****
O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
****
Roberto Boaventura da Silva Sá
Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP
O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
Após publicar o artigo “Livre de Lula” (10/05/18), trocadilho com o qual me contraponho a “Lula livre”, diversos (e)leitores se manifestaram, ora se identificando, ora se opondo ao meu ponto de vista. Seja como for, importante é garantir o debate; e se estivermos abertos aos argumentos alheios, melhor.
Assim pensando, li todas as ponderações, com atenção às divergências. Nelas, busquei algo com que pudesse concordar. Nada. Todavia, encontrei elementos para este artigo: as considerações que pontuam Lula como o político que mais investiu nas universidades.
Será?
Pergunto porque somos descendentes de crendices pra lá de estranhas. De todas, destaco o sebastianismo, ou seja, a “crença no movimento profético que surgiu em Portugal, em fins do século XVI, como consequência do desaparecimento do rei Dom Sebastião na Batalha de Alcácer-Quibir. Uma vez que não havia um corpo, acreditava-se que ele voltaria para salvar Portugal de todos os problemas surgidos após seu desaparecimento”. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Sebastianismo).
Antes de tudo, a transcrição acima serve para mostrar nossa ancestralidade em crenças, mitos, fantasias... A realidade nem sempre nos é relevante. Logo, meias-verdades já podem ser tornadas dogmas. Eis o caso.
Na questão em pauta, a centralidade não é comprovar a quantidade de investimentos e políticas voltadas ao ensino superior, mas ver como isso foi feito no governo Lula, e com quais motivos tudo foi arquitetado.
Às instituições particulares, nunca se canalizou tanto recurso público. Além do ProUni e do FIES, há de lembrar dos generosos financiamentos – via BNDS/CEF – à estruturação física daquelas instituições. Contudo, não nos esqueçamos de que, com raras exceções, as privadas não têm nível superior; só legalidade como tal. Logo, nunca se iludiu tanto nossa juventude.
Por que isso foi feito?
Três motivos: 1º) salvar da inadimplência um dos setores da economia; 2º) fomentar eleitores fiéis, pela ilusão de pertencimento à universidade; 3º) dar longevidade político-eleitoral ao PT.
E nas instituições federais?
Dom Lula reinou. Pós-ditadura, ele foi o que mais ingerência impôs às universidades, subjugando-as.
Para sustentar sua ingerência, manteve listas tríplices à escolha de reitores. Como a última palavra cabia ao “rei”, sobre que reitor gestaria aqui e acolá, ele cresceu e foi, com auxílio de súditos partidários espalhados alhures, impondo políticas ditas de “inclusão”.
As cotas foram as primeiras experiências. Sem mexer na estrutura que sustenta a desigualdade social do país, até para não atrapalhar os lucros do capital, nas federais, Dom Lula fez – via políticas focalizadas – acomodação para o mundo ver.
Na mesma linha, criou programas diversificados, que, com raras exceções, tinham intenção apenas eleitoreira.
Na base do toma-lá-dá-cá financeiro, impôs um programa de reestruturação e expansão, irresponsável socialmente; hoje, as federais estão na penúria. As mais recentes, forjadas às pressas, não têm estrutura elementar.
Mais: impôs a ilusão do ENEM, que nos obrigada a conviver com injustiças e denúncias a cada edição.
Em contrapartida, nunca foram construídos tantos prédios nas federais, invariavelmente, de péssima qualidade. Desconsiderando os inacabados até hoje, muitos estão vazios, e sem condições de uso. Detalhe: as empreiteiras não reclamaram de nada...
No limite de um artigo, eis algumas considerações minhas sobre a relação Lula e as universidades.
Há quem aprove isso.
Eu não.
As seções sindicais e os docentes sindicalizados do ANDES-SN tem até o dia 13 de junho para enviar as contribuições ao anexo do Caderno de Textos do 63º Conad do ANDES-SN, que ocorrerá entre 28 de junho e 01 de julho, na Universidade Estadual do Ceará (Uece), na cidade de Fortaleza (CE). A informação foi divulgada no lembrete 1 do 63º Conad, encaminhado pela secretaria Sindicato Nacional.
O 63º Conad, organizado em conjunto com a Seção Sindical dos Docentes da Universidade Estadual do Ceará (Sinduece - Seção Sindical do ANDES-SN), terá como tema central “Por um projeto classista e democrático de educação pública: em defesa da gratuidade, autonomia e liberdade acadêmica”.
Os textos deverão ser remetidos para a Secretaria do ANDES-SN por e-mail (O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.). As orientações sobre as temáticas e formatação do texto podem ser conferidas no lembrete 1 (aqui). O anexo do Caderno de Textos será publicado no dia 21 de junho.
Esse será o quarto Conad do ANDES-SN realizado na capital cearense. A cidade de Fortaleza já recebeu o 24º Conad em 1992 (sediado por ADUFC e Adunifor), o 50º Conad em 2005 (sediado pela Adunifor) e o 55º Conad em 2010 (sediado pelo Sinduece-SSind). Também foram realizados em Fortaleza dois congressos do Sindicato Nacional, ambos sediados pela ADUFC: o 2º Congresso em 1986 e o 18º Congresso em 1999.
Credenciamento prévio
Para agilizar as inscrições nos eventos nacionais, o ANDES-SN ressalta a importância do credenciamento prévio, que poderá ser realizado de 1º a 27 de junho. O credenciamento durante o 63º Conad poderá ser feito no dia 28 de junho, até às 17 horas. As informações sobre documentação para credenciamento estão na circular 098/18.
Posse da nova diretoria
A nova diretoria do ANDES-SN, que estará à frente do Sindicato Nacional durante o biênio 2018-2020, será empossada durante a Plenária de Abertura do 63º Conad, que acontecerá dia 28 de junho, às 9h30. A Chapa 01 “ANDES-SN Autônomo e de Luta” foi eleita com 51,71% dos votos dos eleitores que compareceram às urnas de todo o país, nos dias 9 e 10 de maio.
Leia aqui o lembrete 1/ 63º Conad
Confira aqui a Circular 098/18
Veja aqui a Circular 135/18 com informações sobre o local do evento e dicas de hospedagem
Serviço:
63º Conad
Tema central: “Por um projeto classista e democrático de educação pública: em defesa da gratuidade, autonomia e liberdade acadêmica”
Data: 28 de junho a 01 de julho de 2018
Local: Universidade Estadual do Ceará – UECE (Endereço: Av. Dr. Silas Munguba, 1700, Campus do Itaperi, Auditório Central). Fortaleza - CE
Fonte: ANDES-SN
Os dados divulgados na última quinta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam um quadro desolador do mercado de trabalho no Brasil. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), 27,7 milhões de pessoas estão desempregadas no país. É o maior índice da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.
Os dados, do primeiro trimestre de 2018, referem-se à taxa de subutilização da força de trabalho (que inclui os desempregados, os subocupados por insuficiência de horas e aqueles que desistiram de procurar emprego). Em relação ao 4º trimestre de 2017, a taxa de desocupação subiu em todas as regiões do país.
No caso dos chamados “desalentados”, ou seja, os trabalhadores que estão fora do mercado de trabalho e deixaram de procurar emprego por não conseguirem nenhuma oportunidade há muito tempo, o número também é recorde. Segundo o IBGE, a taxa de desalento ficou em 4,1% da força de trabalho ampliada do Brasil, a maior da série histórica. São 4,6 milhões de pessoas nessa situação.
A taxa de subocupação por insuficiência de horas trabalhadas, ou seja, pessoas que gostariam de trabalhar em um período maior, mas não tinham trabalho à disposição, representa 6,2 milhões de trabalhadores.
Mulheres e negros(as) nas piores condições
Refletindo o quadro perverso onde o machismo e o racismo servem para aumentar a exploração e a opressão sobre a classe trabalhadora, mulheres e negros(as) são maioria nessa realidade.
No primeiro trimestre de 2018, as mulheres eram maioria na população em idade de trabalhar tanto no Brasil (52,4%). Porém, o nível da ocupação dos homens, foi estimado em 63,6% e o das mulheres, em 44,5%, no primeiro trimestre de 2018. Já na população desocupada, as mulheres eram maioria (50,9%).
A taxa de desemprego dos que se declararam brancos ficou em 10,5% no 1º trimestre, abaixo da média nacional (13,1%), enquanto a dos pretos (16,0%) e a dos pardos (15,1%) ficou acima. Os pardos representavam 48,1% da população fora da força, seguidos pelos brancos (42,5%) e pelos pretos (8,4%).
Resultado das políticas de ajuste e ataques
Segundo o integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP- Conlutas, Paulo Barela, o drama dos trabalhadores brasileiros é resultado das políticas de ajuste que os governos vêm aplicando no país.
“No recente 3° Congresso da CSP-Conlutas avaliamos essa guerra social que governos e patrões têm feito contra os trabalhadores e apontamos que o caminho é a luta. Os trabalhadores precisam lutar para mudar essa lógica. Nesse sentido, lutar por medidas como a revogação da lei da terceirização e Reforma Trabalhista, a redução da jornada de trabalho sem redução de salário, a proibição das demissões, a suspensão do pagamento da Dívida Pública, etc. Os patrões é que devem pagar pela crise que criaram”, concluiu Barela.
50 mi vivem na linha de pobreza
Outro levantamento divulgado pelo IBGE também na última semana (15), o aponta que cerca de 50 milhões de brasileiros, o equivalente a 25,4% da população, vivem na linha da pobreza e têm renda familiar equivalente a R$ 387,07 — ou US$ 5,5 por dia, valor adotado pelo Banco Mundial para definir se uma pessoa é pobre.
Segundo dados da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais 2017 - SIS 2017, o maior índice de pobreza se dá na Região Nordeste do país, onde 43,5% da população se enquadram nessa situação e, a menor, no Sul: 12,3%. A situação é ainda mais grave se levadas em conta as estatísticas do IBGE envolvendo crianças de 0 a 14 anos de idade. No país, 42% das crianças nesta faixa etária se enquadram nestas condições e sobrevivem com apenas US$ 5,5 por dia.
A pesquisa de indicadores sociais revela uma realidade: o Brasil é um país profundamente desigual e a desigualdade gritante se dá em todos os níveis. Seja por diferentes regiões do país, por gênero - as mulheres ganham, em geral, bem menos que os homens mesmo exercendo as mesmas funções -, por raça e cor: os trabalhadores pretos ou pardos respondem pelo maior número de desempregados, têm menor escolaridade, ganham menos, moram mal e começam a trabalhar bem mais cedo exatamente por ter menor nível de escolaridade.
No Brasil, em 2016, a renda total apropriada pelos 10% com mais rendimentos (R$ 6,551 mil) era 3,4 vezes maior que o total de renda apropriado pelos 40% (R$ 401) com menos rendimentos, embora a relação variasse dependendo do estado. Entre as pessoas com os 10% menores rendimentos do país, a parcela da população de pretos ou pardos chega a 78,5%, contra 20,8% de brancos. No outro extremo, dos 10% com maiores rendimentos, pretos ou pardos respondiam por apenas 24,8%.
Fonte: CSP-Conlutas (com informações da Agência Brasil e edição e inclusão de informação do ANDES-SN)
O Comando Local de Mobilização da Adufmat-Ssind convida toda a comunidade acadêmica da UFMT para o Debate: "Os cortes orçamentários das universidades públicas brasileiras e a construção da resistência em defesa da educação pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada"
Nessa quarta-feira, 23/05, às 14h no auditório da Adufmat-Ssind em Cuiabá
Com a participação das professoras:
Eblin Farage - presidente do ANDES Sindicato Nacional
Qelli Rocha - membro do GPCEGDS/Adufmat-Ssind
****O DEBATE SERÁ TRANSMITIDO AO VIVO PARA SINOP E ARAGUAIA (lembrando que no Araguaia será às 15h pela diferença de horário)
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
Atualizada às 8h do dia 04/06/18, para correção do número da circular - 12, e não 13.
DATA: |
26 de abril/2018
|
ATA REUNIÃO AMPLIADA GT’S: |
1ª Reunião Ampliada GT’s |
ASSUNTO: |
Teto Anual de Gastos GT’s
|
- GT’s apresentarão proposta de atividades e respectiva estimativa de custos para o ano de 2018;
- O prazo para entrega da proposta para 2018 deverá ser entregue até o dia 30 de maio/2018;
- Dentro do possível, as propostas de cada GT devem privilegiar atividades conjuntas entre os GT’s;
- Estabelecido o teto de R$ 10.000,00 de gastos anuais para cada um dos GTs orgânicos da ADUFMAT;
- Valores superiores ao teto estabelecido deverão ser aprovados em Assembleia Geral;
- Para os eventos nacionais de cada GT será assegurada a participação para até duas pessoas, conforme deliberação de Assembleia, mesmo quando implicar exceder o teto previsto para cada GT;
- Participação de mais de duas pessoas nos Eventos Nacionais promovidos pelos GTs deverá ser autorizada por Assembleia Geral.
Gestão ADUFMAT DE LUTA: AUTÔNOMA E DEMOCRÁTICA(2017-2019)
O Fórum das Seis - que reúne as entidades sindicais de docentes e servidores técnico-administrativos e representações estudantis da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) – indicou que a comunidade acadêmica das universidades estaduais paulistas entre em greve a partir de 29 de maio. O indicativo de greve é uma resposta à proposta de reajuste salarial apresentada na quinta (17) pelos reitores das três instituições (Cruesp), de 1,5%.
“A proposta é um insulto”, avalia João Chaves, docente da Unesp e coordenador dos Fórum das Seis. “Reivindicamos a reposição do poder aquisitivo do mês de maio de 2015, o que significaria um reajuste de 12,6% para USP e Unicamp, e de 16% para a Unesp”, completa, lembrando que a diferença de valores decorre do não pagamento do reajuste por parte do reitor da Unesp em 2016.
“O salário é apenas uma das dimensões de luta, que é a luta contra o desmonte das universidades estaduais paulistas. Os reitores querem mudar o caráter das universidades, privatizando e usando o arrocho salarial como forma de financiar as instituições. Eles não têm sequer a coragem de lutar por mais recursos para as universidades, apenas de adaptam aos poucos recursos destinados pelo governo e pela Assembleia”, critica João Chaves.
Docentes, servidores e estudantes das três universidades realizaram uma manifestação em São Paulo (SP) durante a reunião com o Cruesp. Uma nova reunião com o Cruesp está marcada para o dia 30. Antes, no dia 29, os reitores de USP e Unicamp irão consultar seus Conselhos Universitários sobre o reajuste salarial. As comunidades acadêmicas das duas instituições se preparam para realizar manifestações e pressão para reivindicar seus direitos junto aos conselheiros.
Leia aqui o Boletim do Fórum das Seis.
Leia também
Docentes das Universidades Estaduais de SP se mobilizam por reajuste
Fonte: ANDES-SN
A diretoria da Adufmat-Seção Sindical do ANDES- Sindicato Nacional chama a atenção da comunidade acadêmica para os fatos preocupantes que estão ocorrendo na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que indicam uma ameaça frontal aos movimentos políticos legítimos que, historicamente, construíram e consolidaram as universidades públicas brasileiras.
Os estudantes da instituição estão organizados contra os ataques à política de alimentação universal, conquistada com muita luta pela comunidade acadêmica para viabilizar a permanência dos discentes na Universidade. A política de assistência estudantil, com a garantia de refeição a um real para todos no Restaurante Universitário (RU) constitui-se no recurso mais importante à permanência dos estudantes na Universidade. Atualmente, o RU atende cerca de 10 mil discentes em todos os campi – Cuiabá, Sinop, Araguaia, Várzea Grande e Rondonópolis, assegurando-se, assim, o princípio da universalidade.
Em fevereiro, a Reitoria apresentou proposta de aumento da refeição superior a 500%, além da estratificação estudantil entre quem pode ou não pagar. Essa proposta destrói o caráter universal da política de assistência, aprofundando a lógica praticada pelos governos neoliberais das políticas sociais focalizadas e, junto com ela, da privatização da universidade pública e gratuita.
Ameaçada a continuidade da política de assistência universal, os estudantes, democraticamente, deliberaram por greve e ocupação da Universidade, exigindo o RU a um real para todos. E, em poucos dias, o movimento alcançou todos os campi, mobilizando estudantes de todos os cursos.
Nesse movimento, legítimo, histórico e democrático, a atuação de forças exteriores tem assustado a comunidade acadêmica. Primeiro pela tentativa - movida por interesses individuais - de judicialização da luta política, desrespeitando a greve deflagrada por decisão coletiva nos espaços adequados – Centros Acadêmicos (CA’s) e Diretórios Centrais dos Estudantes (DCE’s); segundo, pela presença ostensiva da Polícia Militar no campus em momentos diversos, inclusive aqueles de discussão e deliberação do Movimento Estudantil – como presenciado no dia 08/05/18, na assembleia realizada pelo DCE de Cuiabá para a deflagração de greve.
Em um período de tantos ataques aos direitos trabalhistas e sociais, e de criminalização dos movimentos coletivos, agravado pela vigência da chamada Lei Antiterrorismo (Lei 13.260/16), a direção da Adufmat-Ssind considera que o recurso ao Judiciário e à Polícia Militar são iniciativas graves.
Essas iniciativas resultam não somente na intimidação por meio da força policial, mas, também, na criminalização dos movimentos sociais através de intimações judiciais e aplicação de multas diárias no valor de R$ 5.000,00 a estudantes que lutam para garantir a sua permanência na universidade através da garantia de refeições a R$ 1,00. Eis a face injusta daquela que deveria primar pela Justiça!
Em uma verdadeira peregrinação para identificar os “líderes” do movimento, Oficiais de Justiça autuam estudantes que foram legitimamente eleitos por seus pares para conduzir os processos democráticos por meio dos quais as decisões coletivas são deliberadas. E que, nessa condição, cumpriram os procedimentos burocráticos/administrativos da própria UFMT.
Frente a tudo isso, a diretoria da Adufmat-Ssind defende que a Administração Superior da UFMT faça valer a autonomia que lhe é garantida pela Constituição (Art. 207), reivindicando a resolução dos conflitos internos através dos seus próprios canais de diálogo e de negociação. Cabe à Administração Superior contrapor-se de maneira clara e objetiva à criminalização dos movimentos organizados da comunidade acadêmica e às suas consequências sobre os estudantes mobilizados nos seus campi.
Nesse particular, vale ressaltar que os estudantes da Universidade não causaram qualquer avaria ao patrimônio. Ao contrário, o que se viu nos blocos ocupados foram debates sobre a instituição e a conjuntura nacional, além do cuidado e preservação dos espaços.
Como as únicas atividades suspensas na UFMT são as aulas da graduação, a partir da deflagração da greve estudantil e, mais recentemente, pela suspensão do calendário acadêmico pelo Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe), as demais atividades tiveram acesso aos prédios da instituição, sendo solicitada, tão somente, a identificação de técnicos, discentes e professores.
Por fim, a diretoria da Adufmat-Ssind reitera sua posição contrária a esse tipo de intervenção na Universidade, e incita a Reitoria a colocar-se, de forma intransigente, em defesa da autonomia universitária e do direito legal e legítimo das manifestações coletivas, assim como da universidade pública, gratuita, laica, de qualidade, democrática e socialmente referenciada.
Cuiabá, 18 de maio de 2018
Diretoria da Adufmat-Ssind
****
O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
****
JUACY DA SILVA*
Apesar de que Lula já esteja preso desde o último dia 07 de abril e, em decorrência de já ter sido condenado em segunda instância, tornando-o inelegível, caso a Lei da ficha limpa seja realmente aplicada pelo TSE, as três pesquisas de opinião pública quanto às intenções de voto divulgadas desde então, tanto na forma espontânea quanto na estimulada em que aparece o nome do ex-presidente, o mesmo tem a preferência dos entrevistados de forma disparada, tanto em primeiro quanto em segundo turno.
O PT definiu uma estratégia no sentido de ignorar a possibilidade ou probabilidade de Lula não conseguir emplacar a candidatura a Presidência da República e se recusa a divulgar um plano “B”, onde algum outro nome do PT pudesse ser candidato no lugar de Lula ou até mesmo indicando um candidato a vice na chapa de outro candidato.
Essas três pesquisas, Data Folha de 13 de abril, IBOPE com abrangência apenas para o Estado de São Paulo em 24 de abril e da CNT/MDA para o Brasil como um todo, divulgada mais recentemente, em 14 deste mês de maio, mesmo que não podendo ser comparáveis devido a metodologia e o universo pesquisado, tem alguns pontos em comum e indicam como os eleitores estão se sentindo quando defrontados com pesquisas de opinião eleitoral.
Tanto no questionamento espontâneo, quando não são apresentados nomes de supostos candidatos, em todas o nome de Lula esta em primeiro lugar, com mais de 31% da preferência popular, praticamente o somatório dos três candidatos seguintes: Bolsonaro, Marina Silva e Ciro Gomes. Em ambas as modalidades, espontânea e com listas de nomes, o desempenho de Geraldo Alkmin, do PSDB, é muito baixo, chegando a empatar ou perder para Bolsonaro em São Paulo, estado em que foi governador por três vezes.
Outro aspecto é o desempenho de Bolsonaro, com Lula fica em segundo lugar, com pouco mais da metade das preferências do ex-presidente, sendo que no Nordeste o seu desempenho é ridículo, apenas 7%, onde Lula goza da preferência de 50% dos eleitores. Sem Lula, a preferida na Região nordeste é Marina com 18%, seguida de Ciro Gomes com 15% e Bolsonaro com 9%.
Outros aspectos curiosos tanto em relação a Lula quanto Marina Silva é a preferência desses nomes junto as mulheres, junto aos eleitores com apenas o ensino fundamental completo e à camada populacional que ganha no máximo até um salário mínimo, conforme dados recentes do IBGE é mais do que 50% da população trabalhadora. Nesses segmentos o desempenho de Bolsonaro também fica muito aquém de seus supostos adversários.
Aos poucos Bolsonaro parece que se consolida como candidato da direita, das camadas mais abastadas, da população branca e dos grandes grupos econômicos, incluindo banqueiros e latifundiários, o que poderá dificultar sua inserção junto `as camadas mais pobres, mulheres, nordestinos e trabalhadores urbanos e rurais.
A última pesquisa da CNT/MDA, divulgada na segunda feira (14/05/2018), na espontânea Lula aparece com 18,6% da preferência dos eleitores; Bolsonaro com 12,4% e dos demais pré-candidatos com menos de 2% cada um. Já na estimulada, Lula surge com 32,4%; Bolsonaro com 16,7%; Marina com 7%; Ciro Gomes com 5,4% e Geraldo Alkmin com apenas 4%.
Quando o nome de Lula não esta na lista dos possíveis candidatos, o quadro das preferências é o seguinte: Bolsonaro com 19,7%; Marina com 15,1%; Ciro Gomes com 11.1% e Alkmin com 8.1%. Em um possível segundo turno, quando Lula está na lista o mesmo vence todos os demais candidatos; o mesmo acontece com Bolsonaro, que, sem Lula derrotaria todos os demais candidatos, com exceção de Marina Silva, que pela pesquisa CNT/MDA ficaria empatada, e em idêntico cenário no Data Folha Maria Silva seria a única, além de Lula que derrotaria Bolsonaro.
Como ainda estamos há alguns meses das convenções e das decisões da Justiça Eleitoral e outros fatos intervenientes que possam alterar os cenários para outubro, existem outros fatores que já começam a se cristalizar: a) se Lula for candidato será o grande vencedor, com toda a certeza; b) Bolsonaro parece que já atingiu seu limite superior e tem poucas chances de crescer; c) Marina Silva, deve avançar e chegar ao segundo turno, caso Lula não seja candidato, um cenário bem provável; d) o segundo turno deverá ser um embate entre Bolsonaro e Marina Silva, radicalizando o confronto entre direita e esquerda e aí, o fator decisivo deverá ser para onde o pêndulo dos candidatos do centro/direita e centro/esquerda deverá pender.
Mesmo que o período dos debates e da campanha seja curto, os eleitores irão definir suas preferências em função tanto da honestidade do candidato, quanto de suas propostas e também sobre seu passado, o que os mesmos já fizeram como figuras públicas para equacionar os grandes desafios nacionais.
*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, colaborador e articulistas de diversas veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
****
O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
****
No meio acadêmico há um discurso exaustivamente bradado contra o autoritarismo, que segundo propugnam existe nas ações alheias, no outro, mas principalmente no governo, e nas correntes políticas inimigas – aqui não existem adversários. Vê-se violência em toda ação que de certo modo meche com seus interesses, se vê injúria em toda proposta que se apresenta e não corresponde a sua expectativa pessoal. O mal, o criminoso, o injusto, o antidemocrático e o autoritário encontram-se sempre naqueles que não concordam com o seu pensar, que não compartilham de sua visão de mundo, que agem segundo outros princípios.
A diversidade propagandeada é tão somente um bordão, que se defende quando se está em minoria, mas que se nega quando é maioria. Por exemplo, uma proposta liberal não apenas será rechaçada, sequer haverá espaço para ser debatida. As instâncias de decisão e debate encontram-se ocupadas por interesses políticos privados, que utilizam da estrutura acadêmica para propagandear ideais, mais do que conhecimentos, que querem que a universidade tome partido, antes que debata a situação, que querem mais engajamento em causas particulares de supostos setores sociais específicos do que a instituição de uma autarquia republicana preocupada em formar bons profissionais, pois que essa sim é a grande contribuição que a universidade deve dar para a sociedade. A sociedade não espera que a universidade salve a nação, ela quer tão somente que a universidade ensine antes que doutrine, que estimule mais o espírito da dúvida do que do engajamento, que possibilite um aperfeiçoamento pessoal e profissional dos seus cidadãos.
No entanto, de forma arrogante e cega, uma suposta elite intelectual é incapaz de entender as inquietações mais básicas de pessoas reais. As pessoas são metralhadas com os moralismos rasos e as acusações costumeiras ao pensamento do outro: racista, sexista, homofóbico, alienados, atrasados, e assim entendem a todos que não se engajaram nas causas em que se alienam. Não que não haja todos esses problemas, a questão é que existem muitos outros problemas mais sérios para a grande maioria e que o universo acadêmico ignora solenemente. Por exemplo, como poderá alguém se preocupar com a homofobia se o desemprego bate a sua porta, se sofre tantas injustiças diante do Estado e até da universidade, se os direitos humanos lhe parece apenas palavras vazias que serve para aliviar os presidiários, mas que pouco ou nada lhe ajuda na simples sobrevivência digna, enfim, ainda que todos os problemas devem ser enfrentados, alguns estão sendo constantemente abordados e defendidos, enquanto questões mais básicas e elementares continuam sendo desrespeitada acintosamente, e não há vozes na academia a perceber, quanto mais defender.
O fato é que se quer que o povo seja educado e tolerante, sem lhe dar educação ou formação humanística. Quer que ele se engaje em grandes causas, quando lhe falta ainda o básico: uma escola descente, um hospital humano e uma segurança que não lhe ameace. Ou seja, a maioria dos acadêmicos mira um homem ideal sem ver o real, e critica seu suposto real pelo seu ideal. O resultado é que a universidade cada vez mais perde sua importância e autoridade. Seus engajamentos políticos, desde o fim da ditadura – quando tinham alguma relevância política – são ou nulos, ou prejudiciais à sociedade civil; se caracteriza pela mera resistência a qualquer mudança política ou acadêmica.
Quem está sabendo das causas estudantis, dos servidores ou dos professores senão os estudantes, professores e servidores atingidos pela arbitrariedade deles próprios? A sociedade está cansada de ver privilegiados se considerarem autorizados a determinar o certo e o justo para ela, como estudantes, professores e servidores arrogantes. Ela está cansada de ver seu espaço ser ocupado pelas causas mais esdrúxulas e perversas, daqueles que se dizem querer salvar a sociedade civil, quando na verdade a explora e extorque, retirando-a do seu convívio.
Sem criatividade política, senão copiando antigas táticas esquerdistas, não sabem o que fazer, não sabem nem ao menos quais são de fato os problemas nacionais, não sabem contra quem devem mostrar suas indignações.
Por que não vão ocupar a frente das casas dos políticos, pois são eles que podem mudar as medidas governamentais? Por que não ocupam aeroportos, restaurantes e demais lugares públicos por onde transitam os políticos, para que votem contra as medidas que são contrários, não os deixando em paz um só instante? Não, contra os grandes são pequenos, mas contra os pequenos, a sociedade civil, eles são grandes. Na verdade, covardes, querem brigar, mas não querem as responsabilidades da briga, e socializam as perdas que advirão de uma luta tola entre todos os estudantes e professores, de forma bem miúda e pequena. Adentrados no espaço privilegiado das universidades, protegidos da polícia militar, bradam e fazem o que quiserem, pois não correm risco algum, ainda que gastem luz e energia públicas nas suas lutas privadas.
Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.