Segunda, 02 Outubro 2017 09:01

MAIS UM OUTUBRO ROSA - Juacy da Silva

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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JUACY DA SILVA*

Estamos iniciando mais um OUTUBRO ROSA para relembrar a todas as mulheres e todos os homens que este mês é dedicado à PREVENÇÃO DO CÂNCER  DE MAMA, que anualmente, por falta de informações,  pelo sucateamento da saúde pública e pela falta de médico, outros profissionais de saúde e mamógrafos, em um país dominado pela corrupção  que destrói não apenas a saúde pública,  todas as instituições  e níveis de poder mas também as  esperanças do povo, acabam  ceifando dezenas de milhares de vidas preciosas, ainda jovens a cada ano.

De acordo com dados e alertas da Organização Mundial da Saúde, a OMS, no Brasil, entre  os anos de 2000  e 2015, houve  um aumento de 31% do número de mortes  por câncer, que já é a segunda causa de morte em nosso país, atrás apenas das mortes por doenças cardiovasculares.

Por não disporem de recursos  financeiros e nem planos privados de saúde, a imensa maioria dessas vítimas  são mulheres pobres, das periferias urbanas e da zona rural que contam apenas com o SUS  e alguns hospitais filantrópicos para serem  atendidas. Na grande maioria dos municípios brasileiros a rede de saúde pública não conta sequer com um mamógrafo e em muitas unidades de saúde pública, quando existem mamógrafos os mesmos estão  estragados  e de nada servem quando se trata de diagnosticar o câncer. As  filas são enormes e muitas mulheres depois de viajarem centenas de km  não  são atendidas. Isto significa na prática uma pena capital, ou seja, milhares de mulheres  são condenadas a morte pelo descaso de  uma saúde pública que não funciona. Enquanto isso gestores e políticos corruptos continuam roubando os cofres públicos e enganando o povo, contribuindo de forma direta para o caos em que vive o SUS no Brasil.

Em 2000 morreram 152 mil pessoas  com câncer no Brasil e em 2015  foram 223,4 mil mortes por câncer; com destaque para Câncer do pulmão e do aparelho respiratório com 28,4 mil mortes, seguindo-se câncer colo/retal  com 19,0 mil  e em terceiro lugar  CÂNCER DE MAMA com 18,0 mil mortes. Entre o ano de 2000 e o final deste ano de 2017 as estimativas indicam que as mortes por câncer  de mama no Brasil deverão ser um pouco mais de 300 mil, cujas vítimas  em sua imensa maioria tem menos de 65  anos de idade, mortes consideradas prematuras e passíveis de ser evitadas.

No caso das mortes  de mulheres por todos os tipos de câncer a cada ano é dezenas de vezes o número de mulheres assassinadas, isto significa que esta é uma das  ou talvez a maior violência contra as mulheres. 

Considerando que do total de mortes por câncer no Brasil as mulheres representam 53%, em 2015 os vários tipos de câncer  vitimaram nada menos do que 118,4 mil mulheres, para 2016 este número passa para pouco mais de 120 mil e para o corrente ano deverá ultrapassar  a mais de 123,5 mil mulheres mortas vítima de câncer, praticamente o triplo de todos os assassinatos no Brasil.

No entanto, como é uma violência difusa, pouca atenção e indignação  tem sido demonstradas neste aspecto, tanto por parte da mídia quanto dos movimentos que tem na defesa das  mulheres  e da cidadania seu foco de ação e atenção. Algo precisa mudar neste aspecto, não podemos nos calar ante tamanha violência.

No mundo morreram em 2015 nada menos do que  8,8 milhões  de pessoas com câncer, um aumento de 27,5 em relação ao ano 2000 quando as mortes por câncer atingiram 6, 9 milhões  de pessoas. O custo com o diagnóstico e tratamento de câncer é estimado em R$363,6  mil  reais , totalizando em torno de US$1,1 trilhões  de dólares, o que significa um grande  impacto nos recursos públicos destinados `a saúde, bem como sobre planos e seguros de saúde e as finanças pessoais ou familiares cujos membros venham a se defrontar  com esta terrível doença.

Isto demonstra a importância das medidas preventivas, os diagnósticos precoces e as mudanças de hábitos e estilo de vida, reduzindo a incidência da doença ou identificando-a  precocemente, quando  o tratamento é menos oneroso e a cura muito maior.

Mas para que isto aconteça cada país precisa ter uma política de  saúde pública bem elaborada  e serviços públicos de saúde de qualidade, com profissionais nesta área, como nas demais, bem como equipamentos e outros recursos fundamentais para que a saúde da população seja realmente um direito universal e não arremedos de saúde pública, como acontece  no Brasil, onde o SUS  está a cada dia e cada ano totalmente estrangulado , enfim, um caos.

Diante, desta realidade, é fundamental que a população tenha consciência e seja despertada para a gravidade do câncer em geral e do câncer de mama em particular. Vamos lutar  para que todas as mulheres entre 40 e 65  anos possam  realizar anualmente suas mamografias e  também para que as mulheres que já tenham sido ou venham a ser diagnosticadas com CÂNCER  DE MAMA  ou outro tipo de câncer, tenham o direito de se prevenirem e, também, serem submetidas ao tratamento adequado, reduzindo tantas mortes prematuras e muito sofrimento para  essas vítimas e seus familiares.

Neste  sentido, O OUTUBRO ROSA é um mês dedicado à LUTA PELA VIDA, A LUTA PELA DIGNIDADE das mulheres,  de quem esteja ou vier  a ser  diagnosticada  com CÂNCER DE MAMA,  enfim, LUTAR  para que o DIREITO A SAÚDE  seja de fato um DIREITO e não apenas  um artigo, uma letra morta, quanto tantos outros direitos aprovados pela Constituinte e inseridos em nossa Constituição Federal,  aquela sobre a qual Ulysses Guimarães tanto se jactava  de falar como CONSTITUIÇÃO CIDADÃ.

Mulheres e homens brasileiros, PAREM, PENSEM, REFLITAM, LUTEM pelos seus direitos. A vida é um dom de Deus, muito precioso para ser tão desrespeitada como acontece  em nosso país, onde o descaso, a demagogia e a corrupção de  nossos governantes e gestores públicos já passaram  dos limites há muito tempo.

*JUACY DA SILVA,  professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre  em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites, blogs e outros veículos  de comunicação.

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