Quarta, 28 Maio 2025 15:38

 

Entidade encaminhou também quadro atualizado do cumprimento do Acordo de Greve

 

O ANDES-SN divulgou o calendário de mobilizações dos e das docentes das Instituições Federações de Ensino (Ifes) para as próximas semanas. As atividades, uma construção conjunta com demais entidades do setor da Educação, têm por objetivo avançar na luta em defesa do orçamento da educação federal e pelo cumprimento integral do acordo de greve, firmado em 2024.

A agenda de lutas coletivas foi debatida em reunião realizada entre as entidades nessa terça-feira (27), que contou com a participação, pelo ANDES-SN, de Clarissa Rodrigues, 2ª vice-presidenta da Regional Leste do Sindicato Nacional, e Breno Guimarães, 1º vice-presidente da Regional Pantanal, além de representantes da Fasubra, Sinasefe, UNE, Ubes, Uesdf, ANPG e Fenet.

Na próxima quinta-feira (29), acontecerá o Dia Nacional de Luta e em Defesa do Orçamento da Rede Federal de Ensino e da Educação Pública. De 2 a 10 de junho, está prevista uma Jornada de lutas nas seções sindicais com debates, rodas de conversa, mobilizações locais em defesa do orçamento da rede federal de ensino e pelo cumprimento integral do acordo da greve.

No dia 11 de junho, a partir das 16 horas, acontecerá uma plenária ampliada, com as entidades da educação. A atividade será presencial na sede do ANDES-SN, em Brasília (DF), e em modalidade híbrida.

Já em 12 de junho, pela manhã, será realizado um ato em frente ao Ministério da Educação (MEC), na Esplanada dos Ministérios, na capital federal. No período da tarde, a manifestação será em frente ao Ministério de Gestão e Invocação em Serviços Públicos (MGI), para acompanhar a Mesa Nacional de Negociação Permanente (MNNP). 

No dia 13 de junho, representantes das seções sindicais do ANDES-SN participarão da reunião do Setor das Ifes do Sindicato Nacional, na sede da entidade, a partir das 9 horas.

Na circular 231/2025, que encaminhou a agenda, também foi enviado o quadro atualizado do cumprimento do acordo de greve firmado pelo ANDES-SN com o governo federal, em junho de 2024. Das nove cláusulas, apenas duas só foram cumpridas integralmente, ainda que com atrasos. Confira aqui a Circular.

 

Fonte: Andes-SN

Quarta, 28 Maio 2025 14:43

 

Docentes de várias universidades mexicanas e defensores dos direitos humanos realizaram, no último fim de semana (24 e 25), um protesto para exigir que o governo do México rompa as relações diplomáticas, políticas, econômicas e militares com o Estado de Israel, acusado de cometer genocídio contra o povo palestino, especialmente na Faixa de Gaza.

 

Abrigos temporários em Gaza ficaram em pedaços após ataques aéreos. Foto: Reprodução Unicef

 

As e os manifestantes participaram de um jejum de 24 horas pela vida e contra o genocídio do povo palestino, iniciado na tarde de sábado (24) e encerrado no domingo (25), na Cidade do México. Em manifesto lido durante o protesto, o grupo questionou o Estado mexicano:  "Como o governo mexicano quer ser lembrado? Como o país que defendeu a livre autodeterminação de seus povos, ou como um daqueles que permaneceram em silêncio diante da barbárie?".

As e os participantes destacaram que parlamentos e governos europeus já adotaram medidas mais duras contra Israel, incluindo apelos por sanções econômicas e a suspensão de relações comerciais, em resposta às ações militares que têm causado milhares de vítimas civis palestinas e desencadearam uma grave crise humanitária.

Além disso, o grupo pediu à presidenta do país, Claudia Sheinbaum, que revise completamente toda a colaboração com Israel. Também exigiu que as universidades mexicanas rompam os laços acadêmicos com instituições israelenses. "Na situação atual, as instituições israelenses empregam tecnologias de controle, hipervigilância e exclusão, justificando a desumanização e o extermínio do povo palestino", denunciou.

Teresa Rodríguez de la Vega, integrante do coletivo Acadêmicos com a Palestina Contra o Genocídio e organizadora da manifestação, enfatizou a urgência de "o governo mexicano endurecer sua postura em relação ao genocídio em Gaza e passar de declarações a ações que possam de alguma forma influenciar o fim dessa barbárie".

Também foi feito um apelo direto à representação mexicana nas Nações Unidas para que promova sanções internacionais contra Israel e contra países que, por meio da venda de armas ou do silêncio diplomático, permitam que o conflito continue.

O jejum contou com o apoio de professoras e professores da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), da Universidade Autônoma Metropolitana (UAM) e da Universidade Autônoma da Cidade do México (UACM), além de membros de organizações de direitos humanos.

Educação básica em greve

Docentes da educação básica mexicana estão em greve desde 15 de maio, data que marca o dia dos professores e professoras no México. A paralisação nacional é organizada pela Coordenação Nacional de Trabalhadores(as) da Educação (CNTE) e reivindica reposição salarial, considerando perdas recentes e históricas, revisão da Lei da Previdência (ISSSTE) de 2007, garantindo aposentadoria digna; além da revogação da Lei do SICAMM, que afeta a estabilidade de trabalho e impede a participação sindical.

Em todo o país, a categoria realiza manifestações, bloqueios de estradas e também um acampamento em frente ao Palácio do Governo para conseguir diálogo com o governo da presidenta Claudia Sheibaum.
 

Fonte: Andes-SN (com informações da teleSUR-CC, La Jornada e El Universal)

 
Quarta, 28 Maio 2025 12:09

 

 

Diante dos descontos fraudulentos aplicados por meio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), alguns docentes sindicalizados da Adufmat-Ssind demonstraram preocupação sobre a possibilidade de haver alguma incongruência com relação a outros direitos trabalhistas, como o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público – Pasep, e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS.

 

Ocorre que, em 2023, diante de algumas constatações, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) atribuiu ao Banco do Brasil a responsabilidade sobre “eventuais falhas na gestão do Pasep, incluindo saques indevidos, desfalques e ausência de aplicação correta dos rendimentos”. Em 2025, a Polícia Federal descobriu um esquema que roubou recursos do FGTS. Não há qualquer evidência que relacione o caso do INSS ao das contas do Pasep ou do FGTS, mas de fato os servidores com vínculo anterior a cinco de outubro de 1988 tiveram reconhecido o direito ao saque desses recursos e, para isso, eles precisam ser verificados. 

 

Segundo a Assessoria Jurídica da Adufmat-Ssind, a decisão do STJ, em 2023, não fixou valores de indenização para casos comprovados de falhas e, para comprová-las, será necessária a realização de perícia individual, com análise de questões como a prescrição e o cálculo do período de tempo devido em relação aos valores creditados na conta do servidor ao longo do tempo. A mesma orientação serve para o caso do FGTS. 

 

“A Adufmat-Ssind já elaborou um parecer explicando o alcance da decisão, no qual orienta juridicamente os servidores quanto às medidas judiciais cabíveis. Lembrando que as condições para pleitear a correção monetária do Pasep (Tema Repetitivo 1.150 do STJ) são: servidores que tomaram posse antes de 1988, que já se aposentaram, e que pediram o extrato do Pasep (ciência dos descontos) junto ao Banco do Brasil no período de até 10 anos após a aposentadoria. É preciso, ainda, recuperar os extratos das contas do Pasep junto ao Branco do Brasil que, por sua vez, é obrigado a fornecê-los mediante pedido”, explicou o assessor jurídico do sindicato, Jônathas Hosaka. Os extratos do FGTS deverão ser solicitados à Caixa Econômica Federal.  

 

Confira, abaixo, a íntegra do relatório enviado pela Assessoria Jurídica do sindicato. Vale destacar que os docentes sindicalizados que desejam obter mais informações sobre sua situação particular podem agendar horário com os advogados, que atendem presencialmente todas as terças-feiras pela manhã, no auditório da sede, em Cuiabá.  




 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Terça, 27 Maio 2025 09:15

*Atualizado às 16h do dia 29/05 para inclusão de terceiro ponto de pauta, conforme publicado em edital complementar (clique aqui para ler). 

 

A Diretoria da Adufmat-Ssind, no uso de suas atribuições regimentais, convoca todos os sindicalizados para Assembleia Geral Ordinária PRESENCIAL a se realizar:

Data: 30 de maio de 2025 (sexta-feira)

Horário: 13h30 (Cuiabá) com a presença mínima de 10% dos sindicalizados e às 14h, em segunda chamada, com os presentes

Pontos de pauta:

1) Informes;
2) Apreciação do Regimento Eleitoral para eleições da Diretoria Geral  e representações locais da Adufmat-Ssind;
3) Indicação de terceiro suplente da Comissão Eleitoral para eleições da Diretoria e representação local de Subsede da Adufmat-Ssind.

 

 

Cuiabá, 27 de maio de 2025
Gestão Lutar e Mudar as Coisas nos Interessa Mais

Segunda, 26 Maio 2025 13:08

 

Cedendo à pressão dos empresários da educação, o governo federal publicou, no dia 19 de maio, o Decreto nº 12.456/2025, que regulamenta a Nova Política de Educação a Distância (EaD). Além de estabelecer novas regras para o ensino a distância, a nova norma também trata da oferta de cursos presenciais, cria um novo formato de EaD – o semipresencial – e define as atividades online síncronas e síncronas mediadas (aulas interativas a distância em tempo real) como integrantes da EaD. 

 

Foto: Marcelo Carmargo/Agência Brasil

 

Outra mudança imposta pela nova política é a definição de cursos vedados no formato da educação a distância devido, segundo o Ministério da Educação (MEC), à centralidade de atividades práticas, laboratórios presenciais e estágios. Somente os cursos de medicina, direito, enfermagem, odontologia e psicologia deverão ser ofertados exclusivamente no formato presencial. 

Os demais cursos da área de Saúde e as licenciaturas também não poderão ser ofertados totalmente a distância, mas há previsão para que sejam ministrados no formato semipresencial. Os formatos de oferta dos cursos superiores de graduação foram regulamentados pelo MEC por meio da Portaria nº 378/2025. 

De acordo com o decreto, o formato presencial é caracterizado pela oferta majoritária de carga horária presencial física, com até 30% no formato EaD. Já o semipresencial deverá ser composto por, pelo menos, 30% da carga horária em atividades presenciais físicas (estágio, extensão, práticas laboratoriais) e, pelo menos, 20% em atividades presenciais ou síncronas mediadas. O EaD é caracterizado pela oferta preponderante de carga horária a distância, com limite mínimo de 20% atividades presenciais e/ou síncronas mediadas, com provas presenciais. 

Segundo Clarissa Rodrigues, 2ª vice-presidenta da regional Leste do ANDES-SN, apesar de vender a nova regulação como algo positivo, o governo cede mais uma vez aos interesses dos grandes grupos privados, criando o modelo semipresencial – o que permite ampliar as possibilidades de EaD, por exemplo.

“Depois de um longo tempo, o governo publica a nova regularização da EAD. A oferta presencial pode ser até 30% da carga horária, diminuiu em relação à regulamentação de 2019, mas criaram uma modalidade semipresencial que não existia. Assim, o governo cede à pressão dos grupos empresariais que cobravam regulamentação para "ensino híbrido", que é o novo semipresencial. Além disso, passaram a considerar "aula síncrona mediada" como presencial. Isso é o que os grandes grupos privados queriam”, critica a diretora, que também é da coordenação do Setor das Instituições Federais de Ensino (Ifes) da entidade.

Clarissa alerta que o ensino a distância foi barrado em poucos cursos. As licenciaturas - cursos de formação de professores – passarão a ser ofertados por instituições privadas em formato semipresencial, “uma EaD disfarçada”, classifica a docente. O mesmo acontecerá em cursos da área da Saúde como Terapia Ocupacional e Fisioterapia. 

Para a docente, a pressão sobre as universidades públicas de aumentar para adotarem o formato semipresencial, ainda mais em um cenário de dificuldades orçamentárias e desfinanciamento das instituições.

Claudia Piccinini, 1ª vice-presidenta da regional Rio de Janeiro e do grupo de trabalho de Política Educacional do ANDES-SN (GTPE), também rebate o argumento do governo federal de que a medida irá ampliar o acesso à educação com qualidade. A docente ressalta que o processo de “eadesação” da educação superior não representa uma democratização do acesso. 

“Democratização do acesso seria ter escolhas relacionadas à educação superior pública e gratuita, com programas concretos, voltados para o acesso e permanência dos estudantes, como moradia, restaurantes universitários, bolsas, transporte público para acesso às universidades. Democracia é isso: você ter várias opções e poder realmente escolher entre essas opções”, explica.

A coordenadora GTPE do ANDES-SN reforça que, em um cenário de asfixia financeira, de desfinanciamento das universidades públicas e gratuitas, é preocupante a EaD, seja em qualquer formato, ser apresentada como a única alternativa possível. Importante lembrar que semanas antes de apresentar a nova política, o governo federal impôs um novo contingenciamento ao orçamento das Instituições Federais de Ensino, que deverá inviabilizar o funcionamento de diversas universidades, institutos federais e cefets.

“Na medida em que os prédios estão caindo, em que não há concursos públicos para docentes, que não há, por parte do governo, políticas de expansão das universidades, dos cursos presenciais, isso significa que, no mundo real, no cotidiano, você não vai ter a possibilidade de expansão de vagas para o ensino superior presencial público e de qualidade. Ou seja, isso não é um processo de democratização do ensino superior, é uma massificação que não é sinônimo de qualidade”, aponta.

Claudia alerta ainda que os cursos de EaD têm um percentual de evasão muito grande e o governo parece não ter levado isso em consideração ao elaborar essa nova política. Segundo dados do Censo da Educação Superior de 2023, a taxa de desistência acumulada nessa modalidade foi de 66%.

A diretora do ANDES-SN aponta ainda que, embora o Sindicato Nacional tenha respondido algumas perguntas do MEC em relação à questão da EaD, as críticas não foram dialogadas e não houve, na avaliação da docente, um amplo debate social sobre a nova política.

“Acho que, novamente, o governo acena com a ideia de democratização, do acesso, de participação pública nas decisões, mas ainda temos muito que avançar”, pondera.

Confira a Cartilha Projeto do capital para a educação, volume 4: O ensino remoto e o desmonte do trabalho docente

 

Fonte: Andes-SN

Sexta, 23 Maio 2025 14:26

 

O ANDES-SN lançou, nessa quinta-feira (22), a segunda edição da nova temporada do programa “Carreira Docente em Movimento”. O projeto tem como objetivo central debater temas fundamentais relacionados à carreira docente, esclarecer dúvidas da categoria, reafirmar a luta por direitos e fortalecer a organização coletiva.

Neste episódio, participam Alexandre Galvão, 2º secretário do ANDES-SN, e Clarissa Rodrigues, 2ª vice-presidenta da Regional Leste do Sindicato Nacional. Ambos integram a coordenação do Grupo de Trabalho de Carreira (GT Carreira) e abordam um dos principais pontos discutidos no 15º Conad Extraordinário: o equilíbrio no tempo necessário para percorrer a carreira docente.

Segundo as diretrizes aprovadas no evento deliberativo, o tempo ideal para que docentes cheguem ao topo da carreira deve estar entre 18 e 20 anos. A proposta visa garantir que todas e todos possam alcançar o último nível da carreira antes da aposentadoria, vivendo seus últimos anos de trabalho com estabilidade, reconhecimento e valorização profissional. 

A formulação leva em conta a idade média de ingresso no serviço público e busca evitar que a trajetória profissional se prolongue além do tempo de permanência na ativa.

Nova temporada

Após dez edições realizadas no ano passado, o Carreira Docente em Movimento retorna em sua segunda temporada, com foco nas diretrizes definidas durante o 15º Conad Extraordinário, realizado em Brasília (DF), reforçando a importância da mobilização em torno da carreira única docente. A participação da categoria é fundamental para fortalecer o debate. Envie suas dúvidas e sugestões para o programa pelo e-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo..

Clique aqui e assista ao episódio completo.

 

Fonte: Andes-SN

Sexta, 23 Maio 2025 14:17

 

O Decreto nº 12.448/2025, editado pelo governo federal em 30 de abril, limitou drasticamente os recursos repassados às Instituições Federais de Ensino. A nova regra estabelece o repasse de apenas 1/18 do orçamento por mês, com a promessa de que o restante do total será liberado para ser empenhado em dezembro, impondo um contingenciamento de mais de 30% no orçamento previsto para as IFE em 2025.

Conforme o decreto, serão realizados 11 repasses mensais até novembro, correspondentes a 61% do total previsto no orçamento anual. Os 39% restantes serão liberados no último mês do ano, o que deverá dificultar o empenho total do montante.

“Há uma preocupação generalizada com o Decreto 12.448/2025, que estabelece o repasse de 1/18 do orçamento por mês com a promessa de que o restante do total será liberado em dezembro. Essa manobra do governo Lula/Alckmin criará dificuldades para execução do orçamento, já cortado, das IFE que terão poucos dias em dezembro para acelerar as tramitações internas de gasto. O quadro se agrava diante de um longo período que temos vivenciado com a lógica do Teto de Gasto, que afetou diretamente o dia a dia das universidades, institutos federais e cefets”, explica Clarissa Rodrigues, coordenadora do Setor das Ifes e 2ª vice-presidenta da regional Leste do ANDES-SN.

A diretora ressalta que, durante a greve da educação federal de 2024, devido à pressão da mobilização houve a conquista de um incremento de R$ 5,5 bilhões para o orçamento da Educação Federal. No entanto, no mesmo ano, o governo realizou contingenciamentos no final de julho e em setembro, e o orçamento do Ministério da Educação sofreu um corte de R$1,37 bilhão.

Frente à ameaça que o decreto 12.448/2025 impõe às universidades federais, institutos federais e cefets, o ANDES-SN encaminhou, em 13 de maio, uma carta ao MEC solicitando esclarecimentos acerca dos impactos práticos decorrentes da medida. “Apesar da manifestação oficial do governo federal indicando que o referido decreto “não traz medidas de bloqueio ou contingenciamento de despesas dos ministérios”, observa-se, na prática, que diversas universidades, institutos federais e Cefets já anunciaram dificuldades significativas para manter suas atividades regulares, alegando a necessidade de medidas de contenção de despesas de custeio e capital”, afirma o documento enviado a diversas secretarias do ministério e não respondido até o momento (21/5).

No dia anterior (12), na primeira reunião da Mesa Setorial de Negociação Permanente no âmbito do Ministério da Educação (MSNP-MEC), o ANDES-SN também questionou sobre o decreto 12.448/25, publicado no último dia 30 abril. Os representantes do Sindicato Nacional alertaram que o decreto vai colapsar o funcionamento das IFE e que algumas já estão tomando medidas que impactam o funcionamento das atividades.

Clarissa Rodrigues reforça que o decreto 12.448/2025 criou uma situação insustentável nas instituições federais de ensino. “Nas últimas semanas, temos acompanhado notícias vindas das próprias gestões das Ifes que revelam o estrago dos cortes e contingenciamentos de 2025. Diversas reitorias divulgaram notas sobre os impactos, já indicando a medidas como cortes de bolsas, diminuição das viagens que sustentam as atividades de ensino, pesquisa e extensão, ameaça de demissão de terceirizados, entre outras”, relata.

Conforme a diretora do ANDES-SN, o quadro se agrava diante de um longo período vivenciado sob a lógica do Teto de Gastos, que afetou diretamente o dia a dia das universidades, institutos federais e Cefets.  “A nossa luta, que era para a recomposição do orçamento, agora tem que ser também para derrubar o decreto. O decreto escancara o papel nefasto do Arcabouço Fiscal. No artigo 15, está explicito que o pagamento da dívida continuará. Nesse sentido, é importante que tenhamos uma articulação nacional não só com Sinasefe e Fasubra, mas também o movimento estudantil. Uma luta que deve ser pelo fim do Arcabouço Fiscal, pela recomposição do orçamento das instituições e pela revogação do Decreto 12.448/2025”, conclama a docente.

Manifestações

Em nota, o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) afirmou que “essas medidas dificultam o cumprimento de compromissos essenciais das 685 unidades da Rede Federal, como pagamento de bolsas estudantis, manutenção de campi, contratos de serviços (energia, limpeza, segurança) e execução de projetos pedagógicos, de pesquisa e extensão. Ressaltamos que a Rede Federal tem atuado com planejamento responsável e execução rigorosa dos recursos públicos”.

Segundo a entidade, um ponto sensível também é a situação dos profissionais de Atendimento Educacional Especializado (AEEs), que garantem a inclusão e o suporte a estudantes com necessidades específicas. A regulamentação e o financiamento destes é indispensável para a continuidade das políticas de inclusão, preconizadas pela Rede Federal. “Dessa forma, a limitação orçamentária, somadas ao corte de 4,9% na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025 e a ausência de reajuste pelo IPCA, comprometem sobremaneira a sustentabilidade financeira das instituições, sob pena de interrupção das atividades a partir de junho de 2025”, afirmou o Conif.

Já a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) declarou que “o Decreto impõe limitações relevantes à execução orçamentária das despesas discricionárias mensais das universidades federais, afetando diretamente sua capacidade de planejamento e gestão. Os principais compromissos das IFES requerem pagamentos continuados ao longo de todo ano, com despesas mensais relativas à assistência estudantil, bolsas acadêmicas de estudantes, contratos de terceirização, restaurantes universitários, água, energia, entre outros. Portanto, limitar a execução mensal e liberar parte do orçamento somente em dezembro não apenas inviabiliza a continuidade das atividades das universidades federais como também a devida execução orçamentária.”

 

Fonte: Andes-SN

Sexta, 23 Maio 2025 11:02

 

 

Em assembleia geral realizada nesta quinta-feira, 22/05, na Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), os docentes presentes aprovaram a realização de reforma na sede do sindicato, além da comissão eleitoral que ficará responsável pela eleição da nova diretoria nos próximos meses. Outros pontos de pauta, como plano de trabalho do GT Encargos Docentes para a Reformulação da Resolução 158/10, e reforços à Comissão da Memória, Justiça, Verdade e Reparação – incluído, a pedido, no início da assembleia -, também foram debatidos e encaminhados.

 

Durante o ponto de pauta Informes, a Diretoria detalhou a questão dos descontos sindicais que foram atualizados, alguns com valores errados (leia nota aqui). A diretora Adriana Pinhorati garantiu que não houve erro intencional, que os equívocos já foram identificados e os valores que foram descontados acima da contribuição correta serão devolvidos. A categoria contribuiu com o informe, reiterando que a atualização do desconto sindical é um direito do sindicato, e que a universidade não pode dificultar o acesso aos dados corretos, como está fazendo desde 2023.

 

A também diretora, Lélica Lacerda, falou sobre a denúncia realizada sobre o fechamento das salas voltadas ao atendimento de mulheres vítimas de violência nas UPAS de Cuiabá (leia aqui). O caso está ganhando repercussão na imprensa e a administração municipal deve responder ao Ministério Público e à Câmara Municipal já nos próximos dias. A lei determina que os esses espaços sejam descentralizados para facilitar o socorro às mulheres agredidas, tanto no atendimento médico quanto ao relacionado a questões legais, psicológicas e sociais.

 

O professor Breno dos Santos, diretor da Regional Pantanal do Andes-Sindicato Nacional, avisou que é 10 de junho o prazo final para submissão de teses para o 68º Conselho do Andes (Conad), que será realizado em Manaus entre os dias 11 e 13/07. Também lembrou que o sindicato nacional realizará o 2º Seminário Reorganização da Classe Trabalhadora nos dias 28 e 29/06.

 

Deste último evento citado, participarão os professores Aldi Nestor de Souza e Luzinete Vanzeler, membros do Grupo de Trabalho Política e Formação Sindical (GTPFS) da Adufmat-Ssind. Nestor de Souza aproveitou para informar, ainda, que o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFMT (Consepe) iniciará a discussão sobre o calendário acadêmico nos próximos dias, e que uma das propostas é regularizar o ano letivo em março de 2026, a partir da redução de 100 dias letivos para 85, em 2025, e da inclusão de outras atividades que compensem esses 15 dias.    

 

Memória, Justiça, Verdade e Reparação

 

O segundo ponto de pauta, conforme solicitado no início da assembleia, foi o da Comissão da Memória, Justiça, Verdade e Reparação. A Adufmat-Ssind elegeu, em assembleia realizada em 11/03/25, os docentes Ary Albuquerque, Patrícia Félix, Irenilda Santos e Waldir Bertúlio para compor esta comissão, que visa levantar informações sobre docentes que foram perseguidos, presos, torturados, punidos de alguma forma pela ditadura militar, bem como criar espaços de memória dentro da universidade. A intenção é, diante desses dados, reivindicar a implementação de políticas de reparação, inclusive financeira.  

 

O grupo pretende iniciar uma série de atividades nesse sentido e retomou a questão em assembleia para ampliar a participação da categoria com a inserção de novos membros. Os professores Aldi Nestor de Souza e Francisco de Arruda Machado (Chico Peixe) se interessaram pelo tema e, a partir de agora, fortalecem o grupo.  

 

Eleições para a Diretoria da Adufmat-Ssind

 

A assembleia desta quinta-feira, conforme disposição regimental, deu início ao processo para eleger a nova diretoria da Adufmat-Ssind, que ficará responsável por organizar e dirigir as lutas da categoria pelos próximos dois anos (2025-2027). O primeiro passo foi indicar a comissão, que terá a tarefa de apresentar a minuta do regimento e o calendário eleitoral numa próxima assembleia.

 

A sugestão inicial é de que a posse da nova diretoria seja programada para antes do dia 27/07 (quando termina oficialmente o mandato da direção atual), para que haja um tempo maior dedicado à transição – inclusive porque o sindicato estará passando por reforma.

 

Ao final do ponto de pauta, se colocaram à disposição para integrar a comissão os docentes Maelison Neves, Robson Lopes e Vercides Silva (como titulares) e Ana Paula Sacco e Clarianna Silva (como suplentes).

 

Reforma da sede da Adufmat-Ssind   

     

Quem transita pela sede da Adufmat-Ssind, em Cuiabá, já percebeu que o prédio está precisando de reforma e faz tempo. Há cerca de dois meses, os trabalhadores foram realocados em salas comerciais alugadas por falta de condições de continuidade no local, pois a cobertura de palha, além do acúmulo natural de poeira, ácaros e resíduos, foi prejudicada ainda mais pela umidade e pela presença de animais que fizeram do telhado do prédio sua morada.

 

Sendo assim, a direção iniciou o processo de coleta de informações, com a solicitação do cálculo estrutural e dos orçamentos, apresentados na assembleia desta quinta-feira.

 

A professora Adriana Pinhorati fez informes sobre as condições de caixa do sindicato, afirmando que uma parte do recurso já tem sido aprovisionado pela diretoria, especialmente pela economia na compra de passagens para os eventos nacionais. Desde o início do mandato, a administração tem solicitado que os docentes informem com antecedência as datas dos eventos dos quais vão participar, para tentar desonerar os gastos. Pinhorati falou, ainda, sobre os dois orçamentos obtidos, segundo ela, com certa dificuldade, porque as empresas não estão acostumadas a trabalhar com o padrão côncavo da cobertura da sede.

 

Mas essa discussão não acaba na reforma. O debate é financeiro e também político, considerando que, apesar da existência de contrato de comodato entre Adufmat-Ssind e UFMT, que tem ainda mais de 20 anos de vigência, a administração anterior da Reitoria tentou cobrar aluguel do sindicato, e a atual está montando uma comissão com Adufmat-Ssind e Sintuf/MT para discutir o mesmo tema.  

 

Os presentes, entre eles o professor José Portocarrero, arquiteto que assina a obra, destacaram a relação histórica da categoria com o prédio, além do seu caráter simbólico, que é o respeito à cultura e à população indígena que resiste tão bravamente, especialmente em Mato Grosso.  

 

A conclusão foi de que a reforma deve ser feita, pois a categoria pode até pensar em sair ou pagar aluguel pelo prédio quando o contrato de comodato chegar ao fim. Até lá, é preciso cuidar da melhor forma do patrimônio construído às custas do trabalho e dedicação docente. A categoria estuda, inclusive, a possibilidade de solicitar o tombamento histórico do prédio quando a data do final do comodato estiver mais próxima. Além da aprovação da execução reforma, do orçamento que será contratado (JM Construtora), e da decisão de brigar pelo espaço, os docentes aprovaram um teto, com base nos orçamentos, no valor de R$ 250 mil para a reforma do telhado. Qualquer valor acima disso deverá ser remetido novamente a assembleia.

 

A obra consistirá no fechamento interno, em concreto, da parte superior do prédio para isolamento da palha, e a previsão da empresa para conclusão é de cerca de dois meses.

 

GT Encargos Docentes

 

O último ponto de pauta desta quinta-feira foi sobre o trabalho realizado pelo Grupo de Trabalho (GT) Encargos Docentes, formado pela Adufmat-Ssind na primeira assembleia geral do ano, realizada em 19/02 (relembre aqui).

 

A professora Lélica Lacerda destacou que já há movimentações em andamento, que encaminharam a minuta de Progressão Funcional elaborada pelo sindicato, outra sobre o cumprimento das medidas legais em caso de violência doméstica e até mesmo sobre a regulamentação de descanso semanal. No entanto, a Reitoria ainda não levou esse material para apreciação do conselho.  

 

Mesmo assim, a comissão quer iniciar a construção de uma minuta alternativa à Resolução Consepe 158/10. Para isso, iniciará uma campanha informativa, a partir da elaboração de vídeos e outros materiais, com vistas a realização de plenárias setoriais no mês de setembro de 2025.

 

Por fim, a comissão que já é formada pelos docentes Ana Paula Sacco, Geruza Vieira e Valéria de Queiroz, do campus do Araguaia, José Ricardo de Souza e Irenilda Santos, de Cuiabá, Clarianna Silva e Alexandra Valentim, do campus de Sinop, ganhou ainda a participação dos docentes Aldi Nestor de Souza e Einsten Aguiar para realização da tarefa.

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Quarta, 21 Maio 2025 13:43

 

Publicamos, abaixo, a pedido do professor Adriano Bueno Kurle, texto de autoria do professor João Carlos Salles.  

 

Por JOÃO CARLOS SALLES*

 

A Andifes alerta para o desmonte das universidades federais, mas sua linguagem protocolar e timidez política acabam por amenizar a gravidade da crise, enquanto o governo falha em priorizar a educação superior

1.

Uma nota da Andifes merece toda atenção. A associação tem peso histórico, está associada às políticas de transformação das universidades federais, sendo uma de suas vozes mais qualificadas, ao lado das representações nacionais de nossas categorias. Por isso mesmo, usando uma fórmula agora recorrente em seus documentos, cabe-nos manifestar “profunda preocupação” com o teor de seus textos mais recentes.

Com efeito, a Andifes não tem deixado de cumprir seu papel nem de apontar fatos deveras preocupantes, sobretudo no que se refere a reduções, contingenciamentos e bloqueios orçamentários. Entretanto, parece fazer de um tudo para não enunciar uma verdade elementar: a educação superior não é prioridade no atual governo.

Dirigindo-me a uma associação que muito prezo e a amigos dirigentes por quem tenho inclusive afeto pessoal, não posso deixar de apontar, mesmo sem estar em qualquer cargo e sendo apenas um professor com alguma experiência institucional e uma já extensa reflexão sobre a universidade pública: a Andifes, nota após nota, tem envolto os dados preocupantes que apresenta em expedientes retóricos que lhes diminuem a gravidade.

Com isso, não denuncia, mas sim lamenta; não critica, mas antes termina por desculpar. Suas notas, então, se autodestroem e acabam cumprindo um papel protocolar, que sabemos ser contrário à combatividade individual de cada membro da atual diretoria e estranho à história da associação.

Cabe reiterar. Sabemos bem o valor da Andifes e temos em alta conta cada um de seus dirigentes, mas parecem estar em descompasso com o agravamento da situação que, não obstante, denunciam. De modo algum podemos imaginar que tenham o temor de uma crítica ensejar alguma retaliação; bem mais provável é o temor (deveras errôneo!) de que a crítica a um governo progressista possa favorecer o retorno do recente obscurantismo.

Reagindo aos impactos do Decreto nº 12.448, de 30 de abril de 2025, que limita a execução orçamentária mensal a 1/18 do total autorizado para o exercício, a recente nota de 14 de maio da ANDIFES é clara.[i] Ela mostra que, de maneira objetiva, a situação das universidades federais agrava-se de forma inquietante e, cabe acrescentar, potencialmente devastadora, com impacto imediato e perverso sobre a assistência estudantil, atingindo assim os mais vulneráveis e comprometendo toda política de inclusão.

Por mais que desconfiemos dos interesses e conheçamos as leituras inquinadas da grande imprensa, as matérias dos jornais sobre a situação das universidades se multiplicam. Elas escancaram para a opinião pública um quadro sombrio em nossas instituições – quadro que, aliás, cada um de nós testemunha diretamente e, conquanto diverso distributivamente em nossas instituições, pode conjuntamente afetar a qualidade da educação pública superior, além de já comprometer a obrigação legal do Estado com seu financiamento. Com isso, a própria nação brasileira, enquanto projeto democrático, está sob ameaça.

A cautela da Andifes, embora equivocada, não é desprovida de razões. Não podemos esquecer que enfrentamos muito recentemente formas diversas de obscurantismo, em graus distintos, desde o período da educada mesóclise (quando ocorreram as conduções coercitivas de reitores) até o da mais deslavada ignorância (com ataque direto e explícito à ciência e às universidades). Certamente, qualquer o grau, lutaremos para que obscurantismos dessa ordem jamais retornem.

Por outro lado, é também um fato óbvio que a educação superior, antes atacada de modo até abjeto, não tem tido a devida e merecida prioridade no atual governo, que comete assim um grave erro – erro alimentado, por vezes, pela falsa narrativa de uma dicotomia entre a educação básica e a educação superior, quando, em verdade, a atenção à educação necessita envolver todos os níveis, conjugadamente.

2.

Estaríamos, então, com as mãos atadas, limitados a lamentar e expressar “profunda preocupação”, porque diante de uma tragédia? Ora, a noção de tragédia em algumas de suas acepções mais clássicas não pode ser aceita, à medida que poderia envolver uma espécie de rendição ao destino, uma contorção da história em direção a um evento cuja força se afiguraria inelutável.

Aceitar essa acepção para a situação trágica ora vivida implicaria permitir que a sociedade inteira se condene ela própria, renunciando assim ao projeto ainda adormecido de uma nação verdadeiramente democrática.

Não podemos aceitar tal condenação. Todavia, colocadas à míngua nossas instituições, as reações correm o risco de oscilar entre o patético e o ridículo. Notas continuam a ser e sempre serão importantes, e cumprem seu papel a Andifes e as reitorias quando as redigem. Não obstante, algumas podem servir até para entorpecer, porquanto timoratas, quando não lenientes. Além disso, certas ou erradas em sua forma e no seu momento, o tempo da reação exclusiva através de notas parece estar superado.

Qual efeito, afinal, podem ter agora notas institucionais, caso se limitem a um protesto – sobretudo quando já adiantam um quase pedido de desculpas pelo simples fato de existirem, nutrindo, quem sabe, a esperança de solucionarem nos bastidores um quadro de tamanha complexidade?

Essa falha parece clara na nota da Andifes, que, após apresentar a grave situação, pondera: “Reconhecemos que o Ministério da Educação tem mantido uma postura de diálogo aberto com as universidades e demonstrado sensibilidade às pautas da educação superior.”

Observação deveras redundante e inócua, agravada pelo agradecimento no mínimo protocolar a recomposições que já se mostraram insuficientes: “os cortes acumulados ao longo de vários anos continuam produzindo efeitos significativos, apesar de o MEC ter realizado algumas recomposições orçamentárias recentemente”.

A cortesia é um valor, não esqueçamos. A nota não pode ser condenada por ser cortês, mas sim por essa cortesia ganhar um significado contrário ao seu propósito. Em situação de profunda inquietação, o que é condição de possibilidade de diálogo pode tornar-se um expediente para afastar outros atores, a saber, a própria comunidade e os diversos movimentos sociais que podem ter interesse em uma nação cuja pauta principal envolva a formação qualificada de nossa gente, as ciências, as artes, as culturas.

Sobre serem redundantes, tais concessões parecem doravante insuficientes e sabem mais à etiqueta do que ao aprofundamento dos pontos. Soam como se a boa vontade do Ministério da Educação (da qual não duvidamos) ou a competência e a seriedade do atual Secretário da Educação Superior (bem conhecidas de todos nós) justificassem alguma contemporização com o difícil quadro orçamentário, quando sabemos que a aceitação dos atuais contingenciamentos pode comprometer os melhores projetos do próprio governo.

A tarefa da Andifes não é ficar em compasso de espera. Deve fazer, sim, a devida pressão na sociedade, facilitando inclusive a defesa, no interior do próprio governo, dos melhores interesses da educação por aqueles gestores que, por sua própria trajetória, são nossos aliados naturais.

É dever da Andifes enunciar sem meias palavras a necessária redefinição das prioridades nacionais. Sem essa mobilização, a gestão interna da crise nos ministérios mitigará quiçá o problema, mas condenar-se-á talvez a um fracasso, por mais tranquilo que seja agora o diálogo, por mais competentes e sensíveis que o sejam os gestores.

Medidas paliativas de liberação de recursos não podem estar no lugar da ação conjunta que visa a proteger o inteiro sistema das federais e a garantir, por exemplo, que os recursos sejam suficientes na LOA para ser rodada efetivamente a matriz Andifes. Por tudo isso, exatamente para valorizar a luta da Andifes e para favorecer a ação de quantos, no atual governo, compreendem a importância estratégica das universidades federais, devemos nos fixar na afirmação central da nota, que não só merece uma ênfase, como também solicita que dela sejam extraídas as medidas mais consequentes, com uma resposta dos governantes à altura da gravidade do problema:

As universidades federais necessitam de liberação urgente do orçamento para que os pagamentos mensais regulares não permaneçam comprometidos. Além disso, o orçamento aprovado pelo congresso para este ano é insuficiente para que as universidades possam honrar com seus compromissos.

Neste sentido, a recomposição dos cortes aprovados pelo Congresso na LOA 2025 e uma suplementação no orçamento deste ano são medidas igualmente urgentes e essenciais para assegurar o funcionamento das universidades federais. (“Nota da Andifes sobre situação do orçamento das universidades federais”).

3.

Enfatizada e sem rapapés, a mensagem é clara e ganha consonância com a enunciada urgência. Afinal de contas, em situação tão adversa para a educação, o próprio governo não pode mais se omitir, exatamente porque progressista e (assim esperamos!) decidido a honrar o movimento de expansão das universidades que outrora inaugurou.

Diante de ameaça tão grave, o governo deveria ser capaz de convocar a inteira sociedade brasileira, caso decidido a proteger projetos de longa duração e, todavia, considere não ter forças sozinho para redefinir os rumos da educação e as prioridades nacionais.

A própria Andifes tem autoridade e legitimidade para conclamar a academia e a sociedade para um profundo debate sobre a educação, oferecendo soluções inclusive políticas e não apenas caminhos tortuosos para adequar as universidades a demandas do mercado ou dos governos.

A capacidade de inovação, afinal de contas, que tem sido apresentada como um caminho por alguns, decerto faz parte do nosso dever perante a sociedade, mas não nos define nem nos justifica, como chegaram a propor os que elaboraram o Programa Institutos e Universidades Empreendedoras e Inovadoras – o malfadado “Future-se”.

Cabe à Andifes, portanto, provocar a discussão do financiamento público da educação, refinando então sua própria matriz de distribuição de recursos para as federais, de modo que sejam restabelecidas as condições de funcionamento adequado do sistema e trilhemos o caminho da afirmação das universidades e não de sua mera sobrevivência – em função da qual, uma vez tomada restritamente, pode ser quebrado o compromisso essencial e definidor das nossas instituições com o ensino, a pesquisa e a extensão.

Os reitores, por sua feita, enquanto precisam, sim, continuar sua luta diuturna por orçamento, não podem estar satisfeitos com o jogo da captação de emendas e outros recursos extraorçamentários, sendo ainda pior sua situação quando se julgam tão isolados e perdidos que acreditam ser sensato dirigir apelos desesperados à iniciativa privada – apelos que decerto não fariam, caso tivessem o sistema inteiro lutando a seu favor. Nos dois casos, reforça-se tão somente a ideia de um descompromisso do Estado com o financiamento público, nas condições previstas na Constituição Federal e na LDB.

Aqui um cuidado, vale lembrar. Se o sistema funciona, ninguém larga a mão de ninguém. E o sistema federal se define pela própria comensurabilidade de condições, pela qualidade comum a todas as instituições, enquanto universidades públicas, gratuitas e socialmente referenciadas.

Não é educado nem civilizado deixar qualquer das instituições em situação de desespero, e isso é tanto mais imperioso quando se trata da maior das nossas universidades federais. Neste caso específico, seu calvário vitimiza todo o sistema de forma bastante objetiva e agora a olhos vistos.

Juntamente com a Andifes e como representantes em conjunto de um sistema de universidades federais, os reitores têm, sim, o dever de lançar essa discussão no solo da universidade e para toda sociedade. E isso é, vale concordar, urgente – palavra que não temos o direito de usar em vão.

Portanto, nossos dirigentes deveriam recusar estarem envolvidos em uma busca desenfreada, fragmentada e competitiva por recursos extraorçamentários, assim como não é justo que paguem o preço político de se virem obrigados a tomar medidas severas de restrição de gastos – ao que tudo indica, necessárias.

É verdade que medidas de contenção já nos serviram até como uma forma de reação ao obscurantismo. Elas tiveram, então, o significado de uma afirmação institucional, com a mensagem de que resistiríamos às restrições absurdamente impostas e jamais deixaríamos a universidade parar. Agora, porém, mesmo sendo necessárias, não são suficientes e podem inclusive perder tal significado estratégico. Em suma, elas não substituem uma luta ainda mais decidida.

Parece, pois, chegado o momento de abrirmos franca e amplamente o debate, de nos dirigirmos ao parlamento e irmos às ruas, com todos os recursos de luta pertinentes, dentro e fora das universidades, em manifestação forte e decidida, na qual se afirme para toda sociedade e em conjunto com as forças progressistas a mensagem cristalina de que não podemos aceitar o sucateamento das universidades públicas, de que nunca seremos cúmplices de tamanho absurdo.

Viva o sistema federal de educação! Viva a Andifes!

*João Carlos Salles é professor titular do Departamento de Filosofia da Universidade Federal da Bahia. Ex-reitor da UFBA e ex-presidente da ANDIFES. Autor, entre outros livros, de Universidade pública e democracia (Boitempo). [https://amzn.to/4cRaTwT]

 

Nota


[i] https://www.andifes.org.br/2025/05/14/nota-da-andifes-sobre-situacao-do-orcamento-das-universidades-federais/

 

Publicado originalmente em: https://aterraeredonda.com.br/redefinir-as-prioridades-nacionais/  

Quarta, 12 Março 2025 11:32

 

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A semana começou com mobilização da categoria docente em todo o país. Professoras e professores das universidades brasileiras ainda aguardam o cumprimento de diversos pontos do acordo firmado com o governo federal ao final da greve do ano passado. Mesmo após a aprovação da Medida Provisória (MP) 1.286, em 31 de dezembro de 2024, o Congresso Nacional segue sem discutir e votar o orçamento que viabiliza os reajustes salariais acordados ao término do movimento paredista.

Em 27 de junho de 2024, após uma greve nacional de mais de 70 dias, os docentes das Instituições Federais de Ensino (IFEs) assinaram um acordo com o governo visando melhorias nas condições de trabalho e valorização da carreira. No entanto, diversos pontos do acordo ainda dependem de votação no Congresso e aguardam implantação, gerando preocupação e a mobilização da categoria.

Principais pontos do acordo e sua situação atual

  • Recomposição salarial para 2025 e 2026 - O governo federal editou a MP 1.286/24 em 31 de dezembro, garantindo um reajuste salarial de 12%, dividido em duas parcelas: 9% a partir de 2025 e 3% em 2026, com pagamento retroativo a janeiro de 2025. Entretanto, o Congresso Nacional ainda não votou a Lei Orçamentária Anual (LOA), necessária para efetivar o reajuste. A LOA tem sido utilizada como instrumento de barganha para a liberação de emendas parlamentares, tornando a votação incerta. A previsão atual é que a matéria seja apreciada no dia 17 de março.
  • Alterações na carreira docente - O acordo prevê mudanças nos percentuais remuneratórios dos steps da carreira, a unificação das classes iniciais A e B e a possibilidade de docentes mudarem de instituição via concurso sem perder posições na carreira. No entanto, essas alterações seguem pendentes, pois a MP ainda não foi votada pelo Congresso.
  • Liberação do controle de frequência para docentes EBTT - A revogação da Portaria nº 983/2020, que exigia o controle de frequência via ponto eletrônico para docentes do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT), foi um dos avanços do acordo. No entanto, a medida aguarda tramitação na Casa Civil desde o final do ano passado.
  • Regulamentação das atividades docentes EBTT - A Portaria 983/2020 foi substituída pela Portaria 750/2024, com validade de seis meses a partir de julho de 2024. O Grupo de Trabalho (GT) que discutiu a regulamentação já concluiu seus trabalhos em janeiro, mas a nova portaria ainda não foi publicada.
  • Reenquadramento de aposentados(as) - O GT instituído para debater o reenquadramento de aposentados(as) prejudicados(as) pela criação da classe de "Associado" registrou avanços nas discussões, mas a categoria ainda aguarda a implementação efetiva das soluções propostas.
  • Grupo de Trabalho do Magistério Superior e do EBTT - Criado para debater o reenquadramento de aposentados(as), a “entrada lateral” de docentes concursados(as) e o adicional de insalubridade, o GT teve apenas duas reuniões desde outubro de 2024, sem apresentação de propostas concretas por parte do governo.

 

Mobilizações seguem para pressionar pelo cumprimento do acordo 

Para pressionar os e as parlamentares a aprovar a LOA e, assim, o governo cumprir o acordo de greve, docentes realizam nesta terça-feira, 11 de março, um dia de paralisação nas universidades. Em assembleia realizada na sexta-feira passada (7 de março), docentes da Sedufsm optaram pela mobilização em conjunto com a recepção ao semestre da UFSM, incluindo panfletagens, entrega de materiais informativos sobre a LOA e o acordo de greve, além de diálogo com docentes que retornam às atividades no campus.

"Estamos acompanhando, durante todo o período de recesso e férias, o debate nacional sobre o andamento do acordo da greve. Reconhecemos que o governo fez alguns esforços para cumpri-lo, como a publicação da MP em 31 de dezembro, que nos concedeu o reajuste de 9%. No entanto, tanto a MP quanto a LOA ainda dependem da apreciação do Congresso Nacional, e, enquanto isso, o reajuste continua pendente", afirma Everton Picolotto, presidente da Sedufsm.

Enquanto a LOA não for votada, os direitos e conquistas da greve de 2024 seguem sendo utilizados como moeda de barganha, destaca Picolotto. "É uma briga de cachorro grande. Nosso reajuste está em meio a uma disputa entre o Congresso Nacional, o STF, que busca regulamentar as emendas, e o governo federal. Estamos no meio desse impasse. Nosso reajuste só será concedido na medida em que tivermos a aprovação da MP e da LOA. As informações apontam que a votação deve ocorrer no dia 17, semana que vem. Estamos mobilizados e, na próxima semana, seguiremos com novas mobilizações para garantir esse direito conquistado na última greve e exigir o cumprimento desse acordo”, enfatiza.

 

Fonte: Nathália Costa/ Sedufsm