Um levantamento parcial feito pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) mostrou que, até a manhã de hoje (11) 913 classes foram fechadas em todo o estado.O levantamento, segundo o sindicato, foi feito por meio de contribuições de professores e de alunos que participaram de ocupações nas escolas no final do ano passado, em protesto contra o projeto de reorganização escolar do governo paulista. Já a Secretaria Estadual de Educação negou o fechamento das salas e informou que houve um número menor de matrículas este ano.
De acordo com o sindicato, o número pode ser ainda maior, já que o levantamento foi feito levando-se em consideração dados coletados por 39 regiões ou subsedes do sindicato, faltando ainda apurar os dados de outras 54 regiões.
“A Apeoesp constatou que em um ano tem um 'x' número de salas e, no outro, a classe desaparece. Alguns fatores nos levaram a fazer esse levantamento: [o fato deles, do governo] não receberem matrículas em determinadas séries e fecharem o ensino noturno, por exemplo”, disse Maria Izabel Noronha, a Bebel, presidenta da Apeoesp, em entrevista hoje à Agência Brasil.
Para ela, o governo estadual continua reorganizando o ensino paulista apesar do projeto ter sido suspenso pela justiça. “Apesar da suspensão, ele [governo] mantém a reorganização de pé. E vai fazer isso de forma silenciosa. Se os alunos não acordarem, se os pais não acordarem, amanhã acordaremos com uma reorganização feita na marra”, acrescentou a presidenta da Apeoesp.
Para a presidenta do sindicato, o que está ocorrendo, no entanto, é o “desaparecimento” de matrículas. “Tem cerca de 260 mil alunos que desapareceram no censo do ano passado. Esses alunos não são encontrados nem na rede pública e nem na rede privada. Onde estão esses alunos? Fora da escola. E por que? Por causa dessas políticas equivocadas de ficar fechando turno, que mexem com a vida do aluno, que deixa de estudar."
Procurada pela Agência Brasil, a Secretaria Estadual de Educação respondeu que algumas escolas têm sido fechadas por causa da queda no número da taxa de natalidade no estado, ou seja, pela falta de demanda e de matrículas dos alunos. E que toda demanda de alunos está sendo atendida.
“A Secretaria da Educação reitera que, ao contrário do que o sindicato afirma, o remanejamento de salas se trata de uma ação administrativa que sempre aconteceu. A readequação do número de salas de aula é rotina a cada início de ano letivo. Para 2016, a rede deixou de receber 143.610 mil matrículas”, informou o órgão, por meio de nota.
Segundo a secretaria, as transferências e matrículas comuns no início de ano também contribuíram para a movimentação das salas. “Apenas para exemplificar, em 2014 nos primeiros 15 dias houve pedidos para 107 mil matrículas e 180 mil transferências. Somado, a rede estadual teve 287 mil estudantes se 'movimentando', no ano de 2014. Em 2015, só no primeiro dia de aula, foram 18 mil pedidos de matrículas e 36 mil pedidos de transferência. Com todas essas mudanças é natural que haja movimentação de salas”, diz o órgão.
Histórico das ocupações
O projeto de reorganização separaria em ciclos alunos com idades entre 6 e 10 anos, adolescentes de 11 a 14 anos e jovens entre 15 e 17 anos. A proposta previa o fechamento de 93 escolas, além do remanejamento de estudantes, afetando um total de 311 mil alunos. Em protesto contra o projeto, estudantes passaram a ocupar as escolas para mostrar a insatisfação com a proposta. A primeira delas ocorreu no dia 9 de novembro, na Escola Estadual Diadema, na Grande São Paulo.
O movimento cresceu gradativamente e, cerca de um mês depois, no auge, aproximadamente 200 escolas foram ocupadas. Os alunos também foram às ruas protestar, sendo, diversas vezes, duramente reprimidos pela Polícia Militar. Os estudantes argumentavam que a comunidade escolar não foi ouvida sobre as mudanças.
O governo estadual disse que houve queda de 1,3% ao ano da população em idade escolar no estado. Desde 1998, a rede estadual perdeu 2 milhões de alunos. Segundo o governo, com a divisão por ciclo, as escolas estariam mais preparadas para as necessidades de cada etapa de ensino.
Suspensão
No início de dezembro, o governador Geraldo Alckmin decidiu suspender a reorganização escolar. No mesmo mês, a justiça paulista também se pronunciou sobre o caso, suspendendo o projeto para todo este ano. Em sua decisão, o juiz Luis Felipe Ferrari Bedendi, da 5ª Vara de Fazenda Pública, entendeu que o projeto do governo pegou a comunidade escolar de surpresa. “Ao se estabelecer medida de ampla afetação social, sem melhor programação e informação, tomou-se a população de percalço, que necessitaria se conformar às alterações promovidas”, disse o juiz, em sua decisão.
Fonte: Agência Brasil - Elaine Patrícia Cruz
Pelo terceiro ano seguido, trabalhadores, estudantes, usuários do SUS, sindicalistas e outros grupos solidários gritaram, durante o carnaval, pelo fim das Organizações Sociais na saúde pública de Mato Grosso. A união do útil ao agradável já é tradição do Bloco “Xô OSS - sai do SUS que ele não te pertence”. A mídia nacional até fala sobre alguns protestos de seu interesse durante a folia, mas a local faz questão de esconder as manifestações populares de conteúdo crítico.
Talvez a íntima relação do governador Pedro Taques com a imprensa mato-grossense seja um dos motivos pelos quais não se questione publicamente sua mudança de posição. Durante a campanha eleitoral, o atual governador se colocava claramente contrário à gestão via OSS. Depois de eleito, o discurso é outro: “Existem organizações que são ruins por natureza, mas não podemos generalizar [...] Não existe um único médico para todos esses males. Teremos vários modelos [...] Não posso editar um decreto e romper o contrato com a empresa que administra o Hospital Regional de Rondonópolis”, declarou Taques em entrevista concedida em abril do ano passado (clique aqui para ler toda a entrevista).
Os organizadores do Bloco questionam essa mudança. “Em Mato Grosso, as OSS foram amplamente discutidas no período eleitoral, quando os principais candidatos se colocaram contrários ao modelo. Porém a privatização da saúde está com força total no estado. O atual governador, Pedro Taques, que no ultimo carnaval deu de encontro com nosso Bloco Xô OSS e disse aos manifestantes que não era ‘bobó cheira, cheira, e que OSS era roubalheira’ mudou sua opinião. Seu governo anunciou a privatização via OSS da Farmácia de Alto Custo e a continuidade das OSS nos hospitais regionais!”, consta no material de apresentação do evento, realizado em Chapada dos Guimarães no último domingo (07/02).
O tema desse ano, relembrando as denúncias do Ministério Público contra as OSS e outros escândalos foi “Terceirização: o povo paga e o empresário lucra. Não à venda dos serviços públicos!”. Tais denúncias e escândalos motivaram, inclusive, a coleta de mais de 30 mil assinaturas, entregues em 2013 na Assembleia Legislativa para a elaboração de um Projeto Lei de Iniciativa Popular contra as OSS’s que nunca avançou.
Nessa onda de privatização e sob a ameaça de contratações via OSS para outros setores do serviço público, como a educação, o Bloco tende a ganhar força. Entidades como a Associação dos Docentes (Adufmat-Ssind), Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFMT, Intersindical, Alternativa de Luta, Centros Acadêmicos de Serviço Social e Filosofia da UFMT, Sindicatos dos Servidores do Dentran (Sinetran), dos Correios (Sintect) e dos Jornalistas (Sindjor), Alternativa Estudantil pela Base (AEB), além do Sindicato dos Médicos e Comitê em Defesa da Saúde Pública, já apoiaram o evento em 2016.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
Pelo terceiro ano seguido, trabalhadores, estudantes, usuários do SUS, sindicalistas e outros grupos solidários gritaram, durante o carnaval, pelo fim das Organizações Sociais na saúde pública de Mato Grosso. A união do útil ao agradável já é tradição do Bloco “Xô OSS - sai do SUS que ele não te pertence”. A mídia nacional até fala sobre alguns protestos de seu interesse durante a folia, mas a local faz questão de esconder as manifestações populares de conteúdo crítico.
Talvez a íntima relação do governador Pedro Taques com a imprensa mato-grossense seja um dos motivos pelos quais não se questione publicamente sua mudança de posição. Durante a campanha eleitoral, o atual governador se colocava claramente contrário à gestão via OSS. Depois de eleito, o discurso é outro: “Existem organizações que são ruins por natureza, mas não podemos generalizar [...] Não existe um único médico para todos esses males. Teremos vários modelos [...] Não posso editar um decreto e romper o contrato com a empresa que administra o Hospital Regional de Rondonópolis”, declarou Taques em entrevista concedida em abril do ano passado (clique aqui para ler toda a entrevista).
Os organizadores do Bloco questionam essa mudança. “Em Mato Grosso, as OSS foram amplamente discutidas no período eleitoral, quando os principais candidatos se colocaram contrários ao modelo. Porém a privatização da saúde está com força total no estado. O atual governador, Pedro Taques, que no ultimo carnaval deu de encontro com nosso Bloco Xô OSS e disse aos manifestantes que não era ‘bobó cheira, cheira, e que OSS era roubalheira’ mudou sua opinião. Seu governo anunciou a privatização via OSS da Farmácia de Alto Custo e a continuidade das OSS nos hospitais regionais!”, consta no material de apresentação do evento, realizado em Chapada dos Guimarães no último domingo (07/02).
O tema desse ano, relembrando as denúncias do Ministério Público contra as OSS e outros escândalos foi “Terceirização: o povo paga e o empresário lucra. Não à venda dos serviços públicos!”. Tais denúncias e escândalos motivaram, inclusive, a coleta de mais de 30 mil assinaturas, entregues em 2013 na Assembleia Legislativa para a elaboração de um Projeto Lei de Iniciativa Popular contra as OSS’s que nunca avançou.
Nessa onda de privatização e sob a ameaça de contratações via OSS para outros setores do serviço público, como a educação, o Bloco tende a ganhar força. Entidades como a Associação dos Docentes (Adufmat-Ssind), Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFMT, Intersindical, Alternativa de Luta, Centros Acadêmicos de Serviço Social e Filosofia da UFMT, Sindicatos dos Servidores do Dentran (Sinetran), dos Correios (Sintect) e dos Jornalistas (Sindjor), Alternativa Estudantil pela Base (AEB), além do Sindicato dos Médicos e Comitê em Defesa da Saúde Pública, já apoiaram o evento em 2016.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
A agenda de debates oficiais entre candidatos à Reitoria da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) já foi divulgada pela comissão de consulta. Eles serão realizados após o carnaval, um em cada campi da universidade, incluindo o Hospital Julio Müller.
A comissão avalia que o tempo total de cada debate seja, em média, de 3 horas, organizadas em quatro blocos: apresentação das candidaturas (40 minutos); perguntas da plateia (80 minutos); debate entre os candidatos (38 minutos); e considerações finais (20 minutos).
Todas as regras do debate serão expostas pelos organizadores do pleito, membros das entidades representativas da universidade, o Sindicato dos Trabalhadores Técnicos e Administrativos, o Diretório Central dos Estudantes e a Associação dos Docentes da UFMT.
Para além da agenda oficial, alguns institutos já realizam debates entre os candidatos.
A agenda divulgada é a seguinte:
16/02, às 8h30 – Debate no Hospital Júlio Müller
18/02, às 9h – Debate no campus de Sinop
24/02, às 9h – Debate nos campi do Araguaia
03/03, às 9h – Debate no campus de Rondonópolis
08/03, às 9h – Debate no campus de Cuiabá (e Várzea Grande)
O primeiro turno da eleição será no dia 16/03. Não havendo chapa com 50% +1 dos votos, o processo eleitoral continua em segundo turno, com eleição no dia 12/04.
Clique aqui para acessar o Regimento, calendário e outras informações sobre o processo de consulta 2016 da UFMT.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
A agenda de debates oficiais entre candidatos à Reitoria da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) já foi divulgada pela comissão de consulta. Eles serão realizados após o carnaval, um em cada campi da universidade, incluindo o Hospital Julio Müller.
A comissão avalia que o tempo total de cada debate seja, em média, de 3 horas, organizadas em quatro blocos: apresentação das candidaturas (40 minutos); perguntas da plateia (80 minutos); debate entre os candidatos (38 minutos); e considerações finais (20 minutos).
Todas as regras do debate serão expostas pelos organizadores do pleito, membros das entidades representativas da universidade, o Sindicato dos Trabalhadores Técnicos e Administrativos, o Diretório Central dos Estudantes e a Associação dos Docentes da UFMT.
Para além da agenda oficial, alguns institutos já realizam debates entre os candidatos.
A agenda divulgada é a seguinte:
16/02, às 8h30 – Debate no Hospital Júlio Müller
18/02, às 9h – Debate no campus de Sinop
24/02, às 9h – Debate nos campi do Araguaia
03/03, às 9h – Debate no campus de Rondonópolis
08/03, às 9h – Debate no campus de Cuiabá (e Várzea Grande)
O primeiro turno da eleição será no dia 16/03. Não havendo chapa com 50% +1 dos votos, o processo eleitoral continua em segundo turno, com eleição no dia 12/04.
Clique aqui para acessar o Regimento, calendário e outras informações sobre o processo de consulta 2016 da UFMT.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
Professores de diferentes sistemas públicos de São Paulo viverão um 2016 difícil, com pouca perspectiva de reajuste salarial. Uma greve já começa a ser desenhada.
Os orçamentos aprovados para este ano praticamente não deixam margem para aumento salarial aos docentes da rede estadual de educação básica (a maior do país) e das universidades estaduais (USP, Unesp e Unicamp).
O dinheiro reservado pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) para as escolas básicas é apenas 0,9% superior ao de 2015, quando a inflação foi de 10,6%, de acordo com o IPCA, do IBGE.
No ano passado, quando o orçamento para a Secretaria da Educação havia sido 5% maior do que em 2014, a categoria ficou sem reajuste.
Em sua posse, semana passada, o novo secretário de Educação, José Renato Nalini, disse que valorizar a carreira docente é prioridade.
Mas Nalini afirmou também que, se tivesse de negociar naquele momento com os sindicatos, "mostraria os dados da economia, que está em claro desaquecimento".
Segundo Nalini, "São Paulo só está conseguindo pagar os salários em dia e mantendo todos os funcionários porque tem uma gestão austera". Estados como Minas Gerais e Rio Grande do Sul dividiram o pagamento dos servidores.
"Não podemos aceitar dois anos sem nem reposição da inflação", afirmou a presidente da Apeoesp (sindicato dos professores estaduais), Maria Izabel Noronha.
Em 2015, a categoria fez a maior greve da história, que durou três meses. Nem assim conseguiu reajuste. Noronha reclama que outras categorias, como os metroviários, receberam reajuste (8,29%).
"Não descarto uma greve, a partir de março ou abril", afirmou Noronha -os orçamentos aprovados podem sofrer alteração durante o ano.
No mandato anterior de Alckmin (2011-2014), houve plano de reajuste para os quatro anos para os educadores, que somou 45% (incluindo nesse percentual incorporação de gratificações).
A rede estadual de ensino tem 220,7 mil professores.
SUPERIOR
A situação nas universidades não é melhor. O orçamento da USP aprovado para gasto com pessoal é apenas 2,8% superior ao de 2015; na Unicamp, 4%; na Unesp, 8%. As três têm 12 mil docentes.
Tradicionalmente a negociação salarial é única para as três universidades. Ou seja, se uma não pode conceder reajuste, trava as demais.
A USP informou que o dissídio só será negociado em abril e maio. A associação de docentes da USP disse que ainda não analisou o orçamento de 2016, mas que "ao longo de sua trajetória sempre repeliu arrocho salarial".
Já a Secretaria Municipal de Educação paulistana está com verba 13% superior a 2015. A pasta não quis informar se haverá reajuste.
Fonte: Fábio Takahashi - Folha de S. Paulo
O Ministério da Educação (MEC) revogou na segunda-feira (1º) medida que restringia os repasses do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) às instituições de ensino privadas. Segundo o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o governo volta a repassar, uma vez por mês, até 100% dos recursos públicos possíveis às instituições particulares.
O Fies oferece a estudantes financiamento de cursos em instituições privadas de ensino. Pelo programa, o MEC paga as instituições com títulos do Tesouro. Em datas especificadas pelo FNDE, as instituições podem optar por resgatar os títulos para pagar tributos ou, como o valor dos títulos pode ser maior do que os impostos, podem ainda solicitar a recompra de títulos excedentes pelo governo. O valor pago é depositado em conta criada para tal.
No final de 2014, uma portaria determinou que a recompra não poderia exceder o valor previsto do repasse no mês seguinte. Por conta disso, em novembro de 2015, as instituições receberam 60% e, em dezembro, 80% do valor esperado. Uma nova portaria, que revoga a limitação, foi publicada na segunda-feira no Diário Oficial da União. Agora, o FNDE pode recomprar 100% dos títulos das instituições, o que será feito em 12 vezes este ano, conforme cronograma disponível às entidades mantenedoras.
De acordo com o MEC, para este ano, a previsão para o orçamento do Fies é R$ 18,7 bilhões. Olgaíses Maués, 2ª vice-presidente da Regional Norte II e uma das coordenadoras do Grupo de Trabalho de Política Educacional (GTPE) do ANDES-SN, avalia que a medida demonstra, novamente, a prioridade de investimento do governo federal na educação privada.
“O governo reafirma sua prioridade de investimento no setor privado, enquanto segue penalizando a educação pública. O orçamento do FIES é maior que o total de cortes na educação no ano de 2015. Essa alteração de regras privilegia, novamente, o setor privado”, critica a docente.
Olgaíses cita diversos problemas enfrentados por universidade públicas em decorrência de cortes orçamentários e do ajuste fiscal, tais quais a restrição de viagens para participação em bancas e a diminuição do pagamento de serviços terceirizados de limpeza e segurança. Para a docente, os problemas das universidades públicas ficarão ainda mais visíveis com o retorno do ano letivo.
MEC destina mais R$ 111,5 milhões para o Sistema S
Na quarta-feira (3), o MEC apresentou outra medida que privilegia o investimento de dinheiro público em educação privada. O governo vai destinar R$ 111,5 milhões a mais ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) para o financiamento de bolsas do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).
Fonte: ANDES-SN (com informações de Agência Brasil)
Quando o professor do departamento de Letras da UFMT, Antônio Rodrigues Pimentel, escreveu, em 1986, o poema “Velhos Tachos”, inspirado pelos objetos que decoravam o saguão do teatro da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), provavelmente não imaginava que, anos mais tarde, eles ainda estariam lá, compondo o cenário preparado para uma emocionante homenagem a ele. É... talvez, pela perspicácia e inteligência, qualidades ressaltadas por todos aqueles que tiveram o privilégio da convivência com Pe. Pimentel, ele imaginasse, sim, que isso pudesse acontecer um dia.
De fato, nessa quarta-feira, 03/01, o Foyer do teatro da UFMT, onde estão alguns dos tachos contemplados por Pimentel, fizeram parte de uma bela cerimônia, que trouxe à tona uma importante parte da sua história como professor, padre e poeta, e também parte das histórias da UFMT, do estado e do país.
Os tachos que ainda decoram o teatro da UFMT decoram, igualmente, a capa do livro do professor Roberto Boaventura da Silva Sá, que tem o título “Abrangência dos vôos poéticos de Avoante do Cariri”. “Aqueles tachos, mais do que decorar espaços, dialogam com profundas e doloridas passagens da nossa história”, pontuou Boaventura. Fizeram parte da vida nos engenhos durante o período colonial brasileiro.
É justamente porque o contexto social está muito presente nas linhas escritas pelo Pe. Pimentel - ou Avoante do Cariri, como também ficou conhecido - que Boaventura dedicou-se a analisar o conjunto da sua obra, deixado pelo próprio autor na mesa de Boaventura apenas dois dias antes da sua (estranha) morte, em 2007. Certamente uma relíquia inestimável! Mas naquele dia, 05/02/2007, duas questões que jamais seriam respondidas se colocaram: por que as obras foram entregues, e por que todos os livros tinham, escrito à mão, exatamente a mesma dedicatória: “Ao professor Roberto, expoente da Adufmat”. Diante da rápida e inesperada partida que impossibilitou agradecê-lo, Boaventura decidiu, então, homenageá-lo.
Relatos de amigos, colegas, alunos e admiradores retrataram uma relação entre Avoante e a universidade que, aos novatos, é difícil reconhecer. Professor interessado no contato com a população, de olhar atento aos menos favorecidos e às questões sociais, Pe. Pimentel estava sempre disposto a brincar com o conhecimento e apresentar ou descobrir o novo. Certamente, ficaria entristecido se presenciasse as políticas de privatização que avançam sobre sua querida “universidade da selva”, dentre elas, a PEC 395/2014, que autoriza a cobrança de projetos de extensão, um dos tripés da universidade que Pimentel valorizava, pela possibilidade de aproximação entre a comunidade acadêmica e a população local.
Poliglota, escrevia sem nenhuma dificuldade textos em idiomas como latim e francês. Numa perspectiva sempre crítica, registrou sua posição contrária ao regime militar e questionou duramente o sistema capitalista. “Ele não era atrevido, como eu, ou polemista, como alguém me chamou. Ele tinha um jeito especial de fazer a crítica, pela poesia, que às vezes, acredito, fala mais alto do que os textos que eu costumo escrever”, disse Boaventura.
Os ex-reitores da UFMT, professores Benedito Pedro Dorileo e Fernando Nogueira de Lima, também ressaltaram o compromisso social de Pe. Pimentel. “Ele prezava pelo contato com a população menos favorecida. Ele tinha essa compreensão de que é preciso ampliar o contato da universidade com a sociedade, com a comunidade toda, com a periferia. É preciso tirar os doutores do ar condicionado e levar para as ruas”, afirmou Dorileo.
O professor Fernando Nogueira destacou que aprendeu, com o Pe. Pimentel, que o trabalho intelectual, em especial na universidade, exige que as pessoas tomem posições, e foi assim que entendeu a importância de escrever e emitir opinião. “Também tenho aprendido com você, nessa sua caminhada, com seus textos, Roberto”, acrescentou Nogueira.
Um outro objetivo do autor de “Abrangência dos voos poéticos”, além de homenagear o professor Pimentel, foi abordado pelo ex-reitor Pedro Dorileo: “esse é um momento muito importante para reviver a história dele [Avoante], até para cobrar pesquisas da UFMT acerca do seu trabalho”, observou.
A atual reitora, professora Maria Lúcia Cavalli Neder, contou algumas histórias da sua relação com o mestre e amigo pessoal, que chegou a dedicar a ela um de seus poemas, intitulado “Bodocó”. O nome é de um município do interior do Pernambuco, onde nasceu a mãe da professora, sobre a qual conversavam bastante. “Quem quiser saber quem era Maria Lúcia aos 22 anos, pode ler o poema”, brincou a reitora.
A presidente da Academia Mato-grossense de Letras e professora da UFMT, Marília Beatriz, enviou uma carta de apresentação do livro, que faria pessoalmente, não fosse o ataque de um mosquito transmissor do zika vírus. “Roberto constrói uma leitura precisa e preciosa da obra do Avoante, desmistificando, inclusive, algumas interpretações errôneas”, escreveu no documento, cuja leitura foi feita pelo professor Elias Andrade.
O professor Abel Santos iniciou sua homenagem com um canto gregoriano, e também relembrou dos bons momentos de convívio com o Pe. Pimentel. Sua mania de brincar com as línguas proporcionou, ao final do evento, uma dinâmica: o professor Germano Aleixo Filho lia as cantigas brasileiras traduzidas pelo Avoante para o latim, e a plateia tentava adivinhar quais eram.
A professora e uma das fundadora da UFMT, Therezinha Arruda, prestigiou o lançamento, e foi fortemente aplaudida ao receber as honras de sua presença, com palavras do professor Roberto Boaventura.
Um dos momentos de maior emoção foi a leitura de “Velhos Tachos”, feita pela ex-aluna de Pimentel, Claudete Rachid Jaudy. O poema segue transcrito abaixo, acompanhado de um link que remete a análise feita pelo professor Roberto Boaventura.
Velhos Tachos
Avoante do Cariri
Desovas em Trovas III, 1986
“Aposentados vos contemplo, ó tachos,
Relíquias eloquentes de um passado!
Recendeis a heroísmo embalsamado,
Acrisolado em mil e um despachos.
Centrastes atenção e sapateado,
Escanchados sobre ígneos capachos,
Enquanto ao vosso bojo, erguia-se em cachos
A escuma pardacenta do melado.
Testemunhas da história urdidura
Que as lágrimas transmuta na fartura,
Luzis no báratro de um céu bem atro.
E, ao refogar doçura em dissabores,
Me segredais, de em meio aos bastidores,
Que a vida nada é mais do que um teatro.”
Clique aqui para ler a análise do professor Roberto Boaventura do poema acima.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
Quando o professor do departamento de Letras da UFMT, Antônio Rodrigues Pimentel, escreveu, em 1986, o poema “Velhos Tachos”, inspirado pelos objetos que decoravam o saguão do teatro da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), provavelmente não imaginava que, anos mais tarde, eles ainda estariam lá, compondo o cenário preparado para uma emocionante homenagem a ele. É... talvez, pela perspicácia e inteligência, qualidades ressaltadas por todos aqueles que tiveram o privilégio da convivência com Pe. Pimentel, ele imaginasse, sim, que isso pudesse acontecer um dia.
De fato, nessa quarta-feira, 03/01, o Foyer do teatro da UFMT, onde estão alguns dos tachos contemplados por Pimentel, fizeram parte de uma bela cerimônia, que trouxe à tona uma importante parte da sua história como professor, padre e poeta, e também parte das histórias da UFMT, do estado e do país.
Os tachos que ainda decoram o teatro da UFMT decoram, igualmente, a capa do livro do professor Roberto Boaventura da Silva Sá, que tem o título “Abrangência dos vôos poéticos de Avoante do Cariri”. “Aqueles tachos, mais do que decorar espaços, dialogam com profundas e doloridas passagens da nossa história”, pontuou Boaventura. Fizeram parte da vida nos engenhos durante o período colonial brasileiro.
É justamente porque o contexto social está muito presente nas linhas escritas pelo Pe. Pimentel - ou Avoante do Cariri, como também ficou conhecido - que Boaventura dedicou-se a analisar o conjunto da sua obra, deixado pelo próprio autor na mesa de Boaventura apenas dois dias antes da sua (estranha) morte, em 2007. Certamente uma relíquia inestimável! Mas naquele dia, 05/02/2007, duas questões que jamais seriam respondidas se colocaram: por que as obras foram entregues, e por que todos os livros tinham, escrito à mão, exatamente a mesma dedicatória: “Ao professor Roberto, expoente da Adufmat”. Diante da rápida e inesperada partida que impossibilitou agradecê-lo, Boaventura decidiu, então, homenageá-lo.
Relatos de amigos, colegas, alunos e admiradores retrataram uma relação entre Avoante e a universidade que, aos novatos, é difícil reconhecer. Professor interessado no contato com a população, de olhar atento aos menos favorecidos e às questões sociais, Pe. Pimentel estava sempre disposto a brincar com o conhecimento e apresentar ou descobrir o novo. Certamente, ficaria entristecido se presenciasse as políticas de privatização que avançam sobre sua querida “universidade da selva”, dentre elas, a PEC 395/2014, que autoriza a cobrança de projetos de extensão, um dos tripés da universidade que Pimentel valorizava, pela possibilidade de aproximação entre a comunidade acadêmica e a população local.
Poliglota, escrevia sem nenhuma dificuldade textos em idiomas como latim e francês. Numa perspectiva sempre crítica, registrou sua posição contrária ao regime militar e questionou duramente o sistema capitalista. “Ele não era atrevido, como eu, ou polemista, como alguém me chamou. Ele tinha um jeito especial de fazer a crítica, pela poesia, que às vezes, acredito, fala mais alto do que os textos que eu costumo escrever”, disse Boaventura.
Os ex-reitores da UFMT, professores Benedito Pedro Dorileo e Fernando Nogueira de Lima, também ressaltaram o compromisso social de Pe. Pimentel. “Ele prezava pelo contato com a população menos favorecida. Ele tinha essa compreensão de que é preciso ampliar o contato da universidade com a sociedade, com a comunidade toda, com a periferia. É preciso tirar os doutores do ar condicionado e levar para as ruas”, afirmou Dorileo.
O professor Fernando Nogueira destacou que aprendeu, com o Pe. Pimentel, que o trabalho intelectual, em especial na universidade, exige que as pessoas tomem posições, e foi assim que entendeu a importância de escrever e emitir opinião. “Também tenho aprendido com você, nessa sua caminhada, com seus textos, Roberto”, acrescentou Nogueira.
Um outro objetivo do autor de “Abrangência dos voos poéticos”, além de homenagear o professor Pimentel, foi abordado pelo ex-reitor Pedro Dorileo: “esse é um momento muito importante para reviver a história dele [Avoante], até para cobrar pesquisas da UFMT acerca do seu trabalho”, observou.
A atual reitora, professora Maria Lúcia Cavalli Neder, contou algumas histórias da sua relação com o mestre e amigo pessoal, que chegou a dedicar a ela um de seus poemas, intitulado “Bodocó”. O nome é de um município do interior do Pernambuco, onde nasceu a mãe da professora, sobre a qual conversavam bastante. “Quem quiser saber quem era Maria Lúcia aos 22 anos, pode ler o poema”, brincou a reitora.
A presidente da Academia Mato-grossense de Letras e professora da UFMT, Marília Beatriz, enviou uma carta de apresentação do livro, que faria pessoalmente, não fosse o ataque de um mosquito transmissor do zika vírus. “Roberto constrói uma leitura precisa e preciosa da obra do Avoante, desmistificando, inclusive, algumas interpretações errôneas”, escreveu no documento, cuja leitura foi feita pelo professor Elias Andrade.
O professor Abel Santos iniciou sua homenagem com um canto gregoriano, e também relembrou dos bons momentos de convívio com o Pe. Pimentel. Sua mania de brincar com as línguas proporcionou, ao final do evento, uma dinâmica: o professor Germano Aleixo Filho lia as cantigas brasileiras traduzidas pelo Avoante para o latim, e a plateia tentava adivinhar quais eram.
A professora e uma das fundadora da UFMT, Therezinha Arruda, prestigiou o lançamento, e foi fortemente aplaudida ao receber as honras de sua presença, com palavras do professor Roberto Boaventura.
Um dos momentos de maior emoção foi a leitura de “Velhos Tachos”, feita pela ex-aluna de Pimentel, Claudete Rachid Jaudy. O poema segue transcrito abaixo, acompanhado de um link que remete a análise feita pelo professor Roberto Boaventura.
Velhos Tachos
Avoante do Cariri
Desovas em Trovas III, 1986
“Aposentados vos contemplo, ó tachos,
Relíquias eloquentes de um passado!
Recendeis a heroísmo embalsamado,
Acrisolado em mil e um despachos.
Centrastes atenção e sapateado,
Escanchados sobre ígneos capachos,
Enquanto ao vosso bojo, erguia-se em cachos
A escuma pardacenta do melado.
Testemunhas da história urdidura
Que as lágrimas transmuta na fartura,
Luzis no báratro de um céu bem atro.
E, ao refogar doçura em dissabores,
Me segredais, de em meio aos bastidores,
Que a vida nada é mais do que um teatro.”
Clique aqui para ler a análise do professor Roberto Boaventura do poema acima.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
Após a divulgação do veto da Dilma Rousseff à realização da auditoria da dívida pública com participação popular, emenda prevista no Plano Plurianual (PPA) e encaminhada pelo Congresso para sanção da presidência, a Auditoria Cidadã da Dívida iniciou uma campanha no mês de janeiro para a derrubada do veto, que volta à Câmara dos Deputados, onde os parlamentares decidirão se auditam ou não a dívida que consome quase metade do orçamento do país.
A Auditoria Cidadã da Dívida, da qual o ANDES-SN é colaborador, é uma associação sem fins lucrativos, que luta há 16 anos pela auditoria das dívidas públicas brasileira, interna e externa, federal, estaduais e municipais, prevista na Constituição Federal de 1988, e até hoje não cumprida. Na página eletrônica da associação (www.auditoriacidada.org.br/derrubaoveto) é possível aderir ao abaixo-assinado em defesa da causa. Até esta quarta-feira (3), a campanha conta com o apoio registrado de 3.669 pessoas, das quais 113 deputados e 25 senadores. São necessários, porém, 257 votos na Câmara e 41 no Senado para a derrubada do veto presidencial.
Durante o 35º Congresso do ANDES-SN, realizado entre os dias 25 a 30 de janeiro em Curitiba (PR), os delegados deliberaram pela continuidade da participação do Sindicato Nacional na Campanha Nacional pela Auditoria da Dívida Pública, denunciando o veto da presidência.
Dívida pública
O gasto com juros e amortizações da dívida pública federal atingiu até o início do mês de dezembro de 2015 o valor de R$ 958 bilhões, dos quais grande parte decorre de cobertura de gastos feitos pelo Banco Central com, por exemplo, Operações de Mercado Aberto e de Swap Cambial, da ordem de centenas de bilhões de reais. Segundo a Auditoria Cidadã da Dívida, falta uma maior transparência e discussão com a sociedade sobre a real necessidade das altíssimas taxas de juros, responsáveis pelo crescimento da dívida pública e pelo expressivo aumento dos gastos do Tesouro com a dívida.
A auditoria da dívida pública com participação de entidades da sociedade civil, no âmbito do Ministério da Fazenda, havia sido incluída no Plano Plurianual (PPA 2016-2019) por meio de emenda do deputado federal Edmilson Rodrigues (PSOL/PA), acatada pela Comissão de Finanças e Tributação, que é o principal órgão colegiado da Câmara dos Deputados sobre o orçamento público. Em sua justificativa para o veto, o governo disse que a auditoria poderia resultar em confronto com o pacto federativo, pois também atingiria estados e municípios, e que a gestão da dívida pública já é realizada de maneira transparente pela Secretaria do Tesouro Nacional e pelo Banco Central.
Para a associação, tais justificativas não se sustentam, pois a dívida dos entes federados está profundamente relacionada com o governo federal, sendo que este último é justamente quem cobra a maioria destas dívidas, que precisam ser urgentemente auditada, e tem causado sérios danos às finanças de estados e municípios. “O problema é que nosso passivo é imenso e não se veem as razões para termos chegado a isso, os investimentos realizados. O que existe é um sistema da dívida, que nos faz ficar constantemente atolados”, afirma a Maria Lucia Fattorelli, coordenadora nacional da Auditoria Cidadã da Dívida e auditora aposentada da Receita Federal, em entrevista ao jornal Correio Braziliense.
Participe
Cidadãos de todo o Brasil podem participar da campanha #DerrubaoVeto. Basta acessar o site da campanha, fazer a assinatura de apoio e contatar os parlamentares via telefone, e-mail e/ou carta, exigindo seus votos para a derrubada do veto à auditoria da dívida pública com participação social. A lista completa com todos os contatos dos parlamentares está disponível também no site da campanha.
Saiba Mais
Dilma veta realização de auditoria da dívida pública
Fonte: ANDES-SN (com informações do Correio Braziliense)