Estudantes e docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) lançaram, na última sexta (12/06), a campanha “Educação para Todos! Por um futuro onde ninguém fique para trás!”. A campanha tem o objetivo de fazer enfrentamento à proposta de flexibilização das atividades de graduação via Ensino à Distância (EaD) durante a pandemia. Diversos vídeos com depoimentos de estudantes e professores falando sobre os motivos da recusa estão disponíveis nas redes sociais da Associação dos Docentes (Adufmat-Ssind) e do Diretório Central dos Estudantes (DCE).
Os vídeos abordam questões como “E se a UFMT não aderir à flexibilização, o que devemos fazer?”; “Com quem a universidade está comprometida?”; “A flexibilização precariza a carreira docente, a educação pública e o trabalho”; “A educação à distância é uma alternativa nesse momento?”, entre outras relevantes para o debate.
Já os depoimentos de estudantes de diversos cursos apontam entre os motivos para recusar a flexibilização a falta de uma plataforma segura da UFMT para todos os seus sistemas internos e muito menos para o EaD; o fato de 85% dos estudantes de Enfermagem, por exemplo, terem se manifestado contrários à flexibilidade acadêmica em consulta interna; a realidade de muitos estudantes que não possuem acesso à internet; a possibilidade de a flexibilização reproduzir um histórico de deficiência na transparência de contratos entre a universidade e empresas privadas, entre outros. Tudo destacando que a universidade é para todos e não somente para uma pequena parcela de estudantes.
“Essa forma de ensino é excludente. A flexibilização enquanto ensino só serve às elites que têm o interesse de vender os seus pacotes de tecnologia de informação. Ela exclui aqueles estudantes que não possuem acesso às essas tecnologias, que moram em uma situação precária e estão se desdobrando para conseguir ter as medidas de segurança, nesse momento de pandemia. Ela acaba dificultando a vida dos estudantes que já vivem em situação de vulnerabilidade”, afirma a diretora da Adufmat-Ssind, Lélica Lacerda, acrescentando que a flexibilização segrega socialmente ainda mais os estudantes, sobretudo os negro, indígenas e quilombolas, isto é, todo um público com quem a universidade têm uma dívida histórica.
Lacerda lamenta ainda que perde-se muito tempo, em um momento histórico difícil, com um debate que beneficia apenas patrões, elites, enquanto milhares de trabalhadores perdem suas vidas e outras milhares morrerão, se outra postura não for adotada.
“A flexibilização não corresponde aos interesses da nossa classe, da classe trabalhadora, mas sim os interesses privados de elites que têm o interesse de forjar uma normalidade que não existe, para convencer as pessoas de uma forma suicida de se manterem trabalhando para garantir os lucros privados de patrões, que estão de quarentena, preservando suas vidas e deixando seus empregados em risco para manter os seus lucros”, afirma.
Para a representante da Adufmat-Ssind, a universidade não tem que pensar em formar novas gerações de profissionais, mas sim produzir respiradores, máscaras, Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), testagens para a Covid-19, além de auxiliar na gestão de leitos, de recursos públicos e na produção de dados confiáveis. “A UFMT tem que recuperar a sua função social, e o debate da flexibilização nos leva longe dessa questão”, declara.
Nem 10 das 69 Instituições Públicas de Ensino Superior do país adotaram a flexibilização das atividades durante a pandemia.
Nessa terça-feira, 16/06, essa será a pauta do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) da UFMT pela terceira vez consecutiva. A reunião terá início às 07h30, e será exibida por link disponibilizado no site da UFMT.
Layse Ávila
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind