Em assembleia geral realizada nesta quarta-feira, 09/07, foram empossadas a Diretoria Colegiada e a representação local da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat-Ssind) de Sinop. A Diretoria “Adufmat é pra lutar!”, e a representação local “Adufmat somos todos nós”, dirigirão o sindicato pelos próximos dois anos.
O clima festivo demarcou a abertura, com uma breve intervenção artística da cantora Gê Lacerda, acompanhada do irmão, Pedro, e da também diretora da Adufmat-Ssind, Lélica Lacerda.
Em seguida, a Diretoria que se despede, “Lutar e Mudar as Coisas nos Interessa Mais” fez um balanço político das atividades dos últimos dois anos, que envolveram: o desafio de otimizar os recursos financeiros do sindicato; realizar, junto às outras entidades representativas da UFMT, a consulta informal para a Reitoria; dirigir uma greve; realizar mudanças estruturais na sede; organizar e/ou participar de atos públicos, como o 8M-Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras, contra o PL do estuprador (Projeto de Lei que equiparava o direito legal ao aborto a homicídio), Contra a Escala 6x1; 1 de Maio – Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores; realizar debates para debater a questão da Palestina, a visibilidade lésbica e os 60 anos do golpe que instaurou a ditadura militar no país; além de minutas sobre a Progressão Funcional, de combate aos assédios dentro da UFMT, pelo reconhecimento do direito ao afastamento sem perda de vínculo trabalhista de docentes vítimas de violência (que se tornou um Projeto de Lei apresentado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso), e pela implementação de uma política voltado aos servidores aposentados.
A gestão também fez denúncias públicas sobre o fechamento das salas de atendimento especializado às mulheres vítimas de violência doméstica pela Prefeitura de Cuiabá, sobre a proposta inviável e perigosa de retaludamento do Portão do Inferno, feita pelo Governo do estado, e sediou, em Cuiabá, a campanha “Glauber Fica”, com a presença do deputado federal Glauber Braga.
“Nós nos preocupamos em fazer uma gestão que contemplasse as lutas gerais, mais amplas, da classe trabalhadora, mas também os interesses mais específicos dos professores. Isso tudo, cumprindo uma jornada de trabalho de 40h semanais, normalmente, como qualquer docente. Isso faz da jornada militante um sobretrabalho, tem que ser pautado nas discussões sobre a Resolução 158/10 [encargos docentes na UFMT], que teremos à frente”, disse o professor Maelison Neves, que deixa a direção geral do sindicato.
Se despedindo da direção geral adjunta, a professora Lélica Lacerda destacou que a gestão se propôs, desde o princípio, a “lutar e mudar as coisas”. “A gente está num contexto que, por mais que a gente lute, sempre tem muito para lutar. Nós tentamos trazer uma perspectiva de análise de classe e de construção do sindicato, visando responder as demandas do século XXI. Não temos mais como cair na concepção marxista mecanicista e não reconhecer as condições concretas da nossa classe, que tem raça, que tem gênero, que tem cor, que tem sexualidade”, ressaltou, antes de relembras as atividades.
O professor Waldir Bertúlio, que continuará diretor na próxima gestão, lembrou do início da entidade. Ele foi o primeiro presidente da Adufmat-Ssind e sofreu perseguição política, chegando a ser exonerado na época. “Quero agradecer a todos aqueles que fizeram muita fora para erguer a nossa associação política e o próprio Andes-Sindicato Nacional, que começou com docentes de sete universidades, e nós fizemos parte desse processo, em plena ação da ditadura civil-militar”, disse o professor, citando nomes como Sérgio Galati, Iraci Salles, Arnaldo Ibrahim Drummond e Nicolau Priante Filho. O professor Vicente Ávila, um dos fundadores do sindicato, também compareceu à cerimônia.
A professora Clarianna Silva destacou que subsede do sindicato em Sinop sediará a sétima conferência estadual de direitos humanos. “Pela luta deste sindicato, o conselho de Direitos Humanos, que antes só atuava em Cuiabá, se interiorizou. Isso demonstra o compromisso político desta entidade com os direitos humanos”, pontuou, relatando, ainda, alguns enfrentamentos na região norte do estado, a elaboração minuta cuidadores e autistas, contra as visões capacitistas. “A Adufmat não só critica, ela conduz e ela ensina como fazer. Isso é histórico e acho que é o nosso legado também. Uma excelente gestão aos colegas que assumem esta tarefa”, concluiu a docente.
Por fim, a Diretoria agradeceu aos representantes do Sindicato dos Servidores Técnicos-administrativos (Sintuf-MT), Elisete Hurtado e Luzia Arruda, e do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Matheus Araújo, pela parceria nas ações políticas, e a troca da composição da mesa foi efetuada, dando lugar aos novos membros da Diretoria.
Adufmat é pra lutar!
“Gostaria de saudar a presença de todos e todas, e agradecer, não só pelas palavras dos companheiros e companheiras que estão voltando para a base, cumprindo a tarefa, muito bem cumprida, na direção da Adufmat-Ssind, mas pelo trabalho desempenhado nesses últimos dois anos. Trabalho que eu sei que não é fácil, mas tem sido fundamental, especialmente nesta que é uma entidade histórica de luta da classe trabalhadora e, beirando seus 50 anos de existência, contribuiu para consolidar o conjunto de lutas e conquistas, que a classe trabalhadora, professores e professoras, estudantes e técnicos e técnicas-administrativas e o conjunto de movimentos sociais e populares de Mato Grosso tiveram nos últimos 50 anos. Para além daqueles que são memória martirizada do nosso movimento, nós temos companheiros e companheiras que são memória viva aqui conosco”, iniciou o professor Breno Santos em seu primeiro pronunciamento como diretor geral da Adufmat-Ssind, acrescentando que conheceu boa parte dos ali presentes no mesmo auditório da posse, espaço em que, em suas palavras, obteve formação política por excelência desde 2018, quando chegou na universidade.
“Nós temos muitas diferenças, táticas, estratégicas, e até estéticas, muitas vezes. Mas uma coisa é certa: o inimigo é muito cruel. Ele é muito forte, agressivo e incansável. Então, diante de um inimigo deste nível – estou falando de inimigo de modo genérico, porque a gente tem uma concepção de inimigo que é central, um modo de produção que explora, oprime e expropria cotidianamente a classe trabalhadora, com suas representações estatais, governamentais e empresariais. Ele é forte, é cruel, é incansável, e nós temos que ser iguais. Diante de um inimigo como este, a Adufmat-Ssind, que é uma entidade histórica de luta da classe trabalhadora, tem um desafio igualmente histórico. Diante da conjuntura brutal que nós vivemos de retirada de direitos e demolição da nossa concepção mais básica e fundamental de democracia, de universidade pública, de educação pública, nós precisamos nos manter uma luta unitária. A luta é uma expressão da composição da nossa sociedade, ela é inerente ao modo material, concreto, da sociedade que nós temos hoje. Diante disso, não tem um caminho que não seja lutar em unidade com todos esses setores. Nós precisamos das entidades e organizações do campo combativo e classista fortes e presentes na vida cotidiana, tanto da categoria quanto da classe trabalhadora. Uma Adufmat forte é fundamental para manter o Movimento Docente no rumo da luta, e fundamental para manter o diálogo saudável e combativo junto ao conjunto da classe trabalhadora. O compromisso central da nossa gestão será manter a Adufmat no sentido da luta”, concluiu o novo diretor.
A professora Maria Luzinete Vanzeler, que será diretora-secretária até 2027, também agradeceu aos presentes, aos votos obtidos, e concordou que as diferenças na unidade movem as lutas da categoria. “Devemos estar unidos dentro das semelhanças e diferenças, porque elas fazem o crescimento do sindicato”.
A diretora-geral adjunta empossada, professora Gerdine Sanson, disse estar feliz pela possibilidade de ter uma experiência na diretoria geral do sindicato - e também na representação local -, e destacou a questão da multicampia. “O olhar multicampi ainda está sendo construído dentro da UFMT, e a Adufmat-Ssind nos ajuda a criar espaços de diálogos que são bloqueados ou não trazidos espontaneamente pelo campus”, afirmou.
O também novo diretor, da pasta de Assuntos Culturais, Gustavo Canale, falou da importância da educação e da arte para a luta. “Trazer agitação cultural é fundamental no arco do desmatamento, no cinturão da soja, onde o enfrentamento ao Agronegócio se faz cada vez mais importante. A educação e a cultura têm um papel fundamental nesse processo”, concluiu.
Os professores Gerdine Sanson e Gustavo Canale falaram de Sinop, por videoconferência
Pela representação local em Sinop, o professor Mauro Dresch lembrou de sua graduação, na UFMT, no ano de “faz tempo”, e disse que, agora, enquanto docente, terá como desafio construir a unidade na defesa não apenas da categoria, mas do ensino superior. “Gosto de estar na UFMT, entendo a necessidade do sindicato na atuação de proteção, de acolhimento, busca de direitos e identidade dentro do corpo docente. O maior desafio na regional é buscar um pouco mais de articulação entre os professores, um discurso mais unificado, buscando maior consenso. Desafio que estamos nos propondo a atuar em prol, não só dos docentes, mas da UFMT inteira, levando em consideração todo esse movimento de desinteresse pela educação superior, de sucateamento - que nunca foi um problema, sempre foi um plano muito bem arquitetado, que está dando muito certo. Vamos trabalhar para que tenhamos uma universidade maior, mais unida e mais coesa, tratar sempre com diálogo e evitar ranhuras entre nós”, finalizou.
A docente Paula Moreira, também representante da subseção de Sinop, falou da necessidade de reorganização local. “A ideia é tentar colocar a Casa em dia, começar pelo princípio, relembrar à nossa categoria por que o sindicato existe. Fazer valer, de novo, a democracia; mostrar a força que tem a Adufmat em Sinop, e que isso é muito importante nos dias de hoje”.
Por fim, o professor Einstein Aguiar refletiu sobre a participação da categoria no processo eleitoral do sindicato e também concluiu que os professores precisam reconhecer a importância da luta sindical, tendo a Adufmat-Ssind como ferramenta. “A gente teve uma aula hoje, do Valdir e do Breno. Eles colocaram a Adufmat num contexto de temporariedade, mas nós somos atemporais. Eu fiquei chateado, porque, no processo eleitoral, nós tivemos 20 abstenções. Fiquei me perguntando: com uma única chapa candidata, a pessoa votou contra o sindicato? Nós precisamos criar uma cultura de engajamento... é assim que a sociedade está se pautando hoje. Mas nós não estamos conseguindo chegar no foco. Temos cerca de 1600 sindicalizados, a grande maioria doutores, e eu vejo tantos absurdos! Não podemos permitir que um colega fale mal do sindicato, isso é doentio. É preciso ter consciência. Alguém me perguntou qual era a minha profissão, e eu respondi: eu não sou um dador de aula, eu sou um educador!”, afirmou o, agora, diretor-tesoureiro do sindicato.
Em seguida, a eleição do Conselho Fiscal foi remetida para a primeira assembleia da gestão, devido à ausência de candidatos à função.
A assembleia foi encerrada após os cumprimentos feitos por docentes, estudantes e representantes de outros movimentos sociais, como Sintuf-MT e DCE – já mencionados -, e da coordenadora geral do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica e Profissional (Sinasefe-Mato Grosso), Andreia Iocca.
A representação local do Araguaia, “Democracia, participação e transparência”, não pode comparecer e será empossada em nova assembleia, convocada para 14/07.
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Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind