Quinta, 03 Agosto 2017 15:41
 
 
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para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Juacy da Silva*

Finalmente  aconteceu o que a grande maioria do povo brasileiro já  esperava,  o Presidente Temer ,  graças a todas as formas de ação e manobras fisiológicas conseguiu  barrar a solicitação para que fosse investigado  e processado pelo Supremo Tribunal Federal, das acusações de corrupção passiva apresentadas pelo Procurador Geral de Justiça, Rodrigo Janot.

Primeiro foram as substituições na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal  impedindo a aprovação do relatório que recomendava a autorização Legislativa para que viesse a ser processado. Esta manobra, também  espúria, possibilitou a aprovação de um  relatório substituto que não recomendava a autorização das investigações.

Depois vieram as manobras através do pagamento de emendas parlamentares, totalizando mais de quatro bilhões de reais, garantindo votos importantes no plenário da Câmara, conforme ocorrido na última quarta feira.

Mesmo que Temer  tenha saído vencedor com 263 contra 227 votos da oposição, este total ficou aquém do que seus articuladores na Câmara imaginavam, entre 290 e 300 votos, número necessário para dar continuidade `a tramitação e aprovação de ouras propostas legislativas, como a da Reforma da Previdência, que dificilmente conseguirá aprovação na Câmara Federal.

Outro aspecto  foi o “racha”  em algumas bancadas importantes que pertencem `a base do governo, incluindo manifestações favoráveis a tramitação do processo que pedia autorização da Câmara para que Temer pudesse ser investigado pelo STF. Causou surpresa, por exemplo o fato de que líderes do PSDB  e do PV,  votassem contra o relatório favorável a Temer. A bancada do PSDB praticamente rachou ao meio,, inclusive dos doze deputados federais do PSDB de SP, que seguem a orientação do Governador Alckmin, onze votaram contra Temer.

Depois de tantas traições na base aliada, alguns partidos que não ocupam cargos de primeiro escalão  já estão se manifestando no sentido de exigir mais espaços , excluindo os infiéis de seus postos, isto irá gerar, de um lado, um apetite fisiológico e de outro vai acirrar os ânimos entre parlamentares que pretendem continuar na base de um governo moribundo e outros que desejam pular  fora do barco  para não afundarem juntos com Temer, o PMDB, PSDB , DEM e outros “Aliados”, nas  eleições de 2018.

Finalmente, esta foi uma vitória de Pirro, pois mais cedo ou mais tarde as investigações  contra  Temer, quer ele esteja no exercício da Presidência ou fora do cargo poderá  e deverão ocorrer, quando será julgado e com certeza condenado pelos  crimes cometidos, incluindo corrupção, obstrução da justiça, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e tráfico de influência, como  está acontecendo com ex-detentores de cargos públicos  como Lula, Eduardo Cunha , Sérgio Cabral, Silval Barbosa e mais de uma centena de deputados e senadores que ainda gozam de foro privilegiado e  também  estão sendo investigados por crimes de colarinho branco.

Um  governo que a cada  dia que passa se torna mais refém  de parlamentares acusados de corrupção e ávidos por favores nada éticos, que não tem apoio concreto da maioria dos partidos políticos  e que tem apenas 5% da opinião pública ao seu lado, é na verdade  um governo moribundo, um cadáver insepulto, fétido com o passar do tempo.

Curioso é a ausência das massas que durante anos se manifestavam nas ruas  empunhando bandeiras e slogans como For a Dilma, Fora Lula, Fora PT, FORA CORRUPTOS  e quando um presidente é apanhado na calada da noite recebendo empresário também corrupto,  em gravações comprometedoras e seus principais auxiliares e aliados no Congresso também  estão sendo denunciados por corrupção, essas grandes massas estão ausentes, mudas  diante de uma crise tão ou mais grave do que a ocorrida durante o processo de Impeachment de Dilma, de quem Temer foi sócio majoritário.

*JUACY DA SILVA, professor universitário titular e aposentado UFMT, mestre  em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites e blogs. E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog  www.professorjuacy.blogspot.com  Twitter@profjuacy

 

Quinta, 03 Agosto 2017 10:00

 

Publicado a pedido da professora Rosa Lúcia Rocha Ribeiro.

 

*MANIFESTO PELA PAZ NA VENEZUELA*

 

O povo venezuelano, livre e soberano, retomou em suas mãos o poder originário, elegendo massivamente representantes para a Assembleia Nacional Constituinte.

 

Mais de oito milhões compareceram às urnas, apesar do boicote e da sabotagem de grupos antidemocráticos, em um processo acompanhado por personalidades jurídicas e políticas internacionais que atestaram lisura e transparência.

 

Todas as cidades, classes e setores estão presentes, com seus delegados, na máxima instituição da democracia venezuelana.

 

A Constituinte é o caminho para a paz e a normalidade, para retomar o caminho do desenvolvimento e da prosperidade, para superar a crise institucional e construir um programa que reunifique a pátria vizinha.

 

De forma pacífica e democrática, milhões de cidadãos e cidadãs disseram não aos bandos terroristas, às elites mesquinhas, aos golpistas e à ingerência de outros governos.

 

Homens e mulheres de bem, no mundo todo, devem celebrar esse gesto histórico de autodeterminação da Venezuela, repudiando as ameaças intervencionistas e se somando a uma grande corrente de solidariedade.

 

Também no Brasil se farão ouvir as vozes que rechaçam a violência e a sabotagem contra o governo legítimo do presidente Nicolás Maduro.

 

Qual moral tem um usurpador como Michel Temer para falar em democracia, violando a própria Constituição de nosso país, ao adotar posições que ofendem a independência venezuelana?

 

O Brasil não pode passar pela infâmia de se aliar a governos que conspiram contra uma nação livre e se associam a facções dedicadas a tomar o poder de assalto, apelando para o caos e a coação.

 

Convocamos todos os brasileiros e brasileiras à defesa da democracia e da autodeterminação de nossos irmãos venezuelanos, ao seu direito de viver em paz e a definir o próprio destino.

 

Repudiamos as manobras de bloqueio e agressão que estão sendo tramadas nas sombras da Organização dos Estados Americanos (OEA), sob a batuta da Casa Branca e com a cumplicidade do governo golpista de nosso país.

 

Denunciamos o comportamento repulsivo dos meios de comunicação que manipulam informações e atropelam a verdade, para servir a um plano de desestabilização e isolamento.

 

Declaramos nossa solidariedade ao bravo povo de Bolívar. Sua luta pela paz também é nossa. 

 

COMITÊ BRASILEIRO PELA PAZ NA VENEZUELA

São Paulo, 01 de Agosto de 2017.

 

*PRIMEIRAS ADESÕES

*receberemos adesões individuais e de organizações somente por email (O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.) até o dia 08 de Agosto de 2017.*

ORGANIZAÇÕES

1.   Articulação brasileira dos movimentos sociais da ALBA

 

2.   Brasil de Fato

 

3.   Campanha Brasil Justo para todos e para Lula

 

4.   Revista Caros Amigos

 

5.   Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB

 

6.   Central Única dos Trabalhadores - CUT

 

7.   Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz – Cebrapaz

 

8.   Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé

 

9.   Conselho Mundial da Paz – CMP,

 

10.        Consulta Popular

 

11.        Democracia no Ar

 

12.        Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação – FNDC

 

13.        Fundação Perseu Abramo

 

14.        Instituto Astrojildo Pereira

 

15.        Intersindical – Central da Classe Trabalhadora

 

16.        Jornalistas Livres

 

17.        Levante Popular da Juventude

 

18.        Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST

 

19.        Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA

 

20.        Opera Mundi

 

21.        Partido Comunista do Brasil – PCdoB

 

22.        Partido dos Trabalhadores – PT

 

23.        Resistência

 

24.        Sindicato dos Arquitetos

 

25.        Sindicato dos Bancários de Santos

 

26.        União Brasileira de Mulheres – UBM

 

27.        União Brasileira dos Estudantes Secundaristas – UBES

 

28.        União da Juventude Socialista – UJS

 

29.        União Nacional dos Estudantes – UNE.

 

 

Enviado por:

Professora Rosa Lúcia Rocha Ribeiro 

Departamento de Enfermagem 

FAEN-UFMT

Quarta, 02 Agosto 2017 16:28

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT

 

Posto ter sido polêmico, continuo as reflexões iniciadas em “Sacralização do profano” (28/7), onde relembrei a laicidade do Brasil, que, por isso, não poderia pagar gospels para eventos culturais, como o de Chapada dos Guimarães-MT, ora em curso.

Com todo o respeito, quem quiser orar que procure o local adequado. Adiante direi dois deles. Praças não podem se transformar em locais de louvor. No mais, se uma inscrição religiosa pode, todas podem; e constitucionalmente nenhuma tem direito.

Mais: até onde conheço, a maioria dos cristãos arrepiar-se-ia se soubesse que o estado estivesse pagando algo para manifestações religiosas genuinamente de matrizes africanas e/ou indígenas. Alguns talvez chamassem a polícia para dissipar “macumbeiros” da praça. Que fossem para seus terreiros, diriam uns.

E por que isso?

Por preconceito religioso. Ele está na origem de nossa colonização, genuinamente cristã. Quem duvidar, estude Anchieta. Em nome de Jesus, ele não respeitou nada das religiões indígenas. Deu – e não Deus – no que deu. Portanto, para evitar novas “guerras santas”, a prudência e as leis mandam que o estado permaneça laico; e aja como tal.

Pois bem. Uma de minhas leitoras, aliás, muito especial, me alerta, dizendo que religiões fazem parte da cultura dos povos. Logo, em sua opinião, caberiam manifestações gospels em tais eventos.

A primeira parte dessa reflexão é correta. Religiões ajudam a compor o quadro cultural de qualquer povo; todavia, essa reflexão esbarra na laicidade do estado. Isso diz tudo, inclusive a possíveis omissões em normativas legais desses eventos. Esse tópico constitucional é impeditivo para manifestações religiosas em praças, calçadas...

Agora, se se preferir, vamos à Bíblia.

Em Lucas, 5:15-16, parece-me que há excelente dica de como um cristão deve se colocar para orar de verdade, e com força. Nessa passagem, é dito que Jesus, incomodado com a fama de seus milagres, “retirou-se para os desertos; e ali orava”.

Sensato.

Cá entre nós, a cidade de Chapada, durante festivais, é barulhenta e profana; e assim deve continuar. Agora, quem achar o deserto longe demais, os templos resolvem o problema. Na arquitetura da urbi, igrejas foram feitas para a reclusão dos humanos que querem orar. Templos são, pois, metáforas arquitetônicas do silêncio dos desertos.

Outro leitor pondera: os cidadãos que não gostam de Milton, Caetano e Cia. também são obrigados a pagar tais artistas, mesmo não indo a esses shows.

Sim; e a recíproca é verdadeira. Antes, informo ao mesmo leitor que consultei de novo meu “anjo torto”. Ele mandou dizer que o cidadão que aprecia “miltons” também paga por “cantores universitários” (!?). Disse que não vê problema nisso. No limite, que lamenta. Quando é assim, está-se fomentando a pluralidade cultural, mas nos moldes do profano. Agora, reconheçamos que, infelizmente, nem todos têm educação para apreciar a arte esteticamente de valor. Por isso, meu “anjo torto” disse que muitos vivem usando só as orelhas, não os ouvidos. Ah! Esse anjo!

O leitor ainda chama a atenção para o fato de o estado que paga cachês a esses artistas ser o mesmo que mantém estruturas sociais (escolas, hospitais...) deterioradas. 

É vero, mas os bens culturais não podem ser vistos como algo menor na construção da cidadania; e nos orçamentos, a cultura é pasta sem prestígio. Daí nossa indigência cultural.

No mais, os Titãs nos lembram que “a gente não quer só comida... Quer comida, diversão e arte...”. Se for de qualidade, a alma eleva-se aos deuses.

Sexta, 28 Julho 2017 08:24

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT

 

Caríssimos!

De novo, aquele “anjo torto”, de Drummond, assoprou em meu ouvido, dizendo: “Vai, meu caro. Entra em mais uma polêmica”.

Obediente que sou a esse tipo de anjo, cá estou. Assim, falarei exatamente sobre o que o título deste artigo prenuncia: a sacralização do profano; ou seja, o contrário do convencional, que seria a profanação do sagrado.

Começo relembrando a inusitada e paradoxal figura de Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal e Conde de Oeiras, nascido em Lisboa, em 13 de maio de 1699, e morto em Pombal, aos 8 de maio de 1782.

Leiam-se e/ou interpretam-se os feitos desse Marquês como se preferir. As figuras polêmicas parecem até gostar disso. Só para situar, Pombal, um ser nada convencional, foi secretário do estado português durante o reinado de D. José I (1750-1777).

Da forte personalidade do Marquês – representante do despotismo esclarecido –, aprecio sua coragem de, mesmo tendo nascido em um dos países mais católicos da Europa, não ter hesitado em conduzir a expulsão dos jesuítas de seu país e de suas colônias, incluindo o Brasil.

Literalmente, Pombal botou os inacianos (os jesuítas) em fuga. Como um dos filhos do Iluminismo, ele cria em estados laicos.

De sua morte até hoje, vivemos 235 anos. A despeito de outras reformas que ajudou a empreender, lá e cá, isso já seria tempo mais do que suficiente para compreendermos a importância que têm estados laicos, ou seja, livres dos ensinamentos celestiais, tão etéreos quanto estéreis no plano social.

Para Pombal, a religião – em seu caso, a católica – não deveria interferir na vida do Estado, muito menos pelo viés da educação.

  Se essas lições, cultivadas pelos iluministas, vigorassem geral, além de livrar o mundo das cruéis “guerras santas”, hoje, particularmente, eu não precisaria sequer escrever este artigo, pois não veríamos o Estado de Mato Grosso – em parceria com uma prefeitura (a de Chapada dos Guimarães) e uma empresa de comunicação – pagar para cantores gospels se apresentarem em um festival de cultura popular.

Anualmente, e há muito tempo, a referida cidade tem servido de palco para um dos mais importantes festivais de inverno realizados no país. Todavia, lamentavelmente, de alguns anos para cá, a qualidade de sua programação tem escorregado pelos lindos paredões rochosos da região, caindo em riachos e rios que vão desaguar em algum lugar qualquer.

De repente, não mais do que de repente, os organizadores do evento começaram a ceder à mediocridade da indústria cultural brasileira. A qualidade das primeiras edições foi sendo arranhada aos poucos.

Este ano, a qualidade quase foi resgatada na íntegra. Além de pratas valorosas daqui, que não são poucas, ver Margareth Menezes, Milton Nascimento e Caetano Veloso, em um único evento, será de tirar o chapéu.

Mas nem tudo podia ser perfeito. No último dia do festival, o estado – constitucionalmente laico – pagará, com os impostos de todos, inclusive dos ateus, cantores gospels, encerrando o evento. Ninguém precisava disso. Quem precisasse, com todo o respeito, que fosse a uma igreja. Há várias alhures.

A praça de show da Chapada é pública, é profana; e assim deve continuar. No mais, nenhum cidadão deveria ser constrangido com a exposição pública da crença de ninguém. Aliás, se eu fosse um religioso excluído dessa programação, exigiria do Estado, da Prefeitura e da empresa de comunicação o mesmo tratamento, embora sem direito algum, pois ninguém o tem.

Pombal bem que podia baixar por aqui; depois, que fosse para onde quisesse.

 

Quarta, 26 Julho 2017 09:58
 
 
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JUACY DA  SILVA*
 

Em  boa hora o Grupo Gazeta  de Comunicação está lançando uma  CAMPANHA  de combate à corrupção, através do estímulo para que as pessoas, em todos os setores, de todas as faixas etárias denunciem práticas irregulares  que acabam sendo  a semente  da corrupção.

O Brasil possui inúmeras instituições públicas, que consomem  bilhões  de reais por ano, com a finalidade de exercerem o controle e a repressão aos crimes de colarinho branco, uma das maiores pragas, um verdadeiro câncer que está destruindo não apenas nossas instituições  públicas, mas também o setor produtivo e ao mesmo tempo destruindo a credibilidade da população em relação ao nosso presente e ao nosso futuro.

Apenas para refrescar a memória dos leitores, eleitores e contribuintes, entre os organismos de controle podemos mencionar o TCU - Tribunal de Contas da União, os tribunais de contas nos estados e ainda os tribunais de contas dos municípios do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Temos também os Ministérios Públicos Federal e Estaduais,  o Poder  Legislativo representado pelo Congresso Nacional, pelas Assembleias Legislativas Estaduais, pelas Câmaras Municipais, as Auditorias, Controladorias, Ouvidorias em todos os níveis da Administração Pública .

No âmbito do Poder Executivo,  o Governo Federal  tem também a antiga CGU  Controladoria Geral da União, a COAF  do Banco Central, os setores de inteligência coordenado nacionalmente pela ABIN Agência Brasileira de Inteligência, antigo SNI dos governos militares e os organismos de inteligência das Forças Armadas, das polícias civis e militares, as Polícias Federal, Rodoviária Federal.

Além de  toda esta  parafernália de organismos de controle e repressão não podemos nos esquecer das famosas CPIs, CPMIs, e todo o aparato do poder judiciário, a quem incumbe mandar investigar, prender, julgar ou julgar e mandar prender, enfim, condenar todos os tipos de crime, incluindo os crimes de colarinho branco.

Apesar de todo este emaranhado de organismos, pouca coisa foi feita nas últimas décadas, a considerar os inúmeros casos de corrupção, onde os mais paradigmáticos foram  o mensalão e a LAVA JATO, envolvendo altos dignitários da política e da administração pública em todos os níveis em setores e dimensões. A maior prova é o fato de que em menos de 30 anos, de regime democrático, republicano e de direito  tivemos dois presidentes da república afastados por corrupção, um ex-presidente que há poucas semanas foi condenado em primeira instância por semelhantes delitos e o presidente que está no  cargo  também  foi formalmente denunciado pela Procuradoria Geral da República por crime de corrupção passiva, além de dezenas de dirigentes partidários que estão sendo investigados por crimes de colarinho branco, alguns inclusive condenados e presos.

Quanto ao Presidente Temer, graças ao apoio de sua  base aliada na Câmara, onde dezenas de  parlamentares também  estão sendo investigados por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha,  talvez acabe escapando das investigações  e condenação por parte do Supremo Tribunal Federal.

A Campanha ora lançada pelo Grupo Gazeta  de Comunicação, de Cuiabá, conforme palavras de seu Presidente João Dorileo, é um estímulo a mais para que  as pessoas exercitem o papel do que ele denomina de “Delator Cidadão”. Para tanto foram destacados seis eixos,  como foco para que todos os mal feitos, irregularidades, de qualquer natureza, âmbito e tipo de poder, sejam denunciados, enfim, tais práticas que acabam induzindo ou facilitando a corrupção. Esses eixos são: meio ambiente; educação; pavimentação,  talvez  o melhor pudesse ser infra estrutura que é mais abrangente, politica, saúde e violência, que deveria ser substituído por insegurança púbica e crime organizado.

Apesar  de ser uma campanha  mais do que meritória, nós os contribuintes, eleitores e cidadãos também não podemos deixar de exigir que os organismos de controle sejam controlados e mais eficientes, para  evitar, por exemplo o que aconteceu recentemente nos tribunais de contas do Rio de Janeiro e de Mato Grosso, denegrindo a imagem desses importantes organismos de controle.

Por exemplo, não podemos conviver  com um Sistema politico que tem como base o caciquismo, o compadrio e a corrupção, caixa dois e o balcão de negócios como se apresenta. Não podemos conviver com um Sistema judiciário lento, moroso  e opaco, pouco transparente, cheio de privilégios.

Não podemos conviver com uma administração paquiderme, com uma burocracia que cria dificuldades para vender facilidades. Não podemos conviver com um Estado que esteja muito mais a serviço dos grandes interesses econômicos e de portas abertas para verdadeiros gangsters travestidos de empresários.

Enfim, precisamos combater a corrupção de alto a baixo e não nos perdermos em picuinhas locais que acabam desvirtuando a verdadeira  batalha contra os grandes corruptos que continuam impunes e destruindo nosso país e nossas instituições.

Parabéns ao Grupo Gazeta de Comunicação por esta brilhante e oportuna decisão! A hora de abrir a boca é agora, não se omita, combater as irregularidades e a corrupção é um  exercício de cidadania ativa.

*JUACY DA SILVA,  professor universitário, titular e aposentado  UFMT, mestre  em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites, blogs. 

E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo." target="_blank">O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blogwww.professorjuacy.blogspot.com
 

Sexta, 21 Julho 2017 10:17
 
 
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JUACY DA SILVA*

 

Costuma-se dizer que o meio de locomoção mais utilizado no Brasil e no mundo é através das próprias pernas  e pés, daí o conceito de pedestre, atualmente ampliado também para pessoas que, não dispondo de capacidade de se locomover, por serem deficientes ou ainda bebes, “caminham” através da ajuda de outras pessoas.
 
Todavia, parece que `a  medida que a população se concentra nas cidades e em seus entornos, com uma urbanização  crescente e no mais das  vezes de forma caótica na ocupação dos territórios, principalmente em países do terceiro mundo ou emergentes como o Brasil, a mobilidade e acessibilidade urbana e intermunicipal passam a ser um desafio difícil  quase impossível de ser resolvido.
 
O uso do transporte motorizado, público ou particular, passou a ser  uma verdadeira catástrofe urbana e rodoviária, cujas características marcantes são os eternos congestionamentos nas ruas, avenidas e  rodovias, a poluição do ar e poluição sonora, os acidentes automobilísticos  que ceifam vidas preciosas ou transformam pessoas de todas as idades, paralisadas para o resto da vida, com custos bilionários que afetam os sistemas produtivo, de saúde e a vida de milhões de famílias.
 
No Brasil, por exemplo, não podemos deixar de mencionar, temos  ótimas leis que regulam o trânsito, o transporte público, a proteção de idosos, crianças e adolescentes, as pessoas portadoras de alguma deficiência ou mesmo aquelas consideradas em condições  especiais.
 
Essas leis elencam uma série de direitos e responsabilidades dos condutores de veículos automotores, de usuários dos Sistema de transporte coletivo e também dos pedestres, garantindo o direito de ir e vir com segurança, de mobilidade e de acessibilidade.
 
Leis maravilhosas, mas que, pelo descaso e omissão das autoridades e agentes públicos que existem e deveriam zelar pelo cumprimento dessas leis, acabam em letra morta, meras cartas de intenção ou como se diz “para inglês ver”, como ocorrem com a falta de respeito como os pedestres são tratados, com bem demonstram que mais de 40% das vítimas do trânsito e dos “acidentes” em  calçadas as vítimas são pedestres e ciclistas, os elos mais fracos deste caos urbano que é a nossa mobilidade.
 
Recentemente escrevi um artigo intitulado “Calçadas: uma vergonha nacional”, tentando despertar tanto a população, principalmente as pessoas portadoras de deficiência, idosos, pais e mães que tem filhos pequenos ou que necessitam de se locomover, com segurança, pelas nossas cidades e, também chamar a atenção de nossas autoridades municipais, para a situação da mobilidade e da acessibilidade em nossas cidades.
 
Mais de 90% das cidades brasileiras, como acontece com o maior aglomerado urbano de Mato Grosso, constituído por Cuiabá e Várzea Grande, que já conta com quase um milhão de pessoas, não possuem planos de mobilidade e de acessibilidade e deixam para  as calendas ou para o Deus dará este direito mínimo que é a garantia das pessoas se locomoverem com segurança e melhor qualidade de vida.
 
Em boa hora a Câmara Municipal de São Paulo aprovou e o Prefeito da maior metrópole brasileira sancionou no ultimo dia 13  de junho  a Lei 16.673, que passou a ser chamada de Estatuto do Pedestre, onde são estabelecidas as normas que devem regular a partir de agora os direitos e deveres dos pedestres, as obrigações e deveres tanto dos poderes públicos quanto das empresas concessionárias, as empresas privadas e também os pedestres, buscando um Sistema de mobilidade e de acessibilidade mais humano, possibilitando que aquela metrópole possa, de fato, ser considerada uma cidade sustentável e inteligente. A ênfase desta lei são as calçadas e o próprio Sistema de trânsito e transporte público.
 
Oxalá vereadores e prefeitos do Brasil inteiro e também de Mato Grosso, especialmente de Cuiabá  reflitam um pouco mais sobre essas questões  e possam agir com mais respeito na defesa dos pedestres e ciclistas que são a grande maioria da população só  lembrados durante os períodos eleitorais.
 
O maior desrespeito com os pedestres do Aglomerado urbano Cuiabá/Várzea Grande talvez sejam as obras paralisadas do VLT na Avenida da FEB que não tem um semáforo , passarela ou faixa de pedestre em um trajeto longo,  mais de dois km, colocando  em risco a vida das pessoas que  diariamente precisam cruzar aquela avenida. Oxalá a SECID possa refletir sobre esta realidade!
 
Voltarei a escrever sobre o Estatuto do pedestre sancionado pelo Prefeito de SP oportunamente e a vergonha que são nossas calçadas, quando existem, por este Brasil afora, abandonado e vilipendiado.
 
*JUACY DA SILVA, professor universitário, Titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites e blogs.

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Quinta, 20 Julho 2017 18:20

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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Mesmo experimentando dias nunca antes vividos na história deste país, do que destaco a importante condenação de Lula, na Lava Jato, e todas as ações políticas e jurídicas, em curso, contra Temer, portanto, tendo muito a dizer sobre esse panorama, falarei das cotas raciais; e o faço para atender um pedido de um médico/professor de Medicina. Como cidadão, o motivo de sua solicitação me inquietou.

Começo lembrando os leitores de que, desde as primeiras discussões sobre o tema em pauta, tenho me apresentado contrário às cotas raciais. Mesmo relutante, aceito as cotas sociais. Essa postura não significa que eu desconheça e/ou desconsidere o racismo à brasileira e as dívidas (econômicas, sociais, culturais, artísticas...) que o estado tem para com todos os que compõem a gigantesca camada social de pobres (brancos, negros, indígenas et alii) espalhados alhures, porque produzidos historicamente a toneladas.

Sou contra essas saídas – aliás, confortáveis ao sistema – por estarem inseridas naquilo que se chama de “políticas focalizadas”, eufemisticamente vistas como compensatórias. Seja como for, um ou outro nome já nos ajuda, politicamente, a fazer uma leitura razoável da questão.

Como ações “focalizadas”, tudo está obviamente posto. De um contingente de brasileiros a perder de vista, alguns serão seus “representantes”, seja onde/como for, mas principalmente nas universidades. Na perspectiva das compensações, tudo também está igualmente posto. Compensar, nessa grave questão, é oferecer migalhas caídas de uma mesa farta, mas para poucos.

Em outras palavras, as políticas focalizadas/compensatórias mantêm a exclusão, algo que se pensa, assim, combater. Ao manter a exclusão, deixam-se intactas as estruturas de desigualdades sociais, como em poucas partes do mundo se pode ver tão agressivamente. Deixando intactas as estruturas, protelam-se para o nunca as necessárias alterações estruturais em todos os setores, com destaque à educação, base para qualquer mudança de patamar social de alguém e/ou de um povo.

Mas a despeito disso tudo, agora, numa observância micro da questão, chego à centralidade deste artigo: a suposta postura acadêmica da maioria dos alunos cotistas em cursos de Medicina.

Consoante o médico de que falei no primeiro parágrafo, acadêmicos cotistas do referido curso – diferentemente de cotistas das licenciaturas, p. ex. – estariam constrangendo seus mestres exatamente pela condição de cotistas. Trariam consigo, pasmem, uma cultura de supervalorização de seus direitos adquiridos em relação a seus deveres. Essa postura – nada acadêmica – estaria tornando-os seres prepotentes.

Tentando explicar melhor: a descendência afro, indígena et alii – motivo que lhes deu o direito à vaga pelas cotas – seria usada para constranger seus professores em todas as dinâmicas do curso, mas principalmente nos processos avaliativos.

Como a maioria desses alunos, por conta da deficiente base escolar, traz pouco acúmulo intelectual, com destaque à dificuldade de leitura, sentir-se-iam discriminados toda vez que suas dificuldades ficassem visíveis. Ao se sentirem assim, assumiriam uma postura de vítimas de seus mestres.

Fiquei preocupado com essa informação, transposta, aqui, no futuro do pretérito. Diante desse relato, que para mim era novidade, espero que os envolvidos diretamente na questão (universidades e movimentos sociais da causa) busquem informações, e não se privem dos debates.

A denúncia é grave. A apuração é necessária.

Terça, 18 Julho 2017 15:51

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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Há muito tempo, inquietam-me os bombardeios que a mídia vem sofrendo por parte de distintas frentes. De todas, as que mais me preocupam vêm de governantes populistas, via de regra, autoritários.

No plano internacional, os exemplos não são poucos; tampouco suaves. Se olharmos para nossa vizinhança, temos casos emblemáticos. Maduro, na Venezuela, capitania os ataques.

Na proporção em que governos se enfraquecem, passam a encontrar e perseguir inimigos. Dentre estes, a mídia tem sido alvo de praticamente todos os governos com as características acima expostas.

Se esticarmos os olhos rumando ao norte, veremos as atuações cênicas de Trump. Do patamar de sua tenra idade psicológica, que alguém da área já teria dito não passar dos doze anos de idade, assistimos a cenas impensáveis, como aquela em que a criatura aparece esmurrando um homem com o logotipo da Cable News Network (CNN). Para Trump, a CNN só produz “fake news”.

E no Brasil? Como a mídia tem sido vista por parte de nossos governantes?

De forma semelhante como vem ocorrendo alhures. Em passado recente, os dois governantes petistas elegeram a mídia convencional como um de seus maiores e poderosos inimigos. Os ataques foram incessantes. Diziam-se perseguidos por uma orquestração midiática, a “serviço das elites”.

O governo do momento, de quem também devemos sempre temer, tem repetido roteiro semelhante. E dá-lhe surra na mídia.

E nossa população, como tem percebido a atuação da mídia nesse panorama de caos tão abrangente?

Até onde observo, as leituras têm sido feitas a depender do ângulo que se tem; das crenças e descrenças político-ideológicas de cada olhar. Daí uma polarização – que já foi mais marcante – estar presente em nosso cotidiano.

Dessa pluralidade de olhares, foco-me na visão daqueles que se veem como “de esquerda”. Destes, com os quais eu poderia me aproximar, vejo um estrabismo no ar. Motivo: preconceitos advindos de fatos reais vivenciados em décadas passadas.

Para não me afastar tanto no tempo, retomo a virada dos anos 80 para os 90 do século passado. Ali, vivemos um antagonismo de projetos políticos. De um lado, um projeto popular, capitaneado por Lula/PT. De outro, os interesses da elite, representados por Collor, do qual a mídia se declarou aliada. Como tal, fez de tudo para ver seus interesses vitoriosos; e os viu. A atuação da Globo foi maleficamente emblemática. Manipulou tudo o que pôde; e pôde muito.

Hoje, estamos vivendo o 17º ano de um outro século. A mídia mudou?

Na essência, não. Legitimamente, continua a defender o sistema.

Como?

Ora, nenhum veículo colocou-se, p. ex., contrário às reformas em curso. Todavia, a mídia não pode mais fazer as trapaças como já fez. O limite para sua manipulação estreitou-se. Se ela extrapolar o limite, põe em xeque sua credibilidade.

Por que há esse limite hoje?

Pelo advento e força das redes sociais. Onde menos se espera, há um “repórter” a confirmar ou desmentir uma notícia; muitas vezes, tais “repórteres” antecipam informações. Assim, a mídia tem procurado caminhar nas trilhas da moral burguesa.

Entre “cochinhas” e “mortadelas”, quem a mídia morde?

Tirando as exceções, no espaço em que vale a pena apostar mais na moral do que na ética. A mordida que se deu na mortadela tem sido a mesma para cochinhas e congêneres.

Não enxergar isso, parece-me congelar no tempo um olhar correto que se teve. Esse congelamento não nos ajuda nas difíceis análises. A crítica madura é necessária. O bombardeio é perigoso. 

    

 

Quinta, 13 Julho 2017 15:20

 

JUACY DA SILVA*
 

Antes de iniciar a reflexão sobre o momento grave que o Brasil está vivendo é importante que entendamos como nossos governantes tentam  enganar a opinião pública em relação `as verdadeiras causas dessas crises que afetam profundamente tanto as atuais quanto as futuras gerações.

É importante que a opinião pública, as pessoas, enfim, a população saiba ouvir e ler os discursos dos governantes, sejam eles integrantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e também dos barões da economia . Todos esses discursos estão afinados visando jogar nas costas do povo não apenas as causas mas também as consquencias das ações públicas e as relações dessas ações públicas com o setor empresarial, que busca tão somente lucros e acumulação de capital, patrimônio e riquezas, pouco importando se o sofrimento do povo aumente ou diminua.

Para o filósofo Aristóteles FALÁCIA é um sofisma, ou seja, um  raciocínio  errado que tenta se passar por verdadeiro, com o intuito de ludibriar as pessoas. De acordo com os diversos dicionários da língua portuguesa FALÁCIA  é um erro, engano, falsidade, uma ideia  errada que é transmitida como verdadeira, para  enganar  ou iludir as pessoas de boa fé.

Isto é o que está  acontecendo por parte do Presidente Temer, seus ministros e parlamentares, muitos acusados de corrupção, que integram sua “base” no Congresso, que, mesmo em meio a uma tremenda crise onde é acusado formalmente pelo Ministério Público Federal  de atos de corrupção passiva, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e outros crimes mais vindo a público  em delações premiadas de empresários e marqueteiros de campanha, quando o mesmo finge que não existe crise e defende com unhas e dentes suas propostas de reformas trabalhista e previdenciária, geradas nos porões de palácios, na calada da noite ou em sedes de grandes grupos econômicos.

Essas reformas não interessam aos trabalhadores, tanto do setor público quanto privado, vai precarizar ainda mais as relações de trabalho e, pior do que tudo isto, não vão tirar o Brasil do buraco em que governantes e políticos corruptos e incompetentes nos colocaram e ainda vão comprometer irremediavelmente as futuras gerações, que terão que trabalhar por 40 anos ou mais, sob  uma legislação draconiana que interessa apenas ao capital. Quem viver verá.

O argumento central da tese do Presidente, seu ministro da Fazendo , deputados, senadores e empresários que as apoiam é que as mesmas são necessárias para tirar o Brasil da crise, fazer a economia voltar a crescer, gerar emprego, acabar com o desemprego que atinge quase 14 milhões de desempregados e mais 17 milhões de subempregados.

Organismos internacionais que gozam de credibilidade, como a OIT  Organização  Internacional do Trabalho, condenam abertamente as referidas reformas e apontam que as mesmas afrontam ou seja, contrariam diversas resoluções internacionais da ONU/OIT das quais o Brasil é signatário e que ao assim homologar tais resoluções, o País se compromete a  cumpri-las, sob pena de ser excluído desses fóruns internacionais.

Aqui no Brasil, internamente, o Ministério Público do Trabalho, o chamado fiscal da Lei, já se pronunciou, tão logo o Senado aprovou a matéria, apontando que vai recorrer ao STF por considerar que nada menos do que 14 pontos da reforma trabalhista são inconstitucionais.

Finalmente,  um argumento factual, se as leis trabalhistas e o Sistema previdenciário forem as verdadeiras causas do pífio crescimento econômico ou da recessão e desemprego que angustia o país e mais de 30 milhões de desempregados e subempregados, por que durante mais de 70 anos em plena vigência da CLT e do Sistema previdenciário o Brasil apresentou elevados índices de crescimento do PIB  e baixos índices de desemprego, como ocorreram nos períodos dos governos de Getúlio Vargas,  Dutra, JK, por quase 20 anos dos governos militares, ou até mesmo durante os governos Sarney, Itamar, FHC e Lula?

Basta ver as estatísticas nacionais referente a essas décadas. Durante quase uma década, durante  governos militares  o PIB do Brasil cresceu anualmente a taxas superiores a 8%,  10% ou até 14%, como explicar isso se essas mesmas leis trabalhistas e sistema previdenciário estavam em vigência?

O problema  são as políticas e estratégias erradas, a falta de continuidade de políticas públicas, a corrupção que tomou conta do país, a incompetência de nossos governantes  e o fato que de o tesouro nacional tem sido colocado a serviço dos grandes interesses privados nacionais e internacionais. E no caso de Temer, um governo ilegítimo e impopular, marcado pela corrupção.

Se o diagnóstico está  errado, com certeza o remédio/tratamento também será errado e o problema não será solucionado, enfim, o doente (povo e o país) poderão morrer. Neste sentido estamos caminhando para o que está acontecendo na Venezuela  ou aconteceu na Argentina em anos passados. O Brasil não merece  uma classe política e governantes tão medíocres  que se escondem atrás de discursos falaciosos tentando enganar continuamente a população.

*JUACY DA SILVA,  professor universitário, mestre  em sociologia, articulista e colaborador de diversos organismos de comunicação. E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.   twitter@profjuacy  Blogwww.professorjuacy.blogspot.com  

Quinta, 06 Julho 2017 16:21

 

JUACY DA SILVA*
 

O Brasil é pródigo em Leis, incluso “boas leis”, mas ao mesmo tempo é campeão no descumprimento das Leis, na omissão dos poderes constituídos e nos órgãos de controle, que se fazem de cegos, surdos e mudos e, com certa incidência, na atuação desses órgãos a serviço  de quem deveria ser controlado. Basta vermos os  escândalos que a cada momento surgem  envolvendo agentes públicos que se corrompem e empresários que, como corruptores, estabelecem a dinâmica das relações entre esses dois setores, esta seria, de fato, a verdadeira parceria público privado , ou o que poderíamos chamar de PPPs do mal  ou dos mal feitos, para utilizar uma expressão  tão em voga.

Nos âmbitos federal e estadual a corrupção e a vista grossa de nossas autoridades gera , a cada ano, bilhões de prejuízos aos cofres públicos e a população, em licitações com cartas marcadas, a prorrogação de concessões por décadas, os verdadeiras quadrilhas, como no caso do lixo, dos transportes coletivos intermunicipais, na fiscalização que nada vê, como foi o recente caso da “carne fraca”, nas obras rodoviárias de baixa qualidade, no super faturamento, nas propinas, caixa dois etc. e assim por diante.

Já no âmbito municipal, pelo fato dos municípios serem os primos pobres da federação e seus orçamentos serem mais minguados, com exceção das capitais e de algumas cidades com mais de um milhão ou quinhentos mil  habitantes, a corrupção também está presente, em escala individual menos gritante, mas quando somados os diversos casos que se multiplicam e que os grandes veículos e meios de comunicação , ocupados com os grandes escândalos, de repercussão nacional e internacional, acabam ficando fora do noticiário.

Além da corrupção o que denigre a imagem dos governantes locais, tanto ocupantes  do poder executivo quanto legislativo, é uma omissão que também acaba favorecendo alguns grupos e pessoas  em detrimento  da grande maioria da população. Parece que as municipalidades abdicam de seu poder de polícia e com isto contribuem para o agravamento dos problemas.

No caso específico da mobilidade e da acessibilidade urbanas, por exemplo, se os   governantes locais e os “representantes do povo” nas câmaras de vereadores, realmente estivessem  comprometidos e voltados para cumprirem suas promessas de campanha ou devotados para que o planejamento de médio e longo prazos fosse  realmente a bússola de suas ações, a maioria dos problemas que afeta a população no âmbito municipal deixaria de existir em uma ou duas décadas, ou seja, os problemas que angustiam os moradores das cidades não se eternizariam por  décadas e séculos a fio, como, por exemplo os que afligem a poulação cuiabana e de seu entorno, cuja capital dentro de um ano e nove meses estará completando seus 300 anos.

Cuiabá e Várzea Grande, juntamente com os municípios de Nossa Senhora do Livramento, Santo Antônio do Leveger , Acorizal e Chapada dos Guimarães  fazem parte da Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá, onde estão concentrados em torno de UM MILHÃO  de habitantes, quase  um terço da população de MT, quase 30% do PIB do Estado, onde estão sediados todos os organismos públicos estaduais dos três poderes, do MP, do TCE, todas as representações dos organismos federais  e as máquinas administrativas municipais.

Todavia, aqui também estão presentes  mazelas que já afligiam a população cuiabana e da região quando Cuiabá tinha pouco mais de cem mil habitantes e a região considerada nem chegava aos duzentos mil habitantes. A falta de planejamento, a falta de ética, a falta da continuidade das políticas públicas, tanto por parte dos governos federal, estadual e municipais, as obras paralisadas, a incapacidade dos governantes em preverem o crescimento populacional que podia ser visto claramente, determinou que a ocupação do espaço físico ou do território de forma desordenada, gerando conflitos e problemas que até hoje continuam como uma chaga aberta, para flagelo das pessoas, principalmente das camadas média e mais pobres desta região e vergonha por parte dos governantes passados e atuais.

Em artigos futuros abordarei alguns  dos principais desafios de Cuiabá , da Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá e demais municípios que integram a nossa empobrecida e sempre esquecida Baixada Cuiabana, onde diversos municípios que a compõem a cada dia estão sendo apenas cidades dormitórios e o que isto tem a ver com a qualidade de vida da população e do que deveria ser base para o conceito de cidades sustentáveis e cidades inteligentes. Será que vamos nos defrontar com os mesmos problemas daqui a cem anos, quando  serão comemorados Cuiabá 400 anos?

*JUACY DA SILVA,  professor universitário, titular  e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites, blogs e outros veículos de comunicação.

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