Quarta, 18 Janeiro 2017 15:04

 

Especialistas em diversas áreas de estudo se reúnem em Cuiabá na próxima semana para debater um tema em comum: política. Há quem tente negar, mas são as relações políticas, no sentido mais amplo, que estabelecem a dinâmica social, influenciando as condições de trabalho, os direitos sociais, entre outros. Para avaliar a conjuntura e definir suas ações nessas disputas, docentes de universidades públicas e privadas de todo país realizam o 36º Congresso do ANDES [Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior] na capital mato-grossense, a partir da próxima segunda-feira, 23/01, a partir das 9h.

 

Serão seis dias de intenso debate a partir do tema “Em defesa da educação pública e contra a agenda regressiva de retirada dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras”. O evento, realizado anualmente, é o principal espaço de deliberação da categoria, e a expectativa é de que cerca de 500 pessoas, entre delegados, suplentes e observadores eleitos em diversas seções sindicais do ANDES participem.

 

“O ANDES Sindicato Nacional é uma das entidades mais importantes nas disputas políticas do país desde o início da década de 1980. A partir de estudos de colegas e de diferentes perspectivas de análises, nós conseguimos, ao longo dos anos, realizar leituras e intervenções sociais que nos garantiram não só o amadurecimento na luta, mas também avanços na conquista de direitos”, comenta Reginaldo Araújo, presidente da entidade anfitriã, Adufmat – Seção Sindical do ANDES-SN.

 

As políticas propostas e aplicadas pelo Governo Temer estarão no centro dos debates. Na contramão dos direitos adquiridos, as reformas da Previdência, Trabalhista, e do Ensino Médio, por exemplo, são velhas conhecidas dos movimentos sociais organizados, encontradas tanto nos governos do PSDB, quanto nos do PT. Por esse motivo, o ANDES-SN se manteve sempre nas ruas, e deverá reforçar sua posição mais uma vez em seu 36º Congresso. 

 

A partir das deliberações do evento, a diretoria do Sindicato Nacional orienta suas ações anuais. O último, realizado em Curitiba no início de 2016, determinou a intensificação da luta em defesa dos direitos, por meio da unidade entre os movimentos de trabalhadores e estudantes. Um dos motivos pelos quais, no decorrer do ano, diversas manifestações foram realizadas em todo o país, muitas delas reprimidas pela polícia, a mando dos governos.     

 

“Nossa perspectiva é de que o acúmulo que tivemos em 2016 sirva para subsidiar o nosso debate de construção de um Pla­no de Lutas que esteja a altura dos desa­fios que teremos em 2017, que certamen­te começa com uma grande campanha para barrar a contrarreforma da Previdên­cia, a contrarreforma Trabalhista e contra esse conjunto de retirada de direitos. Isso é o que esperamos que o 36º Congresso do ANDES-SN aprove”, afirma a presidente do ANDES-SN, Eblin Farage.

  

 

“É um orgulho receber na capital mato-grossense, e pela terceira vez, um dos eventos políticos mais importantes do país. A compreensão da sociedade em que a gente vive e das relações às quais estamos submetidos é indispensável aos cidadãos que se organizam de alguma forma. Isso só é possível por meio do debate, da troca de impressões e experiências, e o ANDES-SN é um espaço muitíssimo interessante para esse exercício”, afirma Araújo.

 

Programação

 

Embora os processos de credenciamento, votação e discussão nos Grupos Mistos sejam reservados aos delegados, suplentes e observadores eleitos pelas Seções Sindicais em assembleias, as plenárias, momentos ricos do Congresso, são abertas a todos os interessados.

 

Além disso, a programação incluiu uma mesa, na noite do primeiro dia do evento, com uma das grandes referências no debate sobre a Dívida Pública, a auditora aposentada da Receita Federal, Maria Lúcia Fatorelli.

 

Confira a Programação: 

 

PROPOSTA DE CRONOGRAMA E PAUTA PARA O 36º CONGRESSO DO ANDES-SINDICATO NACIONAL

Cuiabá, 23 a 28 de janeiro de 2017

Tema Central: Em defesa da educação pública e contra a agenda regressiva de retirada dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.

23/1 (2ª feira)

24/1 (3ª feira)

25/1 (4ª feira)

26/1 (5ª feira)

27/1 (6ª feira)

28/1 (sábado)

9h às 12h

14h às 17h

Credenciamento

 

10h às 13h

Plenária de Abertura

Plenária de Instalação

 

9h às 12h

Grupo Misto

Tema II

 

Grupo Misto

Tema III

Livre

9h às 13h

Plenária do Tema III

9h às 12h

Plenária do

Tema IV

 

15h às 19h

Plenária do Tema I

 

14h às 18h

Grupo Misto

Tema II

14h às 18h

Grupo Misto

Tema IV

14h as 17h

Plenária do Tema II

 

15h às 18h

Plenária do Tema

IV

14h às 16h

Plenária de

Encerramento

21h

Palestra com representantes do Casarão da Luta, da Escola Florestan Fernandes e da Auditoria Cidadã da Dívida.

 

Livre

Livre

18h30 às 21h30

Plenária do Tema II

 

Livre

 

 

Pauta

Tema I – Movimento docente, conjuntura e centralidade da luta.

Tema II – Políticas sociais e plano geral de lutas.

Tema III – Plano de lutas dos setores.

Tema IV – Questões organizativas e financeiras

 

  

 

Terça, 17 Janeiro 2017 17:12

 

A Associação dos Docentes da Universidade Federal do Mato Grosso (Adufmat – Seção Sindical do ANDES-SN), através do Grupo de Trabalho de Política Agrária, Urbana e Ambiental (GTPAUA), realiza nos dias 21 e 22 de janeiro uma excursão para região Amazônica nos trechos das rodovias BR-163 e BR-364, que ligam Cuiabá a Santarém e Cuiabá a Porto Velho. A viagem antecede o 36° Congresso do ANDES-SN, que acontece de 23 a 28 de janeiro deste ano, em Cuiabá (MT).

 

De acordo com a Circular n° 008/17, a excursão tem como objetivo mostrar e discutir com os participantes do 36º Congresso interessados, aspectos socioambientais resultantes da ocupação de uma das frentes escolhidas para a incorporação da região Amazônica à economia nacional e internacional. Os locais situam-se na região de influência direta das rodovias, que ligam, em termos geopolíticos, a região abrangida pela bacia do Pantanal Matogrossense à região sul da Amazônia. As rodovias são heranças da ditadura empresarial-militar, que tinha como lema “Integrar para não entregar”.

 

A excursão tem previsão de saída de Cuiabá às 7h30, no sábado, dia 21, e o retorno previsto para a noite de domingo, dia 22, à capital cuiabana. Os custos do pernoite, previsto no município de Campo Novo dos Parecis, a alimentação e eventuais gastos pessoais estarão a cargo dos participantes.

 

Mais informações na Circular n° 008/17

 

Fonte: ANDES-SN

 

Terça, 17 Janeiro 2017 17:08

 

O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, foi preso, na manhã desta terça (17), em São Paulo (SP), enquanto acompanhava a ação de reintegração de posse da ocupação Colonial, no bairro de São Mateus. Boulos foi preso por "desobediência civil" e levado para o 49ª DP da capital paulista. A diretoria do ANDES-SN divulgou nota na qual repudia a prisão e exige a imediata libertação do coordenador do MTST.

 

A ocupação Colonial tem cerca de 3 mil pessoas, reunidas em 700 famílias, que estão no local há mais de um ano. Em comunicado, o MTST classificou a prisão de "verdadeiro absurdo" e afirmou que Boulos "esteve o tempo todo procurando uma mediação para o conflito". "Não aceitaremos calados que além de massacrem o povo da ocupação Colonial, jogando-os nas ruas, ainda querem prender quem tentou o tempo todo e de forma pacífica ajudá-los", afirmou o movimento na nota.

 

Por volta das 7 horas da manhã, os moradores da ocupação São Mateus pediram para os oficiais de Justiça aguardarem a abertura do Tribunal de Justiça para que o juiz responsável pela ação, Jurandir de Abreu Júnior, analisasse um pedido do Ministério Público a respeito do caso. O MP solicitava a suspensão da ação de reintegração de posse. A tentativa de adiar a ação não deu certo. Por volta das 8h20, a Polícia Militar avançou de forma violenta, com bombas de gás lacrimogêneo e gás pimenta, contra os moradores para retirá-los de suas casas.

 

Com informações de MTST e Carta Capital. Imagem de MTST.

 

Confira aqui a nota da diretoria do ANDES-SN

 

NOTA DE REPÚDIO

 

A Diretoria do ANDES-SN repudia a prisão de Guilherme Boulos, militante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto - MTST - ocorrida hoje (17/1/17), em São Paulo. Nos solidarizamos com os/as trabalhadores/as que têm o seu direito à moradia negado e são violentamente reprimidos por lutar pela vida. Lutamos contra a mercantilização da educação e de todos os demais direitos, o que significa dizer também que a cidade não é mercadoria.

 

Lutar não é crime, exigimos a imediata libertação de Boulos.

 

Brasília, 17 de janeiro de 2017

 

Diretoria do ANDES-Sindicato Nacional

 

Fonte: ANDES-SN



Terça, 17 Janeiro 2017 17:02

 

A Associação dos Docentes da Universidade Federal do Mato Grosso (Adufmat – Seção Sindical do ANDES-SN), através do Grupo de Trabalho de Política Agrária, Urbana e Ambiental (GTPAUA), realiza nos dias 21 e 22 de janeiro uma excursão para região Amazônica nos trechos das rodovias BR-163 e BR-364, que ligam Cuiabá a Santarém e Cuiabá a Porto Velho. A viagem antecede o 36° Congresso do ANDES-SN, que acontece de 23 a 28 de janeiro deste ano, em Cuiabá (MT).

 

De acordo com a Circular n° 008/17, a excursão tem como objetivo mostrar e discutir com os participantes do 36º Congresso interessados, aspectos socioambientais resultantes da ocupação de uma das frentes escolhidas para a incorporação da região Amazônica à economia nacional e internacional. Os locais situam-se na região de influência direta das rodovias, que ligam, em termos geopolíticos, a região abrangida pela bacia do Pantanal Matogrossense à região sul da Amazônia. As rodovias são heranças da ditadura empresarial-militar, que tinha como lema “Integrar para não entregar”.

 

A excursão tem previsão de saída de Cuiabá às 7h30, no sábado, dia 21, e o retorno previsto para a noite de domingo, dia 22, à capital cuiabana. Os custos do pernoite, previsto no município de Campo Novo dos Parecis, a alimentação e eventuais gastos pessoais estarão a cargo dos participantes.

 

Mais informações na Circular n° 008/17

 

Fonte: ANDES-SN

 

Terça, 17 Janeiro 2017 11:06

 

Texto sugerido para leitura pelo prof. Juacy da Silva

Fonte: Carta Capital

 

A BACIA DO RIO Tapajós, no coração da Amazônia, pulsa uma tensão explosiva: de um lado, estão projetos de mais de 40 grandes hidrelétricas, rodovias, ferrovias, hidrovias, complexos portuários e tudo mais que um grande corredor de exportação de commodities demandaria, além, é claro, de grandes projetos de mineração. Do outro, povos indígenas e comunidades tradicionais que ocupam a região há mais de 10 mil anos cujos territórios compõem um dos corredores de florestas com maior diversidade socioambiental do planeta. Os conflitos que se estabelecem nesse cenário revelam distintos projetos de nação para o país.

 

Por séculos desprezado, o cerrado se tornou, nos últimos 15 anos, o orgulho do agronegócio brasileiro, atingindo os mais altos índices mundiais de produtividade. Porém, o estado de Mato Grosso – líder absoluto na produção nacional de soja, amargava péssimas condições para o escoamento de suas safras. Era preciso transportar os grãos por milhares de quilômetros em rodovias até o embarque para exportação nos portos de Santos (SP) ou Paranaguá (PR).

 

Na fronteira norte mato-grossense, o agronegócio nasce, então, ancorado a três sonhos dourados: o asfaltamento da BR-163 (a rodovia Cuiabá-Santarém), a ferrovia que correria paralela à BR-163, já apelidada de “Ferrogrão”, e, o mais audacioso, a hidrovia Teles Pires-Tapajós.

 

A pavimentação da BR-163, que por décadas chegou a ser considerada uma utopia, hoje, está praticamente concluída. Até o porto de Miritituba, em Itaituba (PA), faltam apenas cerca de 110 km que já encontram-se em obras. A construção da Ferrogrão, por sua vez, foi anunciada por Michel Temer logo que tomou posse como presidente da República. A obra integra o lote prioritário do programa de concessões em infraestrutura com previsão de ser leiloada ainda este ano e já conta com um complexo portuário parcialmente construído em Miritituba.

 

A bola da vez, então, parece ser o polêmico projeto da hidrovia Teles Pires-Tapajós.

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Rotas e projetos logísticos do agronegócio.

 

Montagem: Mauricio Torres



Carlos Fávaro, atual vice-governador do Mato Grosso e presidente da Aprosoja, maior cooperativa de soja do Brasil, não poupa entusiasmo ao referir-se ao Tapajós como o “Mississipi brasileiro” e como uma “dádiva de Deus”.
 

De fato, Fávaro entende a si e aos seus como “agraciados por Deus” por poderem encurtar distâncias e aumentar vertiginosamente seus lucros com a transformação dos encachoeirados rios da bacia do Tapajós em uma sucessão de canais navegáveis até os portos do Atlântico, de onde sua soja navegaria para mercados asiáticos e europeus.

 

Resta, entretanto, esclarecer por quem dobram os sinos divinos: se apenas por sojeiros representados pelo vice-governador ou também pelos muitos povos que vivem tradicionalmente nas exuberantes florestas às margens dos rios Teles Pires e Tapajós e para quem as muitas cachoeiras desses rios são sagradas.

 


 

Ousadia na Praça do Colonizador


 

 

Entre os dias 27 e 30 de outubro de 2016, a pequena cidade de Juara (MT), na bacia do rio Juruena, sediou o III Festival Juruena Vivo. O encontro serviu de palco para vozes geralmente desconsideradas no cenário político de tomada de decisões acerca do destino dos rios da Amazônia. Compareceram representantes dos povos Apiaká, Kayabi, Munduruku, Manoki, Myky, Nambikwara, Rikbaktsa, além de ribeirinhos, camponeses, movimentos sociais, pesquisadores e ONGs, somando mais de 300 participantes.

 

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Terceira edição do Festival Juruena Vivo, em Juara (MT). Sete povos indígenas e outros grupos representados.

 

Foto: Thaís Borges.



 

O munduruku Cândido Waro, por exemplo, descreveu emocionado a dramática situação vivida por seu povo: “Duas barragens, Teles Pires e São Manoel, foram construídas no limite da nossa terra. Elas estão destruindo nossas vidas. O rio Teles Pires está sujo. Nossos filhos estão morrendo de diarreia. Os peixes estão acabando. Nós não queremos as barragens, mas o governo não nos ouve. Estão nos destruindo”.

 

Irônica e ilustrativamente, o evento que celebrava um autêntico levante contra o modo colonialista de se pensar a região acontecia na praça central de Juara, ao lado da grande “Estátua do Colonizador” (ver foto). Erguida em 2010, o monumento ostenta uma reluzente placa cromada onde se lê: “Aqui começou nossa história[,] pois foi neste mesmo local que Zé Paraná e outros membros da Sibal [Sociedade Imobiliária da Bacia Amazônica] iniciaram a trajetória em meio as [sic] cinzas da primeira derrubada”.

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“Aqui começou nossa história”: a estátua do colonizador, na Praça do Colonizador, marca o “começo” da história em território de milenar ocupação ameríndia. Juara (MT).

Foto: Thaís Borges



 
Para Andreia Fanzeres, coordenadora do Programa de Direitos Indígenas da ONG Operação Amazônia Nativa (OPAN) e organizadora do evento, o fato de o evento ter acontecido na Praça do Colonizador não foi obra do acaso: “Todo o pessoal que participou do Festival é daqui mesmo. É gente invisibilizada, gente que sofre preconceitos, é gente excluída da vida urbana, no próprio município. Trazer essas pessoas para uma praça pública, para uma praça chamada do Colonizador, foi uma grande ousadia.” 
 

A “história que começava” era, na verdade, a negação da trajetória dos povos locais e a sequência da história de camponeses sem terra em decorrência da concentração fundiária no Sul do país. Zé Paraná foi um dos beneficiados pelo programa de colonização da ditadura militar, que dividiu o norte do Mato Grosso entre alguns poucos “donos”. A região de Juara coube a Zé Paraná, assim como Sinop ficou para Ênio Pipino, Alta Floresta para Ariosto da Riva e assim por diante. Os novos “donos” de territórios milenarmente ocupados por povos indígenas vendiam parcelas das imensas glebas que recebiam para camponeses sem terra do Sul do país. Estes, por sua vez, tornavam-se compulsoriamente expropriadores dos povos indígenas e vetores de apagamento de qualquer história que os precedesse; um processo que segue, como vemos, sendo escrito em praça pública até hoje.

 

Como a inscrição do monumento grafa com orgulho, os agricultores que chegavam “começaram a história” fazendo o que sabiam: derrubar e queimar a floresta para plantar. Ao contrário do que dizia o slogan do programa de colonização, a Amazônia não era “Uma terra sem gente para uma gente sem terra”. Não tardaria para que começassem a aparecer conflitos com povos indígenas e comunidades tradicionais em luta pelo reconhecimento de seus territórios.

 

Na verdade, até a Constituição de 1988, os povos indígenas lutavam pelo direito até mesmo de poderem continuar sendo índios, uma vez que as terras indígenas eram áreas destinadas a esses povos “enquanto” eles fossem “assimilados” à dita sociedade nacional.

 

O mais recente episódio desta luta épica e secular é travado agora, quando os índios já perderam substantivas porções de seus territórios. Muitas tribos ficaram confinadas a fragmentos de terras, como na porção mato-grossense da bacia do Tapajós, ilhadas pela expansão da fronteira norte do agronegócio e ainda mais ameaçadas pelas pretensões logísticas sobre o que sobrou dos territórios indígenas.

 

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Terras indígenas e hidrelétricas projetadas e construídas na porção norte mato-grossense da bacia do Tapajós.

 

Montagem: Mauricio Torres



 

Tapajós sob ataque


 

 

A reforma agrária e o reconhecimento dos territórios indígenas e das comunidades tradicionais, lutas históricas dos movimentos sociais brasileiros, eram tidos por muitos como certos numa gestão do PT Tais medidas não aconteceram de fato. Como explicaremos nas próximas matérias da série “Tapajós sob ataque”, os últimos anos agravaram os problemas e hoje a região está imersa em sérios conflitos territoriais que alimentam os assustadores  e crescentes  números de mortes violentas no campo.

 

Em declaração feita no dia 17 de novembro de 2016, na Conferência do Clima da ONU, o ministro da Agricultura e ícone do agronegócio brasileiro, Blairo Maggi, ilustrou bem a posição do setor ao classificar  as mortes no campo de “problemas de relacionamento”, tentando reduzir conflitos sociais graves e estruturais a meras questões pessoais.

 

Fernanda Moreira, do Conselho Indígena Missionário (Cimi), em entrevista para The Intercept Brasil, vê a questão de modo mais complexo: “os assustadores números da violência contra indígenas, camponeses e lideranças de movimentos sociais indicam o caráter etnocida das lutas no campo, mas evidenciam, também, a intensidade da resistência desses grupos”.

 

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Sorriso (MT) se autoproclama a capital do agronegócio, com a maior produção municipal de soja do país.

 

Foto: Thais Borges



 
Esta é a primeira matéria da série exclusiva “Tapajós sob Ataque”, escrita pela jornalista Sue Branford e pelo cientista social Mauricio Torres, que percorrem a bacia Tapajós. A série é produzida em colaboração com Mongabay, portal independente de jornalismo ambiental. Leia a versão em inglês. Acompanhe outras reportagens no The Intercept Brasil ao longo das próximas semanas.
 
Sue Branford percorreu a rodovia Transamazônica pela primeira vez em 1973 e, desde então, tem feito muitas reportagens sobre a região para a BBC e outros veículos da imprensa escrita, incluindo The Guardian e The New Scientist. Em 1985, publicou, com Oriel Glock, “The Last Frontier, Fighting over Land in the Amazon” (Zed Books). Em 2004, recebeu o prêmio Vladimir Herzog pelo livro “Rompendo a cerca: a história do MST” (Casa Amarela), em coautoria com Jan Rocha.

 

Mauricio Torres é doutor em Geografia Humana pela USP, com pesquisa sobre conflitos territoriais na Amazônia. É autor e editor de “Amazônia Revelada: os descaminhos ao longo da BR-163 e “Ocekadi: hidrelétricas, conflitos socioambientais, e resistência na bacia do Tapajós, com Daniela Alarcon e Brent Milikan, entre outras publicações sobre o tema.



Créditos da foto: Thais Borges

 

 

 

Segunda, 16 Janeiro 2017 18:56

 

Apenas oito homens possuem a mesma riqueza que os 3,6 bilhões de pessoas que compõem a metade mais pobre da humanidade, segundo o relatório publicado nesta segunda-feira (16) pela ONG britânica Oxfam, um dia antes do Fórum Econômico Mundial, que começa na terça-feira (17). No ano passado, a Oxfam denunciou que o patrimônio acumulado do 1% mais rico do mundo havia superado em 2015 os 99% restantes com um ano de antecedência em relação ao previsto.

 

O documento "Uma economia humana para os 99%", baseado no Credit Suisse Wealth Report 2016 e na lista de milionários da Forbes, divulgou a lista dos 8 mais ricos do mundo e suas fortunas estimadas, em dólares. São eles: Bill Gates (75 bilhões), Amancio Ortega (67 bilhões), da grife espanhola Zara; Warren Buffet (60,8 bilhões), da Berkshire Hathaway, Carlos Slim (50 bilhões), das telecomunicações, e Jeff Bezos (45,2 bilhões), da Amazon. Figuram ainda na lista o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg (44, 6 bilhões), Larry Ellison (43,6 bilhões), da Oracle, e, por fim, Michael Bloomberg (Bloomberg LP), com 40 bilhões.

 

De acordo com o relatório, o topo e a base da pirâmide da riqueza mundial, ricos e pobres, torna-se cada vez maior, em tempo menor do que o previsto, trazendo consequências nefastas para a sociedade. Na última camada da pirâmide, 1 em cada 9 pessoas vive abaixo da linha da pobreza, sobrevivendo com menos de U$ 2 por dia.

 

As grandes empresas e os super-ricos

 

A crescente pressão pela redução de custos e pela geração de lucros para os titulares e diretores de empresas que atuam nos setores – financeiro, extrativo, do vestuário, dos produtos farmacêuticos e outros -, bem como a ascensão do capitalismo de camaradagem, está gerando um fosso cada vez maior entre os ricos e os demais habitantes do planeta. Os altos lucros das empresas são maximizados pela estratégia de pagar o mínimo possível em impostos, utilizando para este fim paraísos fiscais ou promovendo a concorrência entre países na oferta de incentivos e tributos mais baixos. Essas mesmas empresas usam seu enorme poder e influência para garantir que regulações e políticas nacionais e internacionais sejam moldadas de uma maneira que lhes garantam lucros contínuos. As empresas farmacêuticas, por exemplo, gastaram mais de US$ 240 milhões em atividades de lobby em Washington em 2015.

 

A renda de altos executivos também foi apontada pelo relatório como algo preocupante. Frequentemente engordada pelas ações de suas empresas, a renda deles tem aumentado vertiginosamente, ao passo que os salários de trabalhadores comuns e a receita de fornecedores têm, na melhor das hipóteses, se mantido inalterados e, na pior, diminuído. “Precisamos aumentar os impostos sobre a riqueza e grandes rendas para garantir condições mais iguais para todos e reprimir com vigor a sonegação fiscal por parte dos super-ricos”, diz o documento.

 

No Brasil, a realidade não é diferente. Os 6 maiores bilionários concentram a mesma riqueza que a soma de mais de 50% da população – um total de mais de 100 milhões de pessoas. Neste cenário de concentração extrema, as desigualdades tornam-se cada vez mais próximas e visíveis. "Os bilionários do Brasil fazem lobby para reduzir impostos e, em São Paulo, preferem usar helicópteros para ir ao trabalho, evitando os engarrafamentos e problemas de infraestrutura enfrentados nas ruas e avenidas da cidade", aponta o relatório.

 

Economia humana

 

Diante da extrema desigualdade, a Oxfam defende, no relatório, que uma economia humana criaria sociedades mais justas e melhores, possibilitaria empregos seguros com salários decentes, garantiria o mesmo tratamento a homens e mulheres, evitaria as milhares de doenças relacionadas ao trabalho e ofereceria maiores oportunidades para as crianças desenvolver o seu potencial.

 

"Precisamos lutar por essa visão positiva de um futuro alternativo. Qualquer pessoa sabe, com base no seu senso comum simples, que o fato de tanto dinheiro estar em tão poucas mãos é prejudicial para a nossa sociedade e para o nosso futuro. É importante compartilhar esses recursos mais equitativamente", afirma o relatório.

 

Acesse o relatório na íntegra

 

Fonte: ANDES-SN

 

Segunda, 16 Janeiro 2017 10:15

 

Neste janeiro, (23 a 28), Cuiabá será sede (2ª vez) do Congresso do ANDES- SN ( Assoc. Nac. de Docentes de Nível Superior). Participo desde sua fundação, assinando em baixo maioria das teses da direção, que serão defendidas neste encontro. A direcionalidade é dada a partir da análise de conjuntura.


No quadro internacional, o impacto da recessão mundial na América Latina e no Brasil. A tragédia da imigração forçada, especialmente pelas guerras expostas na crueldade de 364 milhões (ONU) de pessoas seguindo maioria para a Europa. São crianças, mulheres, homens, em fuga das guerras, ditaduras, epidemias, fome e miséria. Em condições desumanas, nas perigosas travessias pelo Mediterrâneo, com a morte de 3.930 pessoas (OIM – Organização Internacional para Migração). Maioria, africanos e árabes, buscando paz e oportunidades, inexistentes em seus países de origem.


A recessão, o desemprego, a disputa pelas vagas de trabalho estimulam a xenofobia.  Manifesta a sanha mercantilista do neoliberalismo, exacerbando a crise capitalista mundial. Impactos sobre o Brasil, a partir da bolha imobiliária americana de 2008 e suas moedas podres. A quebra da Grécia, alastrada pela Europa. A partir dos anos 80 e 90, o capital concentrado aumenta, já sob os impactos dos planos de ajustes, especialmente nos EUA e Inglaterra.
Também, o avanço do capitalismo no Leste Europeu e China, em busca da ampliação do capital industrial e financeiro. Ai, a ofensiva militar de Bush e sua “guerra ao terror” (Afeganistão – 2001; tentativa na Venezuela – 2002; Iraque 2003). Desde 2007 foram derrubadas as taxas de lucro nos EUA, expandindo seus efeitos para a Europa em 2008. Este período é contado como pior do que a grande recessão e quebra de 1929.


Ação Bush é renegada no mundo inteiro, abre portas para a ascensão do Presidente negro democrata, Obama. Recente passa a presidência a Trump (com sua psicopatia disfarçada?). Na verdade, apesar da expectativa da população negra e imigrante em Obama e sua política, pouca mudança para os mais pobres, muito veto a população imigrante. Aponta-se elementos como este na composição da derrota dos democratas em 2016. O que ocorreu, é que os estados nacionais (crise 2007-2008) socorreram os banqueiros e as grandes empresas com a maior transferências de fundos públicos para o setor privado da história. Aprofunda a centralização e concentração de capitais, impondo estratégia mundial com planos de ajuste.


Aqui no Brasil a pressão pelo Estado mínimo, na perspectiva de aniquilação dos serviços públicos via privatização e terceirização de atividades fim, subtraindo direitos sociais inscritos na Constituição de 88. Direitos consolidados como na Legislação Trabalhista e Previdenciária devem compor a receita de ajustes. Buscam maior subordinação dos países da periferia a financeirização globalizada. Em seu bojo, o desmantelamento do Estado e suas políticas públicas.


Nesta lógica, o Estado cede lugar a gestão privada, subordinada a lógica de mercado, como ocorreu em Portugal, Espanha, principalmente a Grécia. Este país, detonado, é o completo exemplo desta escalada, apesar da vitória do partido SIRYZA na eleição grega. Tsipras, vitorioso, negou-se a implementar o plano de enfrentamento concedido pelo voto popular. O que aconteceu com a Grécia e seu povo está escancarado. Isto teria permitido também uma retomada frágil no crescimento nos EUA e na Europa.


A economia chinesa, em franca desaceleração (PIB em queda em 2016, para 2017). A China, tida como uma verdadeira “fabrica do mundo” sob o benefício da super exploração da força de trabalho e das mãos de ferro do Estado, tem impactos sobre a América Latina e Brasil. Mais, possibilidade de maiores problemas em 2017. Paira a crise do boom das commodites, refletindo desaceleração, e recessão nas economias dependentes como do Brasil. A globalização, internacionalização da economia abutre tem resposta até medieval em países como Brasil. É a cara neoliberal: abertura irrestrita das economias, desnacionalização, privatizações. Para isto, prioridade na implementação de ajustes fiscais.


A posse de Donald Trump (racista, xenófobo, misógino, populista de ultra direita) substitui a gestão confiável do mercado financeiro aos democratas. Para onde caminhará a economia e a política da maior potência do mundo? Como desenrolará a relação dos EUA com a América Latina, e com o Oriente? – mesmo assim, ainda é possível que tenha mais continuidade do que rupturas. É certo que continuarão e crescerão as intervenções militares que massacram o Oriente Médio. No entanto, na escalada das tendências conservadoras e retrógradas, uma resistência multifacetada insurge na comunidade imigrante, mulheres, juventude, trabalhadores. Frente a obsessão e a patologia do poder. Trump é absolutamente imprevisível e instável. O tempo dirá. Certo é, que o capitalismo está em crise. A utopia vive!
 


Waldir Bertulio é professor aposentado da UFMT

Sexta, 13 Janeiro 2017 10:47

 

Juacy da Silva*

Longe  de mim a defesa de assassinos, matadores  de aluguel, estupradores, sequestradores, ladrões, assaltantes, traficantes de drogas e de armas, corruptos e corruptores de toda  espécie que estão ou deveriam estar em prisões, longe do convívio social, cumprindo as penas que as leis estabelecem para essas categorias.
 
Todavia, “nossos”  representantes, eleitos pelo povo, sempre manipulados por um Sistema eleitoral que prima pelo uso e abuso do poder econômico, como constituintes soberanos, resolveram aprovar  a constituição cidadã em 1988, que desde então já foi emendada e remendada  uma série de  vezes.
 
No bojo de nossa Constituição Federal e o mesmo aconteceu com as Constituições estaduais os constituintes incluíram diversos artigos e cláusulas que garantem os direitos dos presos e nenhum que garanta o direito das vítimas e seus familiares.
 
Desta forma, apesar de que o Sistema prisional brasileiro possa ser caracterizado como a antessala do inferno, onde a corrupção, a promiscuidade, a violência, a truculência, os abusos sexuais, as chacinas e o mando do crime organizado sejam suas características, nossas Leis, inclusive a Constituição determinam que cabe ao Estado, ou seja, ao poder público, a garantia da vida, da integridade e as condições para que as pessoas reclusas, ou seja, os presos e as presas, tenham condições de se recuperarem e após cumprirem suas penas voltarem, reeducadas,  para o convívio social, em condições de cumprirem as leis e normas de convivência em sociedade.
 
Nossos presídios, cadeias, centros de detenção  provisórios e penitenciárias representam  uma vergonha para o país e indicam o descaso, incompetência e corrupção que também  estão presentes nos mais diversos setores da administração pública e denigrem a imagem do país interna e externamente. Mesmo assim, seu custo orçamentário, econômico e financeiro é elevado, causando espanto para quem se debruça  para analisar  esta triste e vergonhosa realidade.
 
Dentre as propostas que campeiam pela administração pública e entre alguns luminares da política, da  economia e da gestão pública, muito em voga nas últimas décadas, está a ideia e proposta de privatização do Sistema prisional, na vã  suposição de que em estando o Estado falido, o melhor para  a sociedade e para o contribuinte seria a privatização, como acontece atualmente no Estado do Amazonas.
 
Mesmo que o Estado do Amazonas tenha optado pela proposta privatizadora do Sistema prisional, pagando a peso de ouro e sob  suspeita de corrupção neste processo, a um custo de R$4.700,00 por preso/mês, ou R$56.400,00 por ano para manter um preso em condições  extremamente degradantes e cujos  resultados da incompetência desta gestão privatizada é do próprio Estado, foi a chacina onde 60  detentos foram executados, em lutas entre facções que mandam e desmandam nos presídios   e  a fuga de mais de uma centena  de condenados, bem demonstram  a gravidade deste  Sistema falido.
 
Nem  bem o noticiário da chacina de Manaus acalmou a opinião pública  foi sacudida  por mais um massacre em uma penitenciária  agrícola de Roraima, onde mais 35 presos foram executados e outros motins e rebeliões  devem acontecer  ao longo deste ano, com  certeza.
 
O Custo médio   nacional de manutenção de um preso no Brasil está na ordem de R$2.200,00 a R$2.500,00 reais por mês, praticamente o triplo do valor de um salário mínimo que é a remuneração de milhões de trabalhadores e de aposentados, que a cada dia trabalham mais e ganham menos, enquanto a casta governante, os marajás  da República continuam com seus privilégios, altos rendimentos, discursos massificadores e oportunistas.
 
Os  dados mais recentes, apesar de que neste setor os números são os mais díspares  possíveis, levando a conclusão de que é necessário um censo do Sistema   prisional brasileiro, para se chegar aos números verdadeiros, indicam que neste início de 2017 existem 668.1182 presos no país e apenas 394.835 vagas, um déficit de 273.347 vagas.
 
Todavia, apesar das “providências”  de nossas autoridades, este déficit de vagas tem aumentado ano após ano. Em 2015 o déficit de vagas no Sistema prisional era de 244.474 vagas,  ou seja, em dois anos o número de presos aumentou em 8,5%  e o número de vagas no Sistema prisional aumentou apenas  6,3%. Em 2015  existiam mais de 430 mil mandados de prisão em aberto. Imaginem o que seria o Sistema prisional se todos esses mandados tivessem sido cumpridos.
 
O assunto  continua em uma próxima oportunidade.


 
*JUACY DA SILVA,  professor universitário, colaborador e articulista de jornais, sites, blogs e outros veículos de comunicação.

 

Quinta, 12 Janeiro 2017 18:17

 

Na primeira reunião de 2017, realizada na sede do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) nesta quarta-feira (11) em São Paulo, as Centrais Sindicais CSP-Conlutas, CUT, Força Sindical, Nova Central, CSB, UGT, CTB, definiram a elaboração de um plano de estratégias para a luta dos trabalhadores contra as reformas previdenciária e trabalhista, ambas previstas para encaminhamento e votação na Câmara dos Deputados assim que terminar o recesso parlamentar. 

 

Resguardadas as diferenças apreciativas de matérias, foi unânime a posição entre as centrais de que o conjunto de medidas apresentado pelo Governo Federal não será aceito, motivando assim a organização dos trabalhadores contra esses projetos, pela unidade na luta, e na elaboração de estratégias para impedir mais ataques aos direitos trabalhistas. 

 

Para as Centrais Sindicais, a agenda de ataques aos direitos dos trabalhadores demanda uma agenda de mobilização unitária, com datas de atuação conjunta a serem definidas na próxima reunião, agendada para 20 de janeiro em São Paulo. Ainda sobre a Reforma da Previdência, o Dieese realizará um seminário, dias 7 e 8 de fevereiro em São Paulo, com ciclo de debates posterior nos Estados.  

 

Atnágoras Lopes, membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, explicou que  a Central sabe das dificuldades e diferenças, mas a reunião renova as possibilidades de, finalmente, concretizar um calendário e uma ação comum de todo o movimento. “Temos insistido na convocação da greve geral e vamos continuar fazendo isso. Esse é o instrumento possível e necessário de ser realizado. Não há o que negociar, temos que derrotar essas propostas e também o governo e os corruptos desse Congresso. Conforme surgiu nas discussões, precisamos aproveitar a reunião do dia 20 e fechar imediatamente um calendário comum de mobilização”, concluiu Atnágoras.

 

Fonte: ANDES-SN (com informações e imagem da CSP-Conlutas)

 

Quinta, 12 Janeiro 2017 18:14

 

Alegando uma economia de até R$ 1,5 bilhão por ano, a partir de 2018, a Caixa Econômica Federal apresentará aos bancários, nos próximos dias, um plano de demissão voluntária (PDV). O banco espera reduzir em até 10% o número de funcionários. Para estimular a adesão ao PDV, o plano oferece dez salários extras e continuidade do plano de saúde por tempo determinado.

 

Além do PDV, a CEF anunciou o fechamento de agências em todo o país. Para Eloy Natan, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, as medidas impõem o sucateamento da CEF, abrem caminho para a privatização e retiram direitos dos trabalhadores. “Trata-se de um ataque ao papel social do banco e aos seus funcionários. Ao invés de convocar os milhares de aprovados no último concurso para responder às demandas relacionadas ao FGTS e habitação, o banco mira os lucros para atender o mercado”, afirmou.

 

A CSP-Conlutas faz um chamamento nacional pela Greve Geral contra o avanço das privatizações, o ajuste fiscal e a retirada de direitos. “O plano de demissão voluntária é apenas uma estratégia de privatização. Temer se prepara para privatizar não apenas os bancos públicos, como também a Petrobrás, os Correios e o que o Brasil tiver de riquezas. Nossa luta busca fortalecer a unidade dos trabalhadores sob a bandeira de ‘Nenhum Direito a Menos’ e em defesa dos empregos”, concluiu Natan .

 

Banco do Brasil - Em novembro de 2016 o Banco do Brasil anunciou uma reestruturação administrativa que incluía o fechamento de 402 agências pelo Brasil e apresentação de um Plano Extraordinário de Aposentadoria Incentivada (PEAI), que contou com adesão de 9.409 trabalhadores. Outras 379 agências serão transformadas em Postos de Atendimentos, reduzindo a necessidade de funcionários. As medidas são justificadas pela necessidade do Banco de aumentar sua lucratividade e se aproximar de seus concorrentes do setor privado. Além disso, a reestruturação trouxe a oferta da redução de jornada de trabalho, em que funcionário podem aderir à nova rotina voluntariamente perdendo assim 16,25% do valor do salário.

 

Correios – O Programa de Demissão Incentivado dos Correios já foi aprovado pelo Ministério do Planejamento e deve ser apresentado aos trabalhadores ainda neste mês. Afim de incentivar a adesão dos trabalhadores a empresa oferece um valor referente ao pagamento de até 35% do salário por oito anos.

 

Fonte: ANDES-SN (com informações da CSP-Conlutas)