Quarta, 14 Outubro 2015 19:48

Não houve acordo, mas a greve docente da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), considerada a mais difícil e, por esse motivo, foi a maior da história (142 dias), será encerrada na próxima sexta-feira, 16/10/2015. A decisão foi tomada em assembleia geral realizada nessa quarta-feira, 14/10, acompanhando a indicação do Sindicato Nacional (ANDES-SN) para saída unificada das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES). 

“Entramos unificados em uma greve nacional, e sairemos unificados. Esse é o encaminhamento do Comando Local de Greve (CLG)”, disse o professor Reginaldo Araújo, presidente da Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat-Ssind) e membro do CLG. 

Os docentes avaliam que o grande avanço da greve foi no sentido político. Os diversos debates realizados em palestras e assembleias, além das trocas entre professores, estudantes e profissionais de outras categorias, em âmbito local e nacional, foram fundamentais para fortalecer a luta, que não se encerra com a greve. “É nesse momento que a categoria se une e reflete sobre as dificuldades e as questões que permeiam a vida acadêmica, o nosso cotidiano. Nesse momento o professor se torna aluno também e senta aqui, na assembleia, pra debater e aprender”, afirmou o professor Dorival Gonçalves. 

A greve tem, portanto, um perfil educador. E tratando-se de educação pública, além dos estudantes e professores diretamente envolvidos, toda a sociedade, que sustenta esse sistema e usufrui de seus benefícios, pode parar nesse momento e refletir sobre seus rumos. A repercussão nas ruas e na mídia cumpre esse papel, mesmo que limitado. Foi assim, nas disputas entre movimentos organizados e governos, que a educação pública de todos os níveis foi estabelecida e, até o momento, vem sendo assegurada no Brasil. 

Essa greve é considerada a mais dura da história da UFMT. Pela primeira vez o movimento docente não foi recebido pelo seu chefe direto, o ministro da Educação. Várias reuniões foram realizadas com secretários do Ministério da Educação (MEC), mas sem avanços. Entre as principais reivindicações da categoria estão a reversão dos cortes de recursos para a educação e discussão efetiva da carreira docente. 

Devido à postura intransigente do governo, demonstrada durante toda a greve, o Movimento Docente decidiu, quase que por unanimidade, rejeitar a única proposta do Executivo, referente a reposição salarial: 10,8% dividido em 2 anos. Apenas a reposição das perdas inflacionárias dos últimos anos somariam 27,3%. “Aceitar essa proposta do governo seria aceitar o confisco do nosso salário”, explicou o professor Maelison Neves. 

Também foram aprovadas, na assembleia dessa quarta-feira, as indicações do ANDES-SN, publicadas no último Comunicado (n. 46): 

- Transformar os Comandos Locais de Greve (CLG) em Comandos Locais de Mobilização (CLM); 

- Indicar à diretoria do ANDES-SN a convocação do setor das IFES, nos dias 30 e 31 de outubro, para avaliar a greve e definir novos encaminhamentos na luta pela pauta docente; 

- Atuar junto a CSP-Conlutas e todas as entidades dos SPF’s para fortalecimento da unidade com os demais sindicatos e organizações dos setores classistas; 

- Organizar, junto a CSP-Conlutas, nos estados as ações do "Outubro de Lutas", definidas pelo Espaço de Unidade de Ação. 

- Indicar a continuidade da articulação entre as entidades do setor da educação federal nos âmbitos nacional e local para dar prosseguimento à luta em defesa da educação pública e gratuita; 

- Indicar às seções sindicais que pautem a luta em defesa da educação pública e seus desdobramentos com a comunidade acadêmica no retorno as atividades; 

- Manter as mobilizações em defesa da educação pública e das pautas locais de reivindicações, defendendo-a junto à Reitoria, Colegiados e demais instâncias das IFE’s; 

- Envidar esforços para construção ou rearticulação dos comitês estaduais em defesa da escola pública, visando a organização e realização do II Encontro Nacional de Educação. 

Além disso, foi aprovada a elaboração de um manifesto sobre a greve, que será feito pelos membros do CLG e amplamente divulgado. 

Com a notificação do final da greve à administração superior, o novo calendário acadêmico, com a data de retomada das aulas, será estabelecido pelo Conselho Universitário (Consuni) da UFMT, que deve se reunir nos próximos dias. 

Por causa do horário avançado e da necessidade de concentração para analisar a resposta da reitora da UFMT à pauta interna docente, o ponto de pauta referente a esse assunto será recolocado em nova assembleia, provavelmente na próxima semana.   

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa do Comando Local de Greve da Adufmat-Ssind

Quinta, 08 Outubro 2015 19:35

Em assembleia geral realizada nessa quinta-feira, 08/10, professores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) aprovaram a inclusão de ponto de pauta para debater indicativo de saída de greve na próxima assembleia geral, que será quarta-feira, 14/10. Os docentes também aprovaram que o ANDES-SN (Sindicato Nacional) não deve aceitar a proposta de reajuste do governo de 10,8% dividida em dois anos, pois a consideram “vergonhosa”. 

Mais uma longa e emocionante assembleia travou o debate sobre os inúmeros motivos para manter a greve docente na UFMT, mesmo diante da intransigência e violência do governo. Todo o contexto de precarização da universidade, e a análise de que os ataques devem se acentuar nos próximos anos, foi relembrado na vigésima assembleia geral dos docentes em mais de quatro meses de greve. 

No entanto, os professores ponderaram a orientação do último comunicado do Comando Nacional de Greve (CNG), de número 44, de que o Movimento Docente deve começar a construir uma saída unificada para fortalecer o Sindicato. Quatro meses depois de várias tentativas de negociação, algumas universidades entendem que as atividades devem ser retomadas, mas a luta deve continuar. 

Os docentes ressaltaram, durante a assembleia, que a greve tem motivos que vão muito além da reposição salarial. Ela representa a luta por melhores condições de trabalho e a resistência a um modelo de universidade limitada aos interesses do mercado, com perfil produtivista. 

Na próxima assembleia, os professores devem debater, também, a resposta da Reitoria da UFMT sobre a pauta interna, entregue no dia 18/08. No início da semana, a reitora fez contato com a Adufmat-Ssind indicando que a resposta da administração da universidade será entregue amanhã (09/10). Um dos principais pontos da pauta local é a criação efetiva de conselho diretor nos campi do interior, com caráter deliberativo. 

Homenagem 

Na assembleia dessa quinta-feira, os professores homenagearam os estudantes e colegas que lutaram durante essa greve, sofrendo, inclusive, violência física e emocional por parte da polícia militar. 

Em alguns atos realizados em Brasília e outros estados, a polícia interveio de maneira violenta e truculenta. Vídeos da última manifestação, realizada na capital do país na última segunda-feira (05/10), demonstraram como o ataque da polícia veio no momento em que o ato, que durou o dia inteiro, estava sendo encerrado. As imagens de professores e estudantes sendo agredidos gerou revolta e algumas intervenções marcaram que essa violência e descaso do governo é mais um motivo para seguir na luta. 

Além dos vídeos, a música “Pra não dizer que não falei das flores” (Geraldo Vandré) na versão do cantor Zé Ramalho (com referência ao exército) emocionou os presentes. 

Em suas manifestações, os estudantes colocaram que defendem a continuidade da greve, mas estão junto aos professores para reivindicar melhorias para a educação independente do encerramento ou não da greve. 

Os docentes também elegeram, na assembleia de hoje, o professor Maelison Neves como delegado para acompanhar os trabalhos do CNG em Brasília. 

Luana Soutos
Assessoria de Imprensa do Comando Local de Greve da Adufmat-ssind
(65) 8129-6139  

Terça, 28 Julho 2015 14:58

Docentes e técnicos administrativos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em greve há dois meses, realizaram na manhã dessa terça-feira (28/07), protesto no campus da UFMT e avenida Fernando Corrêa da Costa, em Cuiabá. 

A greve nas 41 universidades federais do Brasil completa dois meses hoje. A data foi motivo de protesto entre docentes, técnicos e estudantes, que durante a caminhada, criticaram a falta de resolução para o impasse e o descaso com os servidores. O ato também ocorreu em outras cidades do país. 

Aproximadamente 100 profissionais protestaram com faixas, bandeiras e palavras de ordem. A concentração começou às 7h30 na guarita 01 da Fernando Corrêa. 

Antes da caminhada, houve Assembleia para avaliação e deliberação de novas agendas. O presidente da Adufmat, Reginaldo Araújo, afirmou que entre as prioridades do movimento, está a defensa da universidade pública de qualidade, investimentos e estrutura física, além da realização de concursos públicos. 

“Quero reforçar que em 60 dias de greve temos buscado construir um movimento que tenha mobilização. Inclusive, fizemos duas grandes mobilizações em Brasília com participação de professores, técnicos e alunos com o propósito de pressionar o Governo. As manifestações coincidiram com as datas das mesas de negociação do Ministério da Educação e Ministério de Orçamento e Gestão e pedimos avanços na proposta de 21% já rechaçada pela categoria”, destacou. 

“Estamos aqui hoje para esclarecer a sociedade os motivos pelos quais a nossa universidade encontra-se paralisada. Estamos sucateados, falta estrutura e estamos sofrendo cortes inadmissíveis no orçamento. Queremos uma universidade pública de qualidade para todos e é por isso que estamos aqui”, disse o técnico em enfermagem, Manoel Arruda. 

A caminhada começou por volta das 9h no campus da UFMT e seguiu rumo a avenida Fernando Corrêa da Costa. Lá, os técnicos e docentes fizeram fala, panfletagem e finalizaram a caminhada de volta ao campus da universidade, por volta das 11h. 

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Nayara Araújo 

Assessora de Imprensa da Adufmat

Quinta, 23 Julho 2015 12:27

Mais de seis mil manifestantes, de diversas categorias do funcionalismo público, participaram nesta quarta-feira (22) da Marcha dos Servidores Públicos Federais (SPF), em Brasília (DF). A atividade foi deliberada em última reunião do Fórum das Entidades Nacionais dos SPF com o intuito de cobrar negociação efetiva da pauta unificada protocolada junto ao governo. Servidores, advindos de diversos estados do país, percorreram a Esplanada dos Ministérios e caminharam em direção ao Palácio do Planalto, onde exigiram uma audiência junto à Secretaria Geral da Presidência da República para que essa interfira no avanço do processo de negociação entre os servidores e a Secretaria de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (SRT/Mpog). 
 
“A marcha foi muito positiva, contou com a participação praticamente de todas as delegações das diversas categorias do serviço público e caravanas de diversos estados. As caravanas do ANDES-SN tiveram uma participação significativa, através da vinda dos docentes federais de várias seções sindicais. Isso demonstra forte disposição em dar continuidade à mobilização”, relata o presidente do ANDES-SN, Paulo Rizzo.
 
Em relação ao processo de negociação relativo às reivindicações do movimento docente, Paulo Rizzo diz que “o governo está intransigente no processo de negociação”. Ele acrescenta que é preciso fortalecer a luta para o mês de agosto. “Precisamos estar mais fortes, com mais segmentos em greve no próximo mês. Dessa forma, conseguiremos arrancar definitivamente um posicionamento do governo diante das nossas demandas salariais e acerca das condições de trabalho nas instituições federais de ensino (IFE)”, diz.
 

Servidores reafirmam descontentamento em relação ao reajuste proposto

Após a marcha, uma comissão representativa do Fórum das Entidades Nacionais dos SPF participou de uma audiência junto à Secretaria-Geral da Presidência da República com objetivo de dar continuidade ao processo de negociação salarial dos eixos da campanha unificada para 2015 dos servidores públicos. Os servidores foram recebidos por José Lopez Feijóo, Assessor Especial da Secretaria-Geral da Presidência da República.

De acordo com Amauri Fragoso, 1º Tesoureiro doANDES-SN “a audiência foi mais uma ação por parte do Fórum dos SPF para demonstrar disposição de diálogo com o governo para tratar da proposta de reajuste salarial de 21,3%, parcelado em quatro anos – amplamente rechaçado pela categoria”. De acordo com os servidores, a proposta – apresentada na última reunião realizada entre o Fórum das Entidades Nacionais dos SPF e a Secretaria de Relações do Trabalho (SRT) do Mpog, no dia 20 deste mês – ignora as perdas acumuladas (2010-2015) e não leva em conta a inflação prevista para os próximos quatro anos.

“Além disso, quando você assina um acordo para quatro anos, o governo engessa o movimento por esse período. As entidades ficam submetidas a esse acordo, sem poder reclamar. Por isso, nós queremos uma negociação anual. A proposta de reajuste do governo para quatro anos não cobre nem a inflação do primeiro ano e nem as projeções futuras, e, ainda, tem a última parcela entrando, inclusive, em um novo governo, em 2019”, ressalta Fragoso.

Fragoso aponta também que a reunião foi importante e a expectativa é que tenha resultados no sentido de avançar. “O Assessor Especial da Secretaria-Geral da Presidência da República saiu com o compromisso de interceder junto a Rosseto para abrir novos canais de negociação principalmente em relação ao que foi apresentado pelo governo até agora”. Feijóo comprometeu-se também a interceder junto ao secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (SRT/Mpog), Sérgio Mendonça, na tentativa de fazer tratativas para que a negociação avance.

“É importante buscar novos canais de diálogo diferentes dos que estão postos até o momento para tratar das pautas setoriais e das que tocam toda a categoria do funcionalismo público. Dessa forma, é razoável que o ministro Miguel Rosseto [da Secretaria-Geral da Presidência da República], que é um dos responsáveis pela articulação do governo com os movimentos sociais e populares, compreenda todo o processo de construção do Fórum na organização de diversas entidades para que tenhamos um serviço público de qualidade no país”, finaliza.

Na próxima segunda-feira (27), ocorrerá nova reunião do Fórum para discutir os próximos encaminhamentos, entre os quais nova marcha à Brasília para primeira quinzena de agosto.