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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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Por Roberto de Barros Freire*
Há muito desconhecimento a respeito da Covid 19, mas há também algumas certezas. Não sabemos se haverá de fato uma vacina eficaz, apesar das inúmeras tentativas desenvolvidas pelo mundo; se a pessoa, uma vez contagiada, adquire imunidade, ou por quanto tempo pode durar essa imunidade; ou ainda, se descobriremos algum tratamento eficaz, alguma droga propícia, além de contar com os organismos que reagem bem ou sucumbem ao vírus, por razões que até agora não sabemos estabelecer ao certo. Por enquanto, há vários tratamentos, mas nenhum se mostrou inteiramente eficaz, nem há drogas comprovadamente eficiente contra a doença.
Entretanto, há uma certeza que existe desde o início da epidemia, e que só os tolos não perceberam ou negligenciam. O vírus se propaga pelo contágio através do contato humano, ou seja, uma pessoa passa a uma ou várias pessoas, conforme o contato que tenha e a suscetibilidade das pessoas ao Covid 19. E se não há certeza no tratamento, há a certeza de que a única forma de evitar o contágio é através do isolamento social, ou se for inevitável o contato, o mesmo deve se realizar com os utensílios de segurança, máscaras, luvas, lavagem das mãos, desinfecção constante, distanciando-se, evitando-se a aglomeração.
Aqueles que podem, devem a qualquer custo ficar isolados, confinados nos seus lares, evitando o contato humano. Há aqueles que não podem realizar isso, pois que de suas atuações dependem a sobrevivência de todos os demais, confinados e não confinados. É o caso do pessoal da saúde, dos transportes, dos supermercados, do abastecimento de alimentos, das farmácias, da polícia, dos postos de combustíveis, das oficinas mecânicas, dos bancos, das comunicações, esses profissionais são essenciais para que todos possam sobreviver, trabalhando ou confinados, e devem receber além da gratidão pelos préstimos, alguma recompensa monetária ou de prestígio pelos serviços prestados à população. Estão se sacrificando por todos e devem ser considerados os heróis contemporâneos.
É claro, que isso traz graves consequências à economia, que empobrece a nação, o Estado, a cidade, a população. Mas, querer abrir o comércio, as atividades não essenciais, em nome da sobrevivência monetária é um tiro na saúde pública, é um ato de morte a civilidade em nome do vil metal. Naturalmente, as falências, as dificuldades econômicas devem ser equacionadas, mas tal pode e deve ser sanada através de políticas públicas de financiamento e ajuda aos necessitados, de perdão de dívidas, enfim, de atos de política estatal para suprir as necessidades sociais e econômicas.
Também deve haver a doação dos mais ricos aos mais pobres. O Estado tem o dever de auxiliar a todos os prejudicados economicamente, que são muitos, do setor de entretenimento, lazer, cultura, das artes, os restaurantes, bares, o turismo, o esporte, os supérfluos, a moda, as academias de ginásticas, os cultos religiosos, a educação, a diversão, enfim, aquilo que não é essencial à sobrevivência material, mas que agrada a nossa existência espiritual e que merece existir como tudo, afinal a vida não pode resumir-se apenas ao trabalho e ao dever, mas tem seu lado de diversão e de satisfação que atende a outras partes da nossa existência que não é apenas física.
É preciso adquirir a consciência de que ou se contribui ao bem de todos ou ao prejuízo dos demais. Que os comerciantes queiram abrir seus negócios, que se possa frequentar esses estabelecimentos, a questão, no entanto, é se devemos. O que está em jogo não é o que podemos, pois podemos tudo, inclusive coisas erradas, mas sim o que devemos fazer, qual cota daremos para que o país passe pela pandemia com menos custos humanos. É claro que é tedioso ficarmos confinados, sem podermos encontrar a família e os amigos, sem poder se divertir com o que costumávamos nos divertir, sem passear, mas todos temos que dar nossa cota de sacrifício para que tenhamos o menor dano possível e no menor tempo. Se não pode ajudar na saúde, no transporte, na alimentação, na segurança, ajude não atrapalhando, não aumentando o número de contaminados, não contaminando outras pessoas.
Não amplie ou prorrogue o fim da epidemia, fazendo com que nunca cheguemos ao pico e ao declínio do contágio: fique em casa! Não contribua com a continuidade da doença! Contribua com o seu término!
*Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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