Nessa segunda-feira, 08/07, docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) se reuniram em assembleia geral convocada pelo sindicato da categoria, a Adufmat- Seção Sindical do ANDES-SN, para discutir e deliberar sobre a conjuntura e outros assuntos relacionados a ela, como auditoria no prédio do sindicato, reajuste dos planos de saúde, manifestações no dia 12/07 e caderno de textos do 64º Conselho do ANDES – Sindicato Nacional (Conad).
Um pedido de inversão de pontos de pauta fez a discussão começar pelo tema “auditoria da sede da Adufmat-Ssind”. Como informado em assembleia anterior, a Pró-reitoria de Planejamento (Proplan) da UFMT procurou o sindicato para dizer que, após a realização de uma auditoria na instituição, apenas dois prédios apresentaram irregularidades, coincidentemente os utilizados em regime de comodato pelos sindicatos dos professores e dos técnicos administrativos – Adufmat-Ssind e Sintuf/MT.
Por conta disso, a administração solicitou algumas informações sobre quais atividades são realizadas pelos sindicatos e quem participa. Mesmo depois da resposta enviada pelo sindicato, afirmando que a área é pública, as atividades são todas abertas e as informações estão disponíveis nos canais oficiais da entidade, a Proplan orientou a Adufmat-Ssind a modificar a estrutura do site, a fim de facilitar a busca por informações, além de incluir uma cláusula no contrato de comodato para evidenciar o que será feito com o prédio caso o acordo não seja renovado.
Durante a discussão, os docentes concordaram que a questão é de ordem política, e formaram uma comissão com os professores Reginaldo Araújo, Aldi Nestor de Souza, Dorival Gonçalves e Gerdine Sanson para organizar a resposta que deve ser enviada pelo sindicato no prazo estabelecido pela administração, entre 100 e 120 dias.
Com relação ao reajuste dos planos de saúde, a diretoria apresentou a proposta encaminhada pela Unimed já para o mês de agosto de 2019: 62,88%. O percentual gerou revolta na categoria. Uma das componentes da comissão, Vânia Carvalho, afirmou que o índice foi o mesmo apresentado para os trabalhadores do Tribunal de Justiça do Estado. “Deve ser um percentual padronizado, e lá eles conseguiram chegar a 20%”, disse a servidora.
Ao final, os docentes concluíram que, dentro do mercado da saúde, nada poderá ser muito diferente disso. Por isso, dessa vez, além da recomposição da comissão responsável pela negociação do reajuste, a categoria também decidiu elaborar um calendário de discussão sobre saúde pública e privada, convidando pesquisadores da área que atuam no estado e em outras regiões do país. “Nós vamos pagar pela saúde, educação, previdência, e no final vamos comer o quê?”, provocou o professor Carlos Sanches.
A comissão formada para negociar os reajustes será composta pelos docentes Maurília Amaral, Carlos Emílio, Vânia Maria Carvalho, José Airton de Paula, Rafael Nunes, Sônia Lima e Tomas Boaventura. Ainda na assembleia os docentes decidiram participar da primeira reunião sobre o tema com os técnicos administrativos, na sede do Sintuf/MT, às 10h dessa terça-feira, 09/07.
No debate sobre a conjuntura, os docentes destacaram a correlação dos outros pontos de pauta: perseguição política aos sindicatos – representada pelos questionamentos acerca do uso da sede; privatização da saúde – um direito com acesso cada vez mais difícil; caderno de textos do ANDES-SN – trazendo reflexões sobre os projetos de sociedade que estão em disputa; e a defesa imprescindível da Previdência Pública Social – por meio das mobilizações convocadas para 12/07.
Também foi destaque neste ponto de pauta o lançamento do movimento “Docentes Pela Liberdade” (DPL), realizado na última semana. Avaliado como um grupo que defende as políticas do governo Bolsonaro para a Educação - incluindo cortes, tratoramento na nomeação de reitores e representantes em outras esferas, e a defesa do armamento (na imagem divulgada em Mato Grosso algumas pessoas posicionaram as mãos como se empunhassem armas) -, os presentes na assembleia demonstraram temor de que a educação passe a ser ameaçada também por professores e declararam interesse em convidá-los para debater algumas questões centrais relacionadas ao direito à educação.
A categoria avaliou, ainda, que é preciso repensar com atenção as principais teses defendidas pelos movimentos sociais desde a redemocratização do país, bem como na maneira como estão sendo apresentadas e defendidas.
Os docentes lamentaram ainda, nessa segunda-feira, o que chamaram de “obscurantismo” do governo Bolsonaro, que tem inserido temas polêmicos na imprensa para desviar a atenção da população das suas políticas de desmonte, que prejudicam o todo.
Sobre o caderno de textos do 64º Conad, mais especificamente a proposta de uma das teses de inserir a insígnia “Fora Bolsonaro, seu vice Mourão e todos os golpistas. Eleições gerais já!”, os docentes de Mato Grosso, após ampla discussão, decidiram rejeitar.
A avaliação foi de que, embora o governo Bolsonaro seja realmente não democrático, extinguindo em apenas seis meses cadeiras em conselhos representativos, criminalizando os movimentos sociais, entre outras ações autoritárias, o presidente é apenas mais um instrumento para efetivação de um projeto de sociedade que retira direitos dos trabalhadores, privilegiando a elite. A luta, portanto, deve ser contra o projeto neoliberal, que o capitão reformado representa. Essa deverá ser a posição da delegação da Adufmat-Ssind no 64º Conad.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind