Cuiabá teve uma quinta-feira grandiosa. O ato do 2º Dia Nacional de Luta em Defesa da Educação Pública e Gratuita, 30/05, levou pelo menos 16 mil pessoas para as principais ruas do centro da capital mato-grossense para defender o direito essencial de acesso à educação de qualidade.
A manifestação foi, de fato, maior do que a realizado quinze dias antes e reuniu estudantes e trabalhadores da Educação, além de entidades diversas que atuam historicamente na defesa dos direitos sociais no país, como sindicatos, centrais sindicais, partidos políticos e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
O próprio cálculo utilizado pela polícia - que considera cinco pessoas por metro quadrado - poderia apontar facilmente que a manifestação superou a anterior, se a narrativa por números também não fosse objeto de disputa política. Como demonstram várias fotos, os manifestantes lotaram a avenida Getúlio Vargas. Calculando somente o trecho entre INSS e Liceu Cuiabano, que ficou completamente tomado em determinado momento, temos um número superior a 16.200 pessoas.
Antes de chegar ao ato, estudantes e trabalhadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) organizaram uma carreata até a Praça onde os manifestantes se concentraram – primeiramente a Alencastro, depois a da República, uma ao lado da outra. No caminho, representantes da comunidade acadêmica dialogaram com a população sobre os por quês do ato. “Esse governo quer vender o Pré-sal, a Petrobrás, o Banco do Brasil e as universidades públicas. Nós iremos para as ruas quantas vezes for necessário. É nossa obrigação, por acreditar que a Educação é um processo fundamental para o país. A partir de hoje a aula vai ser na rua, e se for preciso será todos os dias, para defender a universidade pública e dizer não à Reforma da Previdência”, disse o diretor geral da Adufmat-Ssind, Aldi Nestor.
O docente afirmou, ainda, que trabalhadores vão às ruas durante a semana justamente para demarcar a posição contra modelo capitalista. “Quem vai protestar no domingo é dono de meio de produção, é patrão. Nós temos de parar em dias úteis. É desrespeitoso chamar trabalhador para protestar no domingo. O nosso protesto é contra, porque a gente defende um modo de vida em que as pessoas se emancipem dessa tragédia que é o capital”, afirmou.
Os estudantes chamaram a população para somar ao protesto. “Atenção você que defende o Hospital Julio Müller, estudantes que querem ingressar numa universidade pública, nós estamos indo para a Praça da República dizer ao Bolsonaro que a educação precisa de mais investimentos para que continuar sendo pública, gratuita e de qualidade. Venham conosco”, disse o representante dos estudantes secundaristas, Juarez França.
Em todo o país, a população foi às ruas demonstrar sua indignação com relação às políticas do governo Bolsonaro, bem como à postura desrespeitosa do presidente e seus ministros com a população, tentando desqualificar aqueles que pensam de maneira diferente.
O governo, no entanto, ainda não entendeu que suas tentativas de desqualificar as manifestações têm exercido efeito contrário. Ontem mesmo o Ministério da Educação publicou uma nota criminalizando as manifestações e ameaçando servidores, professores e estudantes, alegando que as instituições de ensino não têm “prerrogativa legal para incentivar movimentos político-partidários”.
A Greve Geral marcada para 14/06 promete.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind