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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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Por Roberto de Barros Freire*
Bolsonaro não se cansa de afirmar que o povo está com ele. Será? Estatisticamente isso não é verdadeiro. Seus seguidores são no máximo 30% da população, e com tendência crescente de baixa. Cada vez mais as pessoas estão percebendo o despreparo do governo. Se teve mais eleitores, esses hoje estão arrependidos, e abandonando o presidente.
70% não concordam com ele, nem confiam, nem acreditam, nem o querem. Há meia dúzia de gatos pingados, financiados sabe-se lá por quem, que vão adulá-lo nos seus passeios pela capital, atrapalhando a vida do cidadão, ameaçando a todos, a imprensa, ao STF, ao Congresso, e ele acha que essa parcela insignificante é o povo; é parte, e a parte ruim da população, que é uma pequeníssima parte.
Golpistas, terroristas, pessoas que agem contra a lei, e que representam uma ameaça às instituições republicanas e ao cidadão comum. Clamam por um golpe de estado, por uma quartelada, pela morte da esquerda, dos juízes, dos deputados e senadores. Esse é o povo do Bolsonaro. A maior parte da população está em casa, distante dessas atividades antidemocráticas, antirrepublicanas, atrasadas, contra a ciência e o bom senso.
Esses maus cidadãos sequestraram a bandeira e as cores nacionais, como Collor em idos passado também o fez. Como os militares também fizeram na ditadura. Na verdade, envergonham a nação perante o mundo civilizado, como Collor e os militares fizeram no passado, utilizando um símbolo para aparentarem algum tipo de patriotismo que desconhecem o verdadeiro sentido. Patriotismo não é carregar bandeiras ou vestir verde e amarelo, isso é coisa de torcedor da seleção. Patriotismo é atuar para a melhoria das instituições nacionais, não contra elas. Esses supostos patriotas levam também bandeiras de Israel e dos EUA, contra a vontade de ambos, que se sentem ofendidos de serem associados com essas manifestações antidemocráticas, atrasadas. Os israelenses não se cansam de reclamar de Bolsonaro e do Ernesto Araújo de menosprezarem o nazismo, de falarem mentiras sobre ele, associando-o a atividades presentes. De um lado, querem ampliar a maldade de setores sociais atuais, falsamente, e por outro lado desconhecem a especificidade do nazismo, cuja maldade é algo sui generis na história humana, movimento só visto uma vez na história, e esperamos que pela última vez, ainda que tenha tolos seguidores até hoje, principalmente entre bolsonaristas. Lembram do antigo secretário de cultura plagiando nazistas?
Enfim, nada sabem sobre patriotismo, nazismo, nem mesmo sobre comunismo ou esquerda, ou mesmo sobre valores morais e éticos. São assassinos em potenciais, basta ver o exercício bárbaro de ficar atirando objetos contra figuras nacionais em faixas: se pudessem fariam com os próprios. Se pudessem matariam a todos que consideram inimigos das suas crenças impróprias para a vida civilizada, que significa respeito a diversidade, e a defesa da pluralidade, não sua eliminação.
Seremos obrigados a fazer o mesmo que se fez com Collor, começarmos a sair de preto, para mostrar nossa insatisfação com essa patifaria de patriotismo chulo, tacanho, retrógado.
Quero a bandeira de volta, que ela não sirva para vestir péssimos brasileiros, que nem apreciam as instituições nacionais e não respeitam a maioria da população que não é golpista, nem aprecia quartelada.
É preciso com urgência que tanto o Congresso como o STF atuem para limitar a sanha golpista de Bolsonaro, que estimula e patrocina essas atividades antipolíticas e antirrepublicanas dos seus seguidores. Já deveriam ter agido contra esses movimentos e repreendido Bolsonaro. Não é possível termos que ficar aturando essas pessoas agindo contra a república e a nação, mas principalmente contra o povo, realizando atos nitidamente contra as instituições e a favor de golpes violentos contra os seus inimigos políticos, que são bem mais do que 80% da população. É preciso investigar de onde vem o dinheiro para financiar esse movimento dos apoiadores de Bolsonaro, com carro de som, bandeiras, faixas, bonecos; tudo isso custa muito dinheiro: quem está financiando esses maus patriotas?
*Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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