*Atualizada às 11h11 do dia 21/03 para alteração do horário do evento*
Fatos vivenciados nos últimos anos reforçam a necessidade de garantir o comprometimento dos candidatos com demandas da categoria
A próxima terça-feira, 26/03, será uma data importante para a categoria docente da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Neste dia, às 20h, os candidatos à Reitoria da instituição, deverão assinar uma Carta Pública elaborada pela Associação dos Docentes (Adufmat-Ssind), demonstrando respeito e comprometimento com as demandas da categoria.
O convite foi feito na semana passada às duas chapas que disputam a administração em segundo turno no dia 02/04. A chapa eleita administrará a instituição por quatro anos.
Conforme a Adufmat-Ssind anunciou anteriormente, o documento, já publicizado (leia aqui), está dividido em alguns tópicos. Para que todos reflitam sobre a importância de todos eles, não só para os docentes, mas para toda a universidade, o sindicato fará uma série de matérias, trabalhando cada um deles de forma separada, até a data da eleição. Isso porque os pontos destacados estão baseados na realidade que a universidade tem vivido nos últimos anos.
Autonomia e Democracia universitária
Como não poderia deixar de ser, “autonomia e democracia universitária” será o primeiro dos tópicos abordados pelo sindicato. Após quatro anos de Governo Bolsonaro, com sucessivos ataques aos sindicatos e ameaçadas de expulsão do campus, um dos pontos de compromisso que a Adufmat-Ssind apresenta é a permanência das entidades em suas sedes históricas sem cobrança de aluguel. A Adufmat-Ssind tem um contrato de comodato vigente e, apesar disso, foi procurada pela atual Reitoria, em 2021, para negociar a cobrança de aluguel para ocupar o prédio construído com recursos dos sindicalizados em espaço legalmente cedido. Após dialogar com a administração, o ataque não avançou, mas a entidade ainda se sente ameaçada e a assinatura da Carta poderá representar uma segurança a mais.
“Respeito à atuação científica, cultural, religiosa e política da comunidade acadêmica, sem perseguições ou represálias” é o segundo ponto da lista de autonomia e democracia universitária. Isso porque, não raro, a administração agiu diretamente contra movimentações das categorias, como ocorreu durante a greve estudantil em 2018, com o envio de uma lista com os nomes de estudantes para a Justiça Federal e pedido de reforço policial contra os discentes que reivindicavam melhorias das condições da universidade (leia aqui nota que o Andes-Sindicato Nacional emitiu na época).
Outra questão que o sindicato tem denunciado há algum tempo é a realização de debates importantes de forma virtual nos conselhos universitários. Para o sindicato, esse formato prejudica significativamente os debates e, por consequência, as decisões por eles tomadas. Há relatos de dificuldades climáticas e técnicas que dificultam as participações, tumultos que acabam confundindo os conselheiros na hora de votar e até mesmo censura, com corte do microfone ou a simples inobservância de solicitações de fala. Por isso, é uma reivindicação da Adufmat-Ssind o “retorno da presencialidade ou formato híbrido das reuniões do CONSEPE e compromisso com sua composição plural, evitando o aparelhamento pela Reitoria”.
A não realização dos debates de forma presencial também impede a ampliação da participação da comunidade em momentos essenciais, já que inviabiliza as manifestações daqueles que são diretamente afetados pelas decisões, mas não são conselheiros.
Os pontos “garantia da escolha do representante da UFMT no Conselho Diretor e transparências nas ações do referido Conselho”, “construção de orçamento participativo em que a comunidade acadêmica de todos os campi delineie as prioridades de investimento”, “compromisso de debate da emancipação dos campi a partir de suas bases”, “eleição dos pró-reitores de Sinop e Araguaia” e “criação IMEDIATA do Conselho de Campus Universitário nos campi do interior” também estão relacionados ao quesito autonomia e democracia interna, pois visam maior participação da comunidade acadêmica nos debates e nas decisões das possíveis ações que serão implementadas em benefício dos discentes, dos docentes e dos servidores técnico-administrativos.
Luana Soutos
Assessoria da Adufmat-Ssind