Nessa quarta e quinta-feira, 9 e 10/05, mais de 64 mil docentes sindicalizados ao ANDES-SN poderão participar da escolha da diretoria da entidade para o biênio 2018-2020. A votação ocorrerá por meio de voto direto e secreto, nas seções sindicais e secretarias regionais do Sindicato Nacional em todo o país.
VEJA AQUI AS SEÇÕES ELEITORAIS DA ADUFMAT-SSIND na UFMT e Hospital Júlio Müller
Nesta eleição, duas chapas se inscreveram para o pleito: “Chapa 1 – ANDES Autônomo e de Luta” e a “Chapa 2 – Renova ANDES”. Veja aqui as nominatas.
Segundo Alexandre Galvão Carvalho, presidente da Comissão Eleitoral Central (CEC), esta deve ser uma das maiores eleições do ANDES-SN e a participação da categoria docente é fundamental para reforçar a legitimidade do processo, o fortalecimento do Sindicato Nacional e manter a unidade na pluralidade e a independência de classe do movimento docente.
Cronograma
No dia seguinte à realização do pleito nos dias 9 e 10/05, as Comissões Eleitorais Locais (CEL) realizam a apuração dos votos em cada uma das seções sindicais e nas secretarias regionais do ANDES-SN onde houver votação. As Comissões Eleitorais Locais deverão encaminhar, impreterivelmente, até às 16h do dia 12/05/18 (horário de Brasília), via meio eletrônico, à sede do Sindicato, o resultado da eleição na sua respectiva seção sindical.
A computação de votos pela Comissão Eleitoral Central (CEC), em Brasília, se dará no dia 14 de maio, a partir das 15h. A promulgação do resultado oficial pela CEC será dia 16 de maio, e a posse da nova diretoria eleita ocorrerá em Fortaleza (CE), durante o 63º Conad, no dia 28 de junho.
Confira as circulares do processo eleitoral e o InformANDES Especial Eleições.
Saiba Mais
Comissão eleitoral homologa chapas para a eleição da diretoria do ANDES-SN
Eleição do ANDES-SN para o próximo biênio terá duas chapas
Fonte: Andes –SN (com edição de Adufmat-Ssind)
Os professores da Universidade Federal de Mato Grosso aprovaram indicativo de greve da categoria, em assembleia geral realizada nessa terça-feira, 08/05. Foram 99 votos favoráveis, 81 contrários e oito abstenções, considerando os votos dos campi de Cuiabá, Sinop, Araguaia e Várzea Grande. Uma nova assembleia, já definida para a tarde da próxima terça-feira, 15/05, terá como ponto de pauta a deflagração da greve.
As intervenções feitas durante a assembleia apontam que a categoria converge na avaliação de que as alterações na política de alimentação do Restaurante Universitário (RU) é um dos pontos de um problema maior que a instituição vem enfrentando. “O que nós estamos discutindo aqui, na verdade, é se nós queremos que a universidade seja privatizada ou não”, alertou o presidente da Adufmat-Seção Sindical do ANDES, Reginaldo Araújo, chamando a atenção para a discussão política que envolve os cortes de recursos e as ações propostas pela administração da universidade.
Os estudantes tiveram voz na assembleia, e demonstraram preocupação com a segurança do movimento, além da perseguição de alguns docentes “Por que os estudantes têm de respeitar as greves dos docentes e dos técnicos, e não nos reconhecem enquanto categoria e respeitam nossa greve?”, questionou um estudante do Araguaia.
Além disso, tanto docentes quanto discentes destacaram o apoio histórico dos estudantes à greves e mobilizações docentes, afirmando que a briga não é entre estudantes e professores.
Para o docente Roberto Boaventura, essa discussão é crítica, embora não seja novidade. “Nós estamos diante de dois signos: o primeiro são as nossas perdas colossais, e o segundo, as divisões inexplicáveis, ambos parte do projeto neoliberal que o sindicato sempre denunciou. Para quem está acostumado a frequentar as assembleias, não há nenhuma novidade. O Restaurante Universitário é parte de problemas maiores, entre eles a qualidade do trabalho acadêmico. Não nos resta outra alternativa além de apoiar os estudantes nesse momento”, afirmou.
O professor Dorival Gonçalves utilizou a luta pela universalidade do RU para exemplificar o esvaziamento do caráter coletivo nas preocupações da comunidade acadêmica nos últimos anos. “O restaurante é uma das poucas políticas que ainda contempla a todos. Nós caminhamos cada vez mais para o individualismo, premiamos a meritocracia com bolsas, entre outras coisas”, criticou o professor.
A professora Alair Silveira, diretora da Adufmat-Ssind, afirmou que os estudantes são a vanguarda na luta em defesa da universidade pública, e que, muito embora a discussão não tenha de ter planilhas como base, alguns dados da própria universidade evidenciam um aumento de mais de 500% nos últimos anos com serviços terceirizados, como o do RU.
Assembleia dessa terça-feira em Sinop
Para o professor Gustavo Canale, de Sinop, é essencial que os docentes reflitam e se posicionem sobre o papel da universidade e as condições impostas à ela. “Fica cada vez mais evidente o processo de sucateamento da universidade pública. O movimento estudantil e sua justa indignação, após a proposição de aumento de valores das refeições no restaurante universitário, jogou luz sobre este processo e desencadeou uma reação. São em momentos como este que devemos convergir para uma reflexão, em conjunto com toda a comunidade universitária, a respeito da universidade que desejamos”, afirmou o docente.
Dialogando com outras manifestações registradas na assembleia dessa terça-feira, o professor Daniel Guimarães, do Araguaia, destacou também que é preciso lutar contra a Emenda Constitucional 95/16, que congelou os recursos por 20 anos. “Esse movimento de indicativo de greve é importante e válido para entendermos os desmontes das universidades, resultado dos grandes cortes orçamentários na educação. Os cortes serão ainda mais enfáticos se a Emenda à Constituição 95/2016, que limitou gastos na educação por 20 anos, não for revogada. Essa EC retira direitos dos cidadãos de terem acesso gratuito à educação e à saúde, em prol do mercado financeiro, grandes fortunas e dívida pública, e nós precisamos urgentemente resistir. Sempre estudei em escolas e universidades públicas, frutos de grandes movimentos. Nós também precisamos ter o compromisso de lutar”, disse.
Assembleia dessa terça-feira no Araguaia
Além da aprovação do indicativo de greve e estabelecimento da assembleia para deflagração na próxima terça-feira, 15/05, a categoria aprovou a formação de comissões para pensar uma agenda de atividades que dialogue sobre a importância da greve com a comunidade acadêmica nesse período. Nos campi de Cuiabá e Várzea Grande, o grupo será formado pelas professoras Mirian Sewo, Rosa Lúcia Rocha, Lélica Lacerda e Marluce Silva; no campus de Sinop, pelos docentes Ricardo Carvalho, Lorenna Resende e Thiago Branco; e no campus do Araguaia, pelos professores Adriana Pinhorati, Luis Bitante, Deyvisson Costa e Sérgio de Oliveira.
Também foi aprovado que a Adufmat-Ssind deve levar ao ANDES-Sindicato Nacional a discussão sobre uma greve nacional dos docentes, tanto do setor federal quanto do setor estadual/municipal.
Participação na Comissão formada pela Reitoria
Um grupo de estudantes de Sinop questionou a decisão dos docentes de não compor a Comissão formada pela Reitoria para debater sua proposta de aumento do RU. A questão foi discutida e encaminhada em assembleia anterior, realizada no dia 04/05.
De acordo com os docentes, a categoria recebeu um convite da administração resumido em quatro linhas, com menos de dois dias de prazo para indicação de um nome. Diante disso, o sindicato questionou formalmente o caráter da comissão, quais e quantos seriam os representantes, qual a finalidade, entre outros, e não obteve resposta até o momento. Assim, sem saber a disposição da Reitoria para dialogar abertamente sobre outras possibilidades de resolver a questão do RU, que não seja aumentar o valor da refeição ou alterar o caráter universal, os professores decidiram não participar.
A professora Katia Alonso sugeriu rediscutir a participação, mas a plenária votou contra, entendendo que a ausência de resposta aos questionamentos do sindicato não atribuiu nenhum fato novo ao debate.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
A Comissão Eleitoral responsável pelas eleições para a diretoria do ANDES Sindicato Nacional 2018 na UFMT, que serão realizadas nessa quarta e quinta-feira, 09 e 10/05/18, torna pública a disposição das seções eleitorais ADUFMAT-S.Sind ANDES/SN.
SEÃO ELEITORAL |
CURSOS |
LOCAL/ CAMPUS |
ADUFMAT |
Aposentados |
ADUFMAT - Cuiabá |
Agrárias e Veterinária |
Agronomia; Zootecnia; Engenharia Florestal; Veterinária; Computação; |
FAVET - Cuiabá |
Direito |
Direito; Campus Várzea Grande; |
Cantina FD - Cuiabá |
Exatas |
Arquitetura; Engenharia Civil, Elétrica e Sanitária; Educação Física; Geologia; Estatística; Matemática; Química; Física; |
FAET - Cuiabá |
Humanas e Sociais |
Administração; Ciências Contábeis; Comunicação; Arte; Economia; SOCIP; Antropologia; Filosofia; Serviço Social; Educação; Psicologia; Letras; Geografia; História; |
IE - Cuiabá |
Júlio Muller |
Medicina; Enfermagem; Nutrição; |
Hospital Universitário - Cuiabá |
Saúde |
Enfermagem; Medicina; Nutrição; Biociências; Saúde Coletiva; |
ISC - Cuiabá |
Araguaia |
ICBS; ICET; ICHS; |
Barra do Garças |
Sinop |
ICAA; ICNHS; ICS; |
Sinop |
Comissão Eleitoral Local ADUFMAT – S. Sind. ANDES/SN
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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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Material divulgado a pedido dos professores Waldir Bertúlio e Tomás Boaventura
**Disponível para download, em PDF, no arquivo anexo abaixo.
Imagem: conferência de quórum durante a reunião do Consepe realizada nessa segunda-feira, 07/05
Os estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso, organizados contra as alterações na política de alimentação da universidade, conseguiram aprovar no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) da universidade, nessa segunda-feira, 07/05, uma recomendação aos docentes para que não apliquem avaliações ou registrem faltas durante a greve estudantil. Ou seja, nenhuma punição aos estudantes mobilizados.
A intenção do Movimento Estudantil era aprovar a suspensão do calendário acadêmico em todos os campi, já que os cursos de graduação em Sinop, Araguaia, Várzea Grande e Rondonópolis estão paralisados há semanas e, em Cuiabá, diversos cursos também estão aderindo à greve. No entanto, sob a justificativa de consultar às bases, o Conselho adiou a discussão para reunião extraordinária marcada para a próxima segunda-feira, 14/05.
Além das retaliações por parte de alguns docentes, os estudantes demonstram preocupação com a possibilidade de ações violentas por parte da polícia, a partir do mandado de reintegração de posse solicitado pela Procuradoria Federal junto a UFMT, ou mesmo de pessoas contrárias às manifestações.
Reconhecendo a importância da luta estudantil em defesa do programa de assistência de maior relevância da instituição, que viabiliza a permanência de muitos estudantes, mas também da própria universidade pública frente à realidade do ensino superior, vários institutos e conselheiros demonstraram apoio às manifestações, ocupações e paralisações. "Nós consideramos legítima a ocupação dos estudantes. Na nossa leitura, ela está ganhando corpo não só aqui, mas em todos os campi, e a nossa categoria já aponta um indicativo de greve em solidariedade, mas também para denunciar os cortes absurdos que estão sendo realizados nas instituições públicas de ensino", disse o presidente da Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat-Seção Sindical do ANDES Sindicato Nacional), Reginaldo Araújo.
Nessa terça-feira, 08/05, os docentes discutem indicativo de greve em assembleia geral às 7h30.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
A ADUFMAT-Ssind presta reverência e profunda homenagens ao Professor Nicolau Priante Filho, “Nico”, pelo brilhantismo de sua carreira universitária, pelo comprometimento com seus alunos, suas pesquisas e Projetos de Extensão, voltados à população ribeirinha, que lhe renderam prêmios nacionais no âmbito da Política Ambiental e Sanitária, à exemplo da criação de uma metodologia voltada ao reaproveitamento do uso da água.
Para além desses aspectos, o chapéu côco, e os passos dançantes do professor Nicolau com sua esposa Josita, ao som do Chorinho, deixam marcas indeléveis, principalmente nos bailes do Dia do Professor, promovidos pela ADUFMAT-Ssind ao longo das décadas.
Professor Nicolau Priante Filho, presente!
Em cumprimento de decisão da Assembleia Geral Ordinária realizada no dia 04 de maio de 2018, a Diretoria, no uso de suas atribuições regimentais, convoca todos os sindicalizados para Assembleia Geral Extraordinária a se realizar:
Data: 08 de maio de 2018 (Terça-feira)
Local: AUDITÓRIO DA ADUFMAT
Horário: às 07:30 horas com a presença mínima de 10% dos sindicalizados e às 08:00 horas, em segunda chamada, com os presentes.
Pontos de Pauta:
01) Informes;
02) Indicativo de Greve da Categoria Docente – UFMT.
Cuiabá, 04 de maio de 2018
Reginaldo Silva de Araujo
Presidente / ADUFMAT SSind
A Adufmat-Seção Sindical do ANDES Sindicato Nacional realizou mais uma assembleia histórica nessa sexta-feira, 04/05. Pela primeira vez, a sede, em Cuiabá, e as subseções em Sinop e no Araguaia participaram simultaneamente da assembleia, discutindo e deliberando em conjunto, com auxílio de equipamento de videoconferência. Diante da conjuntura, a primeira experiência foi marcada também pela sugestão de indicativo de greve da categoria.
Durante a análise de conjuntura, os docentes dialogaram sobre os cortes de recursos que já estão comprometendo as atividades da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). “A Reitoria perdeu a oportunidade de fazer debates mais qualificados no ano passado”, afirmou o presidente da Adufmat-Ssind, Reginaldo Araújo, lembrando que o sindicato solicitou por diversas vezes que a administração respondesse em que setores os cortes realizados pelo governo federal refletiriam dentro da instituição.
Com relação a proposta de alteração na política de alimentação, os docentes aprovaram a não participação na comissão formada pela Reitoria para debater sua proposta de aumento; a convocação, pela Adufmat-Ssind, de uma audiência pública para debater com base nos dados levantados pela comunidade docente – avaliando, inclusive, o contrato com a empresa que presta serviços ao Restaurante Universitário; e apoio aos estudantes à solicitação de suspensão do calendário acadêmico na reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) marcada para a próxima segunda-feira, 07/05.
“A gente pensou num calendário importante de luta, considerando, inclusive, a possibilidade de entrar em greve. Os companheiros de Sinop apontaram essa alternativa, e houve ressonância em outros campi, entre companheiros que demonstram disposição para discutir a possibilidade de greve docente. Claro que é uma novidade, não estava em pauta, mas a proposta está muito ligada às nossas condições de trabalho, em diálogo com os riscos de privatização da universidade”, afirmou Araújo.
A Adufmat-Ssind convocará nova assembleia na próxima semana para debater o indicativo de greve.
Interação por videoconferência
A primeira assembleia interativa da Adufmat-Ssind atende a uma demanda da categoria, prevista inclusive no Regimento aprovado em dezembro do ano passado. “Essa assembleia marca um outro momento da organização docente na UFMT, que é a possibilidade dos colegas lotados em Sinop e no Araguaia intervirem nas assembleias de forma interativa, assim como que as nossas manifestações dialoguem diretamente com os companheiros. Claro que a gente percebe que a estrutura eletrônica ainda tem de ser aperfeiçoada de acordo com as nossas necessidades, mas sem dúvida essa assembleia representa um marco histórico nesse sentido”, avaliou o presidente do sindicato.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
A Comissão Eleitoral responsável pelas eleições para a diretoria do ANDES- Sindicato Nacional convida todos os docentes para o debate entre as chapas inscritas para disputar o pleito.
Na próxima segunda-feira, 07/05, das 15h às 17h, as chapas 1 e 2, ANDES-SN AUTÔNOMO E DE LUTA e RENOVA ANDES, respectivamente, apresentam suas propostas para dirigir um dos sindicatos mais combativos do país pelos próximos dois anos (2018-2020). O debate será no auditório da Adufmat - Seção Sindical do ANDES-SN.
A votação ocorrerá nos dias 09 e 10/05, em todas as seções sindicais do ANDES-SN distribuídas em território nacional.
Em fração de minutos pode-se perder tudo ou mesmo a vida. À 1h50 da madrugada de terça-feira (1) – Dia do Trabalhador, no Largo Paissandu, começava um incêndio no edifício Wilton Paes de Almeida, que pertencia ao governo federal, e estava ocupado por cerca de 150 famílias. Por volta das 2h50, o prédio desabou como em uma implosão programada. Naquele exato momento, os bombeiros tentavam salvar Ricardo, 30, um dos moradores que havia saído e voltado para salvar mulheres e crianças. Ele morreu. Um dos bombeiros que tentou resgatá-lo falou que por questão de 40 segundos ele poderia ter sido salvo.
Segundo moradores, ao G1, o rapaz vivia sozinho e trabalhava no centro de São Paulo, descarregando caminhões que transportavam produtos chineses, trabalho que permite ganhar R$ 50 por dia. “No seu apartamento tinha mais plantas que móveis”, afirmou um morador.
Em torno dos escombros de concreto e ferro retorcido, restavam a fumaça e um prédio destruído, moradias desfeitas.
Na manhã de terça-feira, o Largo do Paissandu estava tomado de gente. De carne e osso como todos nós. Desempregados ou trabalhadores totalmente precarizados – catadores, ambulantes, vigias, vivendo em condições precárias de moradia, sem assistência social. Eles perderam o pouco que tinham.
Idosa, Sueli, catadora de materiais recicláveis, diz que perdeu tudo. “Eu tinha geladeira, televisão, também perdi meu carrinho de trabalho”. Ela não sabe o que vai fazer. “Perdi todos os meus documentos”, disse desolada.
Presa a uma cadeira de rodas, Maria Quitéria da Silva, 38, morava na frente do prédio. Estava lá quieta num canto, esperando por algo para ela. Precisava de fralda geriátrica, mas disseram que não havia nenhuma. “Eu morava fora do prédio, mas eles me ajudavam, fiquei nesse estado por causa de outro incêndio”, diz apontando para a cadeira em que está sentada.
Uma das integrantes do MLSM (Movimento de Luta Social por Moradia) que organiza a ocupação, Josiane, pede apoio aos ex-moradores. “Precisamos do apoio dos outros movimentos, precisamos também de um outro prédio, essas famílias vão ficar acampadas aqui na praça até a gente conseguir outro local pra morar, não queremos ir pra abrigo”.
Solidariedade
O que vimos no 1º de Maio no Largo do Paissandu foi uma cena triste. Muitos sem saber o que fazer e outros trabalhando arduamente para receber doações e organizar a distribuição. A maioria das doações era de pessoas que chegavam em carros ou mesmo em transporte público para ajudar. Centenas de pessoas traziam sacolas de roupas, água, leite, alimentos, produtos de higiene pessoal. Montou-se uma rede de solidariedade em poucos minutos.
Vera Campos, moradora da região, ouviu o estrondo durante a madrugada. “Acordei assustada, logo em seguida ouvimos vários helicópteros sobrevoando o centro”. Passou no local, na terça-feira de manhã, para prestar solidariedade. Para o que chamou de uma “terça-feira cinzenta”, reclamou da Prefeitura de São Paulo que levava doações para abrigos quando a maioria dos moradores estava na praça. Chamou de “sabotagem”.
Vera referia-se à ação da Smads (Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social) que, ao receber doações, encaminhava para abrigos, sem atender os sobreviventes que estavam no local.
Os moradores fizeram um ponto de recebimento em frente à Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e ali organizavam as doações entre eles para que não ficasse com a Prefeitura.
A responsabilidade é do poder público
A tragédia na vida dessas famílias era anunciada devido ao descaso público – governos federal, estadual e municipal. Poder público que fecha os olhos para esse grave problema social: a falta de moradia aos que precisam, apesar de ser um direito social garantido pela Constituição Federal.
Para se eximir de tal responsabilidade se apressam em responsabilizar os moradores. O governador de São Paulo, Márcio França (PSB), logo caracterizou como uma tragédia “prevista” reportando-se às más condições do imóvel – como se o prédio não fosse público e a responsabilidade pela manutenção não fosse dos próprios órgãos públicos.
No dia do desabamento, França tentou responsabilizar os moradores, dizendo que “é preciso convencer as pessoas a não morar desse jeito”, como se isso fosse uma escolha dessas famílias e não uma necessidade.
O ex-prefeito João Dória (PSDB), que largou o cargo e se tornou candidato a governador, foi mais longe nos comentários à imprensa, já buscando criminalizar os moradores e o movimento, afirmando que “o prédio foi invadido e parte desta invasão é financiada e ocupada por uma facção criminosa”.
Defesa da luta por moradia
“Esta situação pode significar um avanço da criminalização dos movimentos sociais e não podemos permitir. Enquanto a moradia for um privilégio, ocupar é um direito”, reforça o dirigente do movimento Luta Popular Avanilson Araújo, integrante da SEN (Secretaria Executiva Nacional) da CSP-Conlutas.
Aliás, não nos admiremos se no local do prédio desabado surgir um grande empreendimento imobiliário.
A CSP-Conlutas afirmou em nota publicada na última terça-feira (1) que a falta de moradia no país e as tragédias ocorridas em decorrência desse déficit “são de responsabilidade dos governos que reduzem cada vez mais os orçamentos para políticas habitacionais e aumentam o desemprego”.
Campanhas de solidariedade estão sendo encaminhadas pelo movimento Luta Popular, filiado à CSP-Conlutas: “Quando um de nossos atingidos, todos nós somos!”.
A Central se solidariza com os moradores e chama suas entidades filiadas a fazerem o mesmo com toda ajuda possível.
Fonte: CSP Conlutas