Avanço da destruição do meio ambiente no Brasil combinado com a paralisia proposital por parte do governo em fiscalizar e controlar essa situação para favorecer madeireiras, mineradoras, grileiros e latifundiários. Esse é o cenário no governo de Bolsonaro e Mourão, cuja política vem causando uma devastação sem precedentes no país.
Segundo levantamento do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), o desmatamento na Amazônia aumentou 51%, entre agosto de 2020 e junho de 2021, comparado aos 11 meses anteriores. Em junho, a área devastada foi de 926 km², totalizando 8.381 km² desmatados nos últimos 11 meses. No mesmo período anterior, foram registrados 5.533 km² de desmatamento.
O monitoramento feito pelo Imazon é feito por meio do SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento), através de satélites e ferramentas de instituições, como o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e o Global Forest Watch, sistema via satélite utilizado pela Universidade de Maryland, nos Estados Unidos.
Para se ter uma ideia, segundo o instituto, a área equivale a três vezes a cidade de Fortaleza (CE), sendo o terceiro maior índice de destruição da vegetação nos últimos 10 anos. Os estados mais atingidos são, respectivamente, Pará e Amazonas.
Fiscalização é desmontada
Ao mesmo tempo em que são divulgados dados que mostram a devastação de nossas florestas, outro levantamento revela a responsabilidade direta do governo de Bolsonaro e Mourão para esta situação. Há um verdadeiro boicote do governo aos mecanismos de controle e fiscalização, como por exemplo o Ibama e ICMBio.
Em 2019 e 2020, a média de processos com multas pagas por crimes que envolvem a vegetação nos estados da Amazônia Legal despencou 93% na comparação com a média dos quatro anos anteriores.
O levantamento foi feito por pesquisadores do Centro de Sensoriamento Remoto e do Laboratório de Gestão de Serviços Ambientais da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
Segundo o estudo, entre 2014 e 2018, a média anual foi de 688 processos com multas pagas no Ibama. Em 2019 e 2020, sob o comando do ex-ministro Ricardo Salles, os balanços foram 74 e 13 multas pagas (média de 44).
O número de processos relacionados a infrações que envolvem a vegetação julgados em 1ª e 2ª instância também recuou: de 5,3 mil anuais, entre 2014 e 2018, para somente 113 julgamentos em 2019, e 17 no ano passado.
Os pesquisadores apontam que mudanças nas regras internas do Ministério do Meio Ambiente e na legislação entre 2019 e 2020 dificultaram o trabalho de campo dos fiscais e o andamento interno de processos ligados à apuração de infrações ambientais, como desmate e extração de madeira irregulares.
É a famosa (e nefasta) política de “deixar a boiada passar” admitida pelo ex-ministro Ricardo Salles, durante reunião ministerial com Bolsonaro no início do ano passado. Vale lembrar, inclusive, que Salles saiu do cargo sob investigação em razão de denúncias de favorecimento a setores empresariais no contrabando de madeira, entre outros escândalos.
Leia também:
Ministro da “destruição” do meio ambiente cai, mas política de “passar a boiada” continua
Desde que assumiu, Bolsonaro sempre atacou o trabalho de fiscais do Ibama e do ICMBio, cientistas do Inpe e declarou seu propósito de parar a “indústria da multa”. Esse é o resultado. Uma paralisia na fiscalização e posicionamentos abertamente a favor de criminosos que desmatam nossas florestas.
Sem falar na militarização de órgãos ambientais, assim como em todo o governo. Supostamente, Bolsonaro e Mourão apostam em operações militares com as Forças Armadas para proteger a Amazônia, mas na prática, a devastação da floresta segue alta, com a maior taxa na última década, sem que haja multa ou sanções a quem desmata ou faz queimadas irregulares, como comprovam os dados levantados pelos pesquisadores.
Em defesa do meio ambiente, Fora Bolsonaro e Mourão, já!
A CSP-Conlutas afirmou diante da saída de Ricardo Salles que sua queda era uma boa notícia, mas que a política de “boiada” iria continuar, pois todo o governo de Bolsonaro e Mourão é atrelado aos interesses do agronegócio, de latifundiários, madeireiras, mineradoras, garimpeiros ilegais e grileiros. O novo ministro que assumiu, Joaquim Álvaro Pereira Leite, já trabalhava na pasta sob o comando de Salles e também é ligado à bandada ruralista.
Portanto, a luta contra os desmatamentos, as queimadas, a destruição da fauna e flora brasileiras, a defesa dos indígenas, quilombolas, camponeses e todos os povos das florestas está atrelada à luta para por um fim o quanto antes a esse governo genocida e corrupto.
No próximo dia 24 de julho, em mais um dia nacional de luta pelo Fora Bolsonaro, a bandeira em defesa do meio ambiente também estará nas ruas.
Fonte: CSP-Conlutas