Segunda, 20 Maio 2019 14:08

 

O ANDES-SN repudia o decreto 9.794, de 14 de maio de 2019, de iniciativa da Presidência da República. Esse decreto, dentre outras medidas, transfere para a Presidência da República, para a Casa Civil e para o MEC a indicação de próreitore(a)s, decano(a)s, diretore(a)s de centros ou campi e outro(a)s dirigentes das instituições universitárias. Trata-se de um nítido ataque à autonomia universitária e à Constituição Federal, pois viola os artigos 5, 37 e 207 da Constituição, assim como as leis 5.540/1968 e 8.112/1990.

É importante assinalar que este não é o primeiro ataque do atual governo à autonomia universitária. Além de inúmeras declarações realizadas desqualificando a democracia e a autonomia no interior de universidades, IF e CEFET, o governo Bolsonaro atacou diretamente a frágil autonomia universitária em diferentes ocasiões. Pode-se lembrar da nomeação do Diretor-Geral do Instituto Nacional de Educação de Surdos (circular nº 09/2019), o desrespeito à decisão da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (circular nº 09/2019), ataques contra a educação superior e a Universidade Federal de Sergipe (circular nº 171/2019) e, finalmente, o ataque contra UFF, UFBA e UNB por supostamente promoverem balbúrdia (circular nº 163/2019) – esse ataque, posteriormente, foi generalizado para todas as universidades, IF e CEFET pelo contingenciamento anunciado pelo MEC.

Isso tudo abriu espaço para ataques como o desrespeito à decisão da consulta realizada à comunidade acadêmica da UNIRIO (ver circular nº 131/2019) ou violações às liberdades democráticas como, por exemplo, a perseguição ao professor Pedro Mara (circular nº 87/2019) e a prisão da professora Camila Marques (circular nº 132/2019).

O ANDES-SN tem respondido a esses e outros ataques de inúmeras maneiras. Em primeiro lugar, estamos lutando em unidade com diversos setores da classe trabalhadora pela nossa atuação no FONASEFE, na CSP-Conlutas, no Fórum Sindical, Popular e das Juventudes de Luta por Direitos e Liberdades Democráticas, a Coordenação Nacional das Entidades em Defesa da Educação Pública e Gratuita (CONEDEP), Frente Nacional Escola Sem Mordaça etc.

Também criamos o selo “Liberdade de Ensinar e Aprender: Por Educação, Ciência e Tecnologia Públicas” (circular nº 158/2019), protagonizamos a construção do III Encontro Nacional de Educação, construímos ativamente a Greve Nacional da Educação, de 15 de maio, e não estamos poupando esforços para construir a Greve Geral de 14 de junho de 2019.

O decreto 9.794 é um sério ataque à autonomia universitária e não mediremos esforços jurídicos e políticos para revogá-lo, pois ameaça as poucas conquistas democráticas que ainda perduram nas universidades, IF e CEFET.

Em defesa da autonomia universitária!

Pela liberdade de ensinar e aprender!

Brasília (DF), 16 de maio de 2019

 

Diretoria do ANDES-Sindicato Nacional

Segunda, 20 Maio 2019 14:04

 

Circular nº 198/19

Brasília(DF), 20 de maio de 2019

 

 

 

Às seções sindicais, às secretarias regionais e à(o)s diretora(e)s do ANDES-SN

  

Companheira(o)s

 

De acordo com o art. 30, inciso XII, do Estatuto do ANDES-Sindicato Nacional, fica convocado o 64º CONAD para o período de 11 a 14 de julho de 2019, na cidade de Brasília (DF), sediado pela ADUnB Seção Sindical, com o tema central:

"Em defesa da educação pública, dos direitos sociais e das liberdades democráticas".

           Encaminhamos anexa a proposta de pauta e de cronograma do evento e chamamos a atenção para as seguintes orientações:

 

1 - APRESENTAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES AO CADERNO DE TEXTOS

1.1 - Dos prazos

1.1.1 Os textos das seções sindicais e do(a)s sindicalizado(a)s deverão ser enviadas para o ANDES-SN até às 24h do dia 20 de maio de 2019, por e-mail (O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.).

1.1.2 Os textos que chegarem ao ANDES-SN no período de 21 de maio a 23 de junho de 2019 também serão remetidos às seções sindicais, compondo assim o Anexo ao Caderno de Textos.

1.1.3 Conforme deliberação do 62o CONAD (Niterói (RJ), 13 a 16 de julho de 2017), a apresentação de textos referentes ao Tema I – Movimento Docente e Conjuntura: avaliação da atuação do ANDES-SN frente às ações estabelecidas no 38º CONGRESSO – também será admitida no Anexo ao Caderno de Textos, desde que oriunda e aprovada em assembleia de base. O prazo para envio de contribuições para o Anexo é até o dia 23 de junho de 2019.

1.1.4 Encerrados os prazos previstos para a composição do Caderno de Textos e do Anexo, qualquer novo texto só será submetido à discussão no evento, obedecidas as deliberações do 20º CONGRESSO (Rio de Janeiro, 15 a 21 de fevereiro de 2001) registradas a seguir:

“2 - após a publicação do Anexo, qualquer novo texto somente poderá ser submetido à discussão no evento se aprovada sua inclusão pela Plenária de Instalação. Para a apreciação pela Plenária de Instalação, o novo texto deverá apresentar uma justificativa demonstrando a necessidade da sua apreciação no evento e os fatos excepcionais que levaram à apresentação fora dos prazos fixados.

2.1 a inclusão de novos textos deve ser aprovada por maioria simples do(a)s delegado(a)s presentes.

2.2 - no caso de aprovação da inclusão de novos textos, cabe à comissão organizadora a responsabilidade da reprodução dos mesmos para o conjunto de participantes do evento”.

1.2 - Das orientações para apresentação de contribuições

1.2.1 Os textos das seções sindicais e do(a)s sindicalizado(a)s para integrarem o Caderno de Textos deverão:

1.2.1.1 ater-se ao temário do 64º CONAD, que tratará do seguinte: Tema I: Movimento Docente e Conjuntura: avaliação da atuação do ANDES-SN frente às ações estabelecidas no 38° CONGRESSO; Tema II: Avaliação e atualização do plano de lutas: educação, direitos e organização do(a)s trabalhadore(a)s; Tema III: Avaliação e atualização do plano de lutas: setores; Tema IV: Questões organizativas e financeiras.

1.2.1.2 seguir as orientações gerais e, ainda, as recomendações quanto à construção visando a tornar os debates mais profícuos, bem como a agilizar as decisões e deliberações oriundas destes.

1.2.1.3 pautar-se pelos critérios de objetividade, clareza, concisão, consistência e atualidade.

1.2.1.4 no caso do assunto já ter sido discutido em eventos anteriores, deverá ser apresentada nova versão com argumentação que justifique a reapresentação do tema.

1.2.1.5 conter no máximo, para o tema Movimento Docente e Conjuntura, 10 páginas e para os de apoio aos demais temas, 3 páginas, observando-se:

– Margem superior – 3cm

– Margem inferior – 2 cm

– Margem esquerda – 2 cm

– Margem direita – 2 cm

– Fonte – Times New Roman tamanho 11

– Espaçamento entre linhas – simples

– Espaçamento entre parágrafos – antes: 5pt; depois: 5pt

– Título maiúsculo /negrito – letra 14; alinhamento justificado.

– Parágrafos justificados

– Nota de rodapé – Fonte Times New Roman tamanho 8

1.2.1.6 indicar o Texto de Resolução (TR)

1.2.1.7 indicar o Tema (I, II, III ou IV)

1.2.1.8 indicar a autoria do texto: por exemplo: “Diretoria da SSIND”, “Assembleia Geral”, “Conselho de Representantes” ou “Sindicalizado(a)s”.

2 – PARTICIPAÇÃO

2.1 - Dos critérios de eleição

2.1.1 A(O) delegada(o) do CONAD deverá ser eleita(o) segundo o art. 25 do Estatuto do ANDES-SN:

Art. 25. O CONAD é composto:

I - por um(a) (1) delegado(a) de cada S.SIND ou AD-S.SIND escolhido(a) na forma deliberada por sua Assembleia Geral;

II - por um(a) (1) delegado(a) representativo(a) do(a)s sindicalizado(a)s, via cada uma das Secretarias Regionais, escolhido(a) na forma deliberada por sua Assembleia Geral;

III - por observadores(as) de base das S.SINDs ou AD-S.SINDs e Secretarias Regionais, com direito a voz;

IV – pelos demais membros em exercício na Diretoria (Art. 32, I, II, III e IV), excetuado(a)s aquele(a)s cujo âmbito de competência e atuação limita-se à área de sua Regional (Art. 32, V) dele participam com direito a voz.

V - pelo(a) Presidente do ANDES-SINDICATO NACIONAL, que o preside, com direito a voz e voto em suas sessões.

§ 1º. Os demais membros em exercício da Diretoria, cujo âmbito de competência e atuação limita-se à área de sua Regional (Art. 32, V), podem participar do CONAD na qualidade de delegado(a)s ou observadore(a)s de suas respectivas S.SINDs ou AD-S.SINDs.

§ 2º. É vedado o voto por procuração para eleição de delegado(a) da SEÇÃO SINDICAL OU AD-SEÇÃO SINDICAL.

 

2.1.2 O(A) observador(a) escolhido(a) em assembleia geral deverá ter seu nome constante da ata da assembleia que o(a) indicou. No caso de a escolha ter sido em outra instância, deverá ser apresentado documento comprobatório de sua indicação, encaminhado pela diretoria da seção sindical.

2.1.3 No caso do(a) suplente de delegado(a), que será necessariamente observador(a), o seu nome e a sua condição de suplente deverão constar obrigatoriamente da ata da assembleia, ou do documento encaminhado pela diretoria da seção sindical, que tenha recebido delegação da AG para tal.

2.2 Dos prazos para o credenciamento.

2.2.1 O Credenciamento é prévio. O ANDES-SN, empenhado em implementar um sistema mais ágil de inscrição em seus eventos nacionais, reafirma a importância do credenciamento prévio como elemento facilitador do processo. Para o 64º CONAD, fica estabelecido o período de 20 de maio a 4 de julho de 2019 para o recebimento da documentação regimental para inscrição de delegada(o), observadora(e)s e observadora(e)s suplentes da(o) delegada(o).

2.2.2 Não haverá recebimento da documentação necessária ao credenciamento no dia 11 de julho de 2019, excetuando-se os casos justificados e aprovados pela Plenária de Instalação.

2.2.3 Pelo menos um(a) representante de cada seção sindical ou secretaria regional, credenciada previamente, deverá comparecer à Secretaria do 64º CONAD, no dia 11 de julho, para confirmar ou não, a presença do(a) delegado(a) e do(a)s observadore(a)s, sendo que o número de observadore(a)s fica a critério de cada seção sindical.

2.3 Da documentação necessária ao credenciamento

2.3.1 Ata da assembleia (assinada pela(o) presidente e pela(o) secretária(o) da mesa) em que foi escolhida(o) a(o) delegada(o), a(o)s observadora(e)a (a)(s) e o(s) observadora(e)s suplente(s) da(o) delegada(o) ao 64º CONAD;

2.3.2 Lista de presença da Assembleia Geral;

2.3.3 Comprovação pela seção sindical de quitação com a Tesouraria, incluindo a contribuição correspondente ao mês de maio e repasse de parcelas de acordos efetuados anteriormente (se houver).

2.3.4 Para o credenciamento do(a)s delegado(a)s será exigida a documentação relacionada nos itens 2.3.1 a 2.3.3. A documentação deverá ser enviada previamente, até às 24h do dia 4 de julho de 2019, para o e-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo..

 

Solicitamos às seções sindicais que estejam com problemas de débitos junto à Tesouraria Nacional comunicar-nos o fato, o mais breve possível, para evitarmos transtornos por ocasião do credenciamento.

Sem mais para o momento, renovamos nossas cordiais saudações sindicais e universitárias.

 

 

Prof. Antonio Gonçalves Filho

Presidente

 

Segunda, 20 Maio 2019 14:01

 

A diretoria do ANDES-SN se reuniu com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil (Andifes), na quinta (16), em Brasília (DF).

Reunião na sede da Andifes em Brasília

Os representantes das duas entidades discutiram as mobilizações da Greve Nacional da Educação e a situação das universidades federais após os cortes de orçamento.

Pelo ANDES-SN estiveram presentes Erlando Rêses, 3º tesoureiro do Sindicato Nacional, e Ricardo Behr, 2º vice-presidente da Regional Leste do ANDES-SN.

Os docentes foram recebidos por Reinaldo Centoducatte, reitor da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e presidente da Andifes, além de outros diretores da entidade.

A Fasubra também esteve presente na reunião.

A reunião teve início com uma breve avaliação da Greve Nacional da Educação que ocorreu na quarta-feira.

“Avaliamos que foi significativo, envolveu 222 cidades, teve adesão e apoio de amplos setores da sociedade. Isso fortaleceu a mobilização”, conta Erlando.

“Houve boa repercussão na imprensa. Nos chama a atenção a reação do governo, cuja base de deputados está batendo cabeça sobre os cortes”, completa.

“Debatemos aspectos sobre a luta em defesa das universidades e também o decreto de Bolsonaro que retira dos reitores a responsabilidade de nomear pró-reitores e diretores”, diz.

“A Andifes disse que está estudando a questão amplamente e logo terá posição a respeito”, completa o 3º tesoureiro do ANDES-SN.

Segundo Erlando Rêses, a Andifes também relatou aos presentes como foram suas discussões recentes com Abraham Weintraub, ministro da educação.

Na ocasião, Andifes e MEC debateram questões como ENEM, Capes, Fundeb e eleição para reitores. Segundo a Andifes, o MEC manteve sua posição quanto aos temas.

O ministro da educação também afirmou que receberá reitores de universidades federais, desde que com a presença de parlamentares do respectivo estado.

“Entendemos que isso diz respeito à barganha que o governo tenta fazer para aprovar a Reforma da Previdência”, avalia Erlando Rêses.

O ANDES-SN encerrou a reunião ressaltando a importância da unidade entre as entidades na luta em defesa da educação pública.

Também lembrou das duas próximas grandes manifestações. Em 30 de maio, nova manifestação contra os cortes de orçamento está sendo organizada por entidades estudantis.

Já em 14 de junho, terá lugar a Greve Geral contra a Reforma da Previdência, convocada pelas centrais sindicais.

 

Fonte: ANDES-SN

Segunda, 20 Maio 2019 11:08

 

A luta em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade terá uma nova rodada no dia 30 de maio.

As entidades representativas de estudantes, professores, técnicos-administrativos preparam para a data mais um dia de lutas da educação, em nível nacional.

A preparação da nova mobilização do setor foi definida em reunião na sexta-feira (17). O encontro contou com ANDES-SN, CNTE, FASUBRA, FENET, SINASEFE, UBES e UNE.

Nas redes sociais, em especial no twiiter, já circulam hashtags convocando novas mobilizações para o 30 de maio.

As entidades pretendem realizar uma agenda preparatória de mobilização nas próximas semanas. Esta agenda inclui a realização atividades dentro das universidades e Institutos Federais.

Em 22 de maio, elas pretendem realizar um dia de “universidade na rua”, como preparação para o dia 30.

Além da defesa da educação, todas as iniciativas visam a construção da greve geral, contra a reforma da Previdência. A greve geral está marcada para 14 de junho e foi acordada entre todas as centrais sindicais.

Em 15 de maio, a comunidade escolar se levantou contra os cortes orçamentários anunciados pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub.

Foi a primeira grande manifestação contra o governo Bolsonaro. Em viagem aos Estados Unidos, no dia 15, o presidente chamou os manifestantes de “idiotas úteis”.

Houve manifestações em 222 cidades, em todas as capitais, incluindo Brasília. No Rio de Janeiro, o protesto contou com mais de 250 mil pessoas. Em São Paulo, foram 120 mil.

Antes da grande greve do dia 15, a comunidade escolar adotou medidas para levar a universidade para a sociedade. Foram aulas públicas e divulgações científicas em praças, ônibus, parques.

 

Fonte: ANDES-SN

Segunda, 20 Maio 2019 10:20

 

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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JUACY DA SILVA*
 

O atual presidente da República, Jair Bolsonaro, que ao longo de 28 anos foi deputado federal e participou do chamado “baixo clero”, grupo de parlamentares que pouco se destacam na defesa de causas consideradas importantes para o País, também sempre foi e continua sendo conhecido, amado por alguns e odiado por outros, por suas declarações que podem ser consideradas grosseiras ou fora da linha do razoável.


Se antes, como deputado já acumulava problemas, inclusive ações judiciais em consequência de suas declarações e ideias conservadoras, xenófobas ou racistas, como presidente da República, considerando que tal cargo exige a postura de um estadista, pessoa capaz de promover o diálogo tanto entre grupos quanto entre países em situações de beligerância, o “nosso” presidente continua falando como se ainda estivesse em campanha eleitoral, sempre estabelecendo as linhas de conflito, o que é denominado de “nós contra eles”.


Ao longo da campanha eleitoral alinhou-se a grupos e pessoas conservadoras, retrógradas ou o que é chamada de extrema direita no espectro politico e ideológico e, neste sentido, tanto o presidente quanto alguns de seus auxiliares diretos, como os ministros das relações exteriores, da economia, da educação, do meio ambiente, além de seus filhos que não poupam criticas azedas e injustas, não apenas contra adversários políticos, tidos e considerados como inimigos, alcunhados sempre de pertencerem ao “movimento comunista internacional”, mas também contra militares que participam do Governo, principalmente generais, escolhidos pelo presidente.


Parece que o grupo mais próximo do presidente, além dele próprio, carecem de luz própria e passam a ser utilizados por um ideólogo e astrólogo brasileiro, pensador da extrema direita, que vive nos EUA que alimenta uma campanha odiosa contra, não apenas parlamentares e integrantes de partidos de esquerda, incluindo alguns que se situam no espectro marxista como PCdoB, PSOL, em grau menor o PT, mas também contra outros partidos que se auto intitulam socialistas ou socialistas democráticos como PSB e PDT, todos, diga-se de passagem devidamente registrados segundo as normas que regem a organização política-partidária em nosso país, da mesma forma que o partido do presidente, o PSL, que se situa como de direita ou extrema direita. Ou seja, se são partidos registrados legal e legitimamente, segundo o ordenamento jurídico e constitucional brasileiro, deveriam merecer, no mínimo, respeito por parte do Presidente e de seus auxiliares e seguidores.


Há poucos dias, diante das manifestações que levaram milhões de estudantes, professores, cientistas, trabalhadores e gestores da área da educação pública às ruas e praças de nosso país, manifestações também legítimas e pacíficas, o Presidente, que parece não tolerar o dissenso, o contraditório, tanto é verdade que, juntamente com seu ministro da educação, pretende acabar com os cursos de sociologia e filosofia nas universidades públicas, fez mais uma de suas declarações estapafúrdias, dizendo que esses milhões de pessoas que se manifestam contra os cortes nos orçamentos das universidades federais, dos institutos federais de educação e no FUNDEB, que financia a educação fundamental e básica nos estados e municípios, o presidente disse que essas pessoas “são idiotas ou imbecis uteis e massa de manobra de partidos e movimentos de oposição”.


Enquanto isso, o Vice Presidente, Gen Hamilton Mourão, no exercício da presidência, entrevistado por jornalistas disse que as manifestações, desde que pacíficas, são legais e legítimas e inclusive fazem parte do jogo democrático, posição completamente oposta da defendida pelo Presidente.


Talvez seja por isso, que os chamados olavistas, seguidores do guru da extrema direita e que tanto tem criticado os militares/generais que estão no governo, por escolha pessoal de Bolsonaro, tem atacado de forma, as vezes, chula, esses militares, que são defendidos no Congresso por parlamentares que fazem parte da base de apoio do Presidente.


Logo a seguir, mesmo estando fora do Brasil, quando seu filho, que até bem pouco tempo era deputado estadual no Rio de Janeiro e atualmente é senador da República, e que teve seu sigilo fiscal e bancário quebrado pela justiça do Rio de Janeiro, a pedido do Ministério Público daquele estado, diante de indícios de crimes como lavagem de dinheiro, peculato e associação criminosa, o Presidente, em um sinal de prepotência, não se furta de voltar sua indignação contra o ordenamento jurídico do país, onde ninguém, inclusive senadores, deputados federais, estaduais, governadores e o próprio presidente da República, está acima das Leis da República. Pois bem, em total desrespeito ao Ministério Público e ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Bolsonaro disse que esta decisão da justiça “é um esculacho” e que isto seria apenas para atingi-lo.


Não foi sem razão que o Prefeito de New York disse que “nosso” presidente não era bem vindo `aquela metrópole internacional, quando estava previsto que o mesmo receberia uma homenagem aprovada pela Câmara de Comércio EUA x Brasil. Além da Prefeitura de New York, várias entidades negaram seus espaços para que a homenagem fosse realizada, bem como duas grandes empresas, incluindo a Delta Airlines também retiraram seu apoio, alegando que o presidente do Brasil tem defendido ideias homofóbicas e racistas.


A referida homenagem foi transferida para a cidades de Dallas, estado governado pelo Partido Republicano, mas que praticamente todas as suas maiores cidades são governados por prefeitos democratas, como é o caso de New York. Diante da manifestação crítica da Câmara de Vereadores de Dallas, contra o Presidente Bolsonaro, o Prefeito daquela cidade também considerou que “nosso” presidente não era bem vindo à cidade e que ele, prefeito democrata, não iria participar das homenagens.


Vale observar que, praticamente metade dos governadores e prefeitos das 35 cidades americanas com mais de um milhão de habitantes, 27 são governados por prefeitos do partido democrata; 2 por independentes e apenas 6 por republicanos, do partido do Presidente Trump e a Câmara Federal dos EUA também voltou ao comando dos democratas, portanto, o alinhamento automático e quase pessoal de Bolsonaro aos republicanos e ao próprio presidente Republicano, pode causar em algum momento no futuro outros dissabores ao nosso presidente, com repercussões negativas para o Brasil.


Há poucas semanas todos os últimos sete ministros do meio ambiente do Brasil se reuniram e aprovaram uma crítica severa `a politica ambiental do governo Bolsonaro, destacando que a mesma está contribuindo para a destruição dos ecossistemas, a degradação ambiental e a privatização de parques nacionais e área de proteção ambiental.


De forma semelhante, mais de 600 cientistas e pesquisadores europeus firmaram documento no sentido de condenar a politica ambiental do  governo do Brasil, principalmente, a possível saída do Brasil do Acordo do Clima de Paris, quando a Europa, a China, o Canadá, o Japão e outros países estão dando ênfase à questaãas mudanças climáticas e suas consequências sobre a vida no planeta. Governos da União Europeia estão, inclusive, aumentando substancialmente os recursos públicos a serem investidos para reduzir tais efeitos e reduzir/controlar o aquecimento global, enquanto no Brasil esta e outras áreas estão sofrendo cortes de recursos.


Se considerarmos os resultados do segundo turno das eleições do ano passado, quando Bolsonaro sagrou-se vitorioso; até final de maio já terão se passado 7 meses e, por incrível que pareça, até hoje o mesmo não conseguiu apresentar um plano claro e coerente de governo, com diretrizes e propostas para dar um rumos `as suas ações, que continuam sendo intempestivas, sem articulação, permeadas por conflitos internos, enquanto a economia continua se deteriorando e o tecido social se esgarçando, o único foco de seu governo tem sido a propalada reforma da previdência que, mesmo que passe no Congresso, não será suficiente para dar um rumo seguro ao país e recompor o equilíbrio fiscal, como não o foram a aprovação do teto dos gastos e a reforma trabalhista, “vendido/vendida” como a saída para a crise, o que não aconteceu.


Muitos analistas costumam dizer que já esta passando o tempo para que o Presidente Bolsonaro desça do Palanque eleitoral e comece a governar, diga a que veio, busque “pacificar” o país e não alimente ou fomente mais conflitos do que os presentes ao longo de década em nosso país. Que com Guerra ideológica não se constrói uma nação e que esta ideia de movimento comunista internacional, como ameaça `a democracia e ao Brasil é algo que foi sepultado quando da queda do muro de Berlim, há exatamente 30 anos.


Alguns costumam dizer que o Presidente precisa entender que Guerra ideológica só constrói fosso e nunca pontes que levem ao diálogo e à formação do consenso, condição fundamental para se construir um PROJETO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO, com crescimento econômico, justiça social ,igualdade de oportunidade para todos, inovação e modernização da gestão publica.


Vale relembrar que o maior milagre econômico das últimas quatro ou cinco décadas ocorreu em um país comunista, que é a China, que é o maior parceiro comercial do Brasil e o maior Mercado mundial. Como o Governo Bolsonaro vai alimentar uma Guerra ideológica detratando a ideologia comunista se nosso maior parceiro comercial é um país comunista?


Não tem cabimento que o Brasil faça um alinhamento automático com qualquer país, subordinando seus interesses nacionais aos interesses nacionais de outro ou outro países, simplesmente guiado pela dimensão ideológica, mesmo que este país seja uma super potência. Nossa politica externa deve ser baseado nos interesses nacionais, na soberania nacional, na defesa de nossos interesses, jamais de subserviência a outros países.


Quem puder ou tiver a oportunidade que pergunte ao presidente, a alguns de seus seguidores como isto pode ser feito, longe de qualquer alinhamento ideológico automático, que em última instância representa um novo tipo de colonialismo.


*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, colaborador de diversos veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

 

Sexta, 17 Maio 2019 12:11

 

Na última terça-feira, 14/05, a Adufmat-Ssind realizou a primeira edição do “Tchá co Bolo”, um evento cultural e político, aberto a toda a comunidade acadêmica, entidades de trabalhadores organizados e sociedade em geral. O primeiro encontro teve como tema “Enfrentando as opressões na Universidade: relações de raça, gênero e sexualidade”, e o convidado para conversar sobre o assunto foi o docente do Instituto de Educação da UFMT, Sérgio Pereira dos Santos.

 

A professora Ana Luisa Cordeiro, membro do Grupo de Trabalho de Política de Classe para Questões Étnico-raciais, Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) da Adufmat-Ssind coordenou as atividades, apresentando, no início, o filme “Narrativas Docentes - Memória e Resistência Negra”, produzido pelo ANDES - Sindicato Nacional.

 

No filme, que tem duração de cerca de 25 minutos, docentes negros de diversas regiões do país falam sobre suas experiências enquanto estudantes e trabalhadores do ensino superior (clique aqui para assistir o curta).   

 

Em seguida, o professor convidado, Sérgio Pereira dos Santos, contribuiu com o debate relacionando as narrativas docentes às pesquisas realizadas no Núcleo de Estudos e Pesquisas Sobre Relações Raciais e Educação (NEPRE/PPGE), do qual faz parte.

 

“Há uma deturpação histórica do negro no Brasil, pois o povo africano é relacionado sempre ao período da escravização. É claro que a desigualdade social no nosso país é profundamente marcada por esse processo, mas a história do povo africano é ainda mais antiga do que as das civilizações romana e grega, como aprendemos na escola”, afirmou o pesquisador.

 

O registro histórico de uma das primeiras universidades do mundo (Universidade de Timbuktu), por exemplo, que teria existido antes do século XII, é africano.      

 

Santos explicou que o racismo é um critério de definição que considera aspectos materiais, simbólicos e subjetivos. É instrumento político, um marcador, uma categoria social que garante certa operacionalidade nas sociedades, determinando como os sujeitos serão interpretados. Nem sempre esse marcador não está diretamente relacionado à cor da pele, mas sempre em outras diferenças que caracterizam os povos.

 

“A diferença é utilizada historicamente para subalternizar, e assim são transformadas em desigualdades”, afirmou o professor. No entanto, o não reconhecimento das diferenças e dos processos que transformam as diferenças em desigualdades cumpre também o papel político de eliminar identidades para, em seguida, negar direitos. Isso ocorre no Brasil, inclusive em âmbito institucional.

 

Para provocar ainda mais os presentes, considerando as relações de prestígio, poder e privilégio estabelecidas no Brasil, o professor afirmou que é preciso problematizar não apenas o que é ser negro num país que se afirma amplamente “miscigenado”. É preciso problematizar também o que é ser branco. Não ter medo da polícia pode ser uma das principais respostas.

 

A Adufmat-Ssind pretende realizar edições periódicas do “Tchá co Bolo”, reunindo a comunidade para refletir sobre diversas questões sociais. Fiquem atentos aos próximos!

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Quinta, 16 Maio 2019 20:31

 

Abraham Weintraub, ministro da educação, foi convocado a comparecer à Câmara dos Deputados na quarta-feira (15) para explicar os cortes orçamentários na educação. Em meio às grandes manifestações da Greve Nacional da Educação, o ministro deixou a casa legislativa sem explicar os cortes orçamentários.

Em tom belicoso, Weintraub atacou parlamentares da oposição

O ministro começou sua intervenção apresentando slides com as metas do Plano Nacional de Educação (PNE) em vigência. Criticando a situação atual da educação brasileira, tentou isentar o governo e a si da responsabilidade sobre os cortes. Segundo Weintraub, a culpa seria dos governos de Lula, Dilma e Temer.

Ele repetiu que os cortes realizados nas universidades e institutos federais são de 3,5%. Ao falar isso, o ministro tenta ocultar que o orçamento manejado pelos reitores no cotidiano não inclui as verbas obrigatórias. Weintraub opta por uma narrativa para fazer parecer que os cortes pareçam menores do que são. Ele também oculta que o governo não pode, por força de lei, cortar verbas que servem diretamente ao pagamento do salário de servidores concursados.

Os cortes do MEC variam de 15 a 54% dos orçamentos das universidades. Os dados foram compilados pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil (Andifes) e divulgados nesta quinta (16). A média dos cortes é de 29,74%.

Os muitos nomes do corte de verbas

Weintraub também insistiu que não realizou cortes, e sim contingenciamentos. O fato é que as instituições de ensino não têm dinheiro para pagar água, luz, internet e o salário de trabalhadores terceirizados.

O ministro também citou que a prioridade de investimento é na educação básica, em detrimento do ensino superior. Ocorre que, ao contrário do que afirmou Weintraub, a educação básica também sofreu com os cortes orçamentários.

O ministro ainda repetiu a chantagem que tem se tornado um mantra dos deputados da base do governo. Segundo ele, caso a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 06/2019, da reforma da Previdência, seja aprovada, os cortes podem ser revertidos.

Weintraub também ressaltou que o governo não cortará o ponto dos servidores federais que aderiram à Greve Nacional da Educação. A visita do ministro à Câmara foi cercada de tensões, e muitos parlamentares da oposição foram atacados por Weintraub em suas intervenções.

Terceiro ministro convocado para falar na Câmara

Abraham Weintraub se tornou o terceiro ministro a ser convocado a prestar esclarecimentos na Câmara desde a promulgação da Constituição, em 1988.

Antes de Weintraub, o então ministro da Educação, Cid Gomes, teve de prestar esclarecimentos ao Plenário, em 2015. Cid falou sobre declarações polêmicas contra o então presidente da Casa, Eduardo Cunha. O episódio levou à demissão de Cid Gomes.

Outro ministro convocado para falar em Plenário foi Antônio Cabrera, titular da pasta da Agricultura, em 1991. Ele falou sobre os efeitos do Plano Collor 2 no setor rural.

Fonte: ANDES-SN (com informações e imagem de Agência Câmara).

Quinta, 16 Maio 2019 20:21

 

Na noite de quarta-feira, 15 de maio, circulava a informação de que 222 cidades haviam registrado protestos contra os cortes anunciados pelo MEC. Houve manifestações em todas as capitais do país, incluindo Brasília. Em cidades universitárias, espalhadas pelos 26 estados, houve diferentes formas de manifestações: aulas públicas, cartazes, performances e, claro, passeatas. Milhares de estudantes, professores e técnicos-administrativos foram às ruas.

As fotos das manifestações nas capitais impressionam. Os números também. No Rio de Janeiro, a estimativa é que o protesto tenha reunido 250 mil pessoas. Na Av. Paulista, em São Paulo, 120 mil. Em outras capitais, os números expressam a força da primeira mobilização contra o governo Bolsonaro: 50 mil em Fortaleza (CE), outros 50 mil no Recife (PE), 30 mil em Belém (PA). Em Brasília, segundo os organizadores, o ato contou com 50 mil pessoas.

Em Curitiba (PR), a greve da Educação começou dias antes, com alunos, em especial da Universidade Federal do Paraná, entrando nos ônibus e explicando para a população o impacto dos cortes. A mesma iniciativa foi repetida em outras cidades. Nos dias que antecederam o 15M, nas redes sociais, diferentes “cards” e “posts” anunciavam que a aula seria na rua.

“Os docentes, os trabalhadores da educação, os estudantes, a sociedade está parando hoje, porque na Educação não se mexe. Fica cada vez mais claro que o projeto desse governo é destruir a Educação. Nós não vamos permitir”, afirmou Antonio Gonçalves, presidente do ANDES-SN.

Para Antonio, o governo “mexeu em um vespeiro” ao anunciar os cortes para educação. “O povo está na rua para derrotar todas as políticas neoliberais desse governo, que rebaixam a qualidade de vida para o nosso povo”, disse.

Participando do ato em Brasília, Antonio reforçou: “Vamos derrotar todas as políticas do governo Bolsonaro e em defesa da educação pública, gratuita, laica, de qualidade e que seja socialmente referenciada”.

Para o presidente do ANDES-SN, entretanto, a força do 15M deve ser preservada, para derrotar a reforma da Previdência: “vamos sair daqui com uma tarefa importantíssima, a de manter a mobilização para a grande Greve Geral do dia 14 de junho”.

Confira aqui algumas imagens do 15M

Rio Grande do Sul

Porto Alegre

 

Pelotas

Santa Catarina

Florianópolis
Chapecó

Paraná

Curitiba
Londrina

São Paulo

São Paulo
Campinas

Minas Gerais

Belo Horizonte
Uberlândia

Espírito Santo

Vitória
Vitória

Rio de Janeiro

Candelária - Rio de Janeiro
Universidade na Praça - Rio de Janeiro

Bahia

Salvador
Vitória da Conquista

Sergipe

Aracaju
Aracaju

Alagoas

Maceió
Maceió

Pernambuco

Recife
Recife

Paraíba

João Pessoa
Campina Grande

Rio Grande do Norte

Natal
Mossoró

Ceará

Fortaleza
Sobral

Piauí

Teresina
Parnaíba

Maranhão

São Luís
São Luís

Pará

Belém

Amapá

Macapá

Amazonas

Manaus

Rondônia

Porto Velho

Roraima

Boa Vista

Acre

Rio Branco
Rio Branco

Mato Grosso

Cuiabá

Mato Grosso do Sul

Universidade Federal Mato Grosso do Sul

Goiás

Goiânia. Em Goiás, mais de 40 cidades tiveram manifestações.

Distrito Federal

Brasília

 

Fonte: ANDES-SN

Quinta, 16 Maio 2019 20:02

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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O título deste artigo, antes de tudo, dialoga com as capas de Veja e Isto É desta semana.

Na capa de Veja, vê-se uma parede de um sanitário masculino, ilustrada com uma grande foto (em preto e branco) do rosto de Olavo de Carvalho, o principal mentor intelectual do presidente Bolsonaro.

Na mesma parede, fixados, há três vasos sanitários, destacados em vermelho. Um deles ocupa o lugar da boca da criatura fotografada, numa relação direta com o título “Revolução Escatológica”, inserido abaixo dessas ilustrações.

No lead da mesma capa, lê-se: “Com bandeiras radicais e fartura de palavrões, Olavo de Carvalho fustiga os militares e ganha o apoio cada vez mais evidente de Bolsonaro”.

Essa capa de Veja centra-se em episódios bizarros que só um boçal poderia provocar. Em um deles, Carvalho refere-se ao general Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo da Presidência, como uma “bosta engomada”.

Fora isso, Carvalho sempre tem atacado o vice-presidente Mourão, que já se consolidou como o maior fantasma para o presidente; aliás, Mourão, na condição de fantasma de um governo tão medíocre, já faz mais estrago ao sono presidencial do que os comunistas que Bolsonaro insiste em enxergar nas universidades.

Por sua vez, a capa da Isto É também traz a fotografia de Olavo, mas usando um multicolorido chapéu de bobo da Corte. No título, surge sua perfeita identificação como “O imbecil”.

Aliás, “imbecil” é um daqueles termos que dispensam explicações em nossa língua, diferentemente de “boçal”, que, junto com “Nero”, no plural, ajuda a compor o neologismo do título deste meu artigo.

Embora “boçal” seja um termo antigo, ao contrário da popularização de “imbecil”, ele não se vulgarizou tanto. Por isso, resgatando sua origem e seu significado, vemos que “boçal”, no início da exploração portuguesa no Brasil, dentre outros preconceitos, referia-se ao escravo recém-chegado da África, que ainda não falava o português.

Por extensão, daquele tempo para cá, o “bocal”, independentemente de sua condição social, passou a ser aquela pessoa ignorante, rude, tosca, mesmo que, paradoxalmente, agora, fale o português formal com certa desenvoltura. 

E sobre Nero, o que dizer?

Que foi um polêmico imperador Romano, dentre 54 a 68 da era cristã. Que, a despeito de outras versões, por ser considerado demente, teria provocado o incêndio em Roma para se inspirar, poeticamente, e poder produzir um poema, como fizera Homero no episódio do incêndio em Troia. Reza a lenda ainda que, enquanto o fogo consumia a cidade, Nero contemplava a cena, tocando com sua lira.

Tudo isso posto, temos, assim, um resumo do governo que ora nos desgoverna. Sem identificar este ou aquele agente, a boçalidade de quase todos é de estarrecer. Em alguns, a boçalidade acaba elevando-os ao perigoso estágio da demência de Nero.

Essa condição tem feito alguns governistas, sem mensurar o tamanho do estrago para as gerações futuras, atacarem as universidades, que são os mais importantes pilares de uma sociedade.

Assim, depois de um corte linear de 30% por universidade, os Neros do governo ainda anunciaram cortes específicos nas pós-graduações.

Tudo isso junto e bem misturado tem começado a provocar indignação no meio acadêmico. A prova são as manifestações que já estão ocorrendo. Isso tudo poderá fazer explodir nova greve das federais. Se explodir, uma certeza se evidenciará: ela não será a catalisação de atos provocados por Neros da academia, mas por meros defensores de um dos maiores bens públicos de nosso país.

 

Quinta, 16 Maio 2019 19:41

 

Nos últimos dias, a Adufmat-Ssind ampliou a dinâmica de discussão sobre os ataques à universidade pública e gratuita. Já foram realizados debates no Instituto de Educação – IE (no dia 10/05), e na Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia - FAET (no dia 13/05). Na agenda do sindicato há outros encontros marcados para os dias 20, 24 e 30/05, nos auditórios do Batatão, do ICHS/IGHD e do CCBS III, respectivamente (veja o calendário abaixo).

 

A ideia é que diferentes convidados dialoguem com a comunidade acadêmica sobre os motivos dos ataques históricos à educação, agravados nos últimos anos e declaradamente mortais no governo Bolsonaro. Sim, a universidade pública e gratuita está seriamente ameaçada e pode acabar.  

 

Mas quais sãos os motivos desses ataques e como podemos enfrentá-los?

 

As análises abordam várias perspectivas, mas convergem no sentido de que o projeto neoliberal para os serviços públicos é o mesmo, independente do nome que represente o governo: acabar com os direitos sociais garantidos pelos serviços públicos.

 

O que está sendo projetado é um modelo de educação voltado, por um lado, para o mercado, atendendo a demanda capitalista de formação tecnicista e barata e, por outro lado, por anseios típicos dos regimes fascistas, limitando a capacidade de reflexão da população e, consequentemente, de reação às propostas apresentadas.   

 

No IE (10/05), a professora Alair Silveira afirmou que mesmo com todas as inegáveis contradições, a universidade pública ainda pode ser considerada o templo da diversidade, do contraditório e do conhecimento. É um espaço onde se discute as ideias, totalmente o oposto da escola militarizada que o governo Bolsonaro considera ideal, pois não admite qualquer abertura para discordância. “A lógica da formação militar é bastante simples: um manda, outro obedece”, pontuou a docente. A universidade é, obviamente, uma ameaça a esse modelo controlador, e é por isso que se faz tão importante para a população.

 

Silveira, que é cientista política, apresentou dados de uma pesquisa ainda em andamento, que teve início em 2016, e que indica uma série de fatores que asfixiam a universidade, tanto interna quanto externamente. Cortes de recursos, criminalização dos movimentos sociais e perseguição aos docentes, apologia à ignorância, privatizações, entre outros fatores fazem parte da lista.   

 

A professora Lélica Lacerda destacou que, enquanto os serviços públicos são atacados por meio dos cortes e manipulações de informação que visam desqualificar o que é público, os bancos continuam a receber quase metade de toda a arrecadação da União com a Dívida Pública. Realizar a auditoria dessa dívida, como prevê a constituição, seria uma das formas de estabilizar a economia se, de fato, o governo se importasse com a população. “Nosso principal desafio é mostrar para as pessoas que a gente tem perspectiva, sim. Nós somos um país rico, mas essa riqueza precisa ir para o povo e não para os bancos”, disse a diretora de Imprensa da Adufmat-Ssind. No entanto, o projeto é claramente voltado para a concentração de renda nas mãos de poucos.

 

 

 

Na mesa do dia 13/05, na FAET, o professor Dorival Gonçalves apontou para o mesmo sentido, ao dizer que o governo quer acabar não apenas com a universidade, mas com a educação pública como um todo, porque as escolas militares trabalham numa outra perspectiva de formação. “A militarização das escolas visa moldar comportamentos, não educar”, afirmou.

 

Além disso, o docente relacionou a disputa pelo conhecimento à preservação da hegemonia econômica do capital, considerando que o Brasil é uma das dez potências mundiais, com ampla capacidade de crescimento, e as pesquisas realizadas nas universidades podem ser utilizadas como ferramentas para exploração das riquezas. “Não existe no mundo um país capitalista com esse número de universidades públicas federais [são 63 no Brasil], ainda mais com um potencial econômico como o nosso. No entanto, quem é que está apresentando uma das principais reações a esse governo? Então, não é só um novo mercado. Aqui ainda é um espaço do pensar, ainda há intelectuais que de uma forma ou outra estão ligados aos fenômenos sociais”, argumentou Gonçalves.

 

Os diretores da Adufmat-Ssind, Djeison Benetti e Aldi Nestor, destacaram o caráter alienador do sistema capitalista em todas as suas formas, seja no trabalho em que as pessoas realizam, mas não se reconhecem, ou na formação que capacita, mas não humaniza.  

 

A mesa avaliou ainda que a violência das ações e declarações do governo evidencia sua fragilidade. Assim, a organização dos movimentos sociais e populares será capaz de derrotar as políticas desse projeto de sociedade que tem como objetivo o empobrecimento total da população.     

 

Esses são os motivos reais pelos quais o governo ataca a Educação e as universidades públicas, que Bolsonaro tenta esconder nas entrelinhas de frases como “a universidade está tomada pela ideologia de esquerda”, “os estudantes têm de se interessar menos por política”, “os jovens brasileiros têm ‘tara’ por formação superior”, ou ainda os manifestantes são “militantes idiotas e imbecis úteis”, “não têm nada na cabeça, não sabem quanto é sete vezes oito”.

 

A Adufmat-Ssind convida todos os interessados para contribuir com essas reflexões nas próximas mesas, organizadas conforme a agenda abaixo:

 

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind