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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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Por Roberto de Barros Freire*
Sou um pacifista, favorável ao desarmamento de todos em todas as partes do mundo. Armas e guerras para mim são arcaísmos que trazemos dos séculos passados, que já deveriam ter sido abandonados pela humanidade por serem frutos de um entendimento acanhado, estreito, atrasado, pequeno e tirânico.
Mas, apesar de ser contrário às armas, longe de mim querer proibi-las. Proibições geram o mercado clandestino, o crime e inúmeras transgressões. As armas precisam ser abandonadas por decisão própria, por uma consciência alargada, tiradas da vida por uma atitude advinda de uma racionalidade humanista. Deve ser um passo para a paz, que cada um de nós precisa voluntariamente deliberar.
O fato é que os exércitos se tornaram instituições obsoletas e caras. Desde o fim da segunda guerra mundial, não ocorrem mais guerras de anexação, a comunidade internacional não permite mais tais ocorrências. Nesse sentido, os exércitos já não são necessários, pois não se sofre ameaças dos vizinhos ou de povos distantes a quererem invadir e tomar territórios. Logo, gasta-se fortunas para se preparar para uma guerra que nunca ocorrerá, armando os exércitos com armamentos sofisticados, caros e perigosos, que mais nos ameaçam do que nos protegem.
Para mim, os exércitos deveriam ser transformados numa guarda nacional para distúrbios sociais, e numa força nacional contra cataclismas climáticos: enchentes, desmoronamento, queda de pontes etc.
Por outro lado, é preciso que se diga que as armas são os instrumentos dos medrosos e covardes, pessoas primitivas, que por medo de não ter competência de se impor perante a comunidade dos homens, quer aniquilar qualquer adversidade. Além disso, nada mais equivocado e falso, do que achar que pessoas de “bem” (sic!) devem ter o direito de portar armas. Em primeiro lugar, pessoas de bem não andam armadas, nem possui armas, pois nunca são uma ameaça em potencial aos demais, o que toda pessoa armada é. Em segundo lugar, o direito a legítima defesa, que está instituído na constituição, mas que existe independente da lei, pois é um direito natural qualquer criatura viva lutar pela sua sobrevivência, não dá o direito de matar alguém para isso: uma coisa é lutar para viver, muito diferente de matar para tanto. Em terceiro lugar, cada pessoa que exerce seu direito à arma, diminui meu direito à vida, pois qualquer pessoa armada pode resolver usá-la por algum motivo fútil e banal, ou ainda por incompetência no uso, atingir-me.
Devemos começar a nos preparar para um mundo sem armas, onde se deixe de gastar tanto na destruição de pessoas e bens materiais dos homens. Devemos ir paulatinamente nos desarmando também espiritualmente, tomando uma atitude menos bélica e agressiva contra todos, e deixemos de ser ameaça aos outros. Uma cultura de paz deve começar a ser introduzida nas nossas escolas, desenvolvendo uma ética humanitária, onde o humano na sua multiplicidade seja percebido como possibilidades, e que nenhuma de suas facetas merece perseguição ou guerra.
Falta um salto moral para a violência diminuir. Não é uma questão de armar mais a sociedade, de aumentar polícias, leis ou prisões, mas de pacificar os espíritos das pessoas para a convivência, antes do que para o conflito. A humanidade precisa crescer, perder velhos medos e se portar como um adulto responsável, que enfrenta os desafios ao invés de aniquilar supostos adversários. O fato é que matar os supostos maus, não nos torna bons, mas tão mal quanto.
*Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filsosofia/UFMT
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