"Eu acredito é na rapaziada
Que segue em frente e segura o rojão
Eu ponho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera e enfrenta o leão"
(Gonzaguinha em Vamos à luta)
A Reitoria e parte dos docentes contrários à greve construíram a narrativa de que os professores que defendem a greve estão contra os e as estudantes. E mais: responsabilizam a luta por direitos pela evasão de estudantes da UFMT. Já diria o poeta: “desconfiai do mais trivial, na aparência singelo”.
O que a ciência mostra com suas constrangedoras estatísticas é que apenas 15% das pessoas acima de 16 anos está em sala de aula. A educação básica, direito universal, é frequentada por apenas 53% de estudantes com até 18 anos, o que mostra que 47% estão tendo seu direito à Educação violado.
Com relação à população acima de 18 anos, os dados são ainda piores! 80% dos jovens de 18 a 24 anos não estudam, enquanto 40% das vagas das universidades públicas estão ociosas – chega a 80% nas instituições privadas.
Se há vagas, por que a população não acessa?
Porque estão lutando pela sobrevivência num mercado de trabalho cada vez mais precarizado: 48% afirmam ter deixado de estudar para trabalhar enquanto 80% dos jovens foram afetados pela contrarreforma trabalhista que lhes impôs jornadas de trabalho maiores, salários menores e retirou direito a folga e férias remuneradas. Neste cenário, não sobra tempo nem dinheiro para estudar e as universidades não têm conseguido custear devidamente as políticas de acesso e permanência.
A greve docente não é apenas por salários! É também pela recomposição do orçamento das universidades (que em 2023 foi 50% menor do que era há 10 anos), para que haja também recursos para bolsas e assistência estudantil; e é também pelo revogaço das contrarreformas dos governos golpistas do Brasil.
Enquanto o Governo comemora crescimento do PIB e da arrecadação acima da meta no ano de 2024 e diz que valoriza a Educação, na prática, segue a estrangulando financeiramente.
Nossa greve é pelo futuro da educação pública, gratuita e de qualidade e pelo futuro da nossa juventude. As elites os querem trabalhadores braçais, sem cidadania, e nós os queremos doutores e cidadãos conscientes de seus compromissos com o futuro do país.
É greve porque é grave! Apoie a greve docente! Lutemos pelo nosso futuro!
Obs: os dados foram retirados da matéria publicada pela Adufmat-Ssind EVASÃO É UM PROBLEMA GERAL E O PRINCIPAL MOTIVO É ECONÔMICO, APONTAM PESQUISAS, de Luana Soutos.