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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
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Fernando Nogueira de Lima*
Compartilho o texto “Os Dentes são Inocentes”, inspirado em um diálogo entre pai e filha, na expectativa de chamar a atenção para os riscos associados às doenças bucais e reiterar a importância, para a saúde pública, dos profissionais da Odontologia.
Certa vez quando eu escovava os dentes, minha filha adentrou o ambiente e diante do espelho deu uma última olhada para conferir a maquilagem antes de seguir para a lida da vida, caracterizada, tal qual a da irmã, por cuidar da saúde bucal dos seus pacientes.
Na saída, olhou-me e advertiu: - pai tenha calma ao escovar seus dentes. Sem refletir, eu reagi como a maioria das pessoas quando se sentem criticadas: - filha, eu estou calmo, respondi, quase que rispidamente. Ela, já fora do alcance dos meus olhos sentenciou: - se de fato você está calmo, então escove com menos força; seus dentes não têm culpa.
Não podendo mais retrucar - sem gritar, só restou-me concluir aquela obrigação que incluía o uso do fio dental e ocorria duas ou três vezes por dia, porque às vezes com desculpas silenciosas eu dormia sem escovar os dentes, mesmo quando devorava doces.
Por certo, ela constatou outras vezes que eu continuava negligenciando o alerta de uma profissional especializada em cuidar para além do sorriso, do bem-estar, da autoconfiança e da prevenção de males advindos de doenças bucais. Mas, educada que foi para não insistir no óbvio com quem não quer ouvir o que se diz e sabendo que esse tipo de insistência pode desencadear avalanches de inúteis discórdias, ficou silente.
Durante algum tempo, ao escovar compulsivamente meus dentes e me olhar no espelho, mormente quando a escova atingia a gengiva provocando dores e machucados, me vinha à mente aquele alerta. Então, compreendendo que as críticas que nos são dirigidas são senhas que podem dar acesso a melhores condições de vida, não tardou para que eu refletisse sobre o jeito em que se dava minha limpeza bucal, naquela etapa da vida.
Daí, percebi que se a ação é exercida apenas pela obrigação de fazer, o alvo é somente findá-la sem preocupar-se com a eficácia esperada. E ao considerar que o escovar pode ocorrer sem pressa e com suavidade, o óbvio veio a lume: a origem do problema não residia na maneira de escovar e sim no fato de eu estar me submetendo, em demasia, a afazeres dispensáveis, ao convívio com pessoas amargas e a diálogos sem pausas.
Ora, sendo parte do grupo de pessoas que agem repetindo ações cotidianas sem refletir sobre elas, mesmo quando há alertas suficientes clamando por mudanças de atitudes, incorrendo no risco de se tornarem amargas e solitárias, como poderia eu preocupar-me com os dentes. Neles, esfregava diariamente e injustamente a dor reprimida.
Para me redimir dessa culpa, assumi que o escovar deve ser ação para obter, prazerosamente, a higiene adequada em prol da saúde bucal. Após testar vários cremes dentais e verificar a sensação de limpeza advinda de cada um deles, encontrei nos refrescantes o prazer durante a escovação que tem se dado pelo menos três vezes, ao dia.
E a sensação mais agradável ocorre quando, entre uma e outra escovada em dois dentes de cada vez, massageio sem pressa a gengiva, deixando-me envolver pela sensação deleitosa de higiene, que só se torna completa após a higienização da língua.
Ademais, aprendi com essas profissionais da Odontologia que higiene bucal inadequada e maus cuidados com os dentes, nos deixam suscetíveis a ter cáries, sensibilidade nos dentes, exposição das raízes, acúmulo de placas bacterianas, inflamação nas gengivas, mau hálito e cavidades nos dentes nas proximidades da gengiva.
E mais, que cáries e lesões na boca são portas de entrada de bactérias na corrente sanguínea, possibilitando que enfermidades tais como doenças pulmonares, cardíacas e complicações de diabetes, se instalem no organismo.
Desde então, lembrando de que não fui educado para conviver em harmonia com mediocridades ou servilismos, tenho me afastado de tudo que não for saudável, tarefas, pessoas e conversas que resultem em aborrecimentos sem chances de serem superados ou minorados. Meus dentes agradecem. Minha saúde como um todo também.
*Fernando Nogueira de Lima é Engenheiro Eletricista e foi reitor da UFMT
Na saída, olhou-me e advertiu: - pai tenha calma ao escovar seus dentes. Sem refletir, eu reagi como a maioria das pessoas quando se sentem criticadas: - filha, eu estou calmo, respondi, quase que rispidamente. Ela, já fora do alcance dos meus olhos sentenciou: - se de fato você está calmo, então escove com menos força; seus dentes não têm culpa.
Não podendo mais retrucar - sem gritar, só restou-me concluir aquela obrigação que incluía o uso do fio dental e ocorria duas ou três vezes por dia, porque às vezes com desculpas silenciosas eu dormia sem escovar os dentes, mesmo quando devorava doces.
Por certo, ela constatou outras vezes que eu continuava negligenciando o alerta de uma profissional especializada em cuidar para além do sorriso, do bem-estar, da autoconfiança e da prevenção de males advindos de doenças bucais. Mas, educada que foi para não insistir no óbvio com quem não quer ouvir o que se diz e sabendo que esse tipo de insistência pode desencadear avalanches de inúteis discórdias, ficou silente.
Durante algum tempo, ao escovar compulsivamente meus dentes e me olhar no espelho, mormente quando a escova atingia a gengiva provocando dores e machucados, me vinha à mente aquele alerta. Então, compreendendo que as críticas que nos são dirigidas são senhas que podem dar acesso a melhores condições de vida, não tardou para que eu refletisse sobre o jeito em que se dava minha limpeza bucal, naquela etapa da vida.
Daí, percebi que se a ação é exercida apenas pela obrigação de fazer, o alvo é somente findá-la sem preocupar-se com a eficácia esperada. E ao considerar que o escovar pode ocorrer sem pressa e com suavidade, o óbvio veio a lume: a origem do problema não residia na maneira de escovar e sim no fato de eu estar me submetendo, em demasia, a afazeres dispensáveis, ao convívio com pessoas amargas e a diálogos sem pausas.
Ora, sendo parte do grupo de pessoas que agem repetindo ações cotidianas sem refletir sobre elas, mesmo quando há alertas suficientes clamando por mudanças de atitudes, incorrendo no risco de se tornarem amargas e solitárias, como poderia eu preocupar-me com os dentes. Neles, esfregava diariamente e injustamente a dor reprimida.
Para me redimir dessa culpa, assumi que o escovar deve ser ação para obter, prazerosamente, a higiene adequada em prol da saúde bucal. Após testar vários cremes dentais e verificar a sensação de limpeza advinda de cada um deles, encontrei nos refrescantes o prazer durante a escovação que tem se dado pelo menos três vezes, ao dia.
E a sensação mais agradável ocorre quando, entre uma e outra escovada em dois dentes de cada vez, massageio sem pressa a gengiva, deixando-me envolver pela sensação deleitosa de higiene, que só se torna completa após a higienização da língua.
Ademais, aprendi com essas profissionais da Odontologia que higiene bucal inadequada e maus cuidados com os dentes, nos deixam suscetíveis a ter cáries, sensibilidade nos dentes, exposição das raízes, acúmulo de placas bacterianas, inflamação nas gengivas, mau hálito e cavidades nos dentes nas proximidades da gengiva.
E mais, que cáries e lesões na boca são portas de entrada de bactérias na corrente sanguínea, possibilitando que enfermidades tais como doenças pulmonares, cardíacas e complicações de diabetes, se instalem no organismo.
Desde então, lembrando de que não fui educado para conviver em harmonia com mediocridades ou servilismos, tenho me afastado de tudo que não for saudável, tarefas, pessoas e conversas que resultem em aborrecimentos sem chances de serem superados ou minorados. Meus dentes agradecem. Minha saúde como um todo também.
*Fernando Nogueira de Lima é Engenheiro Eletricista e foi reitor da UFMT