No Amapá, a população sofre há 7 dias as duras consequências do apagão, decorrente de incêndio na subestação mais importante do Estado. A falta de energia afetou 13 dos 16 municípios.
Em nota enviada pela CSP-Conutas/AP, há o relato de que “nas demais horas, após inúmeras informações desencontradas, o governador Wadez (PTD) foi obrigado a assinar um Decreto de Calamidade Pública, justificando que tal medida seria para amenizar o sofrimento da população que já se arrastava por mais de dois dias”.
E o problema foi só crescendo. Depois de enfrentarem dias sem energia elétrica, o abastecimento de água também foi prejudicado. Além disso, alimentos estragaram e diante da alta demanda por água, os preços aumentaram drasticamente.
Quem mais sofre com essa situação, é claro, são os mais pobres. E a estabilidade dos serviços também se deu de maneira desigual. Neste domingo (8), teve início um processo de rodízio do abastecimento. Mas, conforme publicado em matéria do jornal Estadão, o restabelecimento parcial atendeu somente os bairros nobres, enquanto as periferias ficaram às escuras.
O povo foi às ruas em protestos contra o caos e o abandono do Estado, enquanto no bairro de classe média alta do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), havia rodízio bem definido, com distribuição de luz por 7 horas no período da manhã e mais 7 horas à noite.
Segundo informe enviado por Clodoaldo Rodrigues, da Executiva da CSP-Conlutas/AP, a situação da região é de completo caos. “É de desespero mesmo. Aqui é muito quente e, mesmo com as chuvas, o calor não foi amenizado. Além disso, estamos perdendo alimentos e outros materiais e ninguém cogita qualquer tipo de reparação à população”, comenta.
O dirigente ainda relatou que o aumento dos preços se tornou mais um desafio. Garrafões de água, que antes giravam em torno de 3 a 6 reais a unidade, agora são vendidos por 20 a 30 reais.
Solidariedade urgente – A CSP-Conlutas e outras diversas entidades sindicais organizam uma ampla campanha de arrecadação solidária para as famílias do Amapá. Até o momento, além da CSP-Conlutas, campanha inclui o Andes-SN, a Adufpa, o Sindufap e o Sinstaufap. Esta iniciativa seguirá aberta para novas adesões de entidades interessadas em reforçar o trabalho de apoio às população amapaense.
Caos e pandemia – Clodoaldo avalia que, da parte da empresa, “faltou disposição política quando se deram conta de que o problema era grave”. “A Isolux, empresa espanhola concessionária responsável pela transmissão de energia e que tentou fugir da responsabilidade, já tem uma trajetória extensa de negligência”, pontuou o dirigente.
Além disso, uma nova onda da pandemia toma o estado, e o governo tem utilizado a situação para argumentar restrições à população. “Houve decretos limitando circulação, mas aparenta ser mais uma uma farsa. Anteriormente, devido às eleições, foi proibido aglomerações por 7 dias, mas o decreto foi renovado nesta semana, justamente neste momento conturbado para o povo”.
Os hospitais, segundo o dirigente, estão com a capacidade máxima, próximos de entrar em colapso. “Há falta de leitos tanto no público quanto nos hospitais privados. É uma situação de pré-barbárie”, definiu Clodoaldo.
Contra reforma administrativa e por um programa dos trabalhadores – Essa luta tem urgência de ganhar amplitude nacional. Para a CSP-Conlutas, trabalhar nas ações mais imediatas, como a campanha de solidariedade para arrecadação financeira às famílias, bem como em programas de construção para a classe trabalhadora, é o caminho alternativo para evitar que essas tragédias anunciadas recaiam sobre as costas do povo mais pobre.
A Reforma Administrativa de Bolsonaro, Mourão e Paulo Guedes, tem relação direta com o que ocorre no Amapá. Isso porque o projeto estabelece a regra do Estado mínimo, acaba com direitos básicos, o fim dos serviços públicos e dos servidores.
A CSP-Conlutas reforça outros pontos de luta alternativa para o combate à crise, que se encaixa à situação vivida no estado do norte do país, como a luta contra o aumento dos preços de alimentos, por exemplo, e os processos de privatização de empresas com responsabilidade pública, como a de energia elétrica incendiada do estado.
Vamos à luta contra os efeitos do apagão no Amapá! Sigamos em defesa do Plano Emergencial da CSP-Conlutas para conter os efeitos da crise econômica e dos ataques de Bolsonaro e dos empresários que receberam incentivos mas continuaram demitindo. Chega de pagar como nossos sacrifício, direitos e nossas vidas.
- Conheça o Plano Emergencial da CSP-Conlutas no link: Materiais de divulgação do programa para enfrentar a crise
Fonte: CSP-Conlutas