Em estudo divulgado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) na semana passada, dados preliminares indicam que apenas um terço (31,8%) dos reajustes salariais acordados até julho obteve ganho real, ou seja, foi fechado com valores acima da inflação.
A pesquisa adiciona importância às mobilizações das categorias que estão em campanha salarial neste momento. Metalúrgicos, petroleiros, servidores públicos federais e trabalhadores dos Correios são exemplos de setores que seguem na luta por melhores salários e manutenção de direitos históricos.
A equação também deve levar em conta o cenário de crise econômica agravado pela pandemia, que resultou em uma brutal diminuição dos salários e na precarização das condições de trabalho. A queda na renda levou, em muitos casos, a consequência da fome. No Brasil, são 33 milhões de pessoas nesta triste situação.
A publicação ainda indica que quase metade dos reajustes (47,3%) estão abaixo da inflação. Na prática isso significa a redução do poder de compra, visto que o custo de vida está mais caro. Em julho, a inflação dos últimos 12 meses, marcava 10,12% (INPC), mas o encarecimento dos alimentos especificamente é até duas vezes maior que o índice geral.
Já os reajustes que igualaram a inflação são 20,8% dos casos, segundo o estudo.
Mobilizações
O caminho para a classe trabalhadora brasileira superar esse cenário é a mobilização. É o que farão os trabalhadores e trabalhadoras dos Correios, nesta terça-feira (23), com um Ato Nacional, em Brasília (DF), exigindo da direção da empresa e governo federal a reabertura imediata das negociações.
O protesto será um ultimato e já há uma indicação de greve para o dia 1º de setembro. Caravanas de todo o país estão chegando à capital federal. A concentração para o ato ocorrerá em frente à sede dos Correios, às 11h. Já a passeata tem previsão de início para as 13h.
Os servidores públicos federais também estão na luta pelo reajuste salarial e a valorização da categoria. Assim como ocorreu na primeira semana de agosto, uma nova Jornada de Luta, em Brasília, terá início na segunda-feira (29) e se estenderá até o dia 2 de setembro.
Para ir esquentando o clima, um Ato Virtual Nacional em Defesa dos Serviços Públicos e dos Servidores será realizado na quarta-feira (24), com transmissão no YouTube e Facebook do Fonasefe, a partir das 19h.
Gatilho e defesa dos direitos
Outra importante categoria em campanha salarial, os metalúrgicos de São José dos Campos e Região, no Vale do Paraíba, aprovaram em assembleia o mecanismo de gatilho salarial. O mecanismo funciona como um reajuste automático que será “disparado” toda vez que a inflação aumentar 5%. O reajuste será neste percentual.
Além disso, outra preocupação da categoria é a renovação dos acordos e convenções coletivas. Recentemente, o STF (Supremo Tribunal Federal) vetou a chamada ultratividade das normas celebradas nesses documentos. Com a decisão, os direitos conquistados só têm validade por, no máximo, dois anos e passam a ser cancelados até que um novo acordo seja assinado.
A pauta protocolada pela categoria exige um índice de reajuste de 18%. A garantia de estabilidade no emprego também faz parte das reivindicações que os metalúrgicos levarão para as mobilizações.
Contra privatizações
A Campanha Salarial dos petroleiros é marcada pela intransigência da Petrobras, que insiste em ameaçar os trabalhadores com o fim das negociações, caso a categoria não aceite a proposta patronal até o fim de agosto.
Até o momento, o plano da empresa segue sendo rebaixar direitos históricos. Além disso, a empresa não repõe sequer a inflação do período, propondo 7% de reajuste. Isso ocorre após distribuir mais de R$ 130 bilhões em dividendos, somente no primeiro semestre deste ano.
A luta contra a privatização também é central para os funcionários da estatal nesta campanha. Durante o ano, o tema veio a pauta inúmeras vezes, com o presidente Bolsonaro atuando diretamente para a entrega deste patrimônio de todos os brasileiros.
Todo apoio à luta
A CSP-Conlutas apoia integralmente a luta dos trabalhadores e trabalhadoras por melhores condições de vida. Além disso, é necessário que toda mobilização de campanha salarial se tornem plataformas para a luta política e de mudança real da sociedade. Somente no socialismo, a classe trabalhadora terá seus interesses atendidos.
Fonte: CSP-Conlutas