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para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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JUACY DA SILVA*
O Brasil vive um período de profunda crise institucional, politica, econômica e social e nada indica que vamos sair da mesma com medidas que vão favorecer os grandes grupos econômicos, sacrificar ainda mais o povo, aumentando a pobreza, a miséria e a exclusão social.
Na verdade, a prioridade do Governo Bolsonaro, através de seu guru da economia é “fortalecer” cada vez mais o “Deus Mercado”, uma verdadeira obstinação, facilitar a vida dos donos do capital e retirar direitos dos mais pobres, dos trabalhadores e dos servidores públicos, principalmente os do chamado “andar de baixo”. Exemplo disso é o que está sendo proposto para a “nova previdência” para trabalhadores rurais, principalmente as mulheres; retirando metade do misero salário mínimo que idosos entre 65 e 70 anos recebem como BPC – Benefício de Prestação continuada e as propostas draconianas para quem está prestes a se aposentar, faltando, digamos entre um, dois ou dez anos, acabando com a vinculação dos benefícios previdenciários em relação ao salário mínimo ou com a inflação. Em poucos anos a população idosa, cuja maioria atualmente já é pobre, passará a condição de miseráveis e pedintes públicos.
Pior, esta proposta maquiavélica e cruel é apenas uma etapa transitória, para o chamado Sistema de capitalização, que deixará apenas a cargo do trabalhador, tanto do setor público quanto privado, arcar com a sua aposentadoria. Isto significa de um lado eliminar a responsabilidade do empregador, vale dizer do capital, no custeio da previdência social e, de outro, acabar com o pacto social representado pela Constituição Federal de 1988, através do qual cabe ao Estado/Governo, aos empresários e aos trabalhadores dos setores público e privado custearem a Seguridade Social, constituída pela Previdência Social, pela Saúde e pela Assistência social.
Nada é dito sobre o que vai acontecer com trabalhadores informais, subempregados, com os desempregados, que as vezes, ao longo da vida ficam anos sem trabalho formal e, portanto, sem condições de recolherem contribuições previdenciárias neste “novo modelo”, como o que vigora no Chile e que está quebrado ao chegar o momento de pagar o que os trabalhadores pouparam. Nada também e dito sobre qual a capacidade de poupança de mais de 75% dos trabalhadores brasileiros que ganham apenas um ou no máximo dois salários mínimos, atualmente R$998,00 reais, que é insuficiente sequer para a sobrevivência de uma família no dia-a-dia.
Além desses e de outros aspectos que estão sendo “ignorados” e apresentados como meias verdades, nada é dito sobre os reais buracos que levaram e estão levando ao constante e progressivo desequilíbrio das contas públicas. Ou seja, a previdência social não é a única e muito menos a maior responsável pela balburdia dos constantes déficits e desequilíbrios nas contas públicas.
Os Grandes buracos nas contas públicas, que são omitidos na proposta cruel de reforma previdenciária do governo Bolsonaro são, dentre outros os seguintes:
a)Gastos com a dívida pública, que consomem quase 48% do orçamento Geral da União (OGU) a cada ano; entre os anos de 2000 e 2020, o Governo Federal terá gasto nada menos do que R$17,3 trilhões de reais com o pagamento de juros, amortização e rolagem da divida pública e a mesma aumentou de aproximadamente R$650 bilhões de reais em 2000 para R$ 6,7 trilhões de reais em 2019, podendo chegar a R$ 7,2 trilhões de reais em 2020, apesar do enorme gasto como já mencionado no período. No orçamento da União de 2019 o Governo Federal concede a “bagatela” de R$1,4 trilhões de reais para a divida publica.
b) renúncia fiscal, só a União abre mão, a cada ano de, em media, R$350 bilhões de reais, a favor de grandes grupos econômicos; afora a renúncia fiscal por parte dos Estados e Municípios, que totalizam mais de R$500 bilhões a cada ano. Conforme consta do OGU de 2019 o Governo Federal está abrindo mão de arrecadar nada menos do que R$376,4 bilhões de reais.
c) sonegação consentida; que entre 2010 e 2019 representa nada menos do que R$4,7 trilhões de reais em dividas acumuladas; e mais de R$2,2 trilhões em sonegação consentida nos Estados e Municípios e parcelamento generoso dessas dividas. Só o total dos tributos federais inscritos na divida ativa da União entre 1995 e 20119 chega a R$2,5 trilhões de reais;
d) corrupção que desvia mais de R$250 bilhões a cada ano dos cofres públicos nos três níveis de governo, onde o que é demonstrado pela LAVA JATO e diversas operações pelo Brasil afora é apenas uma pontinha do "iceberg" do que de fato é a corrupção em nosso pais;
e) sonegação das contribuições do Sistema de seguridade e do INSS em particular, em mais de R$450 bilhões de reais por ano, conforme relatório da CPI da Previdência do Senado em 23 outubro de 2017, incluindo sonegação e apropriação indébita por parte das grandes empresas, sem falar nas Estatais e no que também é sonegado por Estados e Municípios e deixam de entrar para os cofres da previdência. Estima-se que só a sonegação e apropriação indébita das contribuições destinadas a previdência, sejam superiores a R$130 bilhões por ano;
f) Remuneração ilegal da sobra de Caixa dos Bancos, que nos últimos quatro anos (2015/2018) representou um gasto, por parte do Banco central, na ordem de R$449 bilhões de reais. Atualmente a sobra de caixa dos bancos é de R$1,2 trilhões de reais.
g) gastos com subsídios, incentivos fiscais e subvenções que totalizam R$202 bilhões de reais por ano, geralmente destinados a grupos econômicos e diversos setores, sem avaliação criteriosa das contrapartidas e abertos a muita corrupção como demonstrado em vários estados e também recursos federais, conforme relatórios do TCU e diversos TCEs.
f) finalmente, nada se fala sobre o efeito do desemprego e subemprego nas contas da previdência, que, ao reduzirem a massa salarial reduzem também em mais de R$160 bilhões de receita por ano para a previdência social e em mais de R$90 bilhões para o FGTS.
Em suma, como demonstrado no relatório de 259 páginas da referida CPI da Previdência, concluída no Senado Federal em 2017, não existe de fato déficit na Previdência Social, conforme sucessivos orçamentos da União a cada ano e onde consta recursos orçamentários destinados aos três setores da Seguridade Social, pelo contrário, existe superavit, basta que o governo faça uma gestão eficiente e transparente para reduzir esses buracos que sugam preciosos recursos do Sistema previdenciário e da seguridade social, como um todo.
Da mesma forma que o Congresso Nacional aprovou e o Governo Temer sancionou a Lei do Teto dos gastos públicos por 20 anos; os gastos com a divida pública também poderiam ser incluídos neste teto de gastos, digamos, no máximo 20% do OGU, e, em complemento, tapando os buracos mencionados , o Brasil poderia fazer um grande ajuste de suas contas públicas sem penalizar o povo, principalmente as camadas mais pobres.
De forma semelhante, se os governos federal, estaduais e municipais, reduzissem em, digamos 20%, o valor das respectivas renúncias fiscais e destinassem este valor, que seria arrecadado para a ampliação do financiamento do SUS, diversos dos atuais problemas que afetam a saúde publica no Brasil também seria resolvidos satisfatoriamente.
Afinal, o Brasil é a 9a. economia do mundo e a carga tributária em nosso país está entre as maiores do mundo, em torno de 36,8% do PIB e também o OGU – Orçamento Geral da União é muito grande, em 2019, na ordem de R$3,38 trilhões de reais, além dos orçamentos estaduais e municipais, que totalizam mais de R$4,5 trilhões de reais, destinados a implementação de politicas públicas voltadas às necessidades, aspirações e objetivos da população e não apenas, como tem acontecido ao longo de décadas/séculos, em ajudar a acumulação de capital por parte de apenas 5% ou 10% das camadas privilegiadas, dos donos do poder ou de seus senhores, poderíamos dar um grande salto qualitativo rumo a um futuro mais próspero, com mais dignidade para todos, como acontece com diversos países que oferecem serviços públicos universalizados, gratuitos e de qualidade, muito diferente do que acontece em nosso país, onde uns poucos são privilegiados e a grande/imensa maioria vive na miséria e excluídos dos frutos do progresso coletivo.
*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado, mestre em sociologia, colaborador de diversos veículos de comunicação social. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
Já está nas ruas a campanha de abaixo-assinado e distribuição de cartilhas contra a Reforma da Previdência, impulsionada pelas centrais sindicais. Nesta quinta-feira (4), um ato unificado das entidades na Praça Ramos, em São Paulo (SP), lançou a campanha.
Durante a ação, Renata França, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, aproveitou para panfletar a cartilha e levar aos que passavam no local o abaixo-assinado. Uma mulher que aceitou assinar, falou que aquele documento era necessário porque a reforma representava um ataque, sobretudo às mulheres. “Tem que assinar, é muita sacanagem”, disse. Renata completou que as mulheres eram as que mais sofriam com a reforma. “Qual a novidade, onde a mulher não sofre? Eles querem colocar a gente submissa e inferior”, reiterou.
Em poucas horas na Praça Ramos, centenas de assinaturas já começaram a ser recolhidas junto à população que circulava pelo local. As assinaturas que forem coletadas em todo o país deverão ser entregues no Congresso Nacional logo após o ato do 1° de Maio, que está sendo organizado unitariamente pelas centrais e que também terá como eixo a luta contra a Reforma da Previdência.
Na cartilha, as centrais denunciam alguns dos principais ataques da reforma e demonstram que a proposta do governo Bolsonaro ao contrário de combater privilégios e desigualdades, vai acabar com a aposentadoria e os direitos previdenciários dos trabalhadores e mais pobres.
“Os trabalhadores em geral, os aposentados, a juventude, enfim, todos já perceberam que essa reforma é um brutal ataque e por isso colher essas assinaturas é muito fácil. Vamos massificar a campanha para esclarecer a população e avançar na construção de uma nova Greve Geral no país”, explica o integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Paulo Barela.
Em outras cidades, como Teresina (PI), Itajubá (MG) e Rio de Janeiro (RJ), também foram montadas barracas nesta quinta-feira para colher assinaturas e distribuir o material. A campanha será estendida para todos os estados e cidades do país.
Fonte: CSP-Conlutas
O III Encontro Nacional de Educação (III ENE) acontecerá na próxima semana, de 12 a 14 de abril, na Universidade de Brasília. O Encontro tem como tema central “Por um projeto classista e democrático de educação”.
Nos dois primeiros dias, serão realizadas três mesas de debates, discussões nos grupos de trabalho sobre os nove eixos do III ENE. No domingo, acontecerá a plenária de encerramento com os encaminhamentos do encontro. Confira aqui a programação do III ENE.
Duas atividades extras estão previstas. No sábado (13), ocorrerá a plenária da Frente Escola Sem Mordaça, ao final da programação oficial. E, no domingo (14), a reunião de trabalhadores em Educação da Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas, após o encerramento.
Inscrições
As inscrições para o III ENE foram prorrogadas até o dia 8 de abril e devem ser feitas pela internet, após o pagamento da taxa de inscrição. Acesse aqui a ficha de inscrição.
Há três faixas de taxa de inscrição. Docentes da Educação Superior e EBTT devem pagar R$ 150. Docentes da Educação Básica e Trabalhadores Técnico-Administrativos da Educação Básica e da Educação Superior, bem como trabalhadores de outras categorias, pagarão R$ 80. Já os estudantes de todos os níveis devem pagar R$ 40.
Movimentos populares estão isentos da taxa de inscrição. Para tal, suas coordenações devem entrar em contato diretamente com a organização do evento por meio do email: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
A inscrição inclui a participação no evento, alimentação e espaço para acampamento na UnB.
Orientações para as Caravanas
A comissão organizadora do III Encontro Nacional de Educação divulgou orientações para as caravanas que virão à Brasília. O III ENE acontecerá de 12 a 14 de abril, na Universidade de Brasília (UnB). As inscrições foram prorrogadas até o dia 8 de abril e devem ser feitas no blog do III ENE. Clique aqui.
Em documento a Conedep informa que as caravanas que farão o uso do alojamento deverão chegar somente no dia 12 de abril e se dirigir para a UnB, para efetuar o credenciamento e organizar o alojamento.
“Solicitamos que seja enviada uma mensagem, com antecedência, sobre ônibus que virão para o III ENE, informando a cidade de partida, horário de chegada e contato do responsável pela caravana, para o email:O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.”, orienta o documento.
Alojamento
Será disponibilizado espaço para alojamento no estacionamento do Centro Comunitário Athos Bulcão, o qual será cercado e coberto por tendas e protegido por piso modulado. As pessoas que irão utilizar o espaço do alojamento devem indicar o interesse na ficha de inscrição no ato da inscrição. As barracas poderão ser montadas somente a partir do dia 12/04. Não será garantida estrutura de alojamento no dia anterior ao início do evento.
As pessoas que utilizarão o espaço do alojamento deverão ser orientadas a chegar somente no dia 12/04. Será preciso trazer colchonete, roupa de cama e banho, além de barraca. O alojamento será garantido até o dia 14 de abril, portanto, as caravanas deverão retornar neste dia.
Refeições
As refeições (café, almoço e jantar) do III ENE serão feitas no Restaurante Universitário – RU da UnB com o qual a comissão organizadora firmou convenio. Os tickets de café da manhã serão distribuídos apenas para o(a)s participantes que estarão no alojamento. Os tickets de almoço e jantar serão distribuídos também para os mesmos e, ainda, para o(a)s participantes do movimento popular inscrito(a)s no evento, para docentes e técnico-administrativo(a)s da educação básica. As outras categorias inscritas poderão fazer a refeição no RU, pagando o mesmo valor contratado, a saber, R$ 5,80 (café da manhã) e R$ 13,00 (almoço e o jantar cada).
Confira aqui o documento com todas as orientações
Fonte: ANDES-SN
DATA: |
01 de Novembro/2018
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ATA DIRETORIA: |
Normatização CD’s 06 e 10
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ASSUNTO: |
Responsabilidades Financeiras da Sede e Subseções |
- O repasse de 40% para as subseções sindicais é feito a partir da contribuição dos sindicalizados na referida subseção;
- O mês de referência sobre o qual incide a contribuição sindical é sobre o mês anterior ao mês em que o depósito é feito pelo MPOG. Exemplo: O depósito feito no mês de Outubro corresponde à folha de pagamento do mês de Setembro;
- A Circular Diretoria n. 10, de 20 de março/2018, estabelece os Procedimentos Financeiros para sistematização das responsabilidades entre a Seção e as Subseções, definindo, inclusive, prazos para ambas;
- O Repasse Mensal (conforme item 1) está condicionado, entretanto, ao Encontro de Contas entre Subseção e Seção Sindical;
- A documentação exigida inclui extratos bancários, documentos comprobatórios de despesas, Prestação de Contas padrão assinada, conforme orientações realizadas em duas oportunidades: 06/09 (Sinop); 11/09 (Barra) e 11/10 (Sinop e Barra);
- Esse Encontro de Contas é necessário na medida em que há pagamentos realizados pela Seção que são de responsabilidade da Subseção, conforme estabelecido na Circular Diretoria n. 06, de 03 de novembro/2017;
- Consequentemente, qualquer atraso, informações incompletas, incorreção etc. na Prestação de Contas da Subseção implicará em atraso para liberação do Repasse;
- Todo mês a Seção Sindical irá informar às Subseções: a) os valores relativos à Contribuição Sindical correspondente aos professores lá sindicalizados; b) enquanto devido, o valor proporcional aos 10% relativo aos 28,86%; c) o valor proporcional ao repasse ao ANDES/SN (20%); d) o valor proporcional ao repasse ao Fundo Único do ANDES/SN (2%); e) o valor relativo ao repasse à CSP-Conlutas (5%); f) o valor proporcional à Assessoria Jurídica; g) o valor dos encargos sociais proporcionais e, h) o valor relativo à Folha de Pagamento da Subseção;
- Essas informações serão encaminhadas pelo Financeiro da Seção Sindical até o dia 07 de cada mês;
- As Subseções preencherão essas informações na Prestação de Contas – Proporcional. Essa será assinada pela Diretora Financeira da Seção Sindical;
- Na Prestação de Contas Mensal da Subseção serão informadas as movimentações sobre as quais a Tesouraria Local tem controle e, portanto, cabe a elas a assinatura;
- Todas as mensagens entre Seção e Subseções, relativas à Prestação de Contas, devem ser feitas através de e-mail, de maneira a garantir a transparência entre os colegas e a evitar-se qualquer problema de comunicação entre Seção e Subseções;
- Os e-mails devem solicitar a confirmação de recebimento, de forma a garantir o registro da data de envio, da Prestação de Contas, do recebimento da documentação, de demandas quanto a pendências eventuais etc.;
- Tanto a Seção Sindical quanto as Subseções devem ter um controle de Acompanhamento da Prestação de Contas (anexo), inclusive quanto às pendências, assegurando-se, assim, informações desencontradas.
Gestão ADUFMAT DE LUTA: AUTÔNOMA E DEMOCRÁTICA
(2017-2019)
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Paulo Wescley M. Pinheiro
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TCC
Um mês
Sem versos
E alegria
Sentia o peso
Do medo
Monotonia
Enquanto ela
Sozinha
Se repetia:
Mono
Mono
Mono
Grafia
2.1. O ser estudante na Cátedra de areia
Se é verdade que o processo de adoecimento mental na universidade é democrático quanto ao seu arrebatamento em todos os setores da comunidade acadêmica, é também evidente que seu processo ganha contornos expressivos para os/as estudantes. No campo da imediaticidade um vínculo ardiloso se produz na condição discente, posto que há uma relação de autoridade entre ele/a e o/a professor/a. É incontestável que quando essa relação acontece de forma abusiva o processo de sofrimento recai de forma agressiva sobre os/as estudantes.
A particularidade discente - os usuários da política de educação - razão fundamental da esfera do ensino, se constitui desde o fato que esta é uma categoria constituída por um conjunto diverso, hegemonicamente formada por jovens e que tem diferenças importantes quanto aos professores e técnicos-administrativos.
Embora muitos discentes sejam da classe trabalhadora, eles não estão no seu espaço de trabalho quando estão na Academia. A maioria acessa a instituição com uma perspectiva para o futuro profissional e tem na universidade experiências muito distintas daquelas que vivenciaram em outros planos de sua vida como a família ou a escola. Nesse sentido, a universidade é um espaço de descobertas, expectativas e frustrações.
Além disso, a pluralidade dessa categoria tem recortes de classe, gênero/sexo, raça/etnia, orientação sexual e origem regional que demarcam particularidades e sua ampliação ou redução entre as alternativas, limites e possibilidades no acesso e manutenção dentro do ensino superior.
O atravessamento dessas questões impõem determinações durante toda a vida desses sujeitos, expressam abismos sociais, desigualdades e discriminações naturalizadas e demarcam o não-lugar que é a universidade para alguns setores. A falta de identidade teórica, a ausência de uma estrutura para permanência e os processos estruturais da instituição são os elementos mais graves desse processo que se apresentam imediatamente.
Os processos de frustrações se multiplicam e a universidade idealizada fica distante a cada nova experiência. O conjunto de dificuldades dentro e fora da instituição, o processo de crise de sociabilidade afirmando as relações de estranhamento, o fortalecimento do autoritarismo no cotidiano e a crise de perspectiva com as dificuldades do mercado de trabalho se expressam como questões importantes. A proletarização do trabalho no ensino superior e o desenvolvimento de um exército intelectual de reserva vai impulsionando relações hostis entre alunos/as e professores/as, constituindo o desmanche do castelo de areia dos sonhos construídos ao longo da infância e da adolescência diante do acesso à universidade.
A experiência discente na universidade é transitória, portanto, até certa medida, fluida. Quando não há um movimento coletivo forte as questões circunstanciais não são analisadas como um processo historicamente construído. As perdas e os ganhos materializados no cotidiano não são percebidos como uma construção de lutas, disputas e resistências dos sujeitos que passaram pela universidades e daqueles que permanecem trabalhando nela. Isso tanto abstrai os problemas e contradições existentes, quanto os colocam dentro de um patamar singularizado.
As dificuldades institucionais são muitas e reverberam na vida do discente. De estudantes trabalhadores/as que não tem tempo para estudar, diante da carga horária de trabalho, e nem cultura de leitura, diante de um processo formativo precarizado, passando, por exemplo, pela particularidade das mulheres, imbuídas das jornadas contínuas de trabalho, inclusive, o doméstico, da responsabilização do cuidado da família e da falta de segurança frente aos frequentes casos de assédios e outras formas de violência.
Com a parcela de discentes oriundos das camadas médias e das elites as questões problemáticas também aparecem. Majoritariamente educados numa estrutura acrítica, de naturalização de privilégios, formados num processo de decadência ideológica, com suas camadas sociais hegemonicamente cultivando o desdém com os processos democráticos, os jovens chegam demonstrando incapacidade de lidar com pressão e frustrações.
Nesse fenômeno vamos consubstanciando um conjunto diverso de discentes que expressam contradições, divergências e antagonismos sociais muito mais amplos que a própria universidade. Se existe uma real proliferação do adoecimento mental ela vem acompanhada também pela banalização do diagnóstico, pela romantização do sofrimento e pela espetacularização da condição dos sujeitos. O espraiamento de uma visão epidêmica do uso de remédios perpassa as diferentes classes sociais na tentativa de disciplinamento diante de uma lógica de sociabilidade cada vez mais perversa.
Vários são os exemplos desse processo, o uso abusivo de ritalina e avalanche de diagnósticos de deficit de atenção é emblemático. Das campanhas de sensibilização diante das taxas de depressão e suicídio ao processo de rebaixamento do adoecimento a qualquer forma de sofrimento, além da medicalização como método principal para lidar com condições da realidade, o esfacelamento do rigor e da ética diante do tema saúde mental é reafirmado. O afrouxamento do debate encobre determinações importantes do aprofundamento do fenômeno. Afinal, quando tudo é adoecimento, nada é.
A potencialização de uma sociabilidade marcada pelo consumismo, individualismo, fatalismo histórico e hedonismo constitui formações subjetivas cindidas, relações superficiais e perda de referência coletivas. O processo educacional bancário, tecnicista e voltado para uma lógica do mercado vai formando sujeitos que passam pela infância e juventude construindo um desprezo pela discussão teórica, tratando o conhecimento científico como algo trivial e sem desenvolver maturidade e capacidade emocional para o rigor acadêmico e as intempéries da produção do conhecimento em nível de excelência.
Neste sentido, é tão verdade que temos desenvolvido uma geração que não consegue se inserir em processos fundamentais para a vida adulta, que tem aprofundado diversas formas de adoecimento e sofrimento mental, como também é perceptível que a universidade tem sido um lugar que potencializa esse sofrimento. O/a professor/a, assalariado/a, também adoecido/a, mas inegavelmente responsável pelo processo pedagógico tem seu trabalho questionado diante desse processo.
A hostilidade diante do trabalho docente surge quase como padrão numa era onde a velocidade das redes cibernéticas se efetivam, quando a forma se sobrepõe ao conteúdo, onde a ideologia ultraliberal e pós-moderna desenvolve sujeitos que acreditam na imposição do sucesso a qualquer preço e com menor esforço, além da arrogância diante do outro. A insatisfação diante de qualquer aula, método de avaliação, conteúdos e espaços não é algo raro. Na sociedade do espetáculo nada é suficientemente bom para chamar atenção.
Se entre professores/as temos uma parcela importante reproduzindo posturas problemáticas em sala de aula, entre o corpo estudantil tem crescido também o conservadorismo, o imediatismo, o pragmatismo e uma concepção de espectador passivo, com a necessidade de ser impressionado, com profunda impaciência diante da celeridade que questões complexas necessitam.
Ao mesmo tempo que há justas críticas aos formatos punitivistas e ultrapassados que ainda se sustentam na universidade, existe também um apagamento da subjetividade do professor. Visto como parte da engrenagem da máquina, ele é um sujeito sem história particular. Ao docente é negado horário de descanso, espaço para viver seus problemas pessoais, particularidades e possibilidade de estudo e aprendizado.
A reclamação do autoritarismo dos professores é tão certeira quanto a pressão diante dos mesmos, a burocratização, o desrespeito e a banalização de sua prática e esforço. Relações adoecedoras se estabelecem de ambos os lados. Na lógica da alienação, estudantes tendem a apagar a característica do/da docente como um/a trabalhador/a e o transformam numa ferramenta. Para parte considerável da categoria docente, afeita à quimera pseudo-elitista de sua condição, isso fermenta uma deturpação da relação, metamorfoseando o/a professor/a como um obstáculo a ser ultrapassado em busca do objetivo fundamental: o diploma.
Professores/as conservadores/as ou outros/as tantos/as, apenas desacreditados/as e descrentes com o processo educativo, vão reproduzindo uma lógica que se distancia de uma educação com inspiração emancipatória e, ao invés disso, continuam a reproduzir os abismos diante de seus/suas alunas.
Num processo mútuo de ataques onde não há culpados todos são cúmplices. Com a Torre de Babel estabelecida nas cátedras, docentes e discentes reproduzem a falsa consciência de sujeitos antagônicos, como se fossem alegorias das classes sociais fundamentais do nosso sistema social. A questão é que não são. Embora estejam em posições diferentes, ainda que haja uma relação inerente de poder e autoridade, numa constituição de um processo educativo emancipatório essa característica não seria central.
Pensar o adoecimento mental na universidade é mais que refletir sobre as manifestações imediatas, as constituições fisiológicas, a descrição daquilo que os sujeitos tomam como hábito no dia-dia. Sublinhar os formatos de sofrimento mental das diferentes categorias pode nos ajudar a, ao invés de procurar culpados, colocarmos o dedo na ferida e quebrarmos a lógica que nos adoece, buscando medidas particulares, como a responsabilidade institucional da universidade, mas refletindo para chegar na necessária e urgente crítica que vá a raiz desse processo.
A imposição de uma forma de produzir e socializar conhecimento, além de reproduzir um modo de administrar e gerenciar a instituição com determinações da conservação da hegemonia de uma sociedade centrada na exploração e na opressão sucumbe sujeitos dentro da instituição à impossibilidades de uma vivência com qualidade e experiências humanizadas.
Ser estudante negro/a numa universidade onde - como em toda a sociedade - o racismo estrutural impera, é adoecedor. Onde manifestações racistas são naturalizadas desde traslado de ida e a volta da faculdade todos os dias até nos exemplos utilizados em sala de aula, suportar espaço é um desafio constante. É adoecedor ser estudante e mulher numa universidade onde ainda se reproduz práticas de subjugação feminina, assédio moral e sexual, onde o processo de maternagem é desconsiderado e tantas outras formas de expressão do machismo persistem no campo científico. O/a jovem que precisa sair de sua cidade, morar em outro lugar, trabalhar o dia todo, ir para aula, estudar no “tempo livre” e lidar com todo esse processo de forma solitária também vive uma universidade adoecedora.
É adoecedor, ainda, ter que lidar com a necessária perspectiva de excelência da universidade, com as exigências de compromisso, qualidade e carga de leitura para uma geração que não foi acostumada a ler, interpretar, produzir, realizar, construir argumentos para além do senso comum. Se sabemos que rebaixar a qualidade não deve ser a opção, qual alternativa podemos pensar?
São esses/as estudantes que estão na universidade, são muitos deles/as que não conseguem permanecer, são tantos/as outros/as que não conseguem acessá-la. Encarar a realidade ou continuar a negá-la é uma escolha institucional e de projeto profissional que revela como nos posicionamos para além dos discursos. Não se trata de isentar os diferentes sujeitos de suas responsabilidades individuais e do reforço de muitos diante desse fenômeno. Recair em explicações individualizantes não somente não resolve a questão como reafirma a lógica conservadora e as práticas focalizadas.
Não há como delimitar uma causa única para a potencialização do sofrimento mental dos/das discentes. Questões estruturais, relações familiares, vida escolar, desterritorialização, mudanças geracionais, ritmo de vida, questões sócio-econômicas, todos os elementos se intercruzam no processo de construção de limites e possibilidades, no fortalecimento ou fragilização emocional e no processo de sofrimento mental intenso. Se as questões são multiformes é necessário que diferentes sujeitos estejam implicados nisso, a universidade como instituição e nós docentes na esfera que nos cabe: o âmbito didático e pedagógico.
Se professores/as também são desumanizados é preciso não fechar os olhos para a lógica que reproduzimos e pensarmos o que podemos fazer diante de um cotidiano de trabalho tão desafiador. O moralismo e o conservadorismo não são saídas. Frente a nossa desvalorização, o que temos feito? Para que serve o conhecimento que produzimos? Como estamos lidando com o adoecimento dos nossos/as alunos/as? Como estamos lidando como o nosso próprio adoecimento? Que tipo de relações estamos construindo, inclusive, com os nossos/as colegas de trabalho?
Diante de tantas questões precisamos também pensar sobre nossa responsabilidade e como temos tratado os elementos que nos chegam com a desconstrução do nosso espaço de trabalho e das nossas relações prosaicas.
*A primeira parte dessa reflexão se encontra no Espaço Aberto n.41/2019