação desprovida de qualquer base fática é aquela que atribui às entidades a responsabilidade pelo processo eleitoral de 2020, no qual sagrou-se Reitor. Processo aquele eivado de problemas que, com absoluta certeza, não foram provocados pela ADUFMAT, pelo SINTUF e/ou pelo DCE. Afinal, alguém esqueceu a fatídica Reunião dos Conselhos[1], realizada no dia 17 de junho de 2020, sob a coordenação pouco democrática do Conselheiro-Diretor Luiz Scaloppe? Esta Reunião não foi apenas traumática pela forma e pelo método, mas, fundamentalmente, pelo conteúdo. Nela, a história do voto paritário entre as categorias que compõem o Colégio Eleitoral da UFMT, há anos respeitada, foi colocada no chão. Registre-se, portanto, que a Lei n. 9.192/1995 estava vigente há anos. E, assim como era decisão política o voto paritário entre as categorias, também foi política a decisão de, em nome da Lei, realizar uma eleição em que o voto docente equivale a 70% e os votos de servidores técnicos e estudantes, equivalem a 15% cada categoria. Por isso, as Entidades não organizaram o processo eleitoral e, inclusive, denunciaram o processo eleitoral de 2020 como ilegítimo.
            Para além das ‘narrativas’ pós-verdade tão ao gosto da cultura pós-moderna, em que os fragmentos parecem revelar a totalidade dos fatos, assim, também, a campanha eleitoral do Reitor-candidato tem feito uso de fragmentos de imagens e discursos para tentar justificar suas ações, fazendo uso da difusão ‘narrativas’ nas quais o que efetivamente fez - e   faz- pretende transformar-se no seu contrário; ao mesmo tempo em que tenta promover o apagamento da coerência histórica de seus adversários.
            Concluindo, os debates são momentos excelentes para que as propostas (programa) sejam apresentadas e conhecidas, mas, também, para que a trajetória dos/as candidatos/as seja exposta. Afinal, coerência é uma qualidade fundamental. E a melhor forma de se inferir qual o grau de confiabilidade dos/as candidatos/as é analisando a história que construíram à frente dos cargos que ocuparam.
            Virar as costas ao próprio passado, transformando seu sindicato em adversário, através de narrativas construídas na base da pós-verdade, com certeza, não é uma boa alternativa para quem disputa ou para quem vota.