Além das demandas já apresentadas em carta assinada durante a campanha, os docentes também trataram de novos assuntos
A primeira agenda oficial da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat-Ssind) com a nova reitora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Marluce Souza e Silva, foi no dia seguinte à cerimônia de posse. Nesta sexta-feira, 18/10, diretores da entidade reforçaram as demandas da categoria docente e apresentaram uma nova demanda à nova administração.
Muitas das demandas apresentadas neste primeiro encontro são de conhecimento da nova reitora, não só pela sua trajetória junto ao sindicato, mas pela assinatura da carta de reivindicações do sindicato, ainda durante a campanha. Assuntos como Resolução 158 (encargos docentes), Progressão, retomada das reuniões presenciais dos conselhos estavam entre os pontos de pauta (saiba mais sobre o conteúdo da carta de reivindicações aqui).
No entanto, algumas novas demandas surgiram, como a necessidade de que a UFMT reconheça um entendimento jurídico, já em vigor, de que vítimas de violência doméstica com medida protetiva possam solicitar afastamento imediato.
“Muitas mulheres não conseguem ir até a delegacia fazer a denúncia. Quando consegue, em 99% dos casos não há orientação de que essa mulher tem direito de pedir afastamento sem prejuízo de vínculo. Na hora da medida protetiva, a pessoa está tão atordoada, que não vai lembrar de pedir. Aí depois tem que entrar com um processo judicial, para um juiz avaliar, não dá tempo, essa mulher já teve que sair correndo de casa, escoltada. Não é nada problemático, é uma compreensão jurídica, e nós estamos preparando uma minuta com auxílio da assessoria jurídica do sindicato para entregar à Reitoria”, disse a diretora Clarianna Silva.
A professora Adriana Pinhoratti, diretora tesoureira, lembrou dos ataques relacionados aos direitos docentes, redução das férias em janeiro, progressão, “Esses são compromissos que a gente precisa que sejam assumidos, porque não tem como partir da administração uma proposta de suspensão de direitos. Essas lutas não começaram na nossa diretoria, elas são anteriores, e a gente não pode deixar que passem por cima dos nossos direitos”, pontuou.
Lotada na UFMT Araguaia, a professora Ana Paula Sacco, diretora de Comunicação da Adufmat-Ssind, destacou a questão das consultas para escolha dos pró-reitores locais. “Nem todos entendem essa construção histórica, política da UFMT, de que as entidades conduzem esse processo, então nós ficamos apreensivos, sabemos que essa é a situação em todos os campi”, destacou.
Para a diretora geral adjunta, Lélica Lacerda, o objetivo é garantir que o processo seja realizado de forma democrática. “Pela sua trajetória, seu compromisso, nós entendemos que é importante reconhecer, formalmente, que quem tem a legitimidade para garantir a realização do processo democrático na UFMT são as entidades representativas. Somos nós que lutamos por direitos dentro desta universidade. Somos nós que tentamos dar voz àqueles que não podem falar. Somos nós que abrimos espaços para que todas as falas possam estar presentes. Nesse sentido, é que a gente espera um Consepe [Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão] presencial, que o debate da 158, da progressão, do assédio, tudo isso se tornem debates públicos. Ninguém tem resposta para como a gente vai enfrentar o assédio, isso tem que ser construído com debate coletivo, a gente precisa se apropriar do que existe, o que tem de legislação, para a gente construir democraticamente esses processos”, disse a professora.
O diretor geral do sindicato, Maelison Neves, destacou a simbologia da reunião realizada logo após a posse e a expectativa de construção de diálogo com a nova administração. “Como sindicalista você conhece como funciona a Adufmat-Ssind e o Andes-SN, pela autonomia, mas autonomia não significa oposição, pelo contrário, é uma disposição ao diálogo. Então, nós apresentamos essas demandas com espírito de que elas sejam pensadas horizontalmente”, afirmou.
Por fim, a reitora se disse aberta ao diálogo, que nunca apresentará minutas que firam direitos, que reconhece as demandas da categoria e a legitimidade das entidades para realizar o processo. “Nós precisamos encaminhar ao Consepe e Consuni [Conselho Universitário] a regulamentação deste processo. Isso é ponto definido para nós. Foi assim que nós fomos indicados pela comunidade acadêmica para estar onde estamos, e é este processo que nós reconhecemos”.
Também foram abordados assuntos como evasão, insalubridade, política interna para servidores aposentados, com espaço de socialização e afastamento de diretores do sindicato para exercício de atividade política – como já ocorreu antes.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind