Quinta, 08 Agosto 2024 11:25

 

 

Conselho debaterá a questão novamente nessa sexta-feira, 09/08

 

Diante do imbróglio causado pela administração da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) acerca do calendário acadêmico da instituição, surge mais um elemento: coordenadores e docentes responsáveis pelo acompanhamento de estágios supervisionados nos cursos de Licenciatura se manifestaram essa semana por meio de Carta Aberta, solicitando “sensibilidade” para avaliação da demanda.

 

Isso porque o período de férias pensado pela categoria dentro da Associação dos Docentes - Seção Sindical do Andes (Adufmat-Ssind) e também pelos coordenadores, leva em consideração o fato de que os cursos de Licenciatura, ou seja, cursos que formam professores, têm o estágio supervisionado como etapa obrigatória e, por isso, o calendário da universidade precisa coincidir com o das escolas de educação básica.

 

“Está claro que o MEC [Ministério da Educação] está exigindo a presença das universidades brasileiras nas escolas, através de seus cursos de formação de professores. Diante da necessidade de assegurar o pleno desenvolvimento das atividades de Estágio e, em breve, de Extensão, coordenadoras e coordenadores reunidos consideraram que é fundamental que as férias docentes da UFMT coincidam com as férias escolares, ainda que isso signifique a ocorrência de interrupções nos períodos letivos da UFMT”, afirma o documento.

 

O órgão responsável pela definição do calendário da UFMT é o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe). Na última reunião do Consepe, presidida pela vice-reitora Rosaline Lunardi, a comunidade acadêmica foi surpreendida pela apresentação de alternativas de calendário que nada tinham a ver com as que a própria administração, por meio da Pró-reitoria de Ensino e Graduação (Proeg), havia sugerido. O argumento da Reitoria é que as últimas alterações relacionadas ao Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), feitas em junho deste ano, impuseram a modificação do calendário, a ponto de atropelar direitos como o recesso de final de ano.

 

Ocorre que a própria instituição tem ferramentas para garantir que os estudantes convocados para o Enade não sejam prejudicados, sem prejuízo, também, ao calendário pensado pela comunidade. Isso é possível por meio da Resolução Consepe 44/2020, conforme debateram os docentes que participaram da última assembleia geral do sindicato (saiba mais aqui).   

 

Lunardi chegou a dizer, no final da última reunião realizada em 31/07 (assista aqui), que as férias em janeiro e julho seriam uma “preocupação dos docentes mais com suas férias do que com a manutenção do semestre letivo adequado”, demonstrando certo distanciamento das discussões que, sim, estão sendo realizadas há meses dentro de uma universidade que tem ao menos 12 cursos presenciais que exigem estágio supervisionado. Falta observar que essas discussões nem sempre ocorrem sob a tutela da Reitoria.    

 

Nesse sentido, a Carta dos coordenadores e docentes de cursos de Licenciatura é bastante enfática. “Este é o motivo da defesa das férias em janeiro e julho: a necessidade da plena realização desta etapa obrigatória da formação de professores, que é o Estágio Supervisionado, inclusive para fazer cumprir as novas normas do ENADE e as novas DCNs [Diretrizes Curriculares Nacionais]. Assim, gostaríamos de pedir aos Conselheiros e à Comunidade da UFMT, sensibilidade a estas questões ao decidirem os rumos de nosso Calendário Acadêmico dos próximos semestres” (leia aqui a íntegra da Carta Aberta dos Coordenadores).

 

Após o pedido de vistas do processo na reunião do dia 31/07, feito justamente porque as propostas apresentadas foram uma novidade para a comunidade acadêmica e, por isso, não poderiam ser aprovadas de súbito, a nova reunião do Consepe que debaterá o tema foi reagendada para esta sexta-feira, 09/08.

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Terça, 06 Agosto 2024 17:12

 

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Prof. Danilo de Souza*
 

 

            A ideia de transição energética que vem sendo construída, como processo crucial para mitigar as mudanças climáticas, depende fortemente de minerais estratégicos, entre os quais o cobre tem importância vital. Sua relevância é evidenciada pelo seu papel fundamental em diversas aplicações.
            De forma particular, o cobre exerce uma função importante em instalações elétricas de baixa tensão, devido à sua excepcional condutividade elétrica, superando o alumínio em cerca de 40% e ficando atrás apenas da prata. Além disso, suas propriedades, como alta maleabilidade, excelente ductilidade, grande durabilidade e alta resistência à corrosão, e custo acessível (quando comparado à prata) o tornam  indispensável em várias indústrias de transformação.
            Conforme ilustrado, o cobre é um elemento crítico para muitas tecnologias de energia que podem ser consideradas menos impactantes quando analisado o ciclo de vida. Em especial, ele tem uma importância alta para redes elétricas, veículos elétricos e sistemas de armazenamento de baterias, e uma relevância moderada para tecnologias como energia solar fotovoltaica, eólica e hidroelétrica. A diversidade de aplicações e a alta demanda para tecnologias emergentes reforçam ainda mais a sua importância. Dessa forma, esse metal torna-se essencial para a implementação e expansão das infraestruturas de produção/conversão de sistemas energéticos e os seus finais, sendo fundamental na transição energética para sistemas de baixo carbono.

            Vale lembrar que o cobre também está presente em tubos de condução de água, sistemas de aquecimento, refrigeração, telhas e placas da construção civil. Além disso, é amplamente utilizado explorando sua capacidade de condução eficiente de calor, reduzindo as perdas e contribuindo para eficiência energética de sistemas térmicos.
            Destaca-se ainda como matéria-prima essencial em diversas indústrias de transformação, sendo utilizado na fabricação de panelas, tubulações para aparelhos de ar-condicionado, encanamentos, estátuas, medalhas, adornos, eletroímãs, magnetrons de micro-ondas, motores elétricos, transformadores elétricos, interruptores e relés, tubos de vácuo e na cunhagem de moedas, entre outros. Por essa razão, a  previsão é que a demanda pelo metal aumentará entre 24% e 45% até 2040.​
            No contexto residencial, a eletrificação das coisas está transformando diversos aspectos do cotidiano, aumentando significativamente o uso de cobre. Sistemas de aquecimento, ventilação e ar-condicionado (HVAC) estão cada vez mais adotando tecnologias elétricas mais eficientes, como as bombas de calor elétricas, que utilizam cobre em seus sistemas de tubulação e unidades de condensação devido à sua excelente condutividade térmica e elétrica. Eletrodomésticos modernos, como geladeiras, máquinas de lavar, fornos elétricos e secadoras, dependem fortemente de componentes de cobre em seus motores elétricos, e o aumento da eficiência desses equipamentos passa pelo incremento da massa de cobre nos condutores internos. A instalação de painéis solares em residências também está se tornando mais comum, e o cobre é amplamente utilizado nos seus cabos e sistemas de conexão, facilitando a transmissão eficiente de energia solar gerada para uso doméstico.

 

            Adicionalmente, o cobre é um componente essêncial em ligas metálicas populares, como o latão, que é uma combinação de cobre e zinco, e o bronze, que é composto de cobre e estanho.  Existem evidências de que o cobre foi o primeiro metal trabalhado pelo Homo sapiens. A transição da Idade da Pedra Polida para a Idade do Bronze foi marcada pela substituição das ferramentas de pedra por aquelas feitas de cobre e suas ligas, dando início a um novo período histórico.
            De se notar que o cobre desempenha um papel estratégico na intensificação da industrialização. Recentemente, tornou-se um insumo essencial no avanço da mobilidade elétrica. Motores de combustão interna utilizam, em média, 25 quilos de cobre, enquanto carros híbridos utilizam cerca de 40 quilos, e veículos totalmente elétricos podem requerer até 70 quilos. Esse aumento na demanda motivou que o preço do minério subisse drasticamente nos últimos anos, passando de 4,4 USD/kg em março de 2020 para 11 USD/kg em março de 2022.
            No mesmo período, o dólar também se valorizou, subindo de R$ 4,8 para R$ 5,4, e nos últimos 20 anos, a moeda norte-americana teve um incremento de mais de 300% em relação ao real. Esse cenário resultou em um aumento significativo do preço do cobre no mercado brasileiro, que passou de R$ 28.000,00/tonelada para R$ 52.000,00/tonelada. Esse fator contribuiu para a alta nos casos de furto do metal, que tem crescido nos últimos anos.
            Historicamente, o Chile tem sido o maior produtor de cobre do mundo, representando cerca de 30% da produção global. Apesar de sua proximidade geográfica com o Brasil, o Chile tem a China como seu principal mercado consumidor. Isso se deve não apenas ao voraz apetite chinês por commodities, mas também à rota marítima facilitada pelo Oceano Pacífico.

 

            O "Corredor Minero" é uma importante região de mineração no Peru, conhecida por concentrar diversas operações de extração de minerais, especialmente cobre. Existem graves denúncias de violações de direitos humanos e impactos ambientais severos associados à mineração na região. As comunidades locais têm sofrido com a contaminação de recursos hídricos, além de enfrentarem conflitos com empresas mineradoras devido à falta de consulta e compensação considerada justa.
            A extração e o processamento do cobre requerem grandes volumes de água, o que se torna um problema crítico em regiões áridas e semiáridas onde muitas das minas estão localizadas, como no Chile e no Peru. Além disso, a diminuição da qualidade do minério de cobre implica a necessidade de processar maiores volumes de rocha para obter a mesma quantidade de metal, o que aumenta a geração de resíduos e eleva o consumo de energia e as emissões de gases de efeito estufa. A gestão inadequada de resíduos, incluindo a contenção de elementos perigosos como o arsênio, pode causar contaminação de solo e água, afetando negativamente as comunidades locais e os ecossistemas.
            O processo de descoberta e implementação de novas jazidas de cobre é geralmente lento, podendo levar mais de uma década, especialmente em grandes minerações. Esse período inclui pesquisa geológica, identificação e estruturação da jazida. Mesmo com a descoberta de boas jazidas, tornar um local produtivo pode demorar anos. Tem-se como exemplo o caso de Aripuanã-MT, onde um depósito de cobre conhecido desde a década de 1990 só agora está entrando em operação. Além disso, há o desafio geológico da escassez de depósitos naturais de cobre, pois os superdepósitos estão se esgotando e os novos geralmente têm menor teor de cobre e são menores, aumentando o custo de extração.
            Paradoxalmente, o cobre é encontrado em alguns dos países de média e baixa renda, menos industrializados, que, no entanto, estão entre os mais vulneráveis às mudanças climáticas. Nações como a República Democrática do Congo e a Zâmbia, que possuem significativas reservas de cobre, enfrentam desafios econômicos e sociais profundos, agravados pelos impactos ambientais e climáticos, como secas e inundações. Além disso, a alta concentração de atividades de mineração em áreas ecologicamente sensíveis eleva o risco de degradação ambiental, intensificando ainda mais os efeitos adversos das mudanças climáticas nessas regiões.
            Nesse contexto, o papel estratégico do cobre na transição energética é inegável, destacando-se como um mineral necessário para a ampliação dos sistemas de baixo carbono. Sua ampla aplicação, que abrange desde a infraestrutura elétrica até veículos elétricos, reflete sua importância em diversas indústrias. A crescente demanda por cobre, impulsionada pelo avanço tecnológico, também evidencia a necessidade de se compreenderem os desafios ambientais e geopolíticos relacionados à sua extração e processamento.


*Danilo de Souza é professor na FAET/UFMT e pesquisador no NIEPE/FE/UFMT e no Instituto de Energia e Ambiente IEE/USP.

 

Terça, 06 Agosto 2024 17:05

 

  

Conforme convocação feita na semana passada, os docentes da Universidade Federal de Mato Grosso sindicalizados à Associação dos Docentes (Adufmat-Ssind) se reuniram nesta terça-feira, 06/08, para debater e encaminhar questões como calendário acadêmico e destinação de recursos remanescentes do fundo de solidariedade criado no período da pandemia, além de compartilhar informes de interesse da categoria.

 

De início, o professor Maelison Neves, diretor geral do sindicato, informou que a Reitoria da UFMT enviou um “termo de cessão onerosa”, querendo cobrar um aluguel de cerca de seis mil reais. A diretoria ainda aguarda acesso ao inteiro teor do processo, mas compreende que se tratar de um ataque, até mesmo porque já um contrato de comodato vigente até 2045; o docente informou, ainda, que foi aprovado o reajuste de contratos com a Unimed para os próximos três anos (clique aqui para saber mais); Neves também falou sobre o Encontro da Vice-presidência Regional do Andes-SN, que será realizado entre os dias 17 e 18/08, em Campo Grande – MS, e da reunião do Setor das Federais do Andes-Sindicato Nacional convocada para a mesma data, no qual a Adufmat-Ssind será representada pelo professor Aldi Nestor de Souza.

 

Com relação ao calendário acadêmico, a mesa contextualizou a situação, destacando que o acordo assinado com o Governo Federal após a greve deste ano traz uma cláusula no sentido de que a reposição das aulas deve ser feita em comum acordo entre os sindicatos e as instituições de ensino superior. Com isso, o próprio sindicato procurou a administração e recebeu da Pró-reitoria de Ensino e Graduação (Proeg) duas propostas de calendário, debatidas em assembleia geral (leia aqui). Além disso, os coordenadores de cursos da universidades também apreciaram as propostas da Proeg e optaram pela mesma proposta que a assembleia da Adufmat-Ssind: férias em janeiro e julho de 2025 e, para este ano, a manutenção das férias de 15 dias em setembro.

 

Ocorre que, ao chegar no espaço responsável por esta discussão, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe), as opções não eram essas. A administração justificou que as alterações relacionadas ao Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) comprometeram o período de férias, pois os estudantes que não colarem grau até 31/10 ficarão condicionado ao resultado do exame para concluir o curso – a previsão seria formatura em janeiro ou fevereiro de 2025.

 

O sindicato compreende que essa situação poderia incorrer em prejuízos aos estudantes, mas também entende que será um prejuízo a centenas de docentes, principalmente financeiro, ter de reorganizar as férias. Assim, considerando que o número de estudantes convocados para a prova do Enade não chega a 200 (enquanto os docentes são mais de 1800), o sindicato pensou na possibilidade de utilizar um recurso da própria UFMT: Extraordinário Aproveitamento de Estudos (Resolução Consepe 44/2010).

 

“Seria de apenas nove dias do prazo limite que extrapolaríamos para a colação de grau dos estudantes. Para preservar os preceitos de qualidade da formação, as coordenações conseguiriam organizar um plano de estudos para esses estudantes, durante esses dias ou um pouco mais, 15 dias, duas semanas”, sugeriu o diretor geral do sindicato.

 

Os docentes também avaliaram o fato de que o Consepe tem considerado agendar parte das férias durante o recesso natalino, o que não ocorre nem no  

 

O professor Vinícius Santos lembrou que desde a década de 1990, é ponto pacífico na UFMT que férias e recesso natalino são coisas diferentes.

 

Por fim, os presentes aprovaram encaminhar ao Consepe a posição do sindicato pela manutenção das férias entre os dias 12 a 26/09 deste ano, e 30 dias de férias em janeiro de 2025. Conforme decisão da assembleia, a Adufmat-Ssind também solicitará de que o conselho não inclua o recesso natalino no período de férias e que o mesmo faça uma Resolução disciplinando a forma como as coordenações de curso devem construir os planos de estudos para Extraordinário Aproveitamento de Estudos dos estudantes convocados para o Enade.

 

Sobre o ponto de pauta “destinação de recursos remanescentes do fundo de solidariedade criado no período da pandemia”, após debate, ficou aprovado que os cerca de 4 mil reais que estão na conta destinada a este fim serão destinados a projeto junto aos indígenas venezuelanos Warao.

 

“Como esse recurso foi arrecadado durante a pandemia, a diretoria entendeu que o que restou na conta deve atender a mesma finalidade: ajudar quem está passando por grande necessidade, e entre os pedidos que recebemos está o do povo Warao, que está enfrentando muitas dificuldades em Mato Grosso porque, além de todo o preconceito, as dificuldades de comunicação por conta de língua”, explicou a diretora Adriana Nascimento.

 

A ideia é construir um projeto que atenda a comunidade Warao no sentido de melhorar a comunicação e facilitar a inserção da comunidade nas relações locais. As professoras Maria Aparecida Rezende e Marinete Souza serão as responsáveis pela construção do projeto.

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind           

Segunda, 05 Agosto 2024 15:33

 

 

Foto: MTE/Divulgação

Empregadores responsabilizados por trabalho escravo terão que pagar uma indenização de, no mínimo, 20 salários mínimos para cada vítima, desembolsar 2% de seu faturamento bruto (até o limite de R$ 25 milhões) em programas de assistência aos trabalhadores resgatados ou vulneráveis e monitorar sua cadeia de fornecedores se quiserem sair da “lista suja” do trabalho escravo, o cadastro de infratores mantido pelo governo federal.

As regras estão em portaria interministerial assinada publicada nessa segunda (29), no Diário Oficial, por Luiz Marinho, ministro do Trabalho e Emprego, e Silvio de Almeida, ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, que atualiza o cadastro de empregadores pessoas física e jurídica flagrados com mão de obra análoga à de escravo.

Criada em novembro de 2003, a “lista suja” é atualizada semestralmente pelo governo federal. Os nomes são incluídos após os autuados exercerem o direito de defesa em duas instâncias na esfera administrativa e lá permanecem por dois anos. A portaria interministerial 4/2016, editada ao final do governo Dilma Rousseff, previa possibilidade de acordo, mas a previsão foi revogada pelo governo Michel Temer.

Apesar de a portaria que prevê a lista não obrigar a um bloqueio comercial ou financeiro, ela tem sido usada por empresas brasileiras e estrangeiras para seu gerenciamento de risco, com bloqueios ou imposição de condições. Isso tornou o instrumento um exemplo global no combate ao trabalho escravo, reconhecido pelas Nações Unidas. Ela conta, hoje, com 642 nomes e pode ser consultada aqui.

Os empregadores que firmarem o acordo com o governo serão relacionados em uma espécie de lista de observação. Caso descumpram os termos, que serão monitorados pelos ministérios do Trabalho e dos Direitos Humanos, voltarão para a lista principal e permanecerão por lá por dois anos.

Quanto vale o tempo de escravização?

O valor das indenizações às vítimas de trabalho escravo no Brasil tem sido motivo de polêmica nos últimos anos. Para além do montante pago como salários e direitos trabalhistas devidos, há uma tentativa por parte do Ministério Público do Trabalho e da Defensoria Pública da União de garantir valores mais justos através da negociação de danos morais no momento do resgate.

Contudo, procuradores e defensores acabam esbarrando no fato de que empregadores sabem que, em disputas na Justiça, magistrados costumam conceder valores mais baixos. Com exceções, valores individuais de R$ 5 mil a R$ 15 mil de indenização têm sido comum.

O texto da portaria prevê que as indenizações anteriormente pagas aos trabalhadores em demandas de procuradores e defensores públicos ou decisões judiciais podem ser considerados para atingir o somatório de, no mínimo, 20 salários. Nesse sentido, isso aumenta o montante pago, pois a diferença deverá ser complementada pelo empregador. Eventualmente, o valor pode até ultrapassar esse patamar. O acordo tampouco anula ações criminais em curso – lembrando que se trata de instâncias diferentes.

O texto prevê que o patamar de 20 salários mínimos seja aumentado em, pelo menos, dois salários a cada ano cativo.

O recorde de tempo de escravização no Brasil é de Maria de Moura. Ela foi resgatada pelo grupo especial de fiscalização móvel, em 2022, aos 85 anos, após ser submetida a 72 anos de condições análogas às de escravo como empregada doméstica. Serviu a três gerações de uma mesma família, no Rio de Janeiro, cuidando da casa e de seus moradores. Pelos cálculos, a indenização mínima seria de 164 salários.

Para acessar a matéria completa, clique aqui

Fonte: Repórter Brasil via Andes-SN

Segunda, 05 Agosto 2024 10:02

 

O governo federal bloqueou R$ 15 bilhões em despesas discricionárias do orçamento de 2024. O decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o detalhamento dos bloqueios por pasta, foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União na terça-feira (30).

De acordo com o governo, a medida é para manter a meta de déficit zero este ano, como prevê o arcabouço fiscal, que substituiu o teto de gastos e impôs novo limite às despesas discricionárias e investimentos sociais. A contenção afeta todos os órgãos de maneira geral, mas a pasta da Saúde é a mais atingida, com contenção de R$ 4,4 bi. A Educação deve perder R$ 1,28 bi.

O Decreto de Programação Orçamentária e Financeira bloqueia R$ 11,2 bilhões em despesas nos ministérios e contingencia R$ 3,8 bilhões. Desse total, R$ 9,2 bilhões foram em despesas discricionárias do Poder Executivo, R$ 4,5 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), R$ 1,095 bilhão em emendas de comissão e R$ 153 milhões de emendas de bancada. As emendas individuais foram poupadas. 

Para o presidente do ANDES-SN, Gustavo Seferian, o bloqueio expressa, sintomaticamente, o modo como o governo federal vem lidando com os interesses dos trabalhadores e das trabalhadoras, que reclamam investimento em direitos sociais e serviços públicos para garantir condições elementares de vida. “Os efeitos da medida - que recaem em diversas pastas, inclusive Educação e Saúde - sinalizam o quanto a atenção dos interesses do mercado se expressam como prevalentes na agenda econômica do governo Lula-Alckmin, praticando condutas avessas àquelas que discursivamente sinalizam”, afirmou.

Impacto do bloqueio

O ministério da Saúde foi o mais prejudicado, com bloqueio de R$ 4,4 bilhões. Na sequência, estão o ministério das Cidades (R$ 2,1 bilhões), dos Transportes (R$ 1,5 bilhão) e da Educação (R$ 1,2 bilhão). Os demais órgãos tiveram bloqueios abaixo de R$ 1 bilhão. O único ministério poupado foi o do Meio Ambiente e Mudança do Clima. As pastas têm até 6 de agosto para adotar medidas de ajustes e realizar o procedimento de indicação das programações e ações a serem bloqueadas. 

“Certamente a sinalização, da parte do MEC, quanto a alocação destas restrições de empenho, mostrará a qualidade e dimensão de mais este ato de violência contra a população trabalhadora, que reclama resposta contundente por parte das entidades sindicais, partidos e movimentos sociais”, avaliou o presidente do Sindicato Nacional.

Confira aqui a planilha com todos os bloqueios.

 

Fonte: Andes-SN

Sexta, 02 Agosto 2024 16:29

 

Representantes do ANDES-SN e do Sinasefe se reuniram com o governo nesta quinta-feira (1º) para cobrar o cumprimento do acordo assinado em junho deste ano. O termo é resultado do processo de negociações com as entidades do setor da Educação e fruto da greve de docentes das Instituições Federais de Ensino. A reunião foi solicitada pelo ANDES-SN em carta encaminhada aos ministérios da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e da Educação (MEC), no dia 24 de julho.

Foto: Eline Luz/ANDES-SN

Silvilene Souza e Charles Okama, representantes da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) do MEC, receberam as entidades em uma sala de reunião no ministério.

Na ocasião, um dos principais pontos debatidos foi a publicação da Portaria 750/2024, que revoga a Portaria 983/2020, a qual regulamentava as atividades docentes no âmbito da carreira docente do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT). Mas a Portaria 750/2024, que tem caráter transitório, também é problemática por se tratar de um "copia e cola" da Portaria 17/2016, antecessora da 983, mantendo diversos problemas que já foram denunciados pelo ANDES-SN.

Fernando Lacerda, 2º tesoureiro do ANDES-SN, que representou a entidade na reunião, cobrou, junto com o Sinasefe, do governo a apresentação de uma data para implementação do grupo de trabalho previsto no acordo e mais diálogo antes da publicação da próxima portaria, para alinhar algumas questões, como a inclusão dos Colégios de Aplicação, que ficaram de fora na Portaria 750. “O governo revogou a portaria 983, mas editou uma nova portaria que não atende totalmente a nossa pauta de greve”, observou. O diretor do ANDES-SN ressaltou, no entanto, o fato positivo de que essa é a primeira portaria importante editada pelo governo Bolsonaro em ataque à Educação que foi revogada pelo governo Lula.

“Diante de nossos questionamentos, o representante do MEC prometeu a instalação do grupo de trabalho sobre a 983 para 15 de agosto. Nessa reunião também, o governo afirmou que encaminharia nos próximos dias a solicitação para que as entidades indicassem seus representantes”, acrescentou.

Ainda na reunião, foi cobrada a efetivação da reestruturação remuneratória, a aglutinação das classes iniciais e alteração dos steps, a modificação do decreto 1590/1995 sobre a liberação do controle de frequência para o Magistério do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT), a padronização nacional das regras para progressão das e dos docentes, a recomposição do Conselho Permanente de Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC), a criação de grupos de trabalho para reenquadramento de aposentadas e aposentados, entrada lateral e insalubridade (revogação da IN 15), e a garantia da reposição pactuada dos calendários acadêmicos pós-greve com as entidades representativas das categorias nas IFE.

“Entendemos que o ANDES-SN deve continuar acompanhando, pressionando, e fazendo mobilizações para todos os pontos do acordo sejam atendidos e que as medidas de possam surgir das atividades dos grupos de trabalho estejam em consonância com aquilo que, historicamente, o nosso Sindicato Nacional vem defendendo e que constava na nossa pauta de reivindicações”, avaliou o 2º tesoureiro do Sindicato Nacional. 

MEC revoga Portaria 983

No mesmo dia da reunião com as entidades, o Ministério da Educação publicou a Portaria 750/2024, que revoga a Portaria 983/2020, a qual regulamentava as atividades docentes no âmbito da carreira docente do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT). A medida é uma das conquistas da greve, considerando o Termo de Acordo nº 10/2024, firmado entre o Governo Federal, o ANDES-SN e o Sinasefe.

A Portaria 983 trazia docentes da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (RFEPCT) ao estabelecer um aumento da carga horária mínima a ser cumprido e, ainda, instituía obrigatoriamente o controle de frequência por meio do ponto eletrônico.

A nova portaria do MEC estabelece que a Setec institua um Grupo de Trabalho (GT) para elaborar uma proposta de novas diretrizes para a regulamentação das atividades docentes, no âmbito da RFEPCT. O GT terá um prazo de 60 dias para concluir os trabalhos e apresentar um relatório final.

Até a edição de novas diretrizes complementares, as atividades docentes devem seguir as orientações descritas no Anexo da nova portaria. Essas atividades incluem ensino, pesquisa aplicada, extensão, gestão e representação institucional, e carga horária.

De acordo com Jennifer Webb, 1ª tesoureira do ANDES-SN, a revogação da Portaria 983 é um grande passo, mas há questões problemáticas na forma como foi feita. A principal delas é a data de publicação, que coincidiu com a reunião agendada com o MEC para discutir pontos do acordo que encerrou a greve, resultando em pouco tempo para analisar a medida detalhadamente.

A diretora do Sindicato Nacional também chama a atenção para o termo "pesquisa aplicada" contido na nova portaria. “Não aceitamos, pois defendemos a liberdade para pesquisar e a integração completa de ensino, pesquisa e extensão. Não faz sentido adjetivar a pesquisa, que é uma parte fundamental do tripé universitário”, explicou.

Outro ponto, conforme Webb, é a inclusão de "gestão" como atividade docente, além disso, a questão da "hora-aula" versus "hora-relógio" precisa ser explicada, pois poderá afetar o trabalho docente. “De forma preliminar, esses são os principais pontos que queremos discutir. Estamos solicitando uma nova reunião para analisar melhor a nova portaria, especialmente porque ela entra em vigor imediatamente, impactando o trabalho dos professores e das professoras da educação básica, técnica e tecnológica. Também queremos abordar questões como o controle do ponto eletrônico, que está ligado ao Decreto 1590/1995, incluído em nosso acordo”, contou.

A Portaria 750 também estabelece a carga horária docente, que deve ser dividida entre as atividades mencionadas. Para docentes em regime de tempo integral, a carga horária semanal de aulas varia entre o mínimo de 10 horas e o máximo 20 horas, enquanto para docentes em regime de tempo parcial, varia entre 8 e 12 horas semanais. A Portaria 983 previa um mínimo de 14 horas semanais em aula, para as e os docentes em regime de tempo integral, e de 10 horas semanais para as e os docentes em regime de tempo parcial.

“O que queremos é o estabelecimento de 8 horas semanais de aula como é no Magistério Superior. Isso é um aspecto muito importante de que trata a isonomia com todos os docentes do Magistério Federal”, pontuou a diretora.
 
Acesse aqui a nova portaria

 

Fonte: Andes-SN

Sexta, 02 Agosto 2024 16:24

 

 

No último final de semana, docentes do ensino superior de todo o país se reuniram para mais um processo fundamental da organização política da categoria. O 67° Conselho da Andes Sindicato Nacional (67° Conad) foi realizado entre os dias 26 e 28/07, em Belo Horizonte – MG, com o tema “Fortalecer o Andes-SN nas lutas por mais verbas para a educação, salários e em defesa da natureza”, tendo como objetivo a atualização do plano de lutas aprovado no congresso da categoria, no início do ano.  

 

Entre os 79 delegados e 189 observadores representando as 81 seções sindicais, estavam os cinco docentes que formaram a delegação da Adufmat-Ssind conforme indicação em assembleia geral: Ana Paula Sacco (diretora da Adufmat-Ssind na função de delegada), Alair Silveira, Luciane Gomes, Juliano dos Santos (Sinop) e Valéria Queiroz (Araguaia) como observadores.

 

Durante os três dias de intensos debates, tanto abertos, em plenárias, quanto restritos, em grupos mistos (que reúnem delegados, observadores e diretores), foram encaminhadas ações a serem implementadas no Plano Geral de Lutas (direcionado aos Grupos de Trabalho), além dos setores das Federais e Estaduais/Municipais.  

 

Para a professora Valéria Marcia Queiroz, do curso de Letras campus Araguaia e  membro do Grupo de Trabalho Política Educacional da Adufmat-Ssind (GTPE), o evento foi marcado pelas divergências entre o grupo que está na direção do Sindicato Nacional e a oposição, especialmente sobre as avaliações acerca do final da greve deste ano, a realização do IV Encontro Nacional de Educação, a participação do Andes/SN no Fórum Nacional de Educação e a criação do Grupo de Trabalho de Oposição (GTO) - que tem como objetivo aproximar as lideranças políticas de seções sindicais vinculadas ao Proifes-Federação, mas que desejam retomar o vínculo com o Andes-SN.

 

Pode ser uma imagem de 2 pessoas e multidão

 Plenárias de Instalação e Abertura. Foto: Eline Luz/ Andes-SN

 

A docente, que já participou de outros encontros nacionais do Andes-SN, observou a permanência do caráter classista do sindicato, que implica na amplitude das lutas, extrapolando qualquer corporativismo. “Foi interessante observar a multiplicidade de lutas enfrentadas pelo ANDES-SN, perpassando desde as questões mais voltadas diretamente a nossa atuação profissional, enquanto professores, como a questão da carreira, progressão, aposentadoria, etc., até assuntos de maior amplitude, voltados para os interesses de toda a sociedade, como a luta contra a homofobia, o racismo, o genocídio na Palestina, entre outros. Como observadora do evento, posso afirmar que foram três dias de trabalho muito intenso, mas de muito aprendizado. Destaco, sobretudo, o momento da análise de conjuntura que nos possibilita ampliar nossos conhecimentos pelo volume e diversidade de questões apresentadas. Além disso, nos possibilita engajar, com conhecimento, na luta por uma universidade pública, gratuita, laica e de qualidade”, afirmou.

 

A professora Alair Silveira, membro do Grupo de Trabalho Política e Formação Sindical (GTPFS), publicou um Relatório no Espaço Aberto com sua avaliação (leia aqui). O artigo também ressalta as divergências sobre o encerramento da greve. Além de apontar a perspectiva antagônica dos debates com relação ao esgotamento da greve e a responsabilização do Comando Nacional de Greve (CNG), hegemonizada pelas forças políticas Andes Luta pela Base (ALB) e Renova, a professora afirma que houve, ainda, críticas quanto ao “ineditismo de uma consulta sobre a ‘construção de saída unificada’ transformada em ‘saída imediata’, sem consulta às bases, assim como a dissolução do CNG (27/06) antes mesmo da data indicada para saída unificada (03/07)” e ao “Acordo que, na prática, representa poucos avanços e compromete a luta pela recomposição salarial nos anos de 2025 e 2026”.

 

A diretora da Adufmat-Ssind e delegada, na ocasião, professora Ana Paula Sacco, salientou que o evento ocorreu na sede do Cefet-MG, onde os participantes foram muito bem recebidos pelos servidores e representantes dos movimentos sociais locais, além da realização de outras atividades. “Durante o período, pudemos atualizar os planos de lutas gerais e dos setores do Andes-SN sem intercorrências. Ocorreu, durante o evento, o início da campanha ‘Sou Docente Antirracista e lançamento da revista Universidade e Sociedade: a urgência da luta antirracista nas Universidades, Institutos Federais’. A delegação da Adufmat-Ssind contou com professores de Cuiabá, Sinop e Araguaia, um momento de trocas, de avaliações da greve docente e de reafirmarmos a unidade por uma educação classista”, concluiu.

 

Todas as informações sobre o 67º Conad podem ser obtidas nas páginas oficiais da Adufmat-Ssind (acesse aqui) e do Andes-Sindicato Nacional (clique aqui).

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Quinta, 01 Agosto 2024 10:31

 

A Diretoria da Adufmat-Ssind, no uso de suas atribuições regimentais, convoca todos os sindicalizados para Assembleia Geral Extraordinária PRESENCIAL a se realizar:

Data: 06 de agosto de 2024 (terça-feira)

Horário: 13h (Cuiabá) com a presença mínima de 10% dos sindicalizados e às 13h30, em segunda chamada, com os presentes.

Pauta:

1) Informes;

2) Calendário acadêmico da UFMT;

3) Destinação de recursos remanescentes do fundo de solidariedade do período da pandemia.


A Assembleia será presencial e ocorrerá simultaneamente no auditório da sede de Cuiabá e nos campi do Araguaia e SINOP.

 



Cuiabá, 01 de agosto de 2024
Gestão Lutar e Mudar as Coisas nos Interessa Mais

Quinta, 01 Agosto 2024 10:12

 

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Alair Silveira
Profa. Dra. Departamento SOCIP
Pesquisadora MERQO/CNPq
Membro GTPFS/ADUFMAT


            No período de 26 a 28 de julho/2024 foi realizado o 67º CONAD/ANDES-SN, na cidade de Belo Horizonte/MG, com a presença de mais de 60 delegados e vários observadores, além da Diretoria do Sindicato Nacional.
            Organizado a partir de três temas (a) Conjuntura; b) Atualização Plano Geral de Lutas e, c) Questões Organizativas e Financeiras), ao todo foram apreciadas 33 Textos-Resolução.
            De maneira geral, três grandes questões polarizaram o debate: 1) Balanço da Greve 2024; 2) Educação: ENE e participação do FNE; e 3) Criação do GTO. O Tema I, dedicado à Análise de Conjuntura, foi pautado pela avaliação da greve. Apesar da relevância do balanço, muitos dos inscritos para o debate, não conseguiram garantir participação (selecionados a partir de sorteio). 
Mesmo com a oportunidade criada pela aprovação, como proposta minoritária em apenas dois dos Grupos Mistos que chegaram a apreciar o TR 13, o que assegurou a discussão sobre a greve da educação em 2024 no Plenário, mais uma vez, por sorteio, muitos não tiveram oportunidade de compartilhar suas análises. De qualquer maneira, foi possível identificar duas posições antagônicas: de um lado, aquela encampada pelas forças políticas organizadas no Coletivo Andes de Luta pela Base (ALB), que dirige o ANDES-SN, e pelo Renova. De outro lado, as oposições: GRAÚNA, Militância Classista, CAEL, POR e Rosa Luxemburgo.
            Para as forças hegemônicas dentro do ANDES-SN (ALB e Renova), a greve esgotou suas possibilidades e, por isto, não avançou mais. Porém, de acordo com ambas as correntes, foi politicamente vitoriosa, pois “derrotou” o PROIFES e trouxe ganhos (mesmo que parciais), especialmente com relação aos percentuais de reajuste e à revogação da Portaria n. 983.
            Em perspectiva totalmente antagônica, as oposições divergiram quanto ao esgotamento da greve, responsabilizando a direção do CNG (hegemonizada pelas forças ALB e Renova) pelo encaminhamento dos Comunicados n. 84/85, sinalizando vulnerabilidades da greve não sustentadas em fatos objetivos. Mais uma vez foi solicitado que tal “esgotamento” fosse demonstrado pela correlação de forças, o que não foi feito. Além da divergência quanto ao esgotamento ou não da greve nas primeiras semanas de junho, tampouco foram respondidas as questões levantadas quanto às coincidências dos Comunicados n. 84/85 em relação à intervenção de Lula (no dia 10/06) e à proximidade com as eleições municipais de 2024.
            Registrado, também, o ineditismo de uma consulta sobre a “construção de saída unificada” transformada em “saída imediata”, sem consulta às bases, assim como a dissolução do CNG (27/06) antes mesmo da data indicada para saída unificada (03/07).
            Não bastassem estas críticas, também foi duramente criticada a assinatura do Acordo que, na prática, representa poucos avanços e compromete a luta pela recomposição salarial nos anos de 2025 e 2026. Neste particular, a “disputa” com o PROIFES para assinatura do Acordo seria cômica senão fosse trágica!
            Outras questões polêmicas foram o indicativo para a realização do ENE (embora a CONEDEP ainda não tenha tomado decisão); e a participação ou não do ANDES-SN no Fórum Nacional de Educação (MEC). Mais uma vez, até a participação do PROIFES como membro do FNE serviu de argumento para defesa da adesão do ANDES-SN ao Fórum.
            Outra questão polêmica foi a criação ou não do Grupo de Trabalho Oposições (GTO), dedicado a articular as oposições da base do PROIFES que reivindicam retorno ao ANDES-SN. Para as forças de oposição dentro do ANDES-SN, esta discussão deveria ser encaminhada ao GTPFS e por ele aprofundada e encaminhada para o 43º Congresso. Esta proposta foi derrotada e, portanto, foi criado o GTO.
            Por fim, cabe registrar que o 68º CONAD será realizado em Manaus/AM. Da mesma forma, fundamental o destaque à campanha apresentada no 67º CONAD, intitulada “Sou docente antirracista”. Campanha que conta, além de botons e adesivos, com a Revista Universidade e Sociedade n. 74/2024, dedicada ao tema.         

PS: Professor Rodrigo Castelo (UNIRIO) chamou atenção para a utilização das Universidades, através das OS e Emendas Parlamentares. Quem tiver interesse em ler reportagem da UOL, acesse o link abaixo.
 https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2024/07/15/farra-milionaria-ongs-usam-laranjas-servico-fantasma-e-superfaturamento.htm


Quarta, 31 Julho 2024 17:26

 

O ANDES-SN cobrou do governo federal informações sobre o cumprimento do acordo assinado no dia 27 de junho. O termo é resultado do processo de negociações com as entidades do setor da Educação – ANDES-SN e Sinasefe –, fruto da greve de docentes das Instituições Federais de Ensino.

O documento apresenta dez perguntas acerca dos encaminhamentos e procedimentos adotados pelos órgãos do Executivo para efetivar as conquistas da categoria docente. Na carta encaminhada ao Secretário de Relações de Trabalho do Ministério de Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), José Lopes Feijóo, e ao Secretário de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Alexandre Brasil Carvalho da Fonseca, o ANDES-SN solicita ainda uma reunião, com urgência, para tratar dos temas.

Entre as providências cobradas estão a efetivação da reestruturação remuneratória; a aglutinação das classes iniciais e alteração dos steps; a alteração do decreto 1590/1995 sobre a liberação do controle de frequência para o Magistério do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT); revogação da portaria MEC 983/2020; criação de grupo de trabalho para nova regulamentação dos encargos dos docentes EBTT; regras padronizadas nacionais para a progressão dos docentes; recomposição do Conselho Permanente de Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC);  criação de grupos de trabalho para reenquadramento de aposentados/as, entrada lateral e insalubridade (revogação da IN nº 15); e garantia da reposição pactuada dos calendários acadêmicos pós-greve com as entidades representativas das categorias nas IFE. 

Reunião

Até o momento, os ministérios não responderam aos questionamentos encaminhados no dia 24 de julho. No entanto, nesta quarta-feira (31), está prevista uma reunião no MEC para tratar dos itens apontados na carta.

Confira aqui carta.

 

Fonte: Andes-SN