Imagem: O Livre/ Mauro Mendes em evento com empresários de MT
Há alguns anos, pairava entre a população a ideia de que os representantes políticos deveriam ser obrigados a frequentar os mesmos espaços públicos que administram, junto à população. A ilusão da liberdade capitalista, por óbvio, tratou de abafar rapidamente a proposta, pois o público e o privado só podem se encontrar quando a proposta é administrar o bem público, mas quando o assunto é desfrutar dos resultados dessa administração, a coisa muda.
Poucos dias depois de tentar desqualificar análises científicas sobre a Covid-19 em Mato Grosso e liberar a reabertura do comércio em todo o estado, alegando que é preciso “aprender a conviver com o vírus”, o governador Mauro Mendes foi internado em um Hospital de São Paulo. Segundo a imprensa, a causa é uma pneumonia, provavelmente consequência da própria Covid-19, que contraiu um junho.
Ao mesmo tempo em o político era atendido por uma equipe de profissionais do Sírio Libanês, um dos melhores hospitais particulares do país, servidoras da Saúde Pública administrada por ele retiraram a própria vida, no município mato-grossense de Rondonópolis. Para o sindicato dos servidores públicos da saúde do estado, a pressão do atendimento direito a pacientes com Covid-19 e a perda de colegas para a doença é agravada pela falta de condições de trabalho que perdura há anos. Não só a Covid-19, mas as doenças que comprometem a saúde mental ameaçam os trabalhadores da saúde.
Nessa quarta-feira, 05/08, Mato Grosso atingiu a triste marca de duas mil mortes atribuídas ao coronavírus. No Brasil, a gripezinha de Bolsonaro já matou mais de 97 mil pessoas. Enquanto isso, tanto Mauro Mendes quanto Bolsonaro, representantes do capital na administração pública, seguem rifando a vida dos trabalhadores para que empresários garantam seus lucros, pois a melhor forma de tomar péssimas decisões é justamente não sofrer suas consequências.
“Os governantes brasileiros sucateiam o Sistema Único de Saúde para abrir mercado para o setor privado, mas quando adoecem, voam com jatinhos particulares aos hospitais privados. Já vimos outros políticos de Mato Grosso fazendo a mesma coisa nessa pandemia. A linha de corte do ‘salve-se quem puder’ pelo mercado é muito alta e significa o genocídio dos pobres, negros, quilombolas e indígenas”, destaca a diretora de Imprensa da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat-Ssind.), Lélica Lacerda.
A diretora critica os ataques recentes proferidos pelo governador aos pesquisadores da UFMT. "Pelas políticas implementadas pelo governo de Mato Grosso, não precisa ser mãe Dináh nem cientista para saber o que vai acontecer. Quem vai sofrer é a população, porque quem tem dinheiro pode ter a tranquilidade de se internar no Sírio Libanês”, destaca.
Os sindicatos de trabalhadores comprometidos com a vida continuam na luta, realizando atividades para arrecadar doações e distribuir entre os desempregados e desamparados pelo Estado, fazer debates que ajudem a classe trabalhadora a se proteger e reorganizar, e denunciar a irresponsabilidade dos governos que se mostram genocidas durante a pandemia.
A Adufmat-Ssind, organizada, junto a outras entidades, na Frente Popular em Defesa do Serviço Público e de Solidariedade ao Enfrentamento à Covid-19, arrecadou mais de mil cestas básicas na última semana, que serão distribuídas em bairros da periferia de Cuiabá. Desde abril, o grupo já garantiu cerca de 35 toneladas de alimentos, além de material de limpeza e higiene para trabalhadores que não têm com quem contar nesse momento.
As entidades reafirmam que a única alternativa para a classe trabalhadora é a luta coletiva por políticas públicas capazes de superar a crise econômica, ambiental e sanitária. Nesse sentido, a construção da greve geral se mantém no horizonte, como passo fundamental da virada da correlação de forças em favor dos trabalhadores.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind