A Adufmat-Ssind vem a público lamentar mais uma morte entre a população indígena em decorrência da Covid-19.
Nessa quinta-feira, 16/07, foi Javariu Kaiabi, filho do conhecido líder cacique Sabino Kaiabi, que perdeu a vida por negligência do poder público. Para o seu povo, Javariu Kaiabi construiu uma brilhante história durante sua trajetória de trabalho na FUNAI, destacando-se como chefe de Coordenação Técnica no Posto Diaurum, sempre com todo o apoio das lideranças do povo Kawaiweté. Foi um líder historiador do Xingu, guardião da memória de seu povo, e mais uma grande perda para os povos originários.
Javariu Kaiabi faleceu no Hospital Regional de Sinop, cidade construída sobre território Kawaiweté.
A população indígena tem índices de contaminação e morte mais altos do que não indígenas. De acordo com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), a taxa de mortalidade a cada 100 mil habitantes indígenas é 150% maior do que a média nacional, e a de infecção, 84% maior.
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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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Por José Domingues de Godoi Filho *
A despeito dos esforços hercúleos e práticas abomináveis de reitores, capachos do MEC, para impor práticas de “flexibilização das aulas presenciais”, houve rejeição pela ampla maioria das Instituições Federais de Ensino Superior. Para os argumentos muito utilizados do tipo - “ o bom senso precisa prevalecer porque as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) são realidade palpável e um centro formador que se considera excelência não pode prescindir desta ferramenta de ensino e aprendizagem, que está anos-luz à frente do giz, mas que pode perfeitamente com ele coexistir”, é importante, que fique bem claro, que ninguém, que se posicionou contrário ao MEC, propôs resgatar as práticas do ludismo, na Inglaterra do século XVIII.
Com a enorme rejeição, em 16 de junho de 2020, o MEC emitiu uma nova Portaria (nº 544), dispondo sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais, enquanto durar a situação de pandemia do nova corona vírus - Covid-19. Revogou portarias anteriores e estendeu o período de autorização até 31de dezembro de 2020.
Em 15/07/2020, a Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (SERES), do Ministério da Educação (MEC) informou “ que em parceria com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), está conduzindo uma pesquisa para monitoramento das portarias publicadas este ano, para regulamentar a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia de Covid-19.”
Com o apoio e colaboração de seus lacaios, a parceria SERES-CGEE está “convidando” estudantes e professores a se cadastrarem na plataforma de pesquisa e preencher o questionário. Isso depois de prorrogarem o prazo vencido em 11/07 e, desistirem do pedido que haviam feito para que as instituições informassem os dados de seus professores e alunos. Os links foram disponibilizados nessa quarta-feira (15/7).
Para participar, é necessário que o estudante tenha estado matriculado no primeiro semestre de 2020, e que o professor tenha atuado em instituições de ensino superior também no primeiro semestre de 2020.Contudo, o acesso ao formulário e seu conteúdo só se dará se for efetuado o cadastro. Uma estranha e capciosa maneira de fichar os envolvidos, com objetivos amplamente conhecidos de governos como o atual, que persegue as universidades; é negacionista e terraplanista; promove redução do orçamento para educação, ciência e tecnologia; intervém na escolha de dirigentes e ataca à liberdade de cátedra.
As antigas Assessorias de Segurança Interna (das quais sou testemunha e prejudicado por uma delas) existentes nas universidades públicas, no tempo da ditadura, se apresenta agora de diferentes formas, uma das quais a parceria MEC(SERES)-MCTI (CGEE) parece ser um exemplo a ser vencido.
O MEC e seus lacaios ocupantes (ou pretensos) de cargos nas universidades, ao invés de aproveitar a suspensão das aulas para uma reflexão da educação superior e debater rigorosamente os currículos e a formação profissional nos diferentes cursos oferecidos pelas universidades, tendo como referência a evolução das atuais profissões e da criação de outras, em função da evolução tecnológica e das demandas da sociedade para os próximos anos, insiste em piorar as condições de formação de pessoal com a “flexibilização das aulas presenciais”, priorizando a formação de “gorilas amestrados” e profissionais apertadores de botões, alienados e coisificados.
Da mesma maneira, o MCTI deveria, dentre outros, explicar o acordo que fez com a empresa norte-americana CISCO System para “acelerar a transformação digital brasileira”, sem licitação, sem chamamento público, sem audiência pública e sem transparência; e, não fazer parcerias para resgatar, de forma capciosa, a provável elaboração de uma nova “lista de subversivos”. Quanto aos lacaios ocupantes de cargos nas universidades, cabe à comunidade universitária denunciá-los e enfrentá-los.
*Professor da Universidade Federal de Mato Grosso – Faculdade de Geociências
Fingindo ignorar o fato de que as entidades representativas da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) não reconhecem o processo de eleição-intervenção iniciado no dia 17/06, o Conselho Diretor encaminhou, no início da semana, um ofício solicitando o envio de duas perguntas para que fossem lidas nos debates online entre os candidatos à Reitoria. Para ratificar a posição de não legitimar o processo, Diretório Central dos Estudantes (DCE), Sintuf-MT (Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos) e Associação dos Docentes - Seção Sindical do ANDES (Adufmat-Ssind) decidiram que não responderão ao ofício.
Em meio a uma reunião controversa realizada no dia 17/06, os conselhos estabeleceram o Colégio Eleitoral Especial para escolha de Reitor da universidade, o que ficará registrado como uma mancha na história da UFMT. Na ocasião, representantes do governo federal na instituição simplesmente ignoraram a conquista do voto paritário e universal, e se sentiram no direito de conduzir um processo eleitoral repleto de falhas numa situação atípica de pandemia, deixando de lado o debate sobre os rumos da universidade pelos próximos quatro anos. As entidades denunciam que a própria autonomia universitária, prevista no Artigo 207 da Constituição Federal, está sendo ignorada.
“A nossa compreensão é de que essa eleição é viciada e tem como objetivo legitimar um interventor na universidade. E nós, dentro deste contexto não enxergamos a possibilidade de contribuir com qualquer passo deste processo. Entendemos que a nossa missão política é o da resistência e da denúncia. Não iremos validar esse processo e reconhecer qualquer um que seja eleito. Caso seja empossado esse reitor(a) indicado por essa eleição, iremos tratá-lo como interventor e estaremos em oposição, até que ele caia”, afirma a diretora da Adufmat-Ssind, Lélica Lacerda.
É neste sentido que a Adufmat-Ssind, mais uma vez, se posiciona contrária ao processo de escolha de reitor nos moldes impostos, e não fará qualquer intervenção para com os candidatos(as), assim como DCE e Sintuf/MT, entendendo que este não é um processo legítimo, e que desconstrói a história de luta da UFMT. Ademais, o conselho já se mostrou hostil às entidades por diversas vezes. O próprio e-mail enviado solicitando as perguntas é aberto à toda comunidade acadêmica, o que demonstra que, para o Conselho, a opinião das entidades que historicamente conquistaram o direito a realizar a consulta e garantiram que ele fosse respeitado pelos últimos 38 anos é irrelevante.
Layse Ávila
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
Estudantes, técnicos administrativos e professores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) estão empenhados em demonstrar a total ausência de legitimidade do processo eleitoral para escolha de reitor, aprovado na instituição no dia 17/06/20. Um dos motivos é a ausência de diálogo e o autoritarismo na condução do que deveria ter sido um debate, mas lamentavelmente se tornou um show de cerceamento a falas de conselheiros, recusas a direitos regimentais como a justificativa de voto, e até arena de bate-bocas protagonizados pelo presidente da reunião.
Depois de quase 40 anos realizando a consulta democrática para a Reitoria da universidade, as entidades foram praticamente expulsas do processo eleitoral de 2020, e até agredidas verbalmente pelo condutor da reunião, Luiz Scaloppe, como demonstram os vídeos. Vale destacar que foram as próprias entidades – Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos (Sintuf/MT), Diretório Central dos Estudantes (DCE) e Associação dos Docentes (Adufmat-Ssind) – que conquistaram, no início da década de 1982, o direito ao voto paritário e universal nas Instituições Federais de Ensino Superior.
As entidades já liberaram dois trechos da fatídica reunião (veja abaixo), mas confirmaram a divulgação de novos cortes que demonstram as inúmeras intervenções autoritárias e desrespeitosas da reunião do dia 17/06. A comunidade acadêmica reivindica prorrogação do mandato do atual reitor, Evandro Soares, e realização do processo nos moldes tradicionais assim que as atividades presenciais sejam possíveis.
Confira os vídeos:
VÍDEO: presidente da mesa atropela conselheiros em reunião que estabeleceu colégio eleitoral para escolha de reitor na UFMT
A reunião conjunta de conselhos realizada no dia 17/06 na Universidade Federal de Mato Grosso foi um verdadeiro show de autoritarismo. Neste vídeo, mais um trecho que representa como a reunião foi conduzida desde o início: conselheiros reclamam de estarem sendo cerceados, e nem mesmo o direito regimental de declarar voto é respeitado.
Adufmat-Ssind, Sintu-MT e DCE solicitam a imediata dissolução do colégio eleitoral estabelecido e a nulidade da reunião do dia 17/06.
VÍDEO: Reunião conjunta silencia entidades na UFMT
Este vídeo demonstra como as entidades que realizam a consulta para reitoria na UFMT há 38 anos foram tratadas na reunião conjunta de conselhos realizada no dia 17/06/2020. O total desrespeito, pressionando o encerramento da intervenção da representante do Sintuf/MT, Marilin Castro, contrastou com a imensa compreensão dispensada às intervenções favoráveis à instalação da Comissão Eleitoral.
Pela autonomia universitária, a UFMT não aceitará imposições sobre a escolha para a Reitoria.
Intervenção não é Eleição! Em defesa da autonomia universitária.
SAIBA MAIS:
O último podcast da Adufmat-Ssind também aborda os problemas na condução da reunião que pode, pela primeira vez, culminar num processo virtual e não paritário para escolha dos dirigentes da UFMT.
Clique aqui para ouvir o podcast.
LEIA MAIS:
ENTIDADES DENUNCIAM: O QUE FOI APROVADO NA UFMT NÃO É ELEIÇÃO, É UMA INTERVENÇÃO POLÍTICA
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
Nessa sexta-feira, 17/07, a Adufmat-Ssind conversa com imigrantes residentes em Cuiabá sobre suas condições durante a pandemia.
A Live terá início às 19h e você poderá fazer suas perguntas aos convidados Rosbelli Rojas, representante da comunidade vinda da Venezuela, e Duval Cypion, representante da comunidade vinda do Haiti.
O link de acesso direto para a página oficial da Adufmat-Sisnd no Facebook é: https://www.facebook.com/ADUFMAT-SSIND-211669182221828
Esperamos vocês!
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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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Publicamos a pedido do professor José Domingues de Godoi Filho
O Minhocão do Pari, PhD em Confusão no Rio, é a melhor opção para representar o processo eleitoral aprovado na UFMT. "As diabruras do gigantesco bicho, como emborcar canoas para comer pescadores ou provocar rebuliço das águas dos profundos poços nos quais habitava em seus momentos de fúria noturna" retrata perfeitamente o futuro da universidade nas mãos de qualquer um dos candidatos, entreguistas, privatistas e futuros capachos do MEC.
Oposição ferrenha, desde já, em defesa de uma UFMT pública, gratuita, democrática, laica e socialmente referenciada ou ela será vilipendiada e transformada em um laboratório do receituário ultraliberal. Nada de Parceria Público Privada, compliance, métodos de gestão/esculhambação, patentes.
Há 231 anos, no dia 14 de julho, ocorreu a tomada da Bastilha. Vamos iniciar a tomada da "nossa" Bastilha e trazer de "volta o cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar"
Para quem não conhece a lenda cuiabana do Minhocão do Pari, segue o texto do jornalista Nelson Severino.
Minhocão do Pari, uma lenda de mais de 100 anos que continua viva na memória
Por Nelson Severino
As temidas diabruras do gigantesco bicho foram imortalizadas como samba enredo e carro alegórico da Escola de Samba Mocidade Independente
Faz 133 anos que o padre Ernesto Barreto comprou, no distante 1880, uma comprida faixa de terras a montante do rio Cuiabá, na área que passou a ser chamada de Barra do Pari e que deu origem a uma das mais conhecidas lendas de Mato Grosso, a do Minhocão do Pari.
Passado mais de um século, a lenda do Minhocão do Pari continua viva na memória dos moradores mais antigos do local e que para preservá-la vão passando o que sabem sobre o bicho de geração para geração.
As temidas diabruras do gigantesco bicho, como emborcar canoas para comer pescadores ou provocar rebuliço das águas dos profundos poços nos quais habitava em seus momentos de fúria noturna, acabaram sendo imortalizadas como samba enredo e carro alegórico da Escola de Samba Mocidade Independente, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que levou para a avenida Mato Grosso em 85 ou 86 o tema “Lendas e crendices da minha terra natal” e cujo samba foi composto e musicado por Neguinho da Beija-Flor de Nilópolis-RJ.
Os moradores mais antigos da faixa de terras que fica nos fundos dos jardins Santa Amália e Araçá, emoldurada por um grande morro no primeiro bairro e uma bela ilha nas imediações do local onde deságua o Rio Pari, do lado do rio em Várzea Grande, e que chamam de “nosso pedaço de paraíso”, não só conhecem a lenda do Minhocão do Pari.
Como outras crendices que povoam o imaginário popular da região, como uma enorme sucuri que vivia numa lagoa dali e o negrinho que aparecia numa pedra do rio Cuiabá na área da Barra do Pari e, atrevidamente, às vezes até sentava na proa das canoas para deixar os pescadores de cabelos arrepiados.
Quem melhor conhecia a lenda do Minhocão do Pari era Benedito Oscarino Barreto, o Ditão, que construiu a primeira casa da Barra do Pari. Ditão era neto do padre Ernesto Barreto, que tinha oito filhos, e faleceu com 92 anos em 2004.
INÍCIO DA COMUNIDADE
Herdeiro do avô Ernesto Barreto, Ditão, que nasceu e morreu na Barra do Pari, foi comprando áreas que pertenciam a seus irmãos e acabou formando uma pequena comunidade no local, com a construção de umas 20 casas, algumas de alto padrão. Como seu avô sacerdote, Ditão era devoto de São Benedito e inclusive construiu em 1952 uma capelinha na comunidade para homenagear o santo.
Aos 70 anos, dona Josefina Viana, a dona Fiota, sobrinha de Ditão, e em cuja casa vive até hoje, afirma que ele era muito procurado por curiosos para contar histórias envolvendo o horroroso bicho que vivia nas águas profundas de dois poços que existem nas imediações do Restaurante Varandão.
Já Edisseia Barreto, 47 anos, herdeira junto com um irmão, dos bens que Ditão deixou, lembra-se vagamente e de poucas coisas que seu pai contava para a família e visitantes sobre o lendário Minhocão do Pari.
O que se sabe hoje das histórias que foram sendo passadas pelos mais velhos aos seus descendentes que o Minhocão do Pari desapareceu da Barra do Pai com a grande enchente de 1974.
A explicação que alguns moradores da comunidade têm para o sumiço é que a enchente destruiu uma antiga casa onde o Minhocão do Pari enganchava seu rabo, protegido pela vegetação, para reinar soberano nos dois poços de grande profundidade naquela área do Rio Cuiabá. Essa versão é confirmada inclusive por dona Fiota, com base no que ouvia da boca do tio Ditão.
Moradora há 30 anos da comunidade, a comerciante Edith Lúcia da Silva, 68 anos, afirma que nunca viu o lendário Minhocão do Pari, mas que algumas vezes ouviu o barulho provocado pelo levantamento de folhas do fundo do rio, agitação das águas e canoas de pescadores amarradas na vegetação da beira do Cuiabá batendo umas nas outras por causa do violento movimento das águas.
Edith garante que nunca ouviu falar que, pelo menos ali, algum pescador tenha sido comido pelo Minhocão do Pari...
COMPARAÇÕES
Tem gente da Barra do Pari que acha que o Minhocão do Pari na realidade era uma sucuri de tamanho descomunal que vivia numa lagoa das imediações da localidade. A lagoa acabou sendo “sangrada” para aumentar o volume de água do rio Cuiabá, quando começou a construção da barragem de Manso e a sucuri desapareceu.
Sobre essa gigantesca sucuri conta-se que certa vez um pescador precisou atravessá-la para chegar do outro lado para cortar capim para os seus animais. E caminhou um longo trecho sobre o que parecia ser uma árvore.
No outro dia, quando o pescador voltou para buscar mais capim para seus animais, não encontrou mais a travessia na superfície da água. Foi aí que ele entendeu que havia caminhado sobre a sucuri. História de pescador...
"O que estão querendo fazer com essas histórias como a dessa sucuri é desmistificar a lenda do Minhocão do Pari. Mas não vão conseguir. Essa lenda não vai desaparecer nunca", reage um velho pescador que nasceu e vai morrer na Barra do Pari. “Não tem quem me tira daqui”, garante o morador, defensor das tradições da Barra do Pari.
Já falecidos, dois pescadores da comunidade – Libano Zacarias de Souza, o Pituca, e seu Xisto – falavam muito de um negrinho que aparecia com freqüência na Barra do Pari, pregando sustos em quem singrava as águas do Rio Cuiabá naquele trecho. Diziam eles que o lugar preferido da estranha e lendária figura aparecer era numa pedrinha do leito do Cuiabá rio acima, depois do Varandão. Ou então ele emergia do fundo do rio e se sentava na proa das canoas, de onde ficava só olhando para os pescadores, muitos dos quais saíam das águas em disparada e se benzendo...
A comerciante Edith ouviu seu Xisto dizer muitas vezes que quando ele entrava no rio ou já estava pescando e o negrinho aparecia, juntava as tralhas de pesca e ia caindo fora ligeirinho. Não por medo do negrinho, que não falava com ninguém e muito menos fazia algum mal aos pescadores. Ou fazia, sim. Com a sua presença perto ou dentro da canoa, ninguém pegava nada...
Uma pesquisa desenvolvida pelo portal Nova Escola apontou que menos de um terço dos professores (32%) avalia o ensino remoto como uma experiência positiva. O levantamento “A situação dos professores no Brasil durante a pandemia” foi realizado através de um questionário online, entre os dias 16 e 28 de maio.
Foram coletadas 8.121 respostas de professores da Educação Básica - ensino Infantil, Fundamental e Médio. E, embora o questionário tenha atingido profissionais de todos os estados, mais da metade dos respondentes (53,4%) estão concentrados na Região Sudeste, com maior enfoque na rede municipal.
Para entender melhor o cenário, a pesquisa foi dividida em quatro eixos: Situação dos professores; Situação da rede; Participação dos alunos e famílias nas atividades; e Perspectivas para o retorno das atividades presenciais. Confira aqui a pesquisa.
Dificuldades
“Para mim, gravar vídeos é muito difícil. No começo, eu chorava porque não conseguia. Queria um contato pessoal com as crianças. É difícil pensar na Educação Infantil a distância”, relatou a professora Tais de Paiva Fonseca, de Educação Infantil, da rede municipal de Belo Horizonte (MG), sobre sua experiência no período da quarentena ao portal Nova Escola.
Tais faz parte dos 30% dos respondentes que classificaram a experiência com o ensino remoto como péssima ou ruim. Um terço (33%) dos professores considera razoável, 27% boa e apenas 5% atribuíram nota 9 e 10 para o ensino remoto.
A dificuldade de adaptação ao formato, o baixo retorno dos alunos, alta cobrança de resultados, crescimento da demanda de atendimento individual às famílias e falta de capacitação, de infraestrutura e de contato direto com os alunos foram alguns dos principais fatores negativos apontados pelos educadores que avaliaram a experiência. Mais de metade (51,1%) dos professores afirmaram não ter recebido nenhuma formação de suas redes ou mantenedores para trabalhar remotamente.
Participação dos estudantes
Outro cenário preocupante que a pesquisa aponta é a intensificação da desigualdade no acesso à educação. Quando analisada a participação dos estudantes, 59% dos docentes em redes privadas disseram que a maioria de seus alunos tem participado das atividades remotas, enquanto para a rede pública, o percentual é de apenas 32%.
Entre os motivos mencionados estão a falta de engajamento, dificuldade de acesso à infraestrutura e internet. “Dos meus 23 alunos do 1º ano do Fundamental 1, apenas oito conseguem acessar o Google Sala de Aula”, contou a professora Renata ao portal Nova Escola.
Saúde dos docentes
O estresse envolvido no processo de aprender a lidar com as ferramentas e adequar o conteúdo além da realidade imposta pela pandemia da Covid-19, com o distanciamento social, o grande número de mortes e de contaminados, têm representado um grande desafio para os profissionais da Educação. Apenas 8% afirmam que se sentem ótimos emocionalmente. Já 28% avaliaram a saúde emocional como péssima ou ruim e 30% como razoável.
O risco de contaminação, insegurança em relação ao futuro, falta de reconhecimento das famílias e gestores, aumento no tempo de preparo das aulas e de dedicação aos alunos e sensação de não conseguir dar conta de todas as demandas domésticas, familiares e profissionais apareceram entre os fatores destacados pelos professores em relação a como se sentem em comparação com o período anterior à pandemia.
“Tento manter a calma porque, realmente, a rotina está mais pesada. Você leva mais tempo para fazer as coisas [de trabalho] e ainda precisa cuidar das tarefas de casa”, comentou a professora Renata.
Um levantamento anterior, realizado nos meses de junho e julho de 2018 também pela Nova Escola, já apontava que a saúde dos educadores era motivo de atenção. Dos 5 mil respondentes, 66% afirmaram já terem se afastado do trabalho por questões de saúde. Além disso, 68% dos educadores apontaram a ansiedade como um fator que afetava a saúde. E 28% afirmaram sofrer ou já ter sofrido de depressão.
Fonte: ANDES-SN (com informações do portal Nova Escola)
Para surpresa de ninguém, o quarto nome a ocupar a cadeira de ministro da Educação tem nenhuma experiência no setor público e, apesar da garantia constitucional do Estado laico, se posiciona em uma perspectiva fundamentalista. Nomeado na sexta-feira (10), Milton Ribeiro já provoca choque nas redes sociais por causa de declarações proferidas em momentos anteriores.
Longe de ser conservadoras ou polêmicas, as falas do pastor evangélico alçado a ministro são, antes, inacreditáveis. No Youtube, pode-se assistir a uma entrevista concedida em 2013 a um programa chamado Ação e Reação, em que o pastor 'explicou' o feminicídio de uma adolescente de 17 anos por um homem de 33 anos com as seguintes palavras: “Nesse caso específico, acho que esse homem foi acometido de uma loucura mesmo. E confundiu paixão com amor. São coisas totalmente diferentes. E ele, naturalmente movido por paixão… Paixão é louca mesmo. Ele então entrou, cometeu esse ato louco, marcando a vida dele, marcando a vida de toda a família. Triste”. Ribeiro ainda justificou o assassinato culpabilizando a jovem vítima e apontando um programa de TV que, segundo ele, promove a “erotização precoce” de crianças, o que teria levado a menina de 17 anos a possivelmente ter “dado sinais de que estava apaixonada” pelo seu assassino.
Em um vídeo chamado de “A Vara da Disciplina”, disponível na internet, o ministro defendeu que crianças devem ser severamente castigadas, pois "a correção é necessária para a cura”. “Deve haver rigor, desculpe. Severidade. E vou dar um passo a mais, talvez algumas mães fiquem com raiva de mim. Deve sentir dor”, afirma ele durante uma pregação religiosa. "Mas cuidado. Não te excedas a ponto de matá-lo.”, conclui, ignorando o Artigo 136 do Código Penal (a prática de maus-tratos é passível de punição); o artigo 18-A do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (a criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante) e o simples bom senso.
A Plataforma Lattes graduado em Teologia e Direito, com mestrado em Direito e doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo. Ainda é membro do Conselho Deliberativo do instituto Presbiteriano Mackenzie, entidade mantenedora da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Também atuou como reitor em exercício e vice-reitor da instituição.
Fonte: ANDES-SN
Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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Por Edson Luiz Spenthof*
Na semana que acaba com quase 70 mil brasileiros já mortos por Covid-19, o presidente Bolsonaro revela ter a doença, e ainda por cima oferece a cura: em poucas horas, a cloroquina mostrou ser uma droga milagrosa, como ele bem havia previsto. Mas não é por estar contaminado que o presidente passaria a usar máscaras; além de expor jornalistas em entrevistas coletivas e sua própria equipe em reuniões presenciais, Bolsonaro reforça suas intenções genocidas vetando a obrigatoriedade de uso do equipamento em prisões e a obrigação de distribuí-lo a indígenas e quilombolas. Na mesma canetada, negou água potável e comida, materiais de higiene e leitos de UTI a essas populações já fragilizadas.
O mesmo presidente do Superior Tribunal de Justiça (candidato declarado a um cargo no STF) que vetou que presos de grupos de risco no Ceará pudessem cumprir a pena em casa, determinou prisão domiciliar ao assessor da família Bolsonaro responsável pela partilha das ‘rachadinhas’ e de sua esposa, que, fato inusitado, conseguiu a benesse estando foragida.
Até o mercado financeiro e líderes empresariais, que não se destacam como defensores da natureza, reclamam, agora, da postura do ministro contra o Meio Ambiente, Ricardo Salles, que os está fazendo perder bons negócios. O vice-presidente general Mourão, em reunião a portas fechadas, tentou acalmá-los com algumas palavras, porém os grupos interessados em preservar - a floresta e seus ganhos - têm bons motivos para ficar preocupados: deve ser difícil reclamar da perda de milhões de dólares do Fundo Amazônia enquanto o ministro da Comunicação informa que a região amazônica abriga 87% da Mata Atlântica.
A composição ministerial, já sabemos, não é o forte do atual governo: o ministro do MEC que havia sido convidado na sexta e fritado durante o final de semana, começou a semana desconvidado - ou rejeitando o convite, quem sabe? Fato é que o cargo à frente do ministério já foi mais desejado do que atualmente. Na tarde de sexta, é anunciado o nome nome, Milton Ribeiro, professor de direito, teólogo e pastor. Enquanto isso, o país encerra a semana com a curva de mortes por Covid 'estacionada’ em patamar preocupantemente alto e continua sem um técnico à frente do ministério da Saúde.
Fonte: ANDES-SN