Os alunos seguirão com as ocupações, paralisações e manifestações na próxima semana
Os estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), fortemente mobilizados em todos os campi – Araguaia, Sinop, Rondonópolis, Várzea Grande e Cuiabá, venceram a primeira batalha contra o aumento da refeição no Restaurante Universitário (RU) nessa sexta-feira, 27/04. No entanto, a suspensão do aumento previsto para o mês de maio não foi considerado o suficiente pelo Movimento Estudantil, e as ocupações, paralisações e manifestações devem continuar até que a administração desista definitivamente da proposta.
O anuncio de que o aumento seria suspenso foi dado pelo vice-reitor da instituição, Evandro Soares, após a ocupações do prédio da Reitoria, em Cuiabá, na manhã dessa sexta-feira. A mensagem entregue aos estudantes estava numa folha pautada, escrita a mão. “Eu, Evandro Aparecido Soares da Silva, vice-reitor da UFMT, suspendo a implantação da nova política de alimentação da UFMT para o mês de maio de 2018, em atendimento à reivindicação dos estudantes”, leu o vice-reitor.
A primeira batalha vencida foi comemorada pelos estudantes. No entanto, as mobilizações devem continuar em todos os campi, com aulas suspensas e ocupações até que a administração se comprometa, de fato, a ouvir a comunidade acadêmica. Há uma grande preocupação, pois algumas ações encaminhadas pela Reitoria da UFMT, à exemplo da proposta de aumento e separação dos estudantes entre quem pode ou não pagar o RU, colocam em risco o caráter público da universidade.
“Nada garante, não é? Está suspenso para maio, mas aí tem junho, julho, agosto...”, disse a coordenadora do DCE em Rondonópolis, Luana Kawamura.
Mobilização histórica
Durante essa semana, a administração da universidade realizou audiências em todos os campi, e perdeu em todos. Com o apoio declarado dos professores e dos técnicos administrativos, os estudantes realizaram uma mobilização histórica, demonstrando força na organização e nos argumentos contrários aos apresentados pela gestão.
Entre as propostas apresentadas pelos estudantes estão a auditoria do contrato com a empresa licitada, e maior autonomia na universidade na gestão do RU.
Em Sinop, os alunos paralisaram todas as atividades do campus, e chegaram a reunir mais de mil estudantes na assembleia realizada no dia 24/04, que representa mais de 50% do total de alunos do campus. Na noite de sexta-feira, 27/04, os estudantes decidiram novamente manter a mobilização. “A Reitoria realizou a audiência aqui hoje de manhã e a proposta foi a mesma apresentada nos outros campi. Decidimos agora a noite permanecer em greve”, disse o estudante Pedro Sandmann.
Os estudantes de Rondonópolis aprovaram paralisação estudantil, e não haverá nenhuma atividade no campus na próxima semana. Eles entregaram um documento à administração reivindicando a formação de uma comissão local para discutir a questão do Restaurante Universitário. Essa demanda foi acordada na audiência realizada no campus na quarta-feira, 25/04.
Audiência em Rondonópolis
No campus do Araguaia a mobilização também permanece. “A gente decidiu manter ocupado até o dia 07, quando haverá uma reunião do Consuni [Conselho Universitário] e a gente vai pedir a suspensão do calendário acadêmico. Depois disso, nós vamos pensar as próximas ações do DCE”, disse o coordenador do DCE, Pedro Rezende.
Os estudantes do campus de Várzea Grande intensificaram a mobilização nos últimos dias, e ocuparam o Bloco Didático no campus de Cuiabá, onde terão aulas até que o campus fique pronto [sem data prevista]. O campus é um dos mais prejudicados pelos cortes de recursos, já que os cursos de Engenharia - a maioria dos oferecidos no campus - estão sendo ministrados desde o início sem as condições adequadas.
Em Cuiabá, os estudantes também pretendem continuar com as ocupações.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind