O ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Carlos Horbach determinou, nesta segunda-feira (15), a exclusão de publicações na internet nas quais o candidato Jair Bolsonaro (PSL) aparece criticando a suposta distribuição pelo Ministério da Educação do chamado “kit gay”. A decisão foi dada, pois a informação constantemente divulgada pelo candidato é uma Fake News, ou seja, é mentira.
Segundo o TSE, “os conteúdos vinculados às URLs (…) expressamente vinculam o livro ‘Aparelho Sexual e Cia’ ao projeto ‘Escola sem Homofobia’ ou aos programas de livros didáticos do Ministério da Educação, o que – como antes destacado – não é corroborado pelas informações oficiais, ensejando, portanto, sua remoção”.
Ainda de acordo com a decisão de Horbach, “a difusão da informação equivocada de que o livro em questão teria sido distribuído pelo MEC (…) gera desinformação no período eleitoral, com prejuízo ao debate político, o que recomenda a remoção dos conteúdos com tal teor”, escreveu o ministro em resposta ao pedido de suspensão feito pela campanha de Fernando Haddad (PT).
O ministro determinou ainda que Facebook e Google apresentem em 48 horas a identificação do número de IP da conexão utilizada no cadastro inicial dos perfis responsáveis pelas postagens e os dados cadastrais dos responsáveis.
Desde 2016, Bolsonaro e seus apoiadores divulgam vídeos e links, principalmente no Facebook e Youtube, atacando a inclusão de livros que supostamente divulgariam questões sexuais entre crianças. Em agosto, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, e do Jornal das 10, da GloboNews, Jair Bolsonaro afirmou que o livro “Aparelho Sexual e Cia” estava dentro do material do programa. O candidato faz as acusações, responsabilizando o governo petista e Haddad, que foi ministro da Educação.
A utilização de tal livro foi oficialmente desmentida pelo governo federal e pela editora Companhia das Letras, responsável pela publicação da obra no Brasil.
Aliás, o chamado “kit gay” também é fruto de uma campanha mentirosa do candidato e de setores conservadores contra o programa “Escola sem Homofobia”. O programa era uma proposta elaborada pelo governo federal em 2004 voltado para a formação de educadores para combate ao preconceito, mas não chegou a ser implementado.
Além de ser uma mentira absurda – infelizmente vista como verdade por milhares de pessoas-, chega a ser irônico que Bolsonaro acuse o PT de “divulgar o kit gay”. Afinal, o PT não implementou o programa “Escola Sem Homofobia”, que integrava o “Brasil sem Homofobia”, por acordos com a bancada religiosa e setores conservadores. O ‘Escola Sem Homofobia’ não tinha nada demais. O programa visava apenas dar formação aos professores para que pudessem lidar com a homofobia e o preconceito nas escolas e não tinha previsão de distribuição de material às crianças.
É preciso combater as chamadas Fake News, que tornaram esse processo eleitoral uma terra de ninguém, onde inúmeras informações falsas são compartilhadas. Bolsonaro é quem mais tem utilizado desses recursos, conforme já atestaram vários pesquisadores e sites de verificação de conteúdo.
Fonte: CSP-Conlutas
Novos casos de agressão e de cerceamento do debate político surgiram no Brasil na última semana. As universidades e demais instituições de ensino têm sido palco desses ataques de ódio motivados por questões políticas, em especial após os resultados do primeiro turno das eleições presidenciais.
A Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde um estudante que usava um boné do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MST) foi agredido, viveu um novo caso sombrio. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da instituição convocava uma reunião aberta para discutir os casos de violência nas eleições e foi proibido de realizá-la pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR). A reunião ocorreria na quarta (11) e mais de 200 pessoas haviam confirmado presença nas redes sociais.
Na decisão que censurou a realização da reunião, o juiz Douglas Marcel Peres classifica o ato como “suposta irregularidade de propaganda a ser veiculada em imóvel pertencente à administração pública indireta da União”. O DCE da UFPR publicou em sua página, em protesto, uma receita de bolo de cenoura. As receitas foram usadas durante a ditadura civil-militar no Brasil para ocupar o lugar de textos e matérias censuradas nos jornais.
Já na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), após um estudante atirar uma mesa em cima de um professor que abordava o fascismo em sala de aula, novos casos de agressão foram denunciados. “Tu é ‘Ele não’?”, perguntou um rapaz, que não foi identificado, antes de agredir uma estudante enquanto ela esperava o transporte público na entrada do campus universitário da Ufam, no dia 5. O caso veio a público após os pais da graduanda publicarem um desabafo nas redes sociais, posteriormente divulgado por blogs e portais locais, em que contaram que o agressor feriu a perna da estudante com graveto e lamentaram os rumos que o país está tomando.
No dia 9, um professor do Instituto de Filosofia, Humanas e Ciências Sociais (IFCHS) foi agredido. “Insatisfação, insegurança e medo tornaram-se sentimentos comuns na vida universitária. Nesse ambiente começam a surgir grupos de indivíduos que dão vazão a suas angústias por meio da violência. Assim é que a agressão física e verbal a estudantes, professores e professoras vem crescendo dentro das universidades”, diz trecho da nota publicada pela Associação dos Docentes da Ufam (Adua – Seção Sindical do ANDES-SN).
“No caso brasileiro, o fascismo bebe na fonte de uma formação nacional excludente, assentada numa negação das regiões economicamente periféricas e no medo-pânico dos subalternos (indígenas, negros, mulheres, juventude, trabalhadores etc.). Na conjuntura atual, esta condição da materialidade da formação da nação num contexto de crise econômica e política, explode na forma de ódio (xenofobia, misoginia, LGBTfobia, racismo, intolerância política). Para não mergulharmos no poço sem fundo da barbárie, é preciso enfrentar as forças reacionárias-fascistas e, ao mesmo tempo, enfrentar a questão nacional – sem descuidar do seu nexo com o movimento global do capital – nos termos como até aqui ela foi constituída”, afirma o 1º vice-presidente da Adua-SSind, Luiz Fernando Souza.
Na Universidade Federal da Bahia (Ufba) também houve cerceamento ao debate. Na quarta-feira (10) um estudante passava nas salas de aula chamando os colegas para participar de uma reunião para discutir as eleições quando outro estudante começou a hostilizá-lo e a ameaçá-lo. Após a discussão, o agressor chamou a Polícia Militar (PM), que levou ambos os estudantes à delegacia para prestar depoimento.
Pichações de ódio
Outros casos recorrentes de agressão simbólica são as pichações de símbolos nazistas, como a suástica, ou de mensagens de ódio – geralmente direcionadas a negros e à comunidade LGBT. Em um banheiro unissex da Universidade São Judas Tadeu, na capital paulista, foram escritas nas paredes frases como: “vão se f**** seus negros e feministas de merda, gays do demo, burn jews (queime judeus)”, além de uma grande suástica. Em outra cabine estava pichado: “ideologia de gênero é o c******”. No cursinho Anglo Tamandaré, também em São Paulo, as pichações diziam “Morte aos negros, gays e lésbicas. Já está na hora desse povo morrer!”. No Rio de Janeiro (RJ) uma pichação lesbofóbica também foi encontrada. A frase “Sapatas vão morrer kkkk” estava em um prédio anexo do Colégio Franco-Brasileiro, em Laranjeiras, zona sul.
Nem as igrejas escaparam das pichações. Em Friburgo (RJ), a Igreja de São Pedro da Serra foi pichada na madrugada de sábado (13) com diversas suásticas. Com 150 anos, a capela é a mais antiga da cidade.
Brasil viu ao menos 50 ataques de ódio
A agência Pública, em parceria com a Open Knowledge Brasil, divulgou na quarta-feira (10) levantamento em que afirma que houve ao menos 50 ataques de ódio no Brasil nos dez primeiros dias de outubro. A maior parte das agressões ocorreu nas regiões sudeste (33), nordeste (18) e sul (14).
Confira o levantamento aqui.
Fonte: ANDES-SN (Com informações de DCE-UFPR, Adua-SSind, Jornal o Tempo, rádio Jovem Pan, Agência Pública e EBC. Imagemde EBC)
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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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Por Vicente Machado Ávila*
Capitalismo e comunismo andam numa via de mão dupla. Combater só um deles é enganação absurda.
Do embate entre capitalismo e comunismo resultou a Guerra Fria. Se existisse só um deles ela não existiria, o velho comunismo de guerra, há quase três décadas foi sepultado, debaixo dos escombros do muro de Berlim ele se encontra soterrado.
O moderno comunismo- quem diria! Está construindo seus bons projetos fortalecendo a democracia.
Só a direita reacionária faz do anti-comunismo um discurso sem fim. Ignora a atuação revolucionária da grande senadora Graziotin.
Deram um tiro no pé os candidatos que usaram Cuba e a Venezuela em seus discursos absurdos, caminharam na contra-mão e de marcha a ré e não chegaram nem ao segundo turno.
Lula falou e fez
A paz a gente consegue não é com a força dos armamentos. É com a democracia, participação popular e alimentos. Através do Bolsa Família, matou e está matando a fome de milhões. Este programa é aplaudido na França e em outros rincões.
Pragmatismo e Ideologismo
Felizmente as relações internacionais seguem mais o Pragmatismo que o Ideologismo.
Vide EUA e China.
*Vicente Ávila
Professor de Economia Política da UFMT (aposentado)
Paulo Freire foi pedagogo, filósofo e é um dos grandes nomes da educação mundial. Nascido em 1921, em Recife (PE), ficou conhecido internacionalmente pela sua teoria de que a educação é o caminho para a emancipação e para o empoderamento de sujeitos para que transformem sua realidade por meio da reflexão crítica. O seu trabalho de alfabetização de adultos é reconhecido mundialmente. Entre as inúmeras obras publicadas está a trilogia: “Pedagogia do Oprimido”, “Pedagogia da Esperança”, “Pedagogia da autonomia”.
No dia em que celebramos o Dia do Professor, o ANDES-SN faz uma singela homenagem a Paulo Freire, patrono da Educação brasileira, resgatando um pouco do seu pensamento. Para tanto, conversamos com Maria Margarida Machado, docente da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás (UFG) e que atua no Fórum de Educação de Jovens e Adultos do Brasil.
“Freire foi um pensador muito importante nas décadas de 50, 60 e 70 e 80. Foi educador atuante em uma perspectiva de educação que buscava colocar no centro da educação pedagógica o direito a uma educação emancipatória”, afirma a professora.
Segundo a docente da UFG, defender a concepção de educação como emancipadora do sujeito representa enfrentar as grandes limitações econômicas e sociais dos estudantes brasileiros. Para ela, Freire combatia não apenas a opressão que decorre da necessidade financeira e da limitação do acesso aos bens materiais, mas também reafirmava a necessidade de combater a mentalidade conservadora. “A mentalidade conservadora, tradicional, tem a ver com que o sujeito aprende com a sua família, na religião e no trabalho. Nessas relações, essa convivência ao invés de torná-lo um sujeito livre e amoroso, o aprisiona a um conjunto de preceitos morais, éticos e céticos que o distancia de outros seres humanos”, diz Margarida.
Crítica à educação bancária
Uma das principais contribuições de Paulo Freire é a sua crítica à educação tradicional, conceituada na obra “Pedagogia do Oprimido” como educação bancária. Segundo o pedagogo, o sujeito que está aprendendo na educação bancária é tratado como um lugar onde se deposita verdades, e isso não seria aprender uma vez que não há diálogo.
“Aprender, para Paulo Freire, é acessar o conhecimento sistematizado, problematizar esse conhecimento, buscar a compreensão para além daquilo que é dito”, explica.
Para a docente, muitas das ações executadas no sistema educacional brasileiro não levam em conta o princípio do diálogo. “Temos que questionar quem diz que quer tirar Paulo Freire de qualquer lugar. Essas pessoas realmente sabem do que estão falando?”, questiona.
Aprender para transformar
Paulo Freire compreendia que o sujeito aprende para se humanizar. De acordo com o educador, aprender é complemento da formação do sujeito como humano. “Se aprende na relação com o outro, no diálogo com outro, na aproximação dele com o conhecimento do outro. Esse aprender coletivo tem a ver com o conhecimento sistematizado pelas outras pessoas. Saber que você precisa escutar e aprender com o outro é fundamental para romper com uma lógica de educação tradicional”, comenta Maria Margarida.
Outra questão fundamental na obra de Paulo Freire é que se aprende para transformar a realidade. “Nesse aspecto, é fundamental a consciência crítica e de sujeito histórico. Nesta perspectiva, nós estamos anos luz distantes, em toda nossa formação na educação brasileira, seja da educação infantil até a superior, do princípio de empoderar o sujeito para que ele possa se perceber como sujeito transformador da realidade”, diz a docente da UFG.
Quem foi Paulo Freire?
Paulo Freire nasceu em 1921 em Recife. Com o agravamento da crise econômica mundial iniciada em 1929 e a morte de seu pai, quando tinha 13 anos, passou a enfrentar dificuldades econômicas. Formou-se em direito, mas não seguiu carreira, encaminhando a vida profissional para o magistério. Em 1963, em Angicos (RN), coordenou um programa que alfabetizou 300 pessoas, cortadores de cana, em 45 dias. No ano seguinte, o golpe civil-militar o surpreendeu em Brasília (DF), onde coordenava o Plano Nacional de Alfabetização do presidente João Goulart. Freire passou 70 dias na prisão antes de se exilar.
Em 1968, no Chile, escreveu seu livro mais conhecido, “Pedagogia do Oprimido”. Também deu aulas nos Estados Unidos e na Suíça e organizou planos de alfabetização em países africanos. Com a anistia, em 1979, voltou ao Brasil, integrando-se à vida universitária. Foi secretário municipal de Educação de São Paulo (SP), na prefeitura de Luiza Erundina. Foi nomeado doutor Honoris Causa de 28 universidades em vários países e teve obras traduzidas em mais de 20 idiomas. Morreu em 1997, de infarto. Em 2012 foi sancionada a Lei 12.612 que declara o educador Paulo Freire o Patrono da Educação Brasileira.
Para estudar Paulo Freire
Maria Margarida Machado indica três leituras para quem quer conhecer mais a teoria de Paulo Freire. O livro “Pedagogia do Oprimido”, para a docente, é a base da formação humanista de Freire, além de sua principal obra, e traz as principais referências que ele estudou e com quem aprendeu para pensar na obra. O livro “Pedagogia da Esperança” traz uma releitura do livro anterior, simplificando-a. Já o livro “Pedagogia da Autonomia”, último que o Paulo Freire escreveu, dialoga com professores sobre os aspectos da prática docente. “Essa trilogia é fundamental para ser lida e pensada no contexto em que foram escritas”, conclui.
Fonte: ANDES-SN (com informações de Instituto Paulo Freire)
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Por Roberto de Barros Freire*
O que caracteriza as eleições desse ano, é que o desemprego e a recessão que se prolongam por anos, e que sempre foram as principais discussões políticas nas eleições, deixaram de ser temas relevantes, assim como a saúde e a educação. O que mais conta, sem dúvida, é a segurança pública, a promessa de tratar os bandidos na bala e com fúria, de acabar com os direitos humanos, que para muitos parece só servir aos bandidos.
Propostas para o Estado e para o governo são vagas; e as pessoas simplesmente não têm paciência para ouvi-las. Identificam-se os culpados: a economia vai mal porque houve muita roubalheira. A solução é simples: morte à petralhada! Morte à sem-vergonhice: eis o conceito capaz de englobar tudo, dos ministros do STF aos transexuais, dos artistas de vanguarda aos professores da escola pública e índios, dos advogados criminalistas bem pagos aos miseráveis que vivem do Bolsa Família, dos quilombolas aos comunistas e homossexuais.
O desejo é um só, de destruição. Qual reforma pretende fazer? A resposta: "alguma".
Impostos? Quem ganha até uns cinco salários mínimos deixaria de pagar Imposto de Renda, dizem. Quem bancaria a diferença, pois o governo está quebrado? "Alguém" ou “O dinheiro retirado da corrupção!”
A campanha resume-se a demonizar o adversário mais do que o adversário demoniza você. E o melhor jeito de fazer isso é disseminar o medo entre os carentes, e o ódio entre os potentes. Quem pode odeia; quem não pode teme. O que não sabem é que o medo e o ódio podem eleger pessoas, porém não conseguem governar os homens.
Em seu ataque contra a velha ordem, Bolsonaro montou o tripé moralista de família, religião e Forças Armadas, as três instituições que ainda gozam de alguma confiança popular, ainda que o candidato em termos familiares não seja lá um exemplo, em termos religiosos menos ainda (com certeza não é um cristão) e foi expulso das forças armadas: nem as forças armadas suportaram suas idiossincrasias. Bolsonaro representa um risco imediato à democracia, à defesa dos direitos humanos, à defesa do meio ambiente. Defende tortura e morte aos “ruins”, e doar toda natureza aos ruralistas.
Mas, ele percebeu que a sociedade está enfurecida. E está encabeçando essa fúria. Uma pessoa que está no poder há 27 anos, que nunca teve participação ativa ou alguma sugestão para a nação em todos esses anos, que era amigo de Eduardo Cunha e reinava no baixo clero, sempre defendendo as piores coisas como tortura e ditadura, morte aos “inimigos”, a extinção de minorias, o fim da democracia, hoje lidera uma nação cega e surda pelo ódio e ressentimento.
Bolsonaro não é levado a sério pelas elites financeiras. Seu evidente despreparo para tratar de temas econômicos e seu histórico de defesa do regime militar brasileiro, marcado pelo forte intervencionismo estatal, o descredenciam entre analistas de mercado e defensores do liberalismo. Porém, na falta de coisa melhor, empresários e o mercado vêm apostando tudo em Bolsonaro, apesar do entulho retrógrado que ele traz consigo. Qual é a alternativa?
A eleição para o legislativo aumentou a fragmentação partidária dentro do Congresso como nunca antes visto, ao ponto de torná-lo ingovernável. É um condomínio sem síndico, administradora ou regulamento interno. A chance de o prédio virar uma guerra de todos contra todos é alta. Ele terá que convencer esse congresso de suas propostas, pois que passam necessariamente por mudanças legislativas, mas dificilmente terá 308 deputados para que possa impor sua vontade.
Com um ano de governo Bolsonaro (assim como aconteceu com Collor) nos daremos conta de que ele nada sabe sobre nossos problemas, menos ainda conhece as soluções. Que os militares não sabem quais são os problemas e quais sejam as soluções; eis porque saíram do poder em 1985, e estão loucos para sair da encrenca do Rio de Janeiro. Com certeza a nação ficará arrependida em pouco tempo e não se descartará um impeachment para um governante que soube catalisar o ódio, mas não soube desenvolver o amor. Apostando na desunião, não se conseguirá depois realizar a união necessária para qualquer nação superar seus problemas; continuaremos nessa guerra de todos contra todos.
*Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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"Sou professor... a favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a silenciosidade, da democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda.
Sou professor, a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais.
Sou professor contra a ordem capitalista que inventou esta aberração: 'a miséria na fartura'. Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo".
Pedagogia da autonomia. Paulo Freire, 1996.
Parabéns, professores e professoras!
Vamos comemorar essa data no Baile 2018! Os convites, gratuitos para os sindicalizados, já estão disponíveis para retirada na sede do sindicato.
A partir de segunda-feira, 15/10, os docentes sindicalizados à Adufmat-Seção Sindical poderão retirar, na sede do sindicato, em Cuiabá, os convites para o Baile dos Professores 2018. Os convites serão distribuídos até o dia 19/10, mas vale destacar que o número é limitado.
Esse ano, o evento será realizado no dia 20/10 (sábado), no salão da AABB, a partir das 20h.
Os sindicalizados poderão retirar gratuitamente o seu convite. Aos não sindicalizados, a Adufmat-Ssind garantirá a mesma política dos anos anteriores, cobrando o valor de R$ 50,00 para ajudar nos custos.
Além do momento de confraternização da categoria, o Baile dos Professores 2018 também será espaço de comemoração dos 40 anos de história e de luta da entidade.
O horário de funcionamento da Adufmat-Ssind para a retirada dos convites é das 7h30 às 11h30, e das 13h30 às 17h30.
Na noite de terça-feira (9) um estudante da Universidade Federal do Paraná (UFPR) que vestia um boné do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) foi brutalmente agredido em frente à universidade, em Curitiba. Os agressores gritavam o nome do candidato de extrema direita e atacaram o estudante com garrafadas de vidro na cabeça. Eles também quebraram vidros da Casa do Estudante de Curitiba (CEUC). Longe de ser exceção, ataques de ódio movidos por posições políticas conservadoras têm se tornado regra nas universidades e nas ruas brasileiras.
Na Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), por exemplo, a Associação de Docentes da instituição (Adufpel – Seção Sindical do ANDES-SN), denunciou uma ameaça recebida pelo docente Luciano Agostini. Ele recebeu em e-mail "anônimo", com assinatura falsa, ameaças de uma pessoa que afirma estar envolvida “diretamente na campanha” do mesmo candidato. Na mensagem, a ameaça cita uma suposta “campanha comunista” que o professor estaria fazendo na Universidade. O remetente ainda diz que o próprio candidato está ciente da situação e que, caso eleito, “a teta vai secar e o governo não irá mais financiar pesquisas inúteis”.
Diante da gravidade da situação, o docente, que está em atividade fora do Brasil, encaminhou denúncia aos órgãos competentes da Ufpel. Em memorando enviado à reitoria, salienta a gravidade da denúncia. “Além de ameaçar a mim, enquanto professor da instituição, também faz uma ameaça ampliada para toda a instituição”, pontua. O professor também afirma que nunca fez propaganda eleitoral dentro da instituição, além de nunca ter utilizado material de campanha de qualquer candidato.
Já na Universidade do Estado do Mato Grosso (Unemat), a Associação Docente (Adunemat – Seção Sindical do ANDES-SN) divulgou nota de repúdio aos sucessivos ataques que docentes, servidores e estudantes apoiadores da democracia têm sofrido nas dependências da instituição. Segundo a Adunemat-SSind, há uma série de hostilizações, repressões e ameaças praticadas por pessoas que se assumem como apoiadoras da extrema direita.
Também no Mato Grosso, o muro do Instituto de Linguagens da Universidade Federal (UFMT) foi pichado com uma suástica e uma referência ao candidato de extrema direita. Na Universidade Estadual do Maranhão (Uema), apoiadores de extrema direita entraram na universidade na terça-feira (9) gritando o nome do candidato, arrancando cartazes das paredes e cometendo violências simbólicas e efetivas.
Fora dos muros das universidades, uma estudante lésbica foi agredida por três homens na Cidade Baixa, bairro central de Porto Alegre (RS). Ela usava uma camiseta com a expressão “Ele Não” na noite de segunda-feira (8), os agressores teriam questionado sobre o motivo do uso da camiseta e a atingiram com socos. Na sequência, enquanto dois deles seguraram a vítima, o terceiro fez riscos com um canivete, similares a uma suástica, na região da barriga da jovem. A cruz suástica é símbolo do regime nazista alemão.
Em nota divulgada na quinta-feira (11), o ANDES-SN resgata outros casos de agressões iniciados logo após o término do primeiro turno das eleições. “O ódio e as práticas fascistas invadem as universidades colocando a vida de docentes, discentes, de Técnicos Administrativos/Universitários e do(a)s trabalhadore(a)s terceirizado(a)s”, denuncia a nota.
Para o ANDES-SN, o discurso de ódio e as práticas fascistas tentam intimidar o Movimento Estudantil, Movimento Sindical e o direito da comunidade acadêmica se posicionar politicamente. “O uso da violência tem por objetivo calar a voz dos movimentos sociais e da esquerda no Brasil”, afirma a nota.
“Nós da Direção do ANDES-SN repudiamos esses atos de violência e cobraremos a apuração via nossas Seções Sindicais das agressões motivadas por esses grupos, como também da responsabilização destes pela depredação da Universidade Pública”, conclui.
Fonte: ANDES-SN (com informações de DCE UFPR, Adufpel-SSind e Adunemat-SSind. Imagens de DCE UFPR e redes sociais)
Parede pichada no Instituto de Linguagens da UFMT
O saldo pós primeiro turno das eleições 2018 no Brasil não é positivo, e o receio de novas tensões se agrava na expectativa do segundo turno. O discurso desrespeitoso e de ódio do candidato Jair Bolsonaro tem motivado agressões físicas, emocionais e simbólicas por parte do seu eleitorado a quem manifesta qualquer crítica às ideias do político. Na Bahia, o mestre de capoeira Moa do Katendê foi assassinado a facadas depois de declarar seu voto em Fernando Haddad a amigos, num bar.
A intolerância às divergências e ao contraditório, essenciais ao exercício da democracia, também estão gerando conflitos em Mato Grosso. Essa semana, a Adunemat - Seção Sindical do ANDES na Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) denunciou, por meio de nota (leia abaixo), ameaças a docentes e estudantes que declararam apoio à candidatura de Haddad.
Na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), duas suásticas acompanhadas do número 17 foram pichadas nas paredes do Instituto de Linguagens (IL), na quarta-feira, 10/10, deixando a comunidade acadêmica perplexa. O símbolo nazista assusta e evidencia o que Bolsonaro e seus eleitores tentam negar: o discurso de que as minorias devem se adequar às demandas da maioria, ou simplesmente desaparecer, se aproxima à ideologia nazista de supremacia.
“De imediato nós que estamos aqui, com o papel de formar os estudantes, nos assustamos, porque sabemos o que esse símbolo representou na história da humanidade, quanta dor ele trouxe. Mas isso não está restrito a universidade, é um movimento espalhado em todos os espaços, expondo uma cultura que tem muito a ver com a nossa democracia ainda muito debilitada. Alguns sujeitos que resolveram apoiar determinada candidatura à presidência estão sentindo-se no direito de trazer um pensamento e um comportamento que se assemelha aos movimentos nazi-fascistas que nós vimos nas décadas de 1930-1940 na Europa”, declarou o professor Reginaldo Araújo, presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat-Ssind).
Para o docente, que é historiador e antropólogo, essas manifestações também podem ser lidas como reações no campo da luta de classes. “Os trabalhadores organizados em sindicatos e em diversos movimentos alcançaram conquistas importantes, fazendo pressão sobre governos. O estado neoliberal tenta, o tempo todo, retirar nossos direitos, mas há resistência a esses ataques, que sempre existiram, mas se aprofundaram nos últimos dois anos. Esse contexto, que apresenta sujeitos com perfil nazi-fascista, agressivos, fechados ao diálogo e sem respeito às opiniões, deve se manter nos próximos anos. Então fica o desafio àqueles que acreditam que a democracia deve ser aperfeiçoada, para tentarmos abrir diálogo e fazer formação política”, concluiu.
Outras universidades também foram pichadas com a suástica. Na Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), o símbolo está acompanhado da frase “fora pretos”. Apologia ao nazismo é crime no Brasil, previsto na Lei 7.716/1989 (Parágrafo 1º, Art. 20), com pena de reclusão de dois a cinco anos para quem “fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”.
Pichação na UERJ
O diretor do Instituto de Linguagens da UFMT, Roberto Boaventura, já declarou que solicitará investigação sobre o caso.
As denúncias são tantas, em diversos estados, que até um site foi desenvolvido para das visibilidade aos casos. O Mapa da Violência eleitoral já reúne centenas de relatos de agressão em todas as regiões do país.
Militantes independentes e coletivos da UFMT e UNEMAT ligados ao Movimento Negro, LGBT e de Mulheres também estão organizando um Observatório para registrar os casos de violência, além de formar uma rede de apoio às vítimas locais.
Respeito deveria ser o mínimo
O que uma sociedade democrática espera de um representante político é, no mínimo, respeito. O líder das pesquisas de intenção de voto, no entanto, aparece em diversos vídeos ofendendo grupos que discordam das suas posições políticas.
Em um deles, Bolsonaro oferece capim como alimento aos eleitores do candidato adversário, comparando-os a animais irracionais. Por óbvio, seus eleitores reproduziram a ofensa em manifestações realizadas após o segundo turno, direcionadas principalmente aos eleitores do nordeste do país, região em que o candidato do Partido Social Liberal (PSL) obteve menor desempenho.
As manifestações preconceituosas e antidemocráticas com relação à população negra, LGBT, mulheres, indígenas, trabalhadores sem-terra e entidades organizadas de trabalhadores em geral também incentivam ações no mesmo sentido por parte dos seus eleitores.
O político, eleito consecutivamente em diversos processos eleitorais há mais de 20 anos, também incita a população a desconfiar do sistema eleitoral, preparando o campo de revolta para o caso de derrota nas urnas.
Confira, abaixo, a nota da Adunemat-Ssind sobre as ameaças a docentes e estudantes da Universidade Estadual de Mato Grosso.
Atitudes fascistas no espaço acadêmico da UNEMAT
Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas. (Friedrich Nietzsche)
A Diretoria da ADUNEMAT vem a público manifestar REPÚDIO aos assédios, ameaças e às atitudes de caráter fascista sofridas por professores e alunos nos campi da UNEMAT. Tais atitudes estão sendo praticadas por pessoas que se assumem como apoiadoras do presidenciável do Partido Social Liberal (PSL), Jair Bolsonaro. Diversas situações são identificadas em todo País, e em especial no Mato Grosso, em que alunos, professores, profissionais técnicos e demais frequentadores do espaço acadêmico, por manifestar sua opção política a Fernando Haddad do Partido dos Trabalhadores (PT), sofrem hostilização, repressão e ameaças.
É inadmissível que qualquer profissional, especialmente o professor, bem como o aluno e os profissionais técnicos, seja do Ensino Superior ou da Educação Básica, sinta-se ameaçado, desprotegido ou assediado por manifestar suas ideias e posicionamentos políticos, principalmente na Universidade, espaço em que a liberdade de expressão e de pensamento devem ser garantidos e trabalhados de forma crítica.
Os prenúncios desses ataques já se manifestavam desde 2016, e, mais recentemente, quando o ministro da educação perseguiu publicamente os cursos que se propuseram discutir criticamente o Golpe. De lá para cá, o pensamento crítico nos espaços da universidade tem tentado se manter vivo e atuante, resistindo e buscando discutir os modos pelos quais essa onda fascista se instaurou de maneira tão forte. Contudo, não é possível tolerar que haja esse tipo de ameaça a todo e qualquer docente que ousar produzir conhecimento autônomo e crítico no Brasil. Também não é possível que haja intimidação e desrespeito às opções políticas dos professores, alunos e profissionais técnicos. Muito menos tolerável, ainda, é a existência de ameaças físicas dessa natureza a qualquer pessoa no espaço acadêmico.
Reiteramos nosso total e amplo apoio a todos os professores, alunos e profissionais técnicos da UNEMAT e defendemos o direito de cada um de expressar livremente suas convicções político-ideológicas.
Nos colocamos à disposição.
Diretoria da ADUNEMAT
10/10/2018
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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Vanessa C. Furtado
Departamento de Psicologia - UFMT
Qual o cenário que temos pela frente? O da luta! Respondo prontamente, este foi, é e será o caminho para conquista e garantia de direitos da classe trabalhadora. Não importa quem vença o pleito eleitoral a luta é a nossa única alternativa para barrarmos as reformas neo-liberais. O que podemos escolher neste momento é se elas virão de forma bruta, com violência e violação de direitos ou de forma serena, alisando a nossa cabeça.
É importante ressaltar, o projeto de política para o Brasil já está posto e, para nossa categoria docente, a privatização da universidade pública é o horizonte não tão distante. Bolsonaro anunciou, em seu pronunciamento do domingo, o enxugamento da folha de pagamento, responsabilizando os/as servidoras/es públicas/os pela oneração da conta do Estado. E nós, docentes federais, somos alvo direto dos governos, vocês já pararam para olhar sua folha de pagamento? O que e quanto efetivamente é o seu salário? Retirem dessa folha os auxílios alimentação, retribuição por titulação, auxílios creche (quem recebe), auxílio assistência à saúde (quem paga plano de saúde) e observem qual o real valor do seu salário? Pois bem, são todos esses “penduricalhos”, chamados benefícios que estão em jogo. A privatização da educação pública superior no Brasil é projeto de longa data, já iniciada nos de FHC, petistas e aprofundada no governo ilegítimo de Temer, com todos os pesos possíveis da liberação da terceirização das atividades fins. E nossa carreira, mais do que nunca, está sendo ameaçada!
Portanto, não há diferença em quem ganhar as eleições presidenciais? Sim e não. O que está em jogo neste cenário eleitoral é a ascensão de um discurso protofascista, que catalisou os discursos de ódio e preconceito tão presente em nossa sociedade. A sua ascensão e vitória no primeiro turno foi o desvelamento das raízes conservadoras da sociedade brasileira, algo que os movimentos sociais (negro, lgbt) vem denunciado e não é de agora. O que está em jogo são nossas liberdades civis e quando um candidato à presidência afirma que colocará “um ponto final em todo tipo de ativismo político no Brasil”, ele anuncia que tempos duros estão a caminho e que não haverá possibilidade de lutar contra projetos políticos com os quais não concordamos, a não ser de forma clandestina: 1964 bate à nossa porta! Isto é o que demarca fortemente as diferenças entre um e outro candidato.
O clima de insegurança e desconfiança já existe, recebo notícias e diversos relatos de pesquisadoras/es que têm suas bases teórico-metodológicas questionadas e deslegitimadas (eu sou uma dessas pessoas) enquanto ciência; de pessoas que, por medo do comunismo (como se o PT fosse comunista ou mesmo socialista) viram amigos, familiares se afastando; pais que aconselham filhas/os a não se aproximarem de pessoas com ideias “meio comunistas”, o que o protofascismo conseguiu foi, justamente, instaurar esse clima 64. As ideias plantadas pelo “Escola sem partido” já adentraram as salas de aula da universidade, estamos assistindo a ascensão da ignorância!
Por isso, o que não pode ser diferente, ganhe quem ganhar as eleições presidenciais, é a nossa luta, com um senado e congresso onde grande parte dos eleitos são militares, devemos estar em estado permanente de luta! A cooptação e institucionalização dos movimentos sociais, só o fez garantir o seu papel (do Estado) de gerente do Capital. E o que não devíamos ter deixado arrefecer era a luta, a pressão popular em efetivar direitos e acesso a eles. Portanto, o estado permanente de luta é essencial, ganhe quem ganhar!
O PT, durante os anos que esteve no governo, no que tange a política de educação cumpriu exemplarmente a agenda neo-liberal, destruiu nossa carreira em 2012 com a fundação de seu sindicato (PROIFES) e assinando, apenas com este, o acordo que destroçou a carreira docente. Sem contar nos cortes de verbas das universidades públicas cujos impactos sentimos agora seja na escassez de recurso para a assistência estudantil, seja no anúncio da UFMT em não comprar mais tinta para suas impressoras. Contudo, eu prefiro derrotar o projeto neo-liberal petista nas ruas, do que ter nossas liberdades individuais cassadas. Há luta companheiras e companheiros!