*Atualizada às 14h55 do dia 28/05/18: A atividade cultural programada para a noite do dia 28/05 - Lusco Fusco Happy Hour Cuiabano - foi suspensa.
No início da próxima semana, de 28 a 30/05, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) sediará, pela primeira vez, uma Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA). O evento foi realizado pela primeira vez em 2014 e, desde então, mais de 50 universidades já realizaram edições do encontro. O objetivo é inserir a discussão sobre o projeto de Reforma Agrária e os temas que circundam essa questão nos estudos desenvolvidos nas áreas de humanas, saúde, agrárias, educação, entre outras.
Para o professor da Faculdade de Economia, Armando Tafner, um dos organizadores do evento, trazer esse debate para dentro de um dos principais polos do agronegócio é fundamental. “É a primeira vez que a UFMT vai receber uma JURA, e isso é muito simbólico. O Mato Grosso é um dos maiores concentradores de terra da União. Aqui você tem o maior consumo de agrotóxico e o menor número de compradores, o que demonstra a inviabilidade do negócio: quanto menos pessoas com terra, mais pessoas sem terra. Então, que a JURA possa ser utilizada na instituição de ensino superior por meio da pesquisa, ensino e extensão, direcionando a discussão sobre as ferramentas para a redistribuição de terra acontecer”, afirmou o docente.
Tafner acrescenta que as Jornadas são realizados em todo o país nos meses de abril ou maio para relembrar o massacre de Eldorado do Carajás, onde 16 trabalhadores rurais sem terra foram assassinados. Vinte e dois anos depois, ninguém foi responsabilizado.
Além disso, para o professor, o evento significa uma aproximação da universidade com o Movimento Sem Terra (MST). “A instituição de ensino superior é um espaço onde uma elite intelectual poderá ouvir as demandas, ajudar a propor encaminhamentos, e fazer com que cheguem ao poder público, demonstrando as dificuldades da luta, mas também que é preciso fazer alguma coisa diante de um cenário tão caótico como o brasileiro, ainda pior em Mato Grosso”, acrescentou.
De acordo com a professora Mirian Sewo, do Departamento de Psicologia, o evento contemplará discussões ainda mais amplas. “A JURA é um evento importante para colocarmos em pauta a discussão da Reforma Agrária Popular, a denúncia das opressões vividas no campo e na cidade, o Golpe de 2016, os efeitos do agronegócio na saúde do povo, as perseguições aos movimentos sociais, os retrocessos dos direitos da classe trabalhadora, entre outros temas. A Jornada reúne professores e estudantes de várias áreas diferentes, cada qual contribuindo com seus estudos e projetos, e esse é o ponto mais rico do evento, essa parceria na defesa da Reforma Agrária entrelaçada pela certeza de que uma outra sociedade é possível e de que a utopia continua viva e pulsante”, afirmou a docente, que também está na organização.
Entre os convidados para contribuir com os debates estão a historiadora Anita Leocádia Prestes - filha de Olga Benário e Luís Carlos Prestes, que lançará um livro no último dia do evento -, os dirigentes nacionais do MST, João Paulo Rodrigues e Kelly Manfort, e o professor da Universidade Federal do Amazonas, Gersem Baniwa.
Além dos debates e oficinas, os participantes também poderão conhecer os produtos da Reforma Agrária em uma feira com diversos itens de Mato Grosso e de outros estados do país, e visitar a exposição fotográfica “Terra e Resistência”, que reúne cinco coleções fotográficas sobre a luta pela terra e formas de resistência empreendidas pelos trabalhadores sem terra, povos indígenas e quilombolas, e pela própria universidade.
Na noite do primeiro dia de evento, 28/05, o público do JURA será convidado especial da 2ª edição do Lusco Fusco, happy hour cuiabano, realizado pela Adufmat-Ssind. A ideia é promover diversas atividades culturais para marcar a unidade dos trabalhadores num contexto político cada vez mais delicado e de necessária mobilização. Além do espaço de debate descontraído, intervenções artistas e palco aberto co karaokê, os presentes poderão saborear comidas típicas e bebidas (ATIVIDADE CANCELADA - LEIA MAIS AQUI).
As inscrições para a JURA são gratuitas, basta preencher a ficha disponível no site do evento (clique aqui) e as atividades serão divididas entre o Museu de Arte e Cultura Popular da UFMT (Centro Cultural da UFMT), auditório da Adufmat-Seção Sindical do Andes e outros espaços da instituição. Confira na íntegra da programação abaixo:
28/05 SEGUNDA-FEIRA
13:30 - Audiência Pública na Assembleia Legislativa: Os direitos dos Povos Indígenas em Mato Grosso e no contexto nacional
Presença do Prof. Gersem Baniwa
Local: Assembleia Legislativa
14:00 - 17:00
Palestra: Zoneamento socioeconômico e ecológico e reforma agrária no MT
Local: Auditório da ADUFMAT
15:30 - 18:00
Oficina de Poesia Marginal com Júlia Karoline e Lígia Viana. Só 60 vagas! Inscrição na Oficina
Local: Auditório do IGDH
18:00 - Abertura da Exposição "Terra e Resistência"
Local: Museu de Arte e Cultura Popular da UFMT - MACP
19:00 - 21:00
Palestra de abertura: Análise de conjuntura com João Paulo Rodrigues (MST-SP)
Local: Centro Cultural
29/05 TERÇA-FEIRA
8:00-10:00
Palestra: Reforma agrária popular com Vanderly Scarabeli - MST/MT
Local: Centro Cultural
9:00-12:00
Lançamento do Relatório Dataluta Mato Grosso e Brasil com Profª. Onélia Carmem Rossetto - UFMT
Local: Auditório IGHD
Coordenação: Gabriel Miranda
10:00-12:00
Mesa redonda: Violência no campo e trabalho escravo com Wellington Douglas Rodrigues da Silva e Cristiano Apolucena Cabral – ambos da CPT
Local: Centro Cultural
Coordenação: Luana da Cruz Burema
10:00-12:00
Roda de conversa: 50 anos da Pedagogia do Oprimido
Roda de conversa sobre Paulo Freire e os 50 anos da obra “Pedagogia do Oprimido”
- Prof. Aldi Nestor de Sousa - UFMT
- Prof. Luiz Augusto Passos - UFMT
- Profa. Mírian Sewo - UFMT
Local: Auditório do ICET
Coordenação: Prof. Aldi Nestor de Sousa - UFMT
14:00-16:00
Mesa Redonda: Terra, saúde e trabalho
Local: Centro Cultural
A mesa abordará os temas que envolvem a concentração de terra, as relações sociais do trabalho e a saúde do trabalhador do campo.
- Profª. Beatriz dos Santos de Oliveira Feitosa – UFMT
- Pofº. Maelisson Silva Neves – UFMT
- Profº. Sandro Aparecido Lima dos Santos - IFMT
Coordenação: Profº. Armando Wilson Tafner Júnior – UFMT
14:00-16:00
Painel: Territórios e resistências no campo
Local: Auditório do IGHD
Este painel tem como objetivo debater, na perspectiva da Geografia, as relações que ocorrem nos territórios camponeses que podem representar espaços de resistência.
- Dehbora Alves da Costa – Mestre em Geografia - UFMT
- Patrícia Wolff Sampaio – Mestre em Geografia - UFMT
- Zenildo Crisostomo do Prado – Mestre em Geografia - UFMT
- Dayane Pricila Alves Godoi – Mestre em Geografia - UFMT
- Clóvis Vaillant – Mestre em Geografia - UFMT e membro da Coordenação do Fórum Brasileiro de Economia Solidária
Coordenação: Profª. Giseli Dalla-Nora e Profª. Meire Rose A. Oliveira - UFMT
14:00-16:00
Roda de conversa: Diálogos sobre Educação, Movimentos Sociais, Povos da Floresta e Comunidades Tradicionais
Local: Auditório do IE
- Profª. Nilce Vieira Campos Ferreira – UFMT
- Luciano da Silva Pereira - SEDUC
- Sandra Jung de Mattos – PROCEV/UFMT
- Silvia Maria dos Santos Stering – PROEG/IFMT
Coordenação: Profª. Nilce Vieira Campos Ferreira – UFMT
14:00-16:00
Seminário: Trabalho associado e agroecologia
Local: Auditório do PPGE/IE - Sala 68
O Seminário objetiva discutir o significado do Trabalho Associado e da Agroecologia, a partir da existência, resistência e experiências dos assentamentos e dos povos e comunidades tradicionais. O público alvo serão alunos/as de graduação e de pós-graduação, pesquisadores/as, camponeses/as e comunidade.
- Trabalho Associado - Prof. Edson Caetano - UFMT
- Agroecologia - Prof. Cristiano Cabral - UFMT
- Trabalho Associado e Juventude Camponesa - Eva Emília F. do N. Azevedo (Doutoranda PPGE/UFMT)
- Trabalho Associado e agroecologia - Germana Benedita da Silva (produtora agroecológica e moradora da Comunidade Mutum)
- Juventude do campo, trabalho e agroecologia – Shirley da Costa (assentada, produtora agroecológica, juventude do assentamento Roseli Nunes, Mirassol D’Oeste)
Coordenação: Prof. Edson Caetano - UFMT
14:00-16:00
Cine debate: Arpilleras
Local: Auditório do ISC
O documentário conta a história de luta e resistência de cinco mulheres atingidas por barragens das cinco regiões brasileiras denunciando as violações de direitos das populações atingidas, principalmente as mulheres, o modelo energético e a lógica predatória das empresas do setor elétrico.
Coordenação: Victoria Oliveira
16:00-18:00
Mesa redonda: Criminalização dos movimentos sociais
Local: Centro Cultural
- Profª. Alair Silveira - UFMT
- Profº. Paulo Delgado – UFMT
- Profª. Lélica Ellis Lacerda – UFMT
Coordenação: Profº. Daniel Fanta – UFMT
19:00-22:00
Conferência: Golpe e os direitos indígenas
Profº. Gersem Baniwa - UFAM
30/05 QUARTA-FEIRA
08:00-10:00
Mesa redonda: Levantandas do chão - Da luta por igualdade à perseguição do feminismo
Local: Centro Cultural
Coordenação: Profª. Qelli Rocha - UFMT
08:00-10:00
Palestra: Privatização da Reforma Agrária
Local: Auditório do IGHD
Vanderli Scarabeli - MST/MT
Coordenação: Profª. Camila Salles - UFMT
08:00-10:00
Mesa redonda: Educação do campo: avanços e desafios
Local: Auditório do IE
A palestra abordará a educação rural no Brasil, história e conceito da Educação do Campo, a Educação do Campo e o golpe e desafios da Educação do Campo.
Palestrante:
- Solange Serafim dos Santos - MST/MT
- Prof. Rui Leonardo Souza Silveira - IFMT
- Profa. Ozerina Victor de Oliveira - UFMT
Coordenação: Júlio César Barbosa Pedroso da Cruz
10:00-12:00
Mesa redonda: Faces do Golpe de 2016 na América Latina e um Projeto para o Brasil
Local: Centro Cultural
- Faces do Golpe na América Latina – Profª. Alair Silveira - UFMT
- O golpe e a discussão de um Projeto para o Brasil – Antonio Carneiro de Menezes (MST/MT)
- Golpe, autonomia universitária e reforma educacional – Prof. Reginaldo Araújo - UFMT
Coordenação: Profª. Haya Del Bel
14:00-16:00
Mesa redonda: Mineração, energia, reforma agrária e os conflitos dos programas de desenvolvimento
Local: Centro Cultural
A mesa irá discutir os grandes projetos agropecuários, minerais e energéticos impostos, desde pelo menos o golpe civil-militar de 1960 até a Amazônia Legal
- Profº. José Domingues de Godói Filho - UFMT
- Profº. Dorival Gonçalves Junior – UFMT
Coordenação: Profº Waldemir Rodrigues - UFMT
14:00-16:00
Mesa redonda: O Golpe de 2016 e suas relações com a imprensa e o judiciário
Local: Auditório do IGHD
– Profº. Paulo Rocha - UFMT
- Tiago Cury - UFMT
- Prof. Luiz Alberto Esteves Scallope - UFMT
Coordenação: Profº. Paulo Rocha
15:00-18:00
Oficina de Teatro do Oprimido com Profª. Naine Terena de Jesus. Só 30 vagas! Inscrição na Oficina
Local: Sala 1 do IGHD
16:00-18:00
Cine debate: Pão, paz e terra
Local: Centro Cultural
Debatedora: Luana Souza Santos
Coordenação: Armando Wilson Tafner Júnior – Economia/UFMT
16:00-18:00
Cine debate: Psicologia ambiental - O cerrado como território de vida, resistência e subjetividades
Local: SALA 3 do IE
- Profª. Jane Cotrin - UFMT
- Profª. Mírian Sewo - UFMT
- Profª. Jane Vignado - UFMT
Coordenação: Pofª. Mírian Sewo – UFMT
19:00-21:00
Conferência e lançamento do livro "Olga Benário Prestes - Uma Comunista Nos Arquivos da Gestapo"
Local: Centro Cultural
Profª. Anita Leocádia Prestes
Mais informações: https://juramatogrosso.wixsite.com/jura
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind