Terça, 10 Janeiro 2017 16:29

Uerj pode fechar as portas por conta de crise financeira

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A reitoria da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) afirmou que a grave crise que afeta o estado pode causar o fechamento da faculdade. De acordo com a reitoria, é necessário efetuar o pagamento dos servidores e liberar recursos para que a instituição possa funcionar.

Em um ofício publicado na página da instituição e endereçado ao governador Luiz Fernando Pezão, a reitoria afirma que, caso isso não aconteça, "as atividades ficarão impossibilitadas nas diversas unidades", incluindo o Hospital Pedro Ernesto e a policlínica Piquet Carneiro.

No documento, assinado pela reitora em exercício Maria Georgina Muniz Washington, a instituição reivindica os pagamentos de novembro, dezembro e o décimo terceiro dos funcionários, além do repasse de bolsas e auxílios.

Em nota, a Secretaria Estadual da Fazenda se posicionou sobre o assunto e disse que os funcionários estatutários da Uerj vêm recebendo os salários junto com os demais servidores, dentro do calendário de pagamento. Neste caso, o pagamento de novembro 2016 está sendo parcelado em cinco vezes. Foram pagas as duas primeiras parcelas nos dias 5 e 6 e serão pagas as demais nos dias 11, 13 e 17.

Sobre os repasses, a secretaria afirmou que seguem sendo feitos à Uerj, mesmo diante da grave crise financeira que o Estado atravessa, mas que, desde o início da crise, a prioridade absoluta tem sido o pagamento dos salários dos servidores do Estado. 

O supercomputador da Uerj, um investimento de cerca de R$ 5 milhões, está desligado. Ele faz parte de uma das pesquisas mais importantes da área da física no país. O aparelho não funciona porque uma peça quebrou.

no break (estabilizador de energia) da máquina precisa ser reposto. Os R$ 450 mil para repor foram aprovados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), mas não foram liberados pelo governo do RJ. Com isso, a Uerj corre o risco de ser descredenciada pelo laboratório suíço que coordena o estudo sobre o nascimento do universo.

De acordo com a Uerj, dos R$ 128 milhões de projetos aprovados pela Faperj desde 2014, o estado só repassou para a universidade R$ 60 milhões. Em 2016, o setor de pesquisas científicas e tecnológicas não recebeu dinheiro algum.

A Faperj culpa a crise econômica. A fundação afirma que está priorizando o pagamento de 5 mil bolsistas e reconhece que cerca de 3,5 mil projetos continuam aguardando o aumento da arrecadação para voltar a receber financiamento da Faperj.

Ao longo de 2016, o governo federal não fez os repasses previstos para a UFRJ no estudo dos vírus da dengue, zika e chikungunya. Eles usaram verbas de outros projetos para que os estudos não parassem.

 

“Eu imagino que há 20 ou 25 anos não vemos uma crise tão grande na área de ciência e tecnologia no Brasil. Com a falta de investimento e com a necessidade de sustentar o investimento na pesquisa em si e na infraestrutura da universidade”, explicou Rodrigo Brindeiro, diretor do Instituto de Biologia da UFRJ.

 

O governo federal só liberou os pagamentos pendentes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) no fim do ano passado. O conselho recebeu R$ 500 milhões obtidos pela repatriação. Alguns recursos estavam suspensos desde 2014.

Segundo o presidente da instituição, os recursos para o pagamento de bolsas e de editais está garantido.

“Todos estes receberão os seus recursos devidamente no prazo previsto. O exemplo mais importante são as bolsas no exterior, onde já conseguimos alocar os pagamentos até março de 2017”, explicou Mario Neto Borges, presidente do CNPq.

No Instituto de Biologia da UFRJ, o diretor afirma que a união só liberou 30% da verba prevista para pesquisas importantes.

“Aquilo que não foi executado em 2016 impacta em 2017. Vamos precisar de três a seis meses para recompor essa estrutura”, destacou Rodrigo Brindeiro.

Para a Academia Brasileira de Ciências, a crise ameaça uma geração de jovens mestres e doutores. No Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ, de 55 pesquisadores, pelo menos 8 planejam deixar o país.

 

“As pessoas que estão, nesse momento, militando e atuando, os pesquisadores, os jovens professores, estão todos desiludidos e vão buscar outros rumos e caminhos. E esse cenário não contribui em nada como atrativo para as novas gerações de pesquisadores brasileiros. Então, está armado o cenário da destruição”, contou Débora Fogel, pesquisadora da Academia Brasileira de Ciências.
Fonte: G1
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