Na reunião de hoje os representantes da comunidade acadêmica tomarão sérias decisões em relação ao destino de nossa universidade. Com o calendário escolar aprovado no atropelo, agora o que está em pauta é a oferta de semestre letivo por ensino remoto, de caráter obrigatório para toda a comunidade acadêmica.
Entendemos que a comunidade acadêmica ainda não fez a devida análise da experiência do semestre letivo em ensino remoto que se encerra e, de forma apressada, já aprovou o retorno do ano letivo em fevereiro, de forma remota. Agora entra em pauta a questão da obrigatoriedade do ensino remoto.
Tal decisão é bastante deletéria a relação de ensino e aprendizagem, já que desconsidera que entre 10/08 a 14/12/2020 foram feitas 3.250 solicitações de exclusão de disciplinas, o que denota a dificuldade de adesão dos estudantes ao ensino remoto; e é tomada sem se ter conhecimento do índice de aprovação e desempenho dos estudantes. Em nome da defesa do ensino, podemos estar produzindo um contexto adoecedor de fracasso escolar em massa de nossos estudantes.
Ainda que sejamos contrárias aos rumos que o CONSEPE tem dado a nossa universidade, considerando a decisão de oferta do ensino remoto e obrigatório, vimos por meio desta carta indagar:
1. Qual suporte a universidade dará a professores, técnicos e discentes em temos de equipamentos (computadores, acesso à internet, conta de energia, etc.)? Ou o entendimento é o de que professores, técnicos e estudantes terão que arcar de seus bolsos com esta estrutura mesmo num contexto de arrocho salarial?
2. O que a universidade fará com os professores, técnicos e estudantes que não possuírem condições de trabalho ou estudos?
3. Qual será o investimento em equipes de profissionais de informática e comunicação para ofertar suporte na gravação de aulas, bem como disponibilização destas em meio virtual?
4. Qual investimento a universidade está fazendo em sistemas informacionais para que o AVA e demais sistemas suportem o fluxo de informações de todo ensino sendo feito de forma remota?
5. Como serão feitas as disciplinas que demandam atividades presenciais num contexto em que o mundo entra em segunda onda da pandemia?
6. A universidade possui um plano para a oferta de EPIs aos profissionais e estudantes?
7. Qual o plano de reformas estruturais (como instalação de janelas e meios de ventilação de ar) que a Universidade tem para viabilizar atividades presenciais com segurança sanitária?
Entendemos que toda decisão coloque os custos da educação sobre seus profissionais desresponsabilizando o fundo público significa precarização da educação; e que toda decisão que ponha em risco a vida dos trabalhadores precisa ser lida alinhada a necropolítica do governo federal.
Sendo assim, solicitamos mais uma vez a suspensão do calendário escolar para profunda avaliação da experiência de ensino remoto realizada na UFMT para podermos decidir os nossos rumos em 2021.
Mato Grosso, 15 de dezembro de 2020
Diretoria da Adufmat-Ssind