A pandemia evidenciou algo que já denunciávamos: que este modelo de sociedade, baseado no lucro e na exploração, que despreza a vida e a natureza, precisa ser urgentemente superado.
Governos no mundo todo, aproveitando o isolamento social, tentam impor agendas que atacam frontalmente os trabalhadores, em especial professoras e professores; tentam implantar reformas que pretendem impedir a existência de uma educação pública, gratuita e de qualidade social; atacam a liberdade de pensamento com tentativas de cerceamento.
Professoras e professores do Brasil todo já ocupavam as ruas, desde o ano passado, contra as políticas do governo Bolsonaro, em conjunto com estudantes e técnicos. Nos estados que repetem as barbaridades do governo federal de extrema-direita, com ataques à previdência e outros, também aconteceram protestos veementes nas ruas das cidades. Continuamos confiantes que a primavera há de surgir nas ruas após vencermos a batalha da pandemia da Covid-19. Mas a luta não pode esperar! Por isto, das mais diversas formas, temos que resistir, temos que existir.
Mesmo frente às mais diversas dificuldades, professores e professoras em todo o País mostram que o ensino pode ser um instrumento de conscientização. Por isso mesmo este governo não cessa de atacar a educação, o conhecimento e a ciência. A resposta de professoras e professores é a resistência, e sua força é a esperança de dias melhores.
Fonte: ANDES-SN
Se ensinar é revolucionário, um grupo formado por professores, estudantes e técnicos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) decidiu marcar o 15 de outubro - Dia dos Professores - com mobilização. Pela manhã, distribuíram panfletos no centro de Cuiabá e, na Praça da Prefeitura, chegaram a entoar um trecho da famosa “A Internacional”.
“Bem unidos façamos dessa luta final uma terra sem amos, a Internacional”, cantaram os militantes, chamando a população para refletir sobre essa ferramenta fundamental para qualquer tipo de transformação: Educação. No panfleto com título “A Educação Nossa! Por uma Educação Popular e Libertadora”, assinado pela Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat-Ssind), Diretório Central dos Estudantes (DCE), ANDES – Sindicato Nacional e Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos (Sintuf-MT), afirmaram que grupos políticos disputam a Educação. O primeiro, com o intuito de lucrar, e o segundo – do qual fazem parte - com o intuito de melhorar a vida das pessoas.
Além de criticar a forma de acesso às universidades, que contempla os ricos e marginaliza os filhos da classe trabalhadora, afirmaram que a permanência no ensino superior também é uma luta, devido aos cortes de recursos voltados para a Assistência Estudantil. A prioridade à lógica da iniciativa privada dos governos também foi destacada. “Enquanto as universidades, que deveriam ser do povo, totalmente gratuitas, são desmanteladas, o dinheiro que deveria ser investido nelas é dado para a iniciativa privada. A mesma que faz nos endividarmos pelo sonho de ter um diploma. Programas de financiamento como o FIES e o PROUNI são o que é ofertado para aqueles que tiveram negada a universidade pública, totalmente gratuita, com direito a alimentação e bolsa de estudos”, afirmaram no documento distribuído.
Por fim, a construção de uma Educação Popular e Libertadora tem como ponto de partida a valorização dos trabalhadores da Educação – principalmente com a recusa da proposta de Reforma Administrativa encaminhada ao Congresso Nacional - e recomposição do orçamento das universidades.
“Defendemos o direito de que a vida de ninguém seja posta em risco pelo sonho de nos formarmos e da assistência estudantil como elemento fundamental para a permanência dos filhos da classe trabalhadora que conseguiram entrar nas universidades. Colocamos que não só não devem faltar creches e escolas para que os pais possam trabalhar tranquilos, como também que nossa educação seja um mecanismo de libertação, uma ferramenta para mudarmos o mundo. No dia dos professores, mais do que lhes dar parabéns, defendemos a estabilidade nos cargos públicos, nos colocamos contra a reforma destrutiva e nos unimos com eles por um projeto de educação dos trabalhadores”, finalizaram.
Leia abaixo a íntegra do texto distribuído.
15 de outubro: DIA DO PROFESSOR
A EDUCAÇÃO NOSSA! POR UMA EDUCAÇÃO POPULAR E LIBERTADORA
A educação está em disputa e não é de hoje. Em lados opostos se colocam dois projetos de educação, mas também de país. Um privilegia os lucros, cada vez maiores, mas não para o povo. Os mentores deste lado colocam, e muitas vezes impõem contra a vontade popular, tentativas de privatização do público; e por “público” dizemos o que é de todos. Cada vez se torna mais difícil para os filhos de trabalhadores entrarem e permanecerem nas universidades. A assistência estudantil, que antes permitia que nós permanecêssemos na universidade, ainda que não tivéssemos condições dignas de trabalho, é cada vez menor e sofre, agora mais do que nunca, tentativas de liquidação completa. Mas por quê? E quem ganha com isso?
Basta dar uma olhada para o lado para perceber onde os trabalhadores, veladamente expulsos das universidades públicas, começaram a estudar. Enquanto as universidades, que deveriam ser do povo, totalmente gratuitas, são desmanteladas, o dinheiro que deveria ser investido nelas é dado para a iniciativa privada. A mesma que faz nos endividarmos pelo sonho de ter um diploma. Programas de financiamento como o FIES e o PROUNI são o que é ofertado para aqueles que tiveram negada a universidade pública, totalmente gratuita, com direito a alimentação e bolsa de estudos. Nos endividamos por uma promessa de diploma quando o conhecimento científico se torna cada vez mais menosprezado, crentes de que conseguiremos arcar com uma promessa de emprego que não só pode não vir, como de fato não tem vindo para muitos de nós. Enquanto isso, os professores, fundamentais para a formação de todos os profissionais, têm seus direitos retirados por diversos ataques como os que acontecem agora com a (Contra)Reforma Administrativa. O fim da estabilidade, proposto pela Contra Reforma, deixa os professores à mercê de bicos, fragilizando mais uma categoria. Não queremos igualdade na exploração, queremos trabalho digno para todos!
Enquanto é esta a situação das universidades, o corte de 4,2 bilhões que o governo planeja para a educação se traduz em menos creches para nossos filhos e na piora da estrutura das escolas. E a promessa de foco no ensino básico, usada para justificar a ruína de nossas universidades, vai ficando de lado. Se comprova ainda mais o descaso quando olhamos para as tentativas de desvio do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB), principal fonte de recurso das escolas e creches.
Então nós, que estamos do outro lado da disputa, colocamos para a educação um projeto popular, que seja de todos os trabalhadores para todos os trabalhadores. Para isso, reivindicamos a valorização daqueles que se colocam à frente do ensino e que conosco lutam para que a universidade pública, em vez de destruída seja transformada. É para que ninguém mais tenha que se endividar para estudar que defendemos a recomposição do orçamento das universidades e a escolha democrática de reitores comprometidos com a expansão da universidade e não com sua liquidação. Defendemos o direito de que a vida de ninguém seja posta em risco pelo sonho de nos formarmos e da assistência estudantil como elemento fundamental para a permanência dos filhos da classe trabalhadora que conseguiram entrar nas universidades. Colocamos que não só não devem faltar creches e escolas para que os pais possam trabalhar tranquilos, como também que nossa educação seja um mecanismo de libertação, uma ferramenta para mudarmos o mundo. No dia dos professores, mais do que lhes dar parabéns, defendemos a estabilidade nos cargos públicos, nos colocamos contra a reforma destrutiva e nos unimos com eles por um projeto de educação dos trabalhadores!
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
Há anos o orçamento das universidades está sendo sistematicamente contingenciado. Muitos cargos, extintos. Apesar de imprescindíveis, a ciência e conhecimento produzidos no Brasil estão sendo lançados pelos governos nas mãos de quem pode pagar para obter privilégios do setor. Será que a UFMT e as outras universidades públicas estão caminhando para a privatização?
Esse será o tema da Live da Adufmat-Ssind na próxima sexta-feira, 16/10, com a participação da professora Marluce Silva, docente do Departamento de Serviço Social da UFMT e coordenadora do Núcleo da Auditoria Cidadã da Dívida em Mato Grosso.
A convidada terá, em mãos, uma análise de como os recursos da UFMT foram utilizados entre 2003 a 2017. Os dados permitem a comparação entre o orçamento da universidade, a expansão dos cursos, o crescimento das matriculas, o quadro de docentes e técnicos, além da avaliação sobre a contratação das empresas terceirizadas. As políticas voltadas às universidades públicas fazem parte do que preconiza a proposta de Reforma Administrativa.
Participe da Live da Adufmat-Ssind na sexta-feira, 16/10, às 19h. Envie sua pergunta pelo chat dos canais oficiais do sindicato no Youtube ou Facebook.
Link direto para o Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=qYBLgdEShKY
Link direto para a página do Facebook: https://www.facebook.com/ADUFMAT-SSIND-211669182221828/
Confira o material de apresentação das chapas "Unidade para Lutar" e "Renova Andes", por ordem numérica.
Prezados/as colegas,
Somos um conjunto de docentes que colocam seus nomes à apreciação de cada filiada(o) ao ANDES-SN para concorrer pela Chapa 1 – Unidade para Lutar.
As eleições do ANDES-SN acontecem no meio de uma pandemia, da continuidade da política de austeridade fiscal e de profundos ataques aos nossos direitos e nossas liberdades. Ataques orquestrados por um governo de extrema direita, expressão do autoritarismo e do conservadorismo.
Somos uma chapa comprometida com o enfrentamento dos problemas cotidianos da categoria e, ao mesmo tempo, comprometida com a luta para for fim à exploração e opressão existente. Por isso, em cada seção sindical, estamos na linha de frente no combate às reformas que tiram nossos direitos, no firme compromisso de mobilizar a categoria para ocupar as ruas e as redes contra qualquer ataque aos docentes, aos servidores públicos e demais trabalhadores.
Nossa chapa elege como principal tarefa construir a unidade mais ampla em defesa da educação pública, dos serviços públicos, da autonomia de nossas universidades e das liberdades democráticas.
Para cumprir essa tarefa é necessário preservar a independência e autonomia do nosso sindicato. Assim, independente de quem governa, seja na esfera federal, estadual ou municipal, continuamos sempre na luta pelos interesses da categoria.
Representamos a continuidade e a mudança. Reivindicamos o trabalho desenvolvido pelas últimas diretorias e somos expressão da ação sindical da nova geração de nossas instituições públicas de ensino superior.
Somos homens e mulheres que nunca abandonaram o sindicato. Daremos continuidade à trajetória histórica do ANDES-SN, de um sindicato classista, democrático e construído pela base. Somos feministas, antipatriarcais e antirracistas.
Somos Chapa 1 UNIDADE PARA LUTAR
Em defesa da educação pública e das liberdades democráticas
Convidamos a categoria a conhecer nosso programa e a somar nessa caminhada!
Siga a CHAPA 1 nas redes sociais FACEBOOK INSTAGRAM PÁGINA YOUTUBE
PARTICIPAÇÃO OU RESTRIÇÃO?
É incrível, mas, a 20 dias da eleição do ANDES-SN (de 3 a 6 de novembro), ainda não se sabe como esta se dará.
A atual diretoria apresentou uma metodologia nomeada por um neologismo: “telepresencial”. Nele, entraremos em uma sala virtual, com documento e comprovante de filiação à sua seção sindical, para receber um link que conduzirá à cédula de votação.
Considerando fatores como tempo, qualidade das conexões de internet no Brasil, necessidade de um equipamento com câmera e um aplicativo de teleconferência, este formato se configura num obstáculo ao voto e, por isso, não deveria interessar a ninguém.
Por último, esse modelo implica que inúmeros dados pessoais seriam colocados ao dispor da empresa contratada para realizar as eleições. Um contrassenso para quem critica o ensino remoto também pela exposição de nossos dados a empresas privadas.
Essa formulação, no entanto, expressa a concepção sindical que preside o ANDES-SN há anos! É a ideia de um sindicato dos “verdadeiros sindicalistas”.
Nós, da Chapa 2 – RENOVA ANDES, ao contrário, propusemos uma eleição simplificada em que, com base nas listas de filiados e filiadas, cada docente pudesse votar a partir de seu celular ou computador, usando uma senha de único uso a partir de um protocolo de identificação seguro. Essa forma, aliás, está sendo usada em várias consultas de reitor e em Seções do Andes-SN.
Para o RENOVA ANDES, é preciso facilitar o voto. O objetivo deve ser o de atrair o maior número possível de docentes para o processo. É o momento privilegiado para fortalecer o ANDES-SN e afirmar o máximo possível a democracia de nossas decisões.
Nos dirigimos a todas as professoras e professores para que, diante de tantas restrições, não deixem de votar. Nosso sindicato necessita de uma nova orientação calcada na realidade concreta na qual docentes das IES trabalham. O ANDES-SN precisa ser um sindicato de toda a categoria e, para isso, precisamos RENOVAR nossa direção! VOTE CHAPA 2 – RENOVA ANDES!
****
Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
****
Roberto Boaventura da Silva Sá
Dr. em Jornalismo/USP. Prof. de Literatura/UFMT
O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
Para que a intenção deste meu artigo seja preservada do título ao seu final, começo dizendo que “Dias-Pino” é o sobrenome de Wlademir, o poeta crescido em Cuiabá que mais rompeu com as fronteiras regionais e nacionais.
Dias-Pino é referência internacional, pois, no final dos anos 40, em Cuiabá, fundou o movimento literário de vanguarda, ao qual chamou de “Intensivismo”, que já trazia, em sua essência, inovações formais antecipadoras da radicalidade da poesia visual e das artes plásticas, principalmente, dos anos 50 e 60.
Logo após, Wlademir regressou ao Rio, seu estado natural, de onde saíra, em 1936, por conta de perseguição política sofrida por seu pai: ditadura Vargas.
A título de exemplificar a substância artística de Wlademir, de sua densa biografia, destaco apenas um tópico: ele foi reconhecido por seus pares do mundo artístico como sendo o primeiro poeta a elaborar o conceito de "livro-poema", com o poema A Ave.
Em toda sua trajetória artística, a forma das coisas sempre ocupou centralidade. Por ela, Wlademir estabeleceu e antecipou um tipo de comunicação poética e estética até então não experimentada no País.
Nesse sentido, a logomarca da UFMT talvez seja uma de suas criações mais conhecidas, principalmente pelos mato-grossenses. Conforme sua própria explicação, aquelas formas geométricas significam que, “caindo uma pedra na água, há, na superfície, uma expansão territorial, que foi a própria edificação da Universidade, e, na medida em que essa pedra atingia, abstratamente, a profundidade cultural, ela também seria um fator físico de medir a profundidade da cultura, uma coisa abstrata, até que encontrasse o ponto do chão final. Além disso, era necessário que fosse uma coisa bem definida entre o preto, o branco e as áreas, e que não fossem também simples alvos, mas tivesse um elemento quadrado, em que se dê um close no alvo”.
Mas por que estou falando de Dias-Pino?
Porque me junto às vozes – capitaneadas pela Casa Silva Freire – que estão reivindicando pelo retorno de sua escultura "Árvore de Todos os Povos", retirada da Praça 8 de abril, por conta de uma reforma ocorrida em 2019. Vale lembrar que aquela escultura era acompanhada do mural de Adir Sodré, outra renomada referência artística de MT.
A título de lembrança, a “Árvore de Todos os Povos”, instalada em setembro de 2008, contempla o projeto para a Praça Cívica do Estado de Mato Grosso escrito por Wlademir Dias-Pino, Célio da Cunha e Silva Freire entre os anos de 1975 e 1979. Este projeto está alinhado com o tombamento da Praça 8 de Abril, garantido pela Constituição do Estado de Mato Grosso de 1989, em seu Art.º 40 das Disposições Constitucionais Transitórias, estabelece que: ‘Fica tombado o espaço público onde se localizam os jardins da Praça Oito de Abril, em Cuiabá, destinado à criação da Praça Cívica do Estado de Mato Grosso”.
Por sua vez, a Lei Estadual nº 9.244, de 18 de novembro de 2009, reconhece, em seu Art. 1º, que o Movimento do Intensivismo “constitui forma de manifestação cultural popular, em se tratando de uma escola literária originalmente mato-grossense, e como tal, digna do cuidado e proteção por parte do Poder Público”.
Para agravar a subtração artística da referida praça, em seu lugar foi construído um kitsch, com direito a pedras, águas e tuiuiús. Quando vi aquela permuta, fiquei perplexo, mas, por questões de doença, acabei não me pronunciando no momento exato. Agora, antes tarde do que nunca, faço esse reparo publicamente por meio deste artigo.
A quem possa desconhecer o significado do kitsch no universo das artes, vale dizer que ele se originou nos espaços da burguesia que se consolidava no século 19. O burguês que não conseguia ter o original de uma grande obra de arte contentava-se com sua imitação, via de regras, grosseira.
O kitsch, necessariamente, tem o registro do exagerado uso de clichês e chavões, ou seja, dois recursos dos quais um artista de qualidade quer distância. Resumo da ópera: trocar uma obra de arte original, de renomados artistas, por “kitsches”, é uma descida de tom que poderia ter sido evitada.
Por conta do exposto acima, reforço o pedido popular, materializado por uma petição, pelo urgente retorno da escultura “Árvore de todos os povos”. O privilégio de poder apreciar obras de arte, de artistas ímpares, em simbólica praça pública da capital de Mato Grosso, não é para qualquer cidade. Aproveitemos, pois, desse privilégio.
O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou, nesta sexta-feira (9), para garantir que a nomeação de reitores e vice-reitores nas universidades federais respeite a autonomia universitária, prevista no Artigo 207 da Constituição, e siga a lista tríplice de candidatos encaminhada pelas instituições, após consulta às comunidades acadêmicas.
Fachin, que é o relator do processo, se manifestou favorável à conceder medida cautelar parcial à Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 6565. Para que a medida cautelar tenha validade é necessário que a maioria do plenário (ao menos seis dos dez ministros) se manifeste de acordo com o voto do relator. O julgamento da medida cautelar da ADI 6565 teve início hoje no plenário virtual do STF. Os ministros têm até o dia 19 de outubro para apresentarem seus votos.
Em seu voto, Fachin, que é relator do processo, ressaltou que "a nomeação de Reitores e Vice-Reitores não pode ser interpretada como dispositivo para o desenvolvimento de agendas políticas, ou como mecanismo de fiscalização".
De acordo com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), a nomeação deve atender, concomitantemente, os seguintes requisitos: se ater aos nomes que figurem na respectiva lista tríplice; respeitar integralmente o procedimento e a forma da organização da lista pela instituição universitária; e recair sobre o docente indicado em primeiro lugar na lista.
A decisão do ministro, se acompanhada pela maioria, terá efeito apenas a partir da data de protocolo da ADI 6565, em 22 de setembro de 2020, mas é considerada uma vitória, ainda que parcial. Para o presidente do ANDES-SN, Antonio Gonçalves, o voto de Fachin é muito importante, pois fortalece a autonomia das Instituições de Ensino Superior (IES) públicas e vai ao encontro da luta do Sindicato Nacional.
O presidente do ANDES-SN destaca, ainda, que Jair Bolsonaro tem feito a indicação de reitores conforme o alinhamento político com o governo, na perspectiva de fazer avançar o desmonte da Educação superior pública.
"É uma decisão provisória e com repercussão parcial, porque não retroativa, mas que, se confirmada em definitivo, representará um avanço na conquista da autonomia das IES públicas na escolha de seus gestores. Cabe ressaltar a política que defendemos: que a escolha se dê por voto direto universal ou partidário e se encerre no âmbito das instituições", afirma Gonçalves.
ADI 6565
O Partido Verde (PV) ajuizou no STF, em 22 de setembro, a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 6565) contra o artigo 1º da Lei Federal 9.192/1995 e o artigo 1º do Decreto Federal 1.916/1996, que estabelecem as regras de escolha de reitores e vice-reitores das universidades federais e de dirigentes de instituições de ensino superior federal.
O artigo 1º da Lei 9.192/1995, que alterou o artigo 16, inciso I, da Lei 5.540/1968, prevê que o reitor e o vice-reitor das universidades públicas e os dirigentes das instituições federais de ensino serão nomeados pelo presidente da República entre professores dos dois níveis mais elevados da carreira ou que tenham título de doutor, a partir de listas tríplices organizadas pelas instituições. O artigo 1º do Decreto Federal 1.916/1996, por sua vez, reforça a legislação de 1995.
A ADI 6565 aponta que o governo federal vem promovendo, por meio da aplicação dos dispositivos, uma intervenção nas instituições, violando os princípios constitucionais da autonomia universitária e da impessoalidade e moralidade pública e a jurisprudência do STF sobre a matéria.
De acordo com o PV, a União Federal tem aplicado a lei e o decreto "para suprimir a autonomia das universidades, desrespeitando a lista tríplice e nomeando candidatos sequer presentes na lista ou com baixíssima aprovação da comunidade acadêmica, sem a utilização de critérios científicos".
Fonte: ANDES-SN (com informações do STF)
Os trabalhadores e o povo pobre amargam o desemprego, a fome, o alto preço dos alimentos, a redução de direitos e a grave crise sanitária instaurada no país diante da pandemia do novo coronavírus. Enquanto isso, os presidentes do Senado e Congresso fizeram as pazes para seguir com a agenda de reformas capitaneada por Bolsonaro e Guedes que, se aprovada, aprofundará ainda mais esse cenário de miséria vivida no país.
Em um jantar realizado nesta segunda-feira (5) na residência do ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), Bruno Dantas, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o ministro da Economia, Paulo Guedes, entre outros parlamentares selaram um acordo de paz para continuarem com suas medidas que retiram direitos dos brasileiros.
Farinha do mesmo saco
Entre pedidos de desculpas, servido com guizado de bode, se comprometeram a seguir a agenda para aprovar reformas que beneficiam empresários, banqueiros e seus pares.
O acordo veio após insultos mútuos entre eles, que decidiram colocar panos quentes em toda essa história para seguir a política que beneficia os ricos. Se na semana passada Maia chamava Guedes de “desequilibrado”, no jantar, isso foi esquecido e minimizado para seguir com a agenda de privatização do governo Bolsonaro.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, também participou do jantar e celebrou o acordo de trégua entre os envolvidos.
Agenda neoliberal
Guedes ressaltou que irá seguir com dispositivos do Orçamento de Guerra, em vigor durante a pandemia de Covid-19, que ao contrário de garantir gastos emergenciais para o combate à pandemia do coronavírus, como alegam Paulo Guedes e o Congresso, transfere trilhões dos recursos públicos para os cofres dos bancos.
Um dos mecanismos mais escandalosos desta PEC está contido no artigo 8°, que permite que o Banco Central atue no desregulado mercado de balcão, para adquirir cerca de R$ 1 trilhão de papéis “podres”, segundo dado informado pelo próprio presidente do Banco Central. Papéis pobres são títulos de altíssimo risco, muitas vezes sinônimo de verdadeiros calotes anunciados e prejuízos. (saiba mais aqui)
Além disso, Maia e Guedes seguem em conformidade para a garantia do teto de gastos, que ataca o orçamento destinado aos serviços públicos, e para isso garantir os intocáveis 2,2 trilhões para pagamento da dívida pública, além de insistirem em indicar atacar BPC, PIS ou outros direitos de setores da classe.
Prevê ainda a desoneração da folha de pagamento – para a alegria dos patrões; e um programa de renda básica para 2021, como substituto ao auxilio emergencial, benefício esse que já teve redução e hoje está em R$ 300 e vale apenas até dezembro.
Ao contrário de defender os direitos dos trabalhadores, os parlamentares seguem com o empurra-empurra sobre a aprovação da Medida Provisória 1000/2020, que prorrogou o auxílio emergencial até dezembro, mas reduziu o valor pela metade. As Centrais Sindicais e a CSP-Conlutas estão com uma campanha para que aumentem o valor do auxílio no valor de R$ 600 (e R$ 1.200 para as mães chefes de família) até dezembro.
Enviada ao Congresso no último dia 3, a MP teve mais de 260 propostas de emendas, a maioria sugerindo a elevação do valor, mas o governo Bolsonaro age nos bastidores junto a Rodrigo Maia e líderes partidários para que a MP não seja votada.
Como o prazo de validade da MP é de 120 dias, o mesmo previsto para a duração do pagamento dos R$ 300, o objetivo de Bolsonaro é não votar a medida, para não correr o risco de haver mudança no Congresso. (saiba mais aqui)
O integrante da Secretaria Executiva Nacional Atnágoras Lopes disse não ser surpreendente esse jantar que amarra acordos para atacar ainda mais os trabalhadores. “As bravatas politiqueiras se desnudam para atender o interesse do capital, é o velho toma lá dá cá, a partir do centrão, e agora com Maia, Centrão e Alcolumbre a ofensiva contra a classe trabalhadora aponta ser mais violenta, porque buscam dar celeridade à pauta ultraliberal de Bolsonaro”, alertou.
Contra a agenda neoliberal de Bolsonaro, a CSP-Conlutas segue com a Campanha “600 Pelo Brasil – Coloca o Auxílio Emergencial pra votar, Maia. É bom para o povo, para a economia e para o Brasil”, e também lançará um Programa Emergencial para enfrentar atual crise sanitária e econômica contra esse governo e de proteção ao trabalhador.
O programa emergencial da Central será lançado no dia 17 de outubro e será voltado para os trabalhadores para o enfrentamento da crise e que garanta emprego, renda e a defesa dos serviços públicos prestados à população. (saiba mais aqui)
Fonte: CSP-Conlutas
A Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat-Ssind) vem a público manifestar sua solidariedade e apoio à professora do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Qelli Rocha, que foi injustamente denunciada por uma colega à Comissão de Assédio Moral durante o 9º Conselho Extraordinário do ANDES - Sindicato Nacional (9º CONAD), realizado virtualmente entre os dias 28 e 30/09/2020.
O caso teve início quando, durante o debate em um Grupo Misto, a denunciante tentou incluir, à revelia do que tinha sido aprovado pelo grupo, a discussão de um Texto Resolução (TR) que seria debatido em outro momento. Defendendo o processo democrático histórico de organização da classe trabalhadora, a professora Qelli Rocha explicou que o grupo havia aprovado a discussão do TR em outro momento. Diante da insistência da denunciante, que disputa a diretoria do ANDES – SN em grupo de oposição à atual diretoria, a professora Qelli Rocha – atual vice-presidente do ANDES-SN - afirmou que a insistência caracterizava uma tentativa de manobra política. O termo “manobra” ofendeu a denunciante, que registrou o ocorrido e pediu investigação da Comissão.
A Adufmat-Ssind entende que o termo não significou, de forma alguma, qualquer agressão à denunciante. A luta dos trabalhadores para a construção de outra sociedade exige rigor da militância, além de dedicação, organização e disciplina. É muito comum, nas discussões acaloradas, que termos como “manobra” sejam utilizados entre os diferentes grupos políticos, assim como é essencial aos companheiros de classe que suas críticas e análises sejam francas, na tentativa de superar discordâncias e avançar rumo ao objetivo.
É triste que, além do desgaste das batalhas contra os opressores e algozes da classe trabalhadora, tenhamos também que lidar com melindres e ataques entre os próprios companheiros, apenas por divergências políticas.
A professora Qelli Rocha não pode se ver exposta por ser coerente com seu histórico de dedicação e firmeza na construção de outro modelo de sociedade. Não pode ser acusada por zelar pelo processo democrático construído pela classe trabalhadora organizada no ANDES - Sindicato Nacional desde a década de 1970. Não pode ser atacada por colegas, enquanto o Brasil e o mundo sofrem os efeitos do neoliberalismo agravado por uma pandemia.
À professora Qelli Rocha, toda a solidariedade e apoio da Adufmat-Ssind.
Cuiabá, 08 de outubro de 2020
Diretoria da Adufmat-Ssind
O home office, sonho de consumo capitalista, finalmente é uma realidade. As empresas estão encantadas com as facilidades que o trabalho em casa proporciona: menos gastos com aluguel, luz, telefone, transporte, alimentação, limpeza, água e outros diversos materiais de escritório. Há trabalhadores que também conseguem enxergar facilidades, mas as mulheres...
Nessa sexta-feira, 09/10, às 19h, a Live da Adufmat-Ssind terá o tema “Muié Office: como trabalham as professoras no ensino remoto?” A convidada Raquel Brito, professora do Departamento de Serviço Social da UFMT debaterá, junto com a mediadora, Lélica Lacerda, a realidade das docentes durante a pandemia. Participam também Geovana Portela (CEFAPRO de Sinop), Rafaella Felipe (UFMT campus Sinop), Élidi Pavanelli Zunbler (CEFAPRO de Sinop) e Maria Angélica Dornelles Dias (UNEMAT).
Não perca! Participe do debate, faça sua pergunta pelo chat nos canais oficiais da Adufmat-Ssind no Facebook ou Youtube.
****
Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
****
Althen Teixeira Filho e José Domingues de Godoi Filho*
Em 1992, aproximadamente 1700 cientistas(1), muitos ganhadores de prêmio Nobel em ciências, alertavam num “primeiro aviso” que a humanidade estava em colisão com o mundo natural, por causar danos irreversíveis ao meio ambiente e a recursos críticos (água, solo, ar), levando a uma situação de impossibilitar o sustento da vida.
Em 2017, 15 mil cientistas (2) de 184 países publicaram um “segundo aviso”, advertindo a humanidade sobre o destino “irremediavelmente mutilado” do nosso planeta. Notificavam que, passados 25 anos desde aquela primeira nota, ocorrera uma diminuição de 25% de água potável por pessoa; aumento do número de “áreas mortas” por poluição nos oceanos em 75%; aumento do desmatamento em mais de 120 milhões de hectares de florestas; decrescimento do número de mamíferos, répteis, anfíbios, pássaros e peixes em 29%.
Ainda em 2017, a revista científica “Proceedings of the National Academy of Sciences” (3) publicou artigo informando que o mundo já vivia uma "aniquilação biológica" de suas espécies animais, fato considerado uma sexta extinção em massa. Cita o artigo: "Nas últimas décadas, a perda de habitat, a superexploração de recursos, os organismos invasivos, a poluição, o uso de toxinas e, mais recentemente, as mudanças climáticas, bem como as interações entre esses fatores, levaram ao declínio catastrófico nos números e nos tamanhos das populações de espécies de vertebrados tanto comuns como raros".
Em 8 de agosto passado, alcançamos o “Dia de sobrecarga da Terra”, ou seja, de 1º de janeiro até esse dia, já havíamos consumido tudo o que seria permitido para o presente ano. Depois disso, ou seja, até 31 de dezembro, desfrutamos de bens que “pertenceriam” aos nossos filhos, aos nossos netos.
Em 13 de agosto, a revista “Nature” (4) publicou artigo informando que, devido ao intenso derretimento provocado pelo aquecimento global, a camada de gelo da Groenlândia muito possivelmente não poderá ser mais recuperada, provocando uma elevação dos mares em seis metros ao longo desse século.
Em 10 de setembro, a “BBC” (5) repassou informe de cientistas que, devido a atividade humana, ocorreu um “declínio catastrófico” da população de vida silvestre em aproximadamente dois terços nos últimos 50 anos. O Dr. Andrew Terry, da “Zoological Society of London”, afirmou: “se nada mudar, a população inquestionavelmente continuará a diminuir, levando a vida silvestre à extinção e ameaçando a integridade dos sistemas dos quais dependemos”!
A própria pandemia vivida é uma lembrança potente, diária e com um custo de vidas altíssimo de como a natureza e a espécie humana são interdependentes!
A péssima utilização dos solos; destruição e queimadas de florestas; uso de venenos agrícolas associados com transgenia; minerações; consumismo; opções alimentares que geram obesidades; destruição de nichos ecológicos; plantios de lavouras de árvores e de grãos para alimentação de animais; contaminação e destruição de fontes hídricas; produção e destinação desastrosa de lixo, principalmente o plástico; planejamento familiar, são assuntos de debate de primeira ordem, visando a sobrevivência da humanidade.
Na contramão de soluções tem-se políticos incompetentes, néscios e corruptos que desconsideram e fragilizam legislações ambientais; o discurso fácil e mentiroso da geração de emprego, renda e “progresso”; o silêncio de instituições científicas e falta de cultura de muitos cientistas; o medo e a insegurança sobre o hoje que temos e o que o amanhã nos reserva!
Todos esses impactos estão presentes e afetam, em maior ou menor grau, todo e qualquer país, todas as cidades e todos os cidadãos em qualquer região do planeta. Contudo, não é só a integridade do planeta que corre riscos, mas sim o que estamos fazendo com a vida.
Ao tratar da questão ambiental é importante ter claro que não é só o planeta que tem que ser salvo. Por conta do vandalismo que provocamos na sua integridade, há muito tempo ficou óbvio e comprovado que a própria vida biológica está intensamente compromissada na sua sobrevivência.
O tempo de “validade” para a existência da espécie humana dependerá de como vamos cuidar das condições de vida no planeta.
Referências:
- World Scientists’ Warning to Humanity (1992) – Disponível em: https://www.ucsusa.org/resources/1992-world-scientists-warning-humanity - Acesso em 01/10/20.
- Mundo vive sexta extinção em massa – e é pior do que parece. Disponível em: https://g1.globo.com/natureza/noticia/mundo-vive-sexta-extincao-em-massa-e-e-pior-do-que-parece.ghtml – Acesso em 01/10/2020.
- Ceballos,G, G, G, G., Erlich, P.R. and Dirzo, R. Biological annihilation via the ongoing sixth mass extinction signaled by vertebrate population losses and declines. Disponível em: https://doi.org/10.1073/pnas.1704949114 – Acesso em: 01/10/2020.
- King, M.D., Howat, I.M., Candela, S.G. et al. Dynamic ice loss from the Greenland Ice Sheet driven by sustained glacier retreta. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s43247-020-0001-2 - Acesso em: 01/10/2020.
- WWF (2020) – Living Planet Report 2020 - Bending the curve of biodiversity loss. Almond, R.E.A., Grooten M. and Petersen, T. (Eds). WWF, Gland, Switzerland
*Althen Teixeira Filho—Professor da Universidade Federal de Pelotas/Instituto Biologia – O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
José Domingues de Godoi Filho—Professor da Universidade Federal de Mato Grosso/ Faculdade de Geociências – O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.